Estava ontem à noite na fila do Caixa Cine Belas Artes para comprar meu ingresso para a comédia uruguaia "Sr. Kaplan" (Mr. Kaplan: 2012) quando comecei a pensar sobre o último filme daquela país que eu tinha assistido. Na minha memória apareceu "O Banheiro do Papa" (El Baño del Papa: 2007), o longa-metragem mais popular dos últimos anos produzido por lá. Neste filme muito bem humorado, um contrabandista decide construir um banheiro ao lado de sua casa em uma pequena cidadezinha do interior para ser alugado para as pessoas que fossem ver o papa. Afinal, o santo pontífice tinha prometido visitar a região e uma romaria de católicos era esperada. Gostei muito do filme na época e, por isso, achei que não iria me arrepender de ver outra comédia uruguaia.
Curiosamente, o Uruguai não é de produzir muitos filmes para o cinema. Entretanto, quando o faz, realiza com excelente qualidade. Seus longas-metragens geralmente ganham vários prêmios ao redor do mundo e chegam às salas do circuito comercial em muitos países. Infelizmente, ainda não vi alguns clássicos uruguaios como "Whisky" (Whisky: 2003), considerado por muitos como o melhor filme latino-americano dos últimos 20 anos, a comédia "Tanta Água" (Tanta Água: 2013) e o relato histórico de "Artigas - La Redota" (La redota. Una historia de Artigas: 2011). Preciso me programar para ver estes títulos.
"Sr. Kaplan", o filme de ontem, é uma comédia leve e divertida. Dirigido por Álvaro Brechner, um especialista em documentários que se enveredou desta vez pela ficção, o filme concorreu à vaga sul-americana no Oscar de melhor filme estrangeiro, ao lado do brasileiro "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" (2014) de Daniel Ribeiro e do argentino "Relatos Selvagens" (Relatos Salvajes: 2014) de Damián Szifron. A produção de Szifron levou a melhor entre os vizinhos, mas perdeu a premiação final para o polonês "Ida" (Ida: 2014).
Em "Sr. Kaplan", Jacobo Kaplan (muito bem interpretado por Héctor Noguera) é um idoso rabugento, cansado de sua rotina e revoltado com a velhice. Ansioso por dar sentido a sua existência e entrar para a História, ele começa a investigar por conta própria um alemão morador de uma praia distante, que seria um nazista fugido da Segunda Guerra Mundial. A ambição de Kaplan é repetir a operação de prisão de Eichmann, um famoso aliado de Hitler preso na Argentina na década de 1960. Para esta empreitada, o velhinho conta com a ajuda do atrapalhado e decadente ex policial Wilson Contreras (Néstor Guzzini), contratado para ser seu motorista particular.
As cenas mais engraçadas do filme são relativas aos erros da dupla de investigadores amadores, da relação da família de Jacobo com a sua repentina mudança de hábito e das limitações impostas pela idade avançada ao personagem principal. A produção é uma grande ironia ao envelhecimento e as limitações que o passar do ano impõe ao nosso corpo. Este não é daqueles filmes nos quais choramos de rir, mas é possível se divertir e deixar a sala de cinema mais leve. A produção consegue prender a atenção do telespectador principalmente pela qualidade da história e pela atuação dos atores. Saí do Caixa Belas Artes muito satisfeito. Trata-se de mais uma boa e engraçada produção uruguaia.
Veja o trailer de Sr. Kaplan:
O que você achou deste post e do conteúdo do Blog Bonas Histórias? Não se esqueça de deixar seu comentário. Se você é fã de filmes novos ou antigos e deseja saber mais notícias da sétima arte, clique em Cinema. E aproveite também para curtir a página do Bonas Histórias no Facebook.