Esta semana faz um ano que o Belas Artes, uma das mais tradicionais salas de cinema de São Paulo, reabriu suas portas depois de alguns anos de fechamento. Com o apoio da Caixa Econômica Federal, o espaço voltou a funcionar a todo vapor. E para comemorar a data marcante, fui até lá para ver alguma novidade.
O filme escolhido por mim hoje foi "O Ciclo da Vida" (Fei Yue Lao Ren Yuan: 2012), uma comédia chinesa. Este deve ter sido o primeiro filme desta nacionalidade que assisti no cinema. "O Ciclo da Vida" é uma produção interessantíssima. Fiquei encantando com a história e surpreso com a qualidade da produção (por que os chineses não podem fazer bons filmes?). Boa parte dos méritos da qualidade superior do longa-metragem se deve ao seu diretor, Zhang Yang.
"O Ciclo da Vida" é a terceira parte da trilogia produzida por Yang. Anteriormente, ele fez "Banhos" (Xizao: 1999) e "Flores do Amanhã" (Xiang ri kui: 2005). O primeiro é uma comédia que se passa em uma casa de banho de Beijing e o segundo é um drama ambientado em 1976, logo após a morte de Mao Tsé-Tung. Em ambos, o cerne da história é o conflito entre pai e filho. Neste terceiro filme, o enredo mostra o conflito entre três gerações: avô, pai e filho. Ou seja, as obras de Zhang Yang dão uma visão sobre as diferentes gerações da China e as mudanças provocadas em sua sociedade.
Em "O Ciclo da Vida", Ge (Xu Hianshan) é um senhor que chega à terceira idade sem esperanças. Depois da morte da segunda mulher, ele se vê sozinho e sem casa. O filho e o neto não querem sua presença e, como única alternativa, ele decide morar em um asilo para idosos. A rotina na casa de repouso é triste e monótona. Os velhinhos que lá moram não têm muita diversão e são controlados com rigor pelos funcionários. As limitações físicas e emocionais afetam o dia a dia de todos e são chocantes quando mostradas ao público de maneira direta.
O tédio só é quebrado quando os idosos decidem montar uma peça de teatro. O sonho do grupo é fazer a apresentação teatral em um famoso programa de televisão. Para isso, eles precisam fugir do asilo e empreender uma viagem pelo país até o estúdio televisivo. Afinal, a família e os funcionários da casa de repouso são contra as práticas do grupo. Eles acham que tudo é perigoso para a saúde e para a vida dos idosos.
Ao se lançarem ao desafio autoimposto, os velhinhos vão descobrir a força da amizade, relembrarão a importância da solidariedade e vão redescobrir o gosto da independência. Enquanto isso, Ge terá a oportunidade de acertar seu relacionamento com o filho e com o neto, que partem na procura dele e dos demais fugitivos do asilo.
"O Ciclo da Vida" mistura humor e drama. Há passagens leves e engraçadas e, em outros momentos, há cenas duras e comoventes, normalmente demonstrando o quanto é difícil envelhecer. A velhice é encarada de frente: expõem-se as múltiplas dificuldades de quem passou dos oitenta e noventa anos, mas também abordam-se as experiências alegres de se poder viver mais.
O mais legal desta produção é perceber que seus personagens não estão no "fim da vida", mas sim "no início de uma grande aventura". E isso é uma escolha deles. Ao invés de ficarem sentados vendo televisão, eles decidiram participar do programa de televisão. E para isso, vão enfrentar todos os desafios e vão contestar amigos, familiares e funcionários da clínica onde moram.
Trata-se de um bom filme, que vale a pena ser visto e revisto. Assista ao trailer de "O Ciclo da Vida":
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