Assisti na semana retrasada, no Caixa Belas Artes, ao filme "Hipóteses para o Amor e a Verdade" (2013). Dirigido por Rodolfo Garcia Vázquez, em sua estreia na direção de um longa-metragem, esta produção nacional é uma remontagem para a grande tela da peça homônima exibida em 2010 pela companhia de teatro "Os Satyros". A partir dos depoimentos de residentes, traficantes, prostitutas, transexuais, empresários, músicos e atores da região central de São Paulo, criaram-se várias histórias com onze personagens. As trajetórias ficcionais deles se entrecruzam durante a noite na capital paulista.
Dos atores envolvidos no filme, a única personalidade mais conhecida é Nany People. Os demais, Ivam Cabral, Cleo de Paris, Esther Antunes, Fábio Penna, Léo Moreira Sá, Luiza Gottschalk e Paulinho Faria, são rostos desconhecidos do grande público. "Hipóteses para o Amor e a Verdade" foi premiado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival Mix Brasil do ano passado.
Não existe uma única história neste filme. Ele é constituído de vários fragmentos de narrativas distintas. Há a prostituta entediada, o nerd solitário, a velha catatônica, o ex-marido que se sente culpado pela morte do filho, o travesti guia turístico, o suicida desgostoso da vida, etc. Talvez o principal personagem desse longa-metragem seja mesmo a cidade de São Paulo. Nas três partes do filme (Luz, Consolação e Paraíso), a metrópole é retratada como um local inóspito, violento e desumano. A solidão é ponto que norteia todas as histórias e entrelaça a vida dos personagens.
"Hipóteses para o Amor e a Verdade" é um filme diferente. Filmado mais a noite, a escuridão alimenta o mistério e o lado obscuro dos personagens. O enredo é dark e a sensação é de claustrofobia. As tomadas da cidade provocam certa vertigem. São Paulo é retratada como um monstro opressor. O ritmo do longa mistura certa angústia com desespero e loucura. Nenhum dos personagens é normal (é quem é, na verdade?).
É triste ver o quanto existem pessoas solitárias na capital paulista. Este é o grande paradoxo desta produção. Enquanto convivem com milhões de outras pessoas, alguns indivíduos conseguem se sentir sozinhos no meio da imensa multidão. E esta solidão provoca comportamentos extremos e loucura, principalmente a noite. O que não falta aqui, neste filme, portanto, são loucos. Praticamente estamos em um manicômio a céu aberto.
Recheado de cenas estranhas, frases poéticas e diálogos para muita reflexão, "Hipóteses para o Amor e a Verdade" leva o público a pensar. Essa característica pode incomodar alguns, mais interessados em cenas de ação. Por outro lado, aqueles que gostam de um filme mais artístico vão gostar desses momentos reflexivos.
Os pontos altos são a fotografia impecável e a trilha sonora eclética (há mistura de música erudita, eletrônica e MPB). O ponto negativo está com a atuação de alguns atores, bem abaixo da crítica. A falta de uma trama central também deixa o filme sem uma marca própria e acentuada. O excesso de lirismo e de subjetividade também pode ser encarado como elementos negativos.
Assim, "Hipóteses para o Amor e a Verdade" é um filme apenas regular. Ele possui algumas histórias boas e outras muito fracas. Na média geral, a nota é um regular cinco.
Veja o trailer deste longa-metragem:
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