Nesse final de semana, li “A Rua das Ilusões Perdidas” (BestBolso), uma das obras mais importantes de John Steinbeck, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1962. O norte-americano, que viveu entre 1902 e 1968, escreveu “A Leste do Éden” (Record), “Ratos e Homens” (L&PM Editores) e “As Vinhas da Ira” (BestBolso), suas publicações mais famosas.
John Steinbeck ficou conhecido como um escritor que denunciava as injustiças sociais e o drama vivenciado pelas classes menos favorecidas. Os enredos de suas obras giravam em torno das greves dos trabalhadores, a vida nômade dos imigrantes e da exploração dos trabalhadores humildes. “A Rua das Ilusões Perdidas”, publicado originalmente em 1945, faz parte deste contexto.
Nesta história, conhecemos os moradores da Rua Cannery Row, localizada no subúrbio de Monterey, fictícia cidade da Califórnia. Nessa rua há um prostíbulo frequentado por todos os homens da região, um mercado de um comerciante chinês que vende de tudo, um terreno baldio usado como moradia pelos mais pobres e uma casa usada como uma república de vadios. Completa o cenário a presença de um laboratório científico naquela localidade.
Ou seja, quase todos os moradores dessa rua são pessoas das classes sociais menos favorecidas: prostitutas, cafetões, malandros, marinheiros, apostadores e bêbedos. Os únicos personagens com dinheiro ou cultura são o comerciante chinês Lee Chong (com dinheiro) e o cientista Doc (com cultura).
O enredo desse livro se dá na tentativa de Mark e seus amigos (vagabundos e bêbedos que moram de graça em uma casa de propriedade do chinês Lee Chong) de oferecer uma festa surpresa para Doc, o ilustre vizinho de quem todos gostam. O grupo de rapazes precisa superar as suspeitas dos demais moradores da rua e as dificuldades financeiras para dar uma festa compatível com o prestígio do cientista.
Gostei muito desse livro. Ele conseguiu retratar de maneira espirituosa e delicada o dia a dia das pessoas simples que frequentam a Rua Cannery Row. Cada um dos moradores daquela rua foi apresentado com grande respeito e sem qualquer preconceito. Os valores das pessoas estavam no que desejam e faziam e não no que tinham ou no que consumiam. A pobreza, principalmente após a depressão econômica dos anos de 1930, foi encarada como um problema situacional e não como falta de caráter de quem não queria prosperar.
Ao ler esse livro de John Steinbeck me recordei das obras de Jorge Amado, principalmente aquelas da sua primeira fase, que abordavam questões sociais e enfocava os menos favorecidos. “A Rua das Ilusões Perdidas” é um clássico da literatura norte-americana que faz jus ao seu prestígio.
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