Quando eu era moleque no final da década de 1980 e início dos anos de 1990, sempre encontrava um livro de Sidney Sheldon em algum lugar. Era na casa dos meus pais, na residência dos meus tios ou nos apartamentos dos meus amiguinhos de escola. No consultório dentário ou na secretaria da escola de inglês, sempre havia alguém empunhando um dos seus livros. Parecia que Sheldon era onipresente. Ele estava em todos os lugares ao mesmo tempo com uma de suas publicações.
Vendo a quantidade de obras vendidas, eu pensava comigo: "Esse cara deve ser um excelente escritor. Afinal, todo mundo o lê". Curiosamente, quando eu falava isso para as pessoas "adultas", eu ouvia uma crítica negativa. "Ele, na verdade, é um péssimo escritor. Por isso todo mundo o lê. Se fosse bom mesmo não faria sucesso!" era o que me diziam. Na época, eu não entendia aquilo. Na verdade, até hoje não compreendo muito bem esse paradoxo. Como uma obra literária era interessante para o público, mas não era louvada pela crítica?!
Esse paradoxo manteve-se vivo dentro de mim por todo esse tempo. Por isso, escolhi Sidney Sheldon para integrar o Desafio Literário de agosto do Blog Bonas Histórias. Agora vou conhecer um pouco esse best-seller que me "perseguia" em minha infância e adolescência. Quero descobrir, afinal de contas, qual o segredo do seu sucesso e por que ele vendia tanto nas décadas de 1970 a 1990, apesar das pessoas torcerem o nariz para suas histórias.
Sidney Sheldon nasceu com o nome de Sidney Schechtel no ano de 1917 em Chicago, nos Estados Unidos. Após trabalhar alguns anos como vendedor, locutor de rádio, entregador de encomendas e compositor musical, Sidney se consolidou como roteirista de Hollywood a partir da década de 1950. No cinema, produziu vinte e cinco filmes. Também fez roteiros para mais de duzentas e cinquenta produções televisivas e seis peças teatrais.
Na década de 1970, passou a escrever romances. Dezoito livros seus foram publicados no mundo inteiro entre 1970 e 2004. O sucesso como escritor foi retumbante. Todos os seus dezoito romances entraram, em algum momento, na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, totalizando uma vendagem superior a 300 milhões de cópias. As obras literárias de Sidney Sheldon foram traduzidas para mais de cinquenta idiomas e foram distribuídas para aproximadamente cento e oitenta países. Não é à toa que o Guinness Book o intitula como o "escritor mais traduzido no planeta". Isso explica um pouco porque eu encontrava suas obras em todos os lugares...
A publicação de estreia de Sidney Sheldon foi "A Outra Face" (Record), lançada em 1970. A história de suspense ganhou as páginas dos livros porque seu autor achou que o enredo era muito complexo para ser transmitido no cinema, na TV ou nos palcos. A consequência dessa decisão surgiu no ano seguinte. Em 1971, "A Outra Face" ganhou o Edgar Allan Poe Award como o melhor livro estreante do ano.
O grande sucesso de púbico veio com o segundo lançamento, em 1974. "O Outro Lado da Meia-Noite" (Record) atingiu o primeiro lugar na lista dos mais vendidos do jornal "The New York Times". Esta continua sendo a obra mais vendida do escritor.
A partir dos dois primeiros sucessos literários, Sidney Sheldon passou a priorizar a carreira de romancista, deixando de lado o cinema e o teatro. Na sequência, vieram mais dezesseis best-sellers. Muitas dessas histórias foram depois adaptadas para o cinema.
Sidney Sheldon faleceu em 2007. Até hoje, ele é o único escritor agraciado com a maior premiação nas três principais indústrias culturais norte-americanas: cinema (Oscar), literatura (Edgar Allan Poe Award) e teatro (Tony Award). Em uma comparação livre, é como se um jogador tivesse conquistado a Copa do Mundo em três categorias esportivas diferentes: futebol, voleibol e tênis. Incrível!
Para o Desafio Literário deste mês, escolhi cinco obras para ler. "A Outra Face" foi inserida na lista porque foi a obra de estreia de Sheldon. Os outros quatro livros foram selecionados aleatoriamente: "Nada Dura Para Sempre" (BestBolso), "Se Houver Amanhã" (BestBolso), "Plano Perfeito" (Record) e "Manhã, Tarde & Noite" (Record).
Vou começar a leitura de Sidney Sheldon por "Se houver Amanhã". Boa leitura!
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