Assisti, na semana passada, ao filme "Se Deus Vier que Venha Armado" (2013). O longa-metragem representou a estreia de Luís Dantas na direção. Produzido há três anos, o filme chegou ao circuito comercial apenas no final do ano passado. Foram várias as premiações: prêmio de melhor diretor, fotografia e ator no Festival Iberoamericano, prêmio de melhor filme, diretor e fotografia no FestAruanda e prêmio de desenvolvimento de roteiro da Secretaria Municipal de São Paulo. A crítica especializada rasgou elogios ao longa-metragem. Há quem o tenha classificado como um exemplar do Novíssimo Cinema Nacional. Com uma expectativa altíssima, fui ver o filme.
Em "Se Deus Vier que Venha Armado", conhecemos a história de dois jovens: Damião (interpretado por Vinicius de Oliveira) e Joilson (André Franco). Damião é presidiário e recebeu o indulto do Dia da Mãe. Passará o final de semana fora da penitenciária. Por ser integrante do PCC, facção criminosa que domina as prisões paulistas, ele recebe a missão de cometer um crime. Enquanto prepara a ação criminosa, Damião viaja com o amigo de infância, o adolescente Palito (Ariclenes Barroso), e a professora do garoto (Sara Antunes) para Santos. Joilson, por sua vez, é um cabo de polícia novato. O jovem policial precisará encarar um grave levante de presidiários que aterroriza a cidade de São Paulo. Assim, a vida dos dois jovens irá se cruzar tragicamente.
Quem é fã da literatura de João Guimarães Rosa e, mais especificamente, de "Grande Sertão: Veredas" (Nova Fronteira) se lembrará que o título do longa-metragem é uma frase de Riobaldo. No mais famoso romance rosiano, o narrador e protagonista dizia que o Sertão era uma terra tão perigosa que se Deus quisesse aparecer, que viesse armado (para não correr risco de passar apuros). Maravilhosa referência intertextual!
Sinceramente, não achei nada de mais neste filme. Contar a história do levante do PCC não é algo novo. "Salve Geral" (2009), por exemplo, fez a mesma coisa com muito mais mérito. Retratar a vida na favela também não é algo inovador, assim como não é surpresa o antagonismo entre policiais e bandidos. Há inúmeras produções com mais êxito nesses sentidos. "Se Deus Vier que Venha Armado" também não traz nenhum recurso cinematográfico que mereça qualquer elogio. A fotografia, muito elogiada nos concursos nacionais, não apresenta, em minha opinião, nada acima da média. A atuação dos atores varia de mediana a ruim. A trilha sonora é apenas regular.
Qual é o grande legado desse filme, então? Juro que não enxerguei. Considerá-lo como um legítimo integrante do chamado Novíssimo Cinema Nacional é um absurdo. Não é possível um longa-metragem com um enredo e uma execução meramente mediana receber tantos elogios e destaques. Ou nosso cinema está caminhando em um patamar baixo de qualidade ou meus olhos estão ficando destreinados para apreciar bons filmes.
Veja o trailer de "Se Deus Vier que Venha Armado":
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