No domingo passado, terminou a 24a edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O evento, o maior do gênero na América Latina, aconteceu entre 26 de agosto e 4 de setembro no Pavilhão do Anhembi. A feira reuniu as principais editoras, autores, livrarias e distribuidoras do país, além de um enorme público interessadíssimo nas novidades do mercado editorial.
O balanço que faço da edição deste ano é um tanto sombria. Apesar dos organizadores terem se esmerado para promover o maior número de atrações possíveis, fica nítida a queda acentuada deste mercado nos dois últimos anos. A última edição, em 2014, recebeu mais visitantes e expositores. A crise econômica ainda não tinha atingido os brasileiros e era possível fazer bons negócios naquela época. Com isso, o clima ainda era de otimismo e de planos ambiciosos. Quem se lembra do espaço ocupado pelas empresas e da multidão que se acotovelava pelos corredores e pelos stands nas últimas edições, fica desanimado com o que viu desta vez.
Agora, o cenário é complemente diferente. Editoras, autores, livrarias e distribuidoras reclamam da queda acentuada das vendas. Há quem compute a retração deste mercado entre 20 a 50% de 2014 para cá. Em 2015, o setor diminui 13% (já descontando a inflação), apesar da febre dos livros para colorir. Se o ano passado foi difícil, este tem sido pior. O primeiro semestre de 2016 apresentou uma retração maior: 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Desta forma, o mercado inteiro está em crise. Editoras de todos os tamanhos não conseguem dinheiro para pagar seus autores e seus fornecedores. As livrarias atrasam os pagamentos para as editoras. Distribuidores ficam se equilibrando entre as duas pontas, sofrendo com o capital de giro cada vez mais apertado. Não será surpresa se uma onda de fechamentos e falências de empresas ocorrerem entre o final deste ano e o começo do próximo. Conheço editoras de porte médio que estão na iminência de declarar incapazes de honrar suas obrigações financeiras.
Quando temos conhecimento desta realidade, é curioso vermos muitas empresas tentando seu último suspiro na Bienal do Livro. O investimento que fazem, na minha visão, parece mais desespero para conseguir seus últimos cinco minutos de fama. Além disso, muitos empresários são guiados pela aparência. Mesmo operando com capital de giro negativo, eles sentem que precisam "ver e ser vistos" em eventos desta dimensão.
Vamos torcer para a Bienal de 2018 apresentar melhoras. Entretanto, uma coisa eu garanto: muitas empresas fizeram na edição de 2016 sua última participação neste tipo de evento. É uma pena, mas é a realidade nua e crua de um setor devastado pela crise econômica e pela mudança de hábitos dos clientes.
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