No final de semana passado, assisti à comédia "Desculpe o Transtorno" (2015). Fui ao cinema para ver esta produção porque sou fã do trabalho de Gregório Duvivier e de Clarice Falcão. Para mim, Duvivier é atualmente um dos principais comediantes brasileiros da atualidade. Sua postura engajada e politizada (geralmente com viés esquerdista) o transformou em alvo fácil da direita reacionária. Ou seja, além de talentoso, ele é muito corajoso por emitir suas opiniões de maneira sincera em um momento em que ser de esquerda no Brasil é algo pejorativo.
Apesar do roteiro deste longa-metragem ser creditado a Adriana Falcão, roteirista de vários filmes recentes como "Se Eu Fosse Você" (2006), "A Mulher Invisível" (2009) e "O Inventor de Sonhos" (2012), era um tanto óbvio que Gregório Duvivier e Clarice Falcão também participassem da criação dos textos. Por isso, a minha expectativa era elevada. Com tanta gente talentosa junta, era impossível não se produzir uma boa comédia. Infelizmente, eu estava enganado...
A direção ficou a cargo do talentoso Tomás Portella, de "Operações Especiais" (2014), "Qualquer Gato Vira-Lata" (2011) e "Meu Nome Não é Johnny" (2008). No elenco, há vários nomes conhecidos do humor nacional: Marcos Caruso, Dani Calabresa, Rafael Infante e Zezé Polessa.
A trama de "Desculpe o Transtorno" gira em torno da dupla personalidade (daí o nome do filme) do personagem Eduardo/Duca (Gregório Duvivier). Após a morte da mãe, que morava no Rio de Janeiro, o rapaz, morador de São Paulo, passa a dar vazão a duas personalidades completamente distintas: do paulistano certinho e careta (Eduardo) e do carioca irresponsável e alegre (Duca). A alteração de comportamento provoca várias situações inusitadas. Para se ter uma ideia das diferenças entre as duas personalidades, enquanto Eduardo é fiel à sua noiva Viviane (Dani Calabresa), Duca se apaixona por Bárbara, uma carioca destrambelhada (Clarice Falcão).
A ideia do roteiro do filme é até interessante. A proposta é brincar com as diferenças de hábitos de paulistanos e cariocas. Contudo, o longa-metragem não consegue produzir uma só cena engraçada. As piadinhas (fracas e raras) são óbvias e bem batidas. Fazia tempo que não via uma produção com tantos clichês. Não consegui dar uma risada sequer durante todo o filme. Além disso, a história vai se arrastando desde o início. Definitivamente, trata-se de uma comédia fraquíssima.
O único ponto positivo é a boa produção fotográfica. As cenas são realizadas em ótimos takes de São Paulo e do Rio de Janeiro. Assim, o longa-metragem tem um belo panorama de fundo. O problema é que o roteiro não conseguiu acompanhar a beleza visual do cenário.
Tomás Portella mostra-se, mais uma vez, um diretor muito mais competente em filmar ação do que comédia. Se "Operações Especiais" e "Meu Nome Não é Johnny" são bons filmes, "Qualquer Gato Vira-Lata" e "Desculpe o Transtorno" são fraquíssimos.
Juro que me senti perdendo tempo assistindo a este filme. Sai decepcionado do cinema.
Veja o trailer de "Desculpe o Transtorno":
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