Nesta quarta-feira, fui ao Itaú Cultural para ver "Ocupação Cartola". Esta exposição é sobre Cartola, o mais famoso sambista vindo da Mangueira. A mostra entrou em cartaz no mês retrasado e ficará à disposição do público até 13 deste mês.
"Ocupação Cartola" apresenta a biografia e as principais obras de Angenor de Oliveira (1908-1980), que ficaria mais conhecido pelo apelido de Cartola. A mostra explica, inclusive, o porquê deste apelido. O sambista que foi um dos fundadores da escola de samba da Mangueira compôs algumas obras-primas da música nacional: "As Rosas Não Falam", "O Mundo é um Moinho", "Tive Sim", "Preciso Me Encontrar" e "Alvorada". Assim, conhecer a vida e as composições de Cartola é se aprofundar na história musical brasileira do século XX.
A mostra está no piso térreo do Itaú Cultural. Ali são apresentados os manuscritos originais das composições do sambista, fotos da vida de Cartola e de sua família e vídeos com apresentações do compositor e de vários de seus renomados intérpretes. Há também uma série de documentários sobre a vida e sobre as obras do mangueirense. No meio do espaço, há uma encenação real do restaurante "Zicartola", que o músico teve com sua terceira e última esposa, apelidada de Zica (daí o nome do estabelecimento). O restaurante se tornou famoso ponto de encontro de cantores cariocas no início da década de 1970.
Quem conhece a história das músicas e da vida de Cartola não encontrará nenhuma novidade na exposição. Mesmo assim, é gostoso rever algumas das passagens memoráveis da vida do compositor. Quem deseja ser apresentado pela primeira vez à trajetória do sambista e aos detalhes de suas obras saíra, com certeza, mais maravilhado da "Ocupação Cartola". Trata-se de uma excelente oportunidade para aprender sobre um ícone do samba nacional.
Ali é possível conhecer, por exemplo, as histórias por trás da composição de "As Rosas Não Falam" e ter a dimensão do que foi o lançamento do disco "Cartola" em 1976, o segundo LP do sambista. Este disco é apontado até hoje como uma das grandes referências musicais do país. Por isso, não deixe de ler a crônica de Oswald de Andrade de 1976 sobre este lançamento.
A ideia de montar o "Zicartola" no meio da exposição foi excelente. O público se sente realmente visitando o local. Repare nos detalhes do restaurante, como os guardanapos personalizados e as réplicas dos cardápios.
A melhor parte da exposição, pelo menos para mim, está nas músicas. Por onde se anda, é possível ouvir uma das célebres criações de Cartola. O sistema de som do lugar é bom e é possível apreciar com calma cada canção. O espaço reservado a "Rosas Não Falam" é emocionante.
Vá com tempo para apreciar cada cantinho da mostra. Eu gastei uma hora para percorrê-la detalhadamente, mas não duvido se alguém ficar mais. "Ocupação Cartola" tem a curadoria da equipe do Itaú Cultural e da cantora Fabiana Cozza. A entrada é franca. Como a exposição ficará mais duas semanas em cartaz, não perca tempo para vê-la. Quem gosta de samba, de boa música e da cultura popular do nosso país com certeza vai gostar.
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