Fui ao cinema, neste final de semana, para assistir ao filme "A Bailarina" (Ballerina: 2016). Esta animação, fruto da parceria entre França e Canadá, estreou no circuito comercial brasileiro na semana retrasada. O roteiro, a criação da ideia e a direção ficaram a cargo de Eric Summer, francês especializado em séries para a televisão de seu país. Esta foi sua primeira empreitada no cinema e na animação. Summer contou com a ajuda do diretor Eric Warin, um pouco mais experiente no universo cinematográfico.
O enredo de "A Bailarina" se passa em 1869. Félicie Milliner mora em um orfanato no interior da França mantido por freiras. A garota órfã sonha em ser uma importante bailarina, apesar de nunca ter frequentado uma escola de dança e não possuir dinheiro para investir nesta carreira. Félicie passa o dia dançando alegremente, imaginando ser possível viver como uma profissional da dança no futuro. A jovem teima em desafiar a realidade sofrida que possui.
Certo dia, Félicie é incentivada pelo amigo Victor, um menino também pobre e morador do mesmo orfanato, a fugir para Paris com ele. Na capital francesa, a dupla poderá colocar em prática seus ambiciosos planos: ela entrará na escola mais renomada de ballet e ele se tornará um grande inventor.
Depois de conseguirem escapar as duras penas das freiras e do responsável pelo orfanato, Félicie e Victor chegam, enfim, à Paris. Lá, os amigos são separados pelo destino e cada um terá que batalhar pelo seu sonho sozinho. Por um lance de sorte, Félicie consegue entrar na escola de ballet da qual sempre desejou. Ela se passa por uma filha de uma importante dama da sociedade parisiense.
Contudo, mais difícil do que entrar, é permanecer naquela conceituada escola. Só há uma única vaga disponível na companhia e ela será ocupada pela bailarina mais competente do grupo de jovens estudantes. Assim, Félicie terá de competir com meninas da sua idade que já fazem ballet há anos. A desvantagem é evidente. A órfã é uma simples iniciante neste tipo de dança, não conhecendo nada do universo das bailarinas, enquanto suas concorrentes são especialistas nesta área.
Se você for ao cinema imaginando ver uma produção com o charme de Ratatouille (2007), que também se passa na França, ou da magnitude de "Megamente" (Megamind: 2010), a melhor animação dos últimos anos, você com certeza sairá decepcionado da sessão. "A Bailarina" até possui uma boa fotografia e um ótimo acabamento visual. Em comparação com os estúdios norte-americanos, a animação franco-canadense não deixa nada a desejar no quesito técnico e tecnológico. O problema, curiosamente, está no roteiro bobo, na infantilidade da trama e da falta de carisma da história. Ou seja, esta produção derrapa exatamente nos pontos em que eu acreditava que ela iria tirar de letra.
Uma coisa é importante ressaltar: este filme é voltado exclusivamente para o público infantil. Diferentemente da maioria das animações recentes que chegam às telelonas, que focam mais nos adultos, este longa-metragem considera apenas a criançada. Por isso, é óbvio que eu o tenha achado meio bobo e muito infantilizado. As crianças que estavam comigo na sessão gostaram da produção. Mesmo assim, esperava-se mais deste filme, principalmente em relação ao seu roteiro, que em nenhum momento chega a empolgar.
O que mais me incomodou no roteiro de "A Bailarina" foi o excesso de clichês e a falta de contundência lógica da narrativa. A temática de superação e obstinação para quem deseja alcançar seus sonhos profissionais é, por si só, um tanto batida. Além disso, a trama exagera o tempo inteiro no êxito dos protagonistas, jogando contra o bom-senso da plateia. Por exemplo, em menos de uma semana treinando ballet, Félicie já consegue rivalizar com suas melhores concorrentes. Até mesmo para as crianças que assistem ao filme, isso parece totalmente impossível! E o que falar da sorte de Victor, o amigo da personagem principal. Em uma noite em Paris, ele já consegue um emprego na oficina do maior inventor da França. Só mesmo um expectador muito inocente e exageradamente otimista para acreditar nestes desenlaces do filme.
"A Bailarina" é uma animação que, ao mesmo tempo, não empolga, mas também não frustra totalmente a plateia (principalmente quem estiver acompanhado durante a sessão pelos pequenos). Trata-se de um filme simplesmente regular. Seus maiores pecados são a falta de humor, o roteiro limitado e o desfecho previsível e pouco factível. Seus principais méritos são o excelente acabamento visual e o encanto da França do século XIX, muito bem retratado no longa-metragem.
Se o roteiro tivesse sido melhor trabalhado, quem sabe não estaríamos diante de uma boa trama. Uma pena! Veja o trailer:
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