The Doors é uma das bandas de rock mais cultuadas de todos os tempos. O grupo californiano formado, em 1965, por Jim Morrison (vocalista), Ray Manzarek (tecladista), Robby Krieger (guitarrista) e John Densmore (baterista) teve apenas seis anos de vida. Apesar do pouco tempo de duração, a fama do quarteto permanece inabalada até hoje. Estima-se que passadas quatro décadas da sua desintegração, The Doors ainda venda anualmente 2,5 milhões de cópias. Este longo sucesso é explicado por dois fatores indissociáveis: a polêmica imagem do carismático líder da banda e a produção de composições inovadoras e antológicas.
Jim Morrison praticamente criou a figura do roqueiro rebelde que ainda perdura na cultura ocidental até hoje. Sex symbol no final da década de 1960, o vocalista provocava o público usando calças justas e casacos de couro. Ele também fazia apresentações contagiantes e amalucadas em cima do palco, enquanto fora dele abusava no uso indiscriminado de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas. Morrison foi preso, arranjou confusão por onde passou e criou uma lista de inimigos.
Ao mesmo tempo em que não deixava pedra sobre pedra em seu caminho, o vocalista criou letras e canções memoráveis. Impossível alguém nos dias de hoje não ter ouvido, por exemplo, "Break on Through (To the Other Side)", "People Are Strange", "Light My Fire" e "Riders on The Storm". Curiosamente, estes clássicos foram apresentados ao público nos dois primeiros discos do grupo, ambos lançados no mesmo ano.
Em janeiro de 1967, chegava às lojas dos Estados Unidos o álbum "The Doors", o disco de estreia da banda. Gravado no ano anterior, o LP é considerado até hoje como um dos melhores da história do rock. Com influências de vários estilos musicais como o country e o folk, a overdose sonora agradou logo de cara a crítica e o público. "Break on Through (To the Other Side)" e "Light My Fire" chegaram ao topo das paradas nas rádios norte-americanas, levando The Doors ao programa Ed Sullivan Show, o mais importante da época. "Alabama Song (Whiskey Bar)", uma regravação de uma canção célebre, e "The End", com seus longuíssimos onze minutos de duração e com tom sombrio e misterioso, também encantaram os ouvidos da plateia.
Este primeiro disco do The Doors vendeu até hoje 10 milhões de exemplares. O sucesso foi tão grande que pouco mais de seis meses depois do seu lançamento, o grupo voltava ao estúdio para gravar seu segundo LP. Em outubro de 1967, chegava ao mercado "Strange Days", a segunda produção do quarteto. Neste álbum, The Doors escolheu as músicas que não entraram no álbum anterior. Aqui estão presentes "People Are Strange", "Moonlight Drive", "Love Me Two Times" e "When The Music's Over". Não dá para acreditar que estas músicas foram renegadas na gravação anterior.
Há cinquenta anos, portanto, o mundo do rock ganhava dois discos memoráveis e uma banda clássica. Definitivamente, 1967 foi o ano mais inspirador do The Doors. Nos três anos seguintes, o grupo lançou mais três álbuns. Apesar do sucesso crescente, a maioria dos novos trabalhos desapontou os fãs originais por não trazer grandes novidades sonoras. As canções voltaram-se mais para o pop e se distanciaram do tom psicodélico inicial.
Em 1971, Jim Morrison morreu aos 27 anos (mais um músico que sucumbiu a sina desta idade) em uma banheira de hotel em Paris. Suspeita-se que a causa da morte tenha sido overdose. Com a ausência do seu líder, The Doors foi aos poucos tornando-se irrelevante. Os demais integrantes, liderados por Ray Manzarek, até tentaram seguir com a banda, porém o fracasso foi inevitável. Um ano depois do falecimento de Morrison, o grupo parou de se apresentar regularmente. Mais recentemente, Manzarek e Krieger até tentaram se reunir em especiais para reviver os clássicos do grupo. A morte de Manzarek, em 2013, contudo, decretou o fim definitivo da banda.
Para os fãs do quarteto californiano, fim é uma palavra que não existe em seu dicionário musical. Basta ouvir os dois discos de 1967 para sentir que a alma do The Doors continua viva e pulsando com intensidade até hoje.
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