Na semana retrasada, fui à Galeria de Arte do Centro Cultural da FIESP, na Avenida Paulista, para conferir a exposição "Construções Sensíveis - A Experiência Geométrica Latino-Americana". As obras da mostra, em cartaz desde 18 de abril, são da coleção Ella Fontanals-Cisneros e possuem a curadoria de Rodolfo de Athayde e Ania Rodrigues.
A proposta desta exposição é apresentar o legado das várias vertentes do concretismo e do neoconcretismo latino-americano durante o século XX. Por isso, há obras de artistas brasileiros, argentinos, uruguaios, colombianos, venezuelanos, cubanos e mexicanos criadas desde a década de 1930. Ao todo são 124 peças expostas, abrangendo pinturas, desenhos, obras sobre papel, esculturas, objetos, fotografias e vídeos.
Por mais que essas criações sejam independentes e tenham sido criadas em contextos específicos dos seus países, ficam nítidas as influências e os diálogos entre elas. Estão ali os trabalhos criados pelo grupo capitaneado pelo uruguaio Joaquín Torres-Garcia, pelo grupo argentino liderado por Madi, pelos brasileiros Lygia Clark e Hélio Oiticica, pelo colombiano Edgar Negret, pelos mexicanos Mathias Goeritz e Gunther Gerzso e pelo grupo mexicano Diez Pintores Concretos.
Destaque também para as fotografias de Thomaz Farkas e Geraldo de Barros e para as criações do movimento da arte óptica e da arte cinética. Quem gosta da rivalidade entre o grupo paulista Ruptura, de 1952, e o grupo carioca Manifesto Neoconcreto, de 1959, irá adorar a seção específica da mostra que se dedica a apresentar as diferenças e as semelhanças destas duas concepções artísticas.
O resultado é um show de formas geométricas e de efeitos visuais que encantam o público. Até mesmo quem não possui o olhar treinado para apreciar este tipo de arte irá gostar dos efeitos visuais proporcionados por ela. Neste sentido, a melhor parte da exposição, pelo menos para mim, é aquela dedicada à arte cinética e à arte óptica. Sou fã deste tipo de pintura e de escultura.
Outra seção muito boa é a que apresenta fotografias do Foto Cine Clube Bandeirante, grupo paulista criado em 1939 que pretendia expor a pulsante e crescente industrialização de São Paulo. As imagens em que o grupo retrata a explosão demográfica e econômica da capital do estado durante a metade do século XX é de tirar o fôlego.
"Construções Sensíveis - A Experiência Geométrica Latino-Americana" impressiona pela extensa quantidade de obras expostas, pela variedade de artistas contemplados e pela qualidade do acervo. Acredito que esta seja a mostra mais completa dos últimos anos sobre o concretismo e neoconcretismo de nosso continente.
Esta exposição ficará em cartaz até 18 de junho. Ou seja, os interessados têm mais três semanas para conferi-la. Para percorrer toda a mostra sem atropelo, é preciso reservar de uma hora à uma hora e meia. A entrada é gratuita e a Galeria de Arte do Centro Cultural FIESP abre diariamente das 10h às 20h. Quem gosta do concretismo e do neoconcretismo ou deseja aprender mais sobre este estilo artístico não pode perder "Construções Sensíveis - A Experiência Geométrica Latino-Americana".
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