Nesta quarta-feira, fui ao Cinemark do Shopping Tietê Plaza para ver "O Rei do Show" (The Greatest Showman: 2017), musical sobre os primórdios do espetáculo circense. A história do filme é baseada na vida real do empresário norte-americano P. T. Barnum, fundador do Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus. Na segunda metade do século XIX, a companhia de Barnum, a mais antiga do mundo e atualmente com 146 anos de operação ininterrupta, criou o conceito do circo moderno como conhecemos hoje em dia.
Achei "O Rei do Show" um longa-metragem maravilhoso. Esta produção, que entrou em cartaz no dia de Natal, é incrível se considerarmos tanto a sua narrativa quanto os seus elementos técnicos. Trama ótima (com ação, drama e reviravoltas na medida certa), atuação do elenco primorosa, fotografia linda e trilha sonora marcante são os principais destaques positivos. Em minha opinião, este é um dos grandes filmes dessa temporada de verão. Das opções em cartaz no circuito brasileiro, inegavelmente este longa-metragem é aquele que mais encanta os olhos da plateia cinéfila.
Contudo, essa não foi a opinião geral na sessão em que estive presente na noite de quarta. A maioria do público ficou revoltada com o que viu na tela. Houve até quem vaiasse. Tiveram aqueles que deixaram a sala xingando a produção antes que ela chegasse a sua metade. Sinceramente, não me recordo de ter visto algo do tipo em um cinema. Como é possível alguém reclamar de um filme tão bom?! Passei os dois últimos dias pensando sobre essa questão. Por que as vaias e o abandono dos lugares se o longa-metragem é um dos melhores do ano?! Só tenho uma resposta para isso: a antipatia de muitas pessoas com o gênero musical.
Sabe quando você vai ao estádio de futebol e assiste a uma partida histórica? Ou quando comparece ao teatro e vê uma peça memorável? Ou vai a um show dançante e se emociona com os dançarinos no palco? Maravilhado com o espetáculo à sua frente, então, você olha para o lado e vê sua companhia totalmente entediada. Se alguém não gosta de futebol, na certa não irá apreciar um jogo por melhor que ele seja. Se você odeia teatro, dificilmente irá se interessar por uma boa peça. E se não gosta de dança, não ficará feliz por melhor que seja o show no palco. Acho que foi isso o que aconteceu no Cinemark. Muitos desavisados escolheram o filme sem saber que se tratava de um musical. Aí, quando as músicas e as danças começaram... Você já sabe o que deu, né?
"O Rei do Show" é o primeiro trabalho de Michael Gracey na direção. O filme é estrelado por Hugh Jackman, de "Os Miseráveis" (Les Misérables: 2012), "O Grande Truque" (The Prestige: 2006) e "Logan" (2017). Completam o elenco de atores principais Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson e Zendaya. O roteiro é de Bill Condon, de "Chicago" (2002), e Jenny Bicks, de "Rio 2" (2014). A trilha sonora é de John Debney, Benj Pasek e Justin Paul. Vale a pena lembrar que Benj Pasek e Justin Paul foram os compositores de "La La Land - Cantando Estações" (La La Land: 2016). Neste novo trabalho, a dupla escreveu nada menos do que onze canções. A maioria delas é excelente.
O enredo de "O Rei do Show" acompanha a trajetória de P. T. Barnum (interpretado por Hugh Jackman) da sua infância pobre ao apogeu artístico. Quando menino, o protagonista se apaixona por Charity (Michelle Williams), a filha do patrão do pai. Indiferentes a gritante diferença social das duas famílias (a dele é extremamente pobre e a dela é milionária), as crianças prometem se casar quando crescerem. E é exatamente isso que elas fazem, para desespero e decepção dos pais da moça.
O casamento de Barnum e Charity é feliz apesar da pobreza em que eles acabam metidos. Os sogros de Barnum não aceitam ajudar o jovem casal pensando que logo mais Charity irá desistir daquela maluquice e voltará para casa. Contudo, ela não retorna para os braços dos pais. Em alguns anos, os Barnum têm duas filhas, o que solidifica ainda mais a união conjugal.
P. T. Barnum tem dois sonhos na vida. O primeiro é criar um museu em que pudesse apresentar ao público as mais diversas curiosidades do planeta. O segundo é se tornar muito rico e provar aos sogros o seu valor. Após ser demitido do emprego e contrair empréstimos milionários, o rapaz coloca em prática sua primeira pretensão: fundar o museu. Infelizmente, o empreendimento não é bem-sucedido em um primeiro momento. Para salvar seu negócio, P. T. Barnum começa a fazer radicais mudanças no museu. Entre essas ações está a união com Philip Carlyle (Zac Efron), um artista conceituado e oriundo de uma família burguesa. Assim, pouco a pouco vai surgindo o circo moderno.
Curiosamente, após o êxito empresarial e o enriquecimento financeiro, o protagonista se vê às voltas com outro problema: ele é visto como um artista menor em sua cidade. Para reverter essa imagem, ele começa a fazer planos para se tornar um empresário de qualidade do show business e conhecido nacionalmente. Porém, as novas pretensões vão totalmente contra tudo aquilo que Barnum fez até então e que pautou sua fama e riqueza.
"O Rei do Show" se baseia em episódios reais, mas também acrescenta elevadas doses de ficção. Não vá, por favor, acreditar em tudo o que você vê na tela. P. T. Barnum foi, na realidade, uma personagem extremamente polêmica. E boa parte das suas picaretagens não é sequer abordada ou esmiuçada no filme. Assim, ficamos com a imagem de um rapaz sonhador e bonzinho. Seu lado negativo desaparece totalmente.
Feita essa ressalva, "O Rei do Show" é o longa-metragem para ser visto e ouvido com atenção. Como um bom vinho, saiba apreciá-lo. Por isso, é bom que você tenha a sorte de não estar em uma sessão em que o pessoal revoltado vaie, xingue e reclame em voz alta...
Sinceramente, não sei o que mais gostei no filme. A narrativa é ótima: sua história é recheada de dramas (além do conflito principal temos os secundários); há muita ação (para a perspectiva de um musical); e as reviravoltas conseguem segurar a tensão do longa-metragem do início ao final. A fotografia é maravilhosa. A trilha musical é ótima. Repare na força das letras e das melodias. Impossível não sair do cinema sem cantarolá-las. E o que dizer da atuação dos atores principais, hein? Hugh Jackman dá um show de interpretação. Se alguém um dia o criticou por "Os Miseráveis", agora não há o que reclamar. Zac Efron, Michelle Williams, Rebecca Ferguson e Zendaya acompanham muito bem Jackman.
Portanto, se você gosta de musicais, na certa irá adorar "O Rei do Show". Contudo, se você não gosta de musicais, por gentileza, me faça um favor: não vá ao cinema. Ou se for, não externe suas indignações. Lembre-se que pode haver alguém ao seu lado apreciando o que se passa na tela e seus comentários em altos decibéis podem atrapalhá-lo.
Veja o trailer de "O Rei do Show" (The Greatest Showman: 2017):
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