O Bonas Histórias já analisou, em 2018, cinco autores marcantes do século XX. Os artistas investigados até este momento no blog foram J. M. Coetzee (África do Sul), em abril, Juan Carlos Onetti (Uruguai), em maio, Herta Müller (Romênia/Alemanha), em junho, Rubem Fonseca (Brasil), em julho, e Xinran (China), em agosto. Agora, em setembro, o Desafio Literário vai estudar o estilo, as ideias e as obras de Albert Camus, outro nome de peso da literatura mundial. Trata-se do terceiro vencedor do Prêmio Nobel (Coetzee recebeu em 2003 e Müller conquistou em 2009) e o segundo europeu (Müller é a primeira) que estudamos neste ano no Desafio Literário.
Nascido, em 1913, na Argélia, então colônia francesa, Albert Camus se notabilizou como escritor e filósofo, além de ter trabalhado como jornalista. Casado duas vezes, Camus viveu a partir dos 25 anos na França. Foi em Paris onde fixou residência até a sua morte em 1960. Graduado, mestre e doutor em Filosofia, Albert deixou dois filhos e um portfólio notável.
A principal marca da literatura de Camus foi inserir elevadas doses de filosofia ao seu texto. Antes de ser um escritor, o franco-argelino se enxergava e agia, acima de tudo, como um filósofo. Em seu ponto de vista, a ficção servia como um excelente meio de apresentação/representação dos conceitos filosóficos. Uma de suas frases mais famosas é: “Se você quiser filosofar, escreva romances”. Em outra passagem célebre, ele insiste nesse ponto: “Não se contam mais ‘histórias’, cria-se seu universo. Os grandes romancistas são romancistas filósofos, ou seja, o contrário de escritores de teses. Vejam Balzac, Sade, Melville, Stendhal, Dostoièvski, Proust, Malraux, Kafka, para citar só alguns”. Camus, portanto, integrou essa linhagem de escritores filósofos.
Adepto do existencialismo europeu (apesar de negar esse vínculo por causa de discussões com alguns colegas), Albert Camus é até hoje o principal adepto do Absurdismo, corrente criada no século XIX pelo dinamarquês Søren Kierkegaard e que, a grosso modo, apresenta conceitos do existencialismo com uma pegada mais niilista. A grande obra do Absurdismo é “O Mito de Sísifo” (Record), coletânea de ensaios de Camus publicada em 1942. O “Estrangeiro” (Record), o livro mais famoso do autor, é uma novela desenvolvida também em 1942 e que está totalmente ancorada nos conceitos do Absurdo. Nesse drama psicológico, debate-se de maneira reflexiva a condição da liberdade humana. A publicação é considerada uma das narrativas mais influentes da primeira metade do século XX.
Vamos iniciar o Desafio Literário de setembro exatamente por essas duas obras. O post sobre “O Estrangeiro” estará disponível, no Bonas Histórias, na próxima quinta-feira, dia 6. Já a análise de “O Mito de Sísifo” será postada na próxima semana, mais precisamente na segunda-feira, dia 10.
“A Peste” (Record) é outro livro cultuado de Camus. Nesse romance de 1947, temos uma alegoria à invasão da França pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O escritor utiliza-se do conceito da Revolta para escancarar os comportamentos contraditórios das pessoas em meio às graves crises. Esses princípios filosóficos seriam expostos de forma mais detalhada quatro anos mais tarde, na obra de ensaios “O Homem Revoltado” (Record). Essa é, muito provavelmente, a publicação mais polêmica de Albert Camus. Os conceitos da Revolta foram duramente criticados por intelectuais e filósofos franceses, o que deixou o franco-argelino extremamente entristecido. Os posts sobre “A Peste” e “O Homem Revoltado” serão apresentados, respectivamente, nos dias 14 e 18 de setembro.
Em 1956, Camus lançou a novela “A Queda” (Record). Nessa publicação com altas doses autobiográficas, ele faz um desabafo aos críticos e explora com mais profundidade os conceitos do Absurdo e da Revolta. O livro precedeu a entrega do Prêmio Nobel, feito no ano seguinte. Com o recebimento do Nobel, Camus viu as críticas pelo seu trabalho diminuírem sensivelmente. Contudo, em 1960, no auge de sua carreira, o escritor acabou vitimado por um acidente automobilístico fatal. Onze anos após a tragédia, a viúva de Albert, Francine Camus, autorizou a publicação de “A Morte Feliz” (Record). Escrito entre 1936 e 1938, esse romance serviu de preparação para a produção de “O Estrangeiro”. Por isso, seu autor jamais quis publicá-lo.
As duas últimas obras deste Desafio Literário, “A Queda” e “A Morte Feliz”, terão seus posts divulgados, respectivamente, nos dias 22 e 26. Somente a partir daí, poderemos montar a análise estilística de Albert Camus. Esse estudo final da literatura camusiana só será apresentado no último dia do mês.
O portfólio artístico de Camus é longo e de qualidade indiscutível. O escritor e filósofo franco-argelino produziu novelas, romances, ensaios, peças teatrais, coletâneas de contos e obras de crônicas. É esse trabalho genial que vamos estudar agora no Bonas Histórias.
E aí, preparado(a) para começar a leitura de Albert Camus, um dos escritores mais importantes da primeira metade do século XX? Reconheço que estou ansioso para iniciar logo os trabalhos. Inclusive já estou com “O Estrangeiro” (Record) em mãos. Essa será a primeira obra que vamos discutir aqui no blog. O Desafio Literário de setembro começará efetivamente na quinta-feira, dia 6. Até lá!
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