Neste sábado, participei do III Encontro de Escrita Criativa, evento organizado pelo Centro de Apoio ao Escritor (CAE) da Casa das Rosas. O ciclo de palestras marcou a última atividade realizada, em 2018, pela instituição que é voltada para o desenvolvimento e formação de escritores em nosso país. Ao longo deste ano, o CAE promoveu mais de uma centena de eventos entre palestras, feiras, colóquios, viradas, encontros, celebrações de datas comemorativas, cursos, oficinas, workshops, lançamento de livros, leituras coletivas, mesas redondas, debates, fóruns, saraus, clubes do livro e trocas de livros. Não à toa, a Casa das Rosas é vista atualmente como uma das principais entidades promotoras da literatura e da escrita profissional na cidade de São Paulo.
A terceira edição do Encontro da Escrita Criativa foi mediada por Reynaldo Damazio, coordenador do CAE, e teve palestras de Leonardo Gandolfi, Ana Rüsche, Julio Mendonça e Simone Homem de Melo. Os convidados, escritores, editores, tradutores, pesquisadores acadêmicos e professores de oficinas literárias, debateram diferentes aspectos da escrita profissional contemporânea, dos caminhos da literatura e da formação de novos autores. O evento ocorreu na sede da Casa das Rosas, na Av. Paulista, 37 - Bela Vista e durou das 11h às 16h. Entre 50 e 80 pessoas assistiram aos debates.
No período da manhã, ocorreu a palestra de Leonardo Gandolfi sobre a Escrita Não Criativa. Gandolfi é escritor, poeta e editor da Revista Grampo Canoa e da Editora LunaPARQUE. Ele apresentou, ao longo de quase uma hora, um panorama histórico e conceitual do que se convencionou chamar hoje em dia de Escrita Não Criativa. Em sua explanação, o palestrante usou exemplos nacionais e internacionais e mostrou as tendências atuais deste tipo de literatura. Achei espetacular a palestra de Gandolfi. Eu que não gostava muito desse tipo de produção literária passei a vê-lo com outros olhos. Por isso, no próximo ano, espere encontrar mais análises de livros de Escrita Não Criativa aqui no Blog Bonas Histórias. Em minha lista de leitura, já coloquei “Sessão” (LunaPARQUE) e “Trânsito” (LunaPARQUE), obras, respectivamente, de Roy David Frankel e Kenneth Goldsmith.
No período da tarde, tivemos uma mesa-redonda com Ana Rüsche, Julio Mendonça e Simone Homem de Melo. Ana Rüsche é escritora e professora de oficinas literárias. Julio Mendonça é coordenador do Centro de Referência Haroldo de Campos, professor de oficinas literárias, escritor e editor da Revista Ctrl + Verso. E Simone Homem de Melo é tradutora e coordenadora do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida.
No debate do trio, Ana Rüsche optou por oferecer dicas para os escritores que estão começando na profissão. De maneira direta e informal, ela usou sua própria experiência para listar os caminhos da pedra de alguém que almeja se tornar um autor profissional. Esta foi a parte mais interessante e prática do dia, com Rüsche usando todo o seu carisma para dialogar com a plateia. Já Julio Mendonça apresentou a Cooperativa da Invenção, grupo de estudos conduzido por ele que mistura poesia e artes plásticas. O resultado é a produção de experiências performáticas que expandem o alcance das palavras e da interpretação artística. Foi muito legal conhecer o laboratório criativo que ele promove no Espaço Haroldo de Campos. E, por fim, Simone Homem de Melo falou dos desafios do trabalho do tradutor. Ela abordou desde a relação do leitor com a tradução até os aspectos práticos desse ofício.
Ao final do evento, Reynaldo Damazio, sempre muito simpático e solícito com todos, brindou os participantes do III Encontro de Escrita Criativa com o livro “Paisagens Menores – Experiências com a Escrita Criativa” (Dobradura). A obra, uma coletânea de ensaios e artigos sobre o fazer literário, foi organizado por Geruza Zelnys e Alexandre Filordi de Carvalho. Adorei a proposta da publicação e vou lê-la nas próximas semanas (obviamente vou publicar um post com a análise crítica deste livro aqui no Blog Bonas Histórias).
Adorei a palestra da manhã e a mesa-redonda vespertina. Ou seja, o conteúdo debatido ao longo do dia foi excelente. Mais uma vez, o Centro de Apoio ao Escritor da Casa das Rosas promoveu um evento de alto nível, que contribuiu significativamente para o desenvolvimento de quem deseja se tornar um escritor profissional.
Tenho o hábito de frequentar os eventos da Casa das Rosas há pelo menos três anos e, admito, que na maioria das vezes saio impressionado positivamente com o conteúdo transmitido. Além de completa e diversificada, a programação da instituição é de altíssimo nível. Tão bom quanto os eventos é a bagagem profissional e a seriedade dos profissionais envolvidos. Nota-se que todos amam a literatura e estão interessados em compartilhar suas experiências e seus conhecimentos com os alunos. É muito legal ver isso.
Por falar no Centro de Apoio ao Escritor e nas atividades desenvolvidas pela Casa das Rosas, no mês que vem prometo fazer um post sobre a edição de 2019 do CLIPE –Curso Livre de Preparação do Escritor. As inscrições para o principal curso promovido pelo CAE serão abertas na próxima semana e quero discutir com vocês alguns aspectos de sua metodologia. Não perca!
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