Em 2018, li 140 livros, uma média de 12 títulos por mês ou 3 por semana. Esse número é 50% superior ao do ano retrasado (em 2017, foram 90 publicações). Das obras lidas no ano passado, metade (exatamente 70) foi analisada no Bonas Histórias e esses comentários estão disponíveis aos nossos leitores aqui no blog. Podem-se encontrar esses posts na seção de Críticas Literárias e na coluna do Desafio Literário. Outra parte (12 livros) deu origem aos textos da segunda temporada do Talk Show Literário. Algumas obras lidas foram de materiais que estudei na Pós-Graduação de Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz e no Projeto de Iniciação Científica da área de Letras que fiz no Centro Universitário do Sul de Minas. Esses títulos estão presentes direta ou indiretamente na seção Teoria Literária. Também li publicações que, depois, achei que não valiam a pena serem comentadas no Bonas Histórias.
De qualquer forma, minha lista de leituras do ano passado inclui uma variedade de obras da literatura brasileira e da internacional, livros de ficção e de não ficção, clássicos e contemporâneos e títulos comerciais e cults. Quem acompanha o blog já deve ter percebido que a palavra-chave aqui é variedade. Nosso lema é: literatura sem frescura e sem preconceito!
Estou falando (escrevendo?) sobre isso porque, hoje, tomei coragem e formulei o ranking das leituras que mais gostei de ter feito em 2018. Sei o quanto desenvolver uma lista deste tipo é algo subjetivo, pessoal e propenso a injustiças. Mesmo ciente desse viés, segui em frente em minha empreitada. Afinal, a lista dos melhores do ano passado já é uma tradição de janeiro do Bonas Histórias e, inclusive, compõe o conteúdo da coluna Recomendações.
A seguir, apresento o ranking dos 15 livros lidos em 2018 que mais gostei. Nela, temos obras de J. M. Coetzee, Rubem Fonseca, Patricia Highsmith, Anthony Burgess, Reinaldo Moraes, Xinran, Herta Müller, Fernando Sabino, Blaine Harden, Tiago Novaes, Juan Carlos Onetti e Albert Camus. Confira a lista completa logo abaixo:
15o lugar: "O Estrangeiro" (Record) – Albert Camus (França) - 1942.
“O Estrangeiro” é o livro mais importante de Albert Camus, filósofo e escritor francês nascido na Argélia. Há muitos críticos literários que consideram esta obra como uma das principais do século XX. “O Estrangeiro” é uma novela filosófica ambientada em meio aos horrores da Segunda Guerra Mundial. Camus mistura críticas sociais e análises negativistas sobre o caráter humano em uma trama psicológica densa e seca.
14o lugar: "A Vida Breve" (Planeta Literário) – Juan Carlos Onetti (Uruguai) - 1950.
"A Vida Breve" é o romance de Juan Carlos Onetti que dá início à saga literária de Santa María. Este livro do uruguaio é inovador porque inverte vários dos pressupostos básicos da narrativa (focos narrativos distintos e derrubada das barreiras entre realidade e ficção) e ainda acrescenta algumas outras novidades (debate metalinguístico da criação literária feita pelas personagens e a intersecção de tramas).
13o lugar: “O Cio da Terra - Vida e Tempo de Michael K” (Best Seller) – J. M. Coetzee (África do Sul) - 1983.
"O Cio da Terra - Vida e Época de Michael K" é um dos romances mais premiados de J. M. Coetzee. Este livro do sul-africano conquistou o Prêmio Booker, um dos mais importantes da língua inglesa. A obra retrata a viagem de um sul-africano negro e pobre de 31 anos pelo seu país durante o Apartheid. O drama do protagonista é intensificado pelo preconceito social e pelo injusto sistema político da África do Sul.
12o lugar: "Estado Vegetativo" (Callis) - Tiago Novaes (Brasil) - 2007.
"Estado Vegetativo" é o romance de estreia de Tiago Novaes. Publicado em 2007, a obra é um romance noir com boas doses de filosofia, intertextualidade literária, ação e suspense. Nesta trama policial original e surpreendente, o autor paulista une teoria literária sobre os romances policiais com um caso fictício de investigação criminal envolvendo um serial killer na cidade de São Paulo. O resultado é primoroso.
11o lugar: "A Raposa já era o Caçador" (Biblioteca Azul) - Herta Müller (Alemanha) - 1992.
"A Raposa já era o Caçador" é o romance angustiante de Herta Müller. Neste livro, a escritora romeno-alemã apresenta o drama de uma jovem professora de música perseguida pela polícia do ditador Nicolae Ceausescu na Romênia comunista da década de 1980. A história tem fortes elementos autobiográficos (uma característica da literatura de Müller) pois a própria autora padeceu desse problema em sua juventude.
10o lugar: "Lúcia McCartney" (Agir) – Rubem Fonseca (Brasil) - 1969.
É difícil dizer qual foi a melhor coletânea de contos de Rubem Fonseca: "Lúcia McCartney", de 1969, ou “Feliz Ano Novo”, de 1975. Nesse embate, acabei optando pela primeira. "Lúcia McCartney" conquistou o Prêmio Jabuti de 1970 como a melhor obra de seu gênero e se transformou no primeiro best-seller do autor mineiro. O livro revolucionou a maneira de se produzir as narrativas curtas no Brasil.
9o lugar: "Fuga do Campo 14" (Intrínseca) – Blaine Harden (Estados Unidos) - 2012.
"Fuga do Campo 14" é a biografia do norte-coreano Shin Dong-hyuk. Escrito pelo jornalista norte-americano Blaine Harden, o livro narra os dramas do primeiro e, até o momento, único prisioneiro de um campo de trabalhos forçados do regime ditatorial de Pyongyang a conseguir escapar da Coreia do Norte. A saga de Shin Dong-hyuk é emocionante e dá a dimensão exata do sofrimento do povo norte-coreano.
8o lugar: “A Nudez da Verdade” (Ática) – Fernando Sabino (Brasil) - 1994.
“A Nudez da Verdade” é a novela mais famosa de Fernando Sabino. Lançada originalmente como conto em 1960 com o título de “O Homem Nu”, essa história foi, depois, revisada e expandida na década de 1990. A nova versão ganhou um título mais filosófico: “A Nudez da Verdade”. Nesta trama, um homem pacato é perseguido pela população carioca após ficar pelado fora do apartamento onde passou a noite.
7o lugar: “O Homem é um Grande Faisão no Mundo” (Companhia das Letras) - Herta Müller (Alemanha) - 1986.
“O Homem é um Grande Faisão no Mundo” é a obra mais famosa de Herta Müller, escritora vencedora do Nobel de Literatura de 2009. Este livro foi o responsável por tornar sua autora conhecida internacionalmente. Nesta novela, uma família sofre para conseguir o passaporte que a tirará da opressão da ditadura de Ceausescu. O sonho dos protagonistas é sair da Romênia comunista e ir morar na Alemanha Ocidental.
6o lugar: “As Boas Mulheres da China” (Companhia de Bolso) - Xinran (China) - 2002.
“As Boas Mulheres da China” é o primeiro livro de Xinran. Para construir essa coletânea de crônicas sobre o drama das mulheres no país mais populoso do mundo, a jornalista e escritora chinesa entrevistou centenas de conterrâneas ao longo dos anos. O resultado é um panorama aterrador: casos de casamentos forçados, venda de mulheres, estupros, corrupção, feminicídio, infanticídio e incontáveis abusos físicos.
5o lugar: "Pornopopéia" (Objetiva) – Reinaldo Moraes (Brasil) - 2009.
“Pornopopéia” é o principal romance de Reinaldo Moraes. Considerado por muitos críticos literários como um clássico contemporâneo da literatura brasileira, esta obra do escritor paulistano inovou ao apresentar uma narrativa ousada, uma estética singular, uma linguagem desbocada, um humor ácido e temas extremamente polêmicos. Trata-se de uma trágico-comédia da vida contemporânea.
4o lugar: "Laranja Mecânica" (Aleph) - Anthony Burgess (Inglaterra) - 1962.
"Laranja Mecânica" é o romance espetacular de Anthony Burgess. Se o longa-metragem dirigido por Stanley Kubrick, em 1971, é incrível, o livro de Burgess consegue ser ainda melhor. Para emular o ambiente caótico da Inglaterra infestada por gangues, o escritor inglês chegou ao ponto de criar uma língua própria para dar vazão às gírias adolescentes. A experiência de leitura de "Laranja Mecânica" é inesquecível.
3o lugar: "O Talentoso Ripley" (Companhia de Bolso) - Patricia Highsmith (Estados Unidos) – 1955.
“O Talentoso Ripley” é o livro mais famoso de Patricia Highsmith. O sucesso do romance deu origem a uma série literária. Nela, um anti-herói trambiqueiro, ambicioso e sanguinário tenta ocultar da polícia seus diversos crimes. Para isso, usa suas habilidades de disfarce e sua inteligência. “O Talentoso Ripley” é a criação mais original da norte-americana e é considerado um clássico das narrativas policiais.
2o lugar: "O Caso Morel" (Biblioteca Folha) – Rubem Fonseca (Brasil) - 1973.
“O Caso Morel” foi a primeira incursão de Rubem Fonseca, até então um contista, nos romances. O escritor mineiro trouxe à narrativa longa o estilo literário que marcou seus contos: a violência urbana, a linguagem coloquial, as personagens marginalizadas da sociedade, o erotismo acentuado e a descrição de psicopatias. O resultado é um dos mais marcantes romances policiais da literatura nacional.
1o lugar: "Desonra" (Companhia das Letras) – J. M. Coetzee (África do Sul) - 1998.
“Desonra” é uma obra-prima da literatura contemporânea. Este livro de J. M. Coetzee conquistou o Booker Prize, o prêmio literário mais importante da língua inglesa. Neste romance, temos o drama de um professor universitário branco acusado de estuprar uma aluna. Enquanto sua vida pessoal e profissional desmorona, o protagonista precisa encarar as transformações sociais causadas pelo fim do Apartheid.
Espero que vocês tenham gostado da lista. Boa leitura em 2019 para todo mundo!
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