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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

bonashistorias.com.br

Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Músicas: Brasileirinho - 70 anos do choro mais famoso de Waldir Azevedo


Sinal Fechado de Paulinho da Viola

Os acordes iniciais de “Brasileirinho”, o choro de Waldir Azevedo que foi gravado pela primeira vez em 1949, estão entre os trechos mais conhecidos da nossa música. Não à toa, a canção foi usada em incontáveis ocasiões especiais, como a festa de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e a apresentação da equipe de ginástica artística brasileira nos Jogos Olímpicos de 2004. “Brasileirinho” também se transformou em tema de peça teatral, compôs a trilha de telenovelas e filmes e embalou propagandas de produtos e campanhas eleitorais. Acredito que seja impossível alguém morar no Brasil sem conhecer esse chorinho. É a mesma coisa que um argentino nunca ter ouvido o tango “Mi Buenos Aires Querido” ou um português que desconheça o fado “Povo que Lavas no Rio”.

Criado em 1947, “Brasileirinho” demorou dois anos até ser lançado. Waldir Azevedo, mestre do cavaquinho e um dos maiores nomes do chorinho nacional, teve a ousadia de, pela primeira vez na história, colocar seu instrumento favorito em primeiro plano em uma música. Até então, o cavaquinho, quando muito, era usado meramente como instrumento de apoio às canções. E essa invenção surgiu por acaso. Certa vez, o músico, nascido em 1923 na cidade do Rio de Janeiro, precisou distrair uma criança em sua casa. O problema é que ele só tinha um cavaquinho quebrado em mãos. Podendo usar apenas a corda mais aguda, o compositor improvisou. O resultado é o trecho inicial de “Brasileirinho”. Incrível!

Tocando em conjuntos regionais, Waldir Azevedo só chegou a uma grande gravadora em 1949. Maravilhado com o trabalho do músico carioca, Braguinha indicou-o para substituir Jacob do Bandolim na gravadora Continental, uma das principais do país. Do dia para noite, o primeiro álbum de Azevedo, que tinha em um lado “Brasileirinho” e no outro “Carioquinha”, virou um sucesso retumbante. As vendas espetaculares deste disco colocaram a música instrumental em um novo patamar. E Waldir Azevedo, aos 26 anos, se tornou o grande astro do choro brasileiro. Até o final da carreira, o compositor lançaria outros 52 álbuns.

Waldir Azevedo

Anos mais tarde, “Brasileirinho” ganhou letra. Ruy Pereira da Costa, pernambucano criado desde menino no Rio de Janeiro, desenvolveu os versos que embalaram a partir daí a canção de Waldir Azevedo. A nova versão foi gravada por grandes nomes da música brasileira como Ademilde Fonseca (em um ritmo aceleradíssimo, quase incompreensível) e Baby Consuelo (num ritmo mais cadenciado). Veja a letra de Pereira da Costa:

Brasileirinho - Waldir Azevedo/ Ruy Pereira da Costa

O brasileiro quando é do choro

É entusiasmado quando cai no samba,

Não fica abafado e é um desacato

Quando chega no salão.

Não há quem possa resistir

Quando o chorinho brasileiro faz sentir,

Ainda mais de cavaquinho,

Com um pandeiro e um violão

Na marcação.

Brasileirinho chegou e a todos encantou,

Fez todo mundo dançar

A noite inteira no terreiro

Até o sol raiar.

E quando o baile terminou

A turma não se conformou:

Brasileirinho abafou!

Até o velho que já estava encostado

Neste dia se acabou!

Para falar a verdade, estava conversando

Com alguém de respeito

E ao ouvir o grande choro

Eu dei logo um jeito e deixei o camarada

Falando sozinho.

Gostei, pulei,

Dancei, pisei até me acabei

E nunca mais esquecerei o tal chorinho

Brasileirinho!

Assista, a seguir, à apresentação histórica, em 2010, de Ademilde Fonseca aos 89 anos (ela faleceu em 2012) cantando “Brasileirinho” ao lado de Eymar Fonseca, sua filha com o violonista Naldimar Delfino. É nítida a falta de voz da lenda do chorinho (lembremos que ela estava com quase 90 anos!), mesmo assim sua interpretação é exemplar. A voz rouca de Ademilde (muito parecida a de Elza Soares) continuou sendo sua marca registrada até o final da carreira.

Até hoje, “Brasileirinho” é o choro mais famoso do nosso país. A Revista Bravo, em 2008, elegeu-o como uma das 100 canções mais importante da história nacional. Presença ainda onipresente na cultura musical popular, essa criação de Waldir Azevedo e Pereira da Costa continua encantando as novas gerações de brasileiros. E isso 70 anos depois de sua composição. Maravilhoso!

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