Na quarta-feira, dia 29, começamos a Retrospectiva de 2019 do Bonas Histórias com a seleção dos 10 melhores filmes do ano passado. No post de hoje da coluna Recomendações, vamos falar dos livros mais impactantes deste período. A ideia é apontar as 16 melhores obras literárias analisadas de janeiro a dezembro de 2019 pelo blog. Muito provavelmente, só haverá livrão nesta lista. Se você tem um gosto literário refinado, na certa poderá usar esse ranking como guia para suas próximas leituras. Duvido que alguém saia decepcionado depois de conhecer essa coletânea de publicações.
Vale lembrar que a lista dos melhores de 2019 foi feita com base na leitura de 131 obras literárias. Sim, tenho uma média de leitura de quase 11 títulos por mês (o que dá um consumo de 2 a 3 livros por semana). Para quem não acredita nesta estatística (há sempre quem duvide da intensidade do trabalho dos críticos literários), basta contar quantos posts são publicados todos os meses no Bonas Histórias. Porque, além de ler, também faço a análise de boa parte dessas obras (diria que mais da metade das leituras se transforma em análises críticas). A coluna Livros - Crítica Literária serve exatamente para isso. Além disso, outras seções do blog são abastecidas regularmente com esse material: Talk Show Literário, Desafio Literário e Teoria Literária são as principais.
Apesar das treze dezenas de livros ser um bom número, segundo às necessidades de alguém que tem como ofício o estudo da Crítica Literária e da Teoria Literária, essa quantidade de obras é ligeiramente inferior ao do ano retrasado. Em 2018, foram 140 publicações lidas. A pequena diferença (defasagem negativa de 9 livros) não deve afetar, creio eu, a qualidade do trabalho realizado no Bonas Histórias.
Quem já está familiarizado com o blog sabe que a minha lista de leitura inclui tanto obras nacionais quanto internacionais. Nela, temos livros de ficção e de não ficção, títulos clássicos e contemporâneos, publicações comerciais e cults e uma multiplicidade significativa de gêneros e estilos. A palavra de ordem é pluralidade. O meu lema é: literatura sem frescura e sem preconceito!
Feito esse pequeno preâmbulo, vamos à lista dos destaques de 2019. A seguir, apresento o ranking dos 16 livros lidos no ano passado que mais gostei. Nessa coletânea temos obras de José Saramago (Portugal), Gabriel García Márquez (Colômbia), Jennifer Egan (Estados Unidos), George Orwell (Inglaterra), Rachel de Queiroz (Brasil), Noah Gordon (Estados Unidos), Milan Kundera (República Tcheca), Chimamanda Ngozi Adichie (Nigéria), Colleen McCullough (Austrália), Marçal Aquino (Brasil), Orhan Pamuk (Turquia) e Raphael Montes (Brasil). É ou não é um grupo seleto de autores, hein?! Confira a lista completa de obras logo abaixo:
16º lugar: "Suicidas" (Benvirá) – Raphael Montes (Brasil) - 2012.
Em seu romance de estreia, o jovem Raphael Montes impressionou a todos com uma obra madura e extremamente original. “Suicidas” foi escrito quando o autor carioca tinha entre 16 e 19 anos. Contudo, a trama policial só foi publicada dois anos depois de ela ter sido finalista do Prêmio Benvirá de 2010. Uma vez nas livrarias, este livro de Montes se tornou finalista do Prêmio Machado de Assis de 2012 e do Prêmio São Paulo de Literatura de 2013 na categoria autor estreante. Incrível!
15º lugar: "O Xamã" (Rocco) – Noah Gordon (Estados Unidos) - 1992.
Segundo romance da “Trilogia da Família Cole”, a saga de médicos de origem britânica que possuem poderes mediúnicos, “O Xamã” continua a história de “O Físico” (Rocco), maior sucesso de Noah Gordon. Ao invés de ambientar seu drama na Idade Média, como sua antecessora, esta obra do escritor norte-americano narra as aventuras dos Cole em meio à Guerra Civil Americana. Curiosamente, este é o título literário mais premiado de Gordon, superando até mesmo “O Físico”.
14º lugar: “Eu Receberia as Piores Notícias do Seus Lindos Lábios” (Companhia das Letras) – Marçal Aquino (Brasil) - 2005.
Marçal Aquino é um dos principais escritores e roteiristas brasileiros da atualidade. Seu portfólio é variado e de excelente qualidade. Para mim, sua obra mais marcante é o seu terceiro romance, “Eu Receberia as Piores Notícias do Seus Lindos Lábios”. Em meio aos conflitos entre garimpeiros e mineradoras no interior do Pará, Cauby e Lavínia tentam manter um relacionamento proibido e perigoso. Sete anos depois de publicada, essa história foi adaptada para o cinema pelo próprio autor.
13º lugar: "A Insustentável Leveza do Ser" (Companhia das Letras) – Milan Kundera (República Tcheca) – 1983.
Obra mais famosa de Milan Kundera, “A Insustentável Leveza do Ser” é um clássico contemporâneo. Escrito quando o autor tcheco já morava na França, este título foi adaptado para o cinema em 1988. Neste romance existencialista, assistimos ao relacionamento tumultuado de dois casais: Tomas e Tereza e Franz e Sabina. Em meio à rotina cansativa do matrimônio e à vontade constante da infidelidade, as personagens de Kundera exalam uma versão particular e negativa do amor. Sublime!
12º lugar: "Hibisco Roxo" (Companhia das Letras) – Chimamanda Ngozi Adichie (Nigéria) - 2003.
Primeiro romance de Chimamanda Ngozi Adichie, “Hibisco Roxo” não é a obra mais famosa da autora nigeriana. Contudo, para mim, ela é a melhor, superando até mesmo “Americanah” (Companhia das Letras), romance mais popular de Adichie, e “Meio Sol Amarelo” (Companhia das Letras), a narrativa mais forte da autora. Sua beleza está em mostrar o drama pessoal e familiar de Kambili Achike, uma adolescente tímida e solitária, em meio ao caos da Nigéria Pós-Independência.
11º lugar: “Caim” (Companhia das Letras) – José Saramago (Portugal) - 2009.
Último romance de José Saramago, “Caim” é a continuação natural de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (Companhia das Letras), a obra mais polêmica do autor português. Ambos os livros retratam a visão saramaguiana da Bíblia. No caso de “Caim”, a narrativa aborda o Velho Testamento. Com um texto engraçadíssimo, inteligente e extremamente ácido, Saramago apresenta sua crítica em relação ao catolicismo, a Deus e à Igreja Católica. Espetacular!!!
10º lugar: "Meu Nome é Vermelho" (Companhia das Letras) – Orhan Pamuk (Turquia) - 1998.
Obra-prima de Orhan Pamuk, “Meu Nome é Vermelho” é o romance histórico do escritor turco que lhe rendeu fama internacional. Esta obra conquistou vários prêmios importantes mundo a fora, tendo sido decisiva para a escolha de Pamuk para o Nobel de Literatura de 2006. Nessa trama que mistura fantasia e realidade, um cadáver reencontra seu assassino, em um acerto de contas que engloba não apenas a trajetória pessoal deles como a história do país inteiro.
9º lugar: “Memorial de Maria Moura” (José Olympio) – Rachel de Queiroz (Brasil) - 1992.
Clássico contemporâneo da nossa literatura, “Memorial de Maria Moura“ foi publicado quando Rachel de Queiroz tinha 82 anos. A maturidade e a excelência de uma das principais autoras brasileiras do século XX ficam evidenciadas no texto. Nesta trama, a protagonista precisa superar as intrigas, a violência e o machismo da sociedade nordestina. Maria Moura se transforma na líder de um bando de cangaceiros. Para tal, ela precisa esconder sua feminilidade e seus sentimentos.
8º lugar: “A Brincadeira” (Companhia das Letras) – Milan Kundera (República Tcheca) - 1967.
O livro mais famoso de Milan Kundera é “A Insustentável Leveza do Ser” (Companhia das Letras). Para mim, a melhor obra do escritor tcheco é “A Brincadeira”, seu romance de estreia. Este título se tornou sucesso quase que imediato em seu país natal na época do seu lançamento. Adorada pelo público, esta publicação foi censurada pelo Partido Comunista local. Afinal, ela criticava abertamente o regime comunista da então Tchecoslováquia.
7º lugar: "O Físico" (Rocco) - Noah Gordon (Estados Unidos) - 1986.
Grande sucesso do norte-americano Noah Gordon, “O Físico” inaugurou a “Trilogia da Família Cole”. A série literária é ainda composta por “O Xamã” (Rocco) e “A Escolha da Dra. Cole” (Rocco). Neste primeiro livro da saga dos médicos com poderes mediúnicos, Gordon vai até a Idade Média para mostrar o drama de Robert Jeremy Cole, um menino órfão e pobre que sonha em se tornar médico. Com esse objetivo em mente, ele será capaz de qualquer coisa para alcançar seus sonhos profissionais.
6º lugar: "Amor nos Tempos do Cólera" (Record) - Gabriel García Márquez (Colômbia) - 1985.
Primeira ficção de Gabriel García Márquez publicada após o recebimento do Nobel de Literatura, “Amor nos Tempos do Cólera” é um romance histórico engraçadíssimo. A obra faz uma sátira aos perrengues dos idosos e dos dramas românticos. Misturando erotismo, passagens autobiográficas, palavrões, polêmicas, fantasia, reviravoltas e suspense, esta trama acompanha um homem que espera a mulher amada por mais de 50 anos. Depois de tanto tempo, ele conseguirá ficar com ela?
5º lugar: "Pássaros Feridos" (Bertrand) - Colleen McCullough (Austrália) - 1977.
Maior sucesso da australiana Colleen McCullough, “Pássaros Feridos” é um romance forte, ousado e parrudo. Esta trama narra a mudança de Meghann, a protagonista, e sua família da Nova Zelândia para um povoado no interior da Austrália. Na nova localidade, a moça conhece o padre Ralph, um religioso bonito, inteligente e ambicioso. Esta história polêmica para sua época foi adaptada para a televisão norte-americana em 1983, dando origem a uma série de TV.
4º lugar: "A Revolução dos Bichos" (Companhia das Letras) - George Orwell (Inglaterra) - 1945
Os fãs de “1984” (Companhia das Letras) que me perdoem, mas o melhor romance de George Orwell, ao menos para mim, é “A Revolução dos Bichos”. Nesta fábula clássica, o escritor inglês tece uma crítica contundente, didática e divertidíssima aos regimes totalitários e, mais precisamente, ao sistema político implementado na União Soviética após a Revolução Bolchevique. Já li mais de cinco vezes esta obra e toda a vez que a releio saio encantado. Simplesmente espetacular!
3º lugar: “A Visita Cruel do Tempo” (Intrínseca) - Jennifer Egan (Estados Unidos) – 2010.
Ponto alto da carreira da escritora norte-americana Jennifer Egan até este momento, “A Visita Cruel do Tempo” propicia uma experiência literária única e surpreendente. Este quinto romance de Egan conquistou os principais prêmios do mercado editorial norte-americano principalmente por suas inovações narrativas, capazes de deixar até mesmo os leitores mais experientes de queixo caído. Esta publicação é memorável, digna de um Nobel de Literatura para sua autora.
2º lugar: "Cem Anos de Solidão” (Record) – Gabriel García Márquez (Colômbia) - 1967.
Fenômeno da literatura em língua espanhola, “Cem Anos de Solidão” elevou o realismo mágico para um patamar até então intangível para os autores sul-americanos. Esta obra de Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de Literatura de 1982, é uma das publicações mais traduzidas e lidas do mundo. Este livro retrata o drama de gerações de integrantes da família Buendía-Iguarána, moradores do fictício povoado de Macondo. Toda vez que leio esse título saio extasiado de suas páginas.
1º lugar: "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (Companhia das Letras) – José Saramago (Portugal) - 1991.
Até ler “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, achava a literatura de José Saramago meramente banal. Juro que não via graça nenhuma em suas narrativas. Aí li o romance com a versão saramaguiana sobre o Novo Testamento. E a achei espetacular! Agora tenho certeza de que o português é um gênio da ficção. Com a publicação deste livro, Saramago se tornou o inimigo número 1 da Igreja Católica. Polêmicas à parte, esta obra é uma das melhores que li na minha vida.
Se você gostou da lista dos melhores livros de 2019, então você precisa conhecer as obras que o Bonas Histórias analisará em 2020. Para acompanhar as novidades do blog deste ano, fique ligado(a) diariamente no conteúdo da coluna Livros - Crítica Literária. Tem muita coisa interessante sendo discutida em nossos posts.
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