A pandemia do novo coronavírus (não tão novo nesta altura do campeonato, né?) e sua consequente quarentena (cada vez mais relaxada nas principais cidades do Brasil e do mundo, ufa!) trouxeram péssimas perspectivas para o mercado editorial em 2020. Esse quadro sombrio é, infelizmente, tanto para o cenário nacional quanto para o internacional. Tratei dessa questão há cerca de três meses no Bonas Histórias. No post Crise sem fim ganha agora contornos apocalípticos, informei que havia analistas dizendo que o setor livreiro no Brasil, um dos sustentáculos do mercado editorial, poderia recuar, acredite se quiser, em até 70% neste ano. Boa parte das previsões indicava, contudo, uma queda menor, mas ainda assim elevadíssima (de impressionante dois dígitos). Vale lembrar que este segmento já havia perdido de 2013 para cá algo em torno de 30% a 40% do seu faturamento em nosso país. Uma tragédia sem dúvida nenhuma que tira o sono de todos os profissionais envolvidos com esta cadeia produtiva.
Hoje, trago para a coluna Mercado Editorial um fio de esperança. Afinal, nesse mar de notícias negativas, pintou nas últimas semanas um dado positivo: o mercado editorial cresceu em 2019. Sim, cresceu!!! Depois de cinco anos de sucessivas retrações, o setor teve no ano passado vendas 6,1% maiores em relação à 2018. O resultado foi identificado na Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizada pela Nielsen Books a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Os dados foram divulgados no mês passado pelo Publishnews. O crescimento de 2019 surpreendeu os principais analistas de mercado, pois quase todo mundo previa uma nova queda (confesso que eu estava nesse grupo de pessimistas).
No ano passado, o mercado editorial brasileiro vendeu 434 milhões de livros, dos quais 209,5 milhões foram para os consumidores e as empresas privadas e 224,5 milhões foram para o governo. Esse índice dá pouco mais de duas unidades comercializadas por habitante. O faturamento do setor chegou a R$ 5,67 bilhões, crescimento real de 6,1% em relação à 2018. Este crescimento foi consistente pois ocorreu em todos os segmentos analisados pela pesquisa: vendas para o governo, nas livrarias, em títulos reimpressos, em títulos inéditos, em exemplares físicos, em exemplares digitais, nos canais tradicionais e nos canais online. O preço médio do livro também aumentou em 2019 depois de apresentar sucessivas quedas nos últimos anos. O valor foi de R$ 18,19 em 2018 para R$ 18,95 em 2019, uma elevação nominal de 4,18%.
Ótimas notícias, hein?! O problema é que esse quadro azul é relativo ao ano passado. Em 2020, como bem sabemos, a realidade é bem distinta. Desde março, uma pandemia varreu o planeta e as economias de todos os países. A partir de então, a situação do mercado editorial no Brasil e no mundo virou de ponta-cabeça. Ai, ai, ai. E agora, José? Sinceramente, não sei para onde vamos caminhar. Meu objetivo neste post de hoje era apresentar as boas notícias do ano passado. Foi o que fiz. Não me pergunte nada mais do que isso, por favor, pois não tenho a menor ideia do que irá acontecer daqui para frente.
Por falar em boas novas, prometo trazer no mês que vem, na coluna Mercado Editorial, mais notícias positivas deste setor. Meu olhar, portanto, segue em retrospectiva. Além de listar os lançamentos dos principais livros de ficção e de poesia do quarto trimestre de 2020, vou tratar também do crescimento absurdo das vendas dos ebooks nos últimos meses. Isso sim eu posso prometer sem qualquer receio. Até mais!
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