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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

  • Foto do escritorRicardo Bonacorci

Crônicas: O Ano que Esperávamos Há Anos - Maio de 2012

A tensão dos corintianos chega a níveis insuportáveis na reta final da Copa Libertadores de 2012, o grande sonho de consumo dos torcedores alvinegros.

O Ano que Esperávamos Há Anos - Contos & Crônicas - Bonas Histórias - Ricardo Bonacorci - Maio de 2012

1° de maio de 2012 - terça-feira


O Timão chegou ontem ao Equador. O voo até Guayaquil, a cidade mais populosa do país, foi marcado por problemas e polêmicas envolvendo o elenco corintiano. A primeira surpresa foi a ausência de Liedson entre os atletas escolhidos para a viagem. O técnico Tite preferiu não o levar para a primeira partida das oitavas de finais da Libertadores. A alegação do chefe foi que o luso-brasileiro precisava adquirir melhor forma física. Dessa maneira, o centroavante ficou em São Paulo, onde deverá seguir treinando. William foi confirmado como o terceiro homem no ataque. Élton será o centroavante no banco de reservas. Em outras palavras, Liedson foi barrado no momento decisivo da temporada e perdeu definitivamente o status de titular da equipe do Parque São Jorge. Até que enfim!


Outro ponto delicado foi a decisão do treinador de levar os três goleiros para o Equador. Depois de ter dado indícios de que Júlio César não iria para o jogo, a comissão técnica optou por levá-lo juntamente com Cássio, o novo titular, e Danilo Fernandes, o reserva imediato. Mesmo não tendo previsão para entrar em campo, Júlio foi junto com a delegação alvinegra. Pode ser uma estratégia para não desmotivar o antigo dono absoluto da baliza corintiana. Vai entender, né?!


A principal polêmica do dia envolveu o jovem zagueiro Marquinhos. Pela carência de jogadores no setor defensivo e aproveitando a saída de Adriano, o garoto vindo da base foi inscrito no torneio sul-americano no lugar do Imperador. A prata da casa ficaria, à princípio, no banco de reservas no próximo jogo. Se o incômodo sentido por Chicão durante toda a semana passada persistisse, havia até mesmo a possibilidade de Marquinhos ser escalado entre os titulares. Essa era a previsão... Por ser ainda menor de idade, o jovem atleta precisava de uma autorização formal dos pais para viajar ao exterior, algo que ele não tinha na hora do embarque. Enquanto toda a delegação corintiana voava para o Equador, o zagueiro precisou permanecer em São Paulo. Ele teve que correr atrás da documentação necessária para viajar em um próximo voo. A estimativa é que Marquinhos chegue no dia da partida. Portanto, não irá treinar nem concentrar com os companheiros. Essa é a previsão mais otimista. Há ainda o risco de ele não conseguir embarcar a tempo para a partida de quarta. Ai, ai, ai.


A imprensa e os torcedores foram implacáveis ao questionar o planejamento do time. Um jogador importante não poder embarcar por falta de organização interna dos dirigentes é o fim do mundo! E justamente no jogo mais importante do ano para o Coringão. Não à toa, os cartolas corintianos foram bombardeados nas últimas horas por críticas e mais críticas. Esse é um erro infantil (literalmente) que pode prejudicar toda a temporada do clube paulista.


Para alívio da Fiel, as últimas notícias vindas de Guayaquil indicam que Chicão treinou normalmente e vai para o jogo de amanhã contra o Emelec. O Timão foi escalado por Tite da seguinte forma: Cássio; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Danilo; Jorge Henrique, Emerson Sheik e William. As oitavas de finais da Copa Libertadores de 2012 vão começar. Preparem-se!


2 de maio de 2012 - quarta-feira


A fase eliminatória da Libertadores iniciou hoje para a nação corintiana. O drama alvinegro na competição só irá aumentar daqui para frente. Das oito eliminações do Timão na história do torneio sul-americano, quatro foram na fase de oitavas de finais. Em todas, sem exceção, a equipe do Parque São Jorge era superior ao adversário em qualidade. Exatamente como acontece agora. Ai meu Deus!


O jogo em Guayaquil foi bastante nervoso. O estádio acanhado e totalmente lotado era um caldeirão hostil aos brasileiros. O zagueiro Marquinhos conseguiu chegar a tempo e foi para o banco de reservas. O Emelec começou a partida em cima, tentando fazer o mais rápido possível seu primeiro gol. O Corinthians, receoso, apenas se defendia. A principal jogada dos equatorianos era a bola alçada na área para o cabeceio dos atacantes. Sabendo disso, o técnico Tite treinou seus jogadores para impedir tal recurso do oponente. Sem conseguir fazer cruzamentos com a bola rolando, o Emelec teve apenas três oportunidades durante o primeiro tempo. Todas em bolas paradas: duas cobranças de falta e um escanteio. Nesses lances, a bola até chegou à área corintiana, mas foi defendida com facilidade pelo gigante Cássio. Sem conseguir armar um contra-ataque sequer, o Timão não chegou perto do gol adversário. O primeiro tempo terminou 0 a 0 e sem grandes chances para os times.


A única nota triste do primeiro tempo foi a atuação catastrófica do juiz. Se os jogadores do Parque São Jorge pareciam imunes à pressão da torcida, a mesma coisa não podia ser dita do árbitro. Ele claramente estava invertendo faltas, dava cartões amarelos aos corintianos sem necessidade e errava vários lances fáceis, sempre favorecendo o time da casa. Era revoltante! Se o desempenho do juizão estava complicado antes do intervalo, no segundo tempo piorou ainda mais. Logo no início, cansado de receber faltas e pontapés ignorados pela autoridade em campo, Jorge Henrique entrou mais forte no adversário, tomou o segundo amarelo e foi expulso. Obviamente, os atletas do Emelec não ganharam nenhum cartão e ficaram todos em campo até o final. Na sequência, os jogadores do Timão receberam uma infinidade de cartões amarelos, por reclamações e por faltas normais de jogo. Quase todos os brasileiros em campo haviam sido advertidos e estavam pendurados.


Além do nervosismo corintiano fruto da catastrófica atuação do árbitro, o Emelec empolgado com o grito da torcida foi para cima com tudo. Com um a menos, o Corinthians se contentava em se defender. O Emelec teve várias chances para marcar no segundo tempo, mas parou na ótima atuação da defesa paulista. Cássio esteve seguro em todas as jogadas. Defendeu pelo menos duas bolas difíceis. O goleiro foi o melhor em campo e a defesa alvinegra inteira mereceu elogios. No ataque, Emerson foi o único destaque positivo. Mesmo jogando isolado, deu trabalho aos adversários.


O empate sem gol no Equador foi comemorado como vitória pelo Timão, ainda mais pela forma como aconteceu: com um homem a menos e sofrendo pressão no segundo tempo. A classificação para as quartas será decidida na próxima semana no Pacaembu. Em nosso estádio, as chances de vitória aumentam. Essa é a esperança.


3 de maio de 2012 - quinta-feira


Reservei a manhã seguinte ao empate no Equador para acompanhar a repercussão do jogo na imprensa. Era unanimidade nos jornais esportivos, nas páginas dos portais da Internet e nos programas televisivos que o Corinthians havia conseguido um bom resultado no exterior. Se a atuação dos jogadores comandados por Tite foi contestada, principalmente pela postura excessivamente defensiva e pela ausência de chutes ao gol adversário, o placar final da partida foi enaltecido. Outros destaques da mídia foram: a atuação soberba do goleiro Cássio, a péssima atuação do juiz, a expulsão infantil de Jorge Henrique e a perspectiva para o jogo de volta.


Como falado ontem, Cássio foi o melhor em campo. Minha opinião era compartilhada pela maioria dos jornalistas esportivos. O goleiro esteve perfeito em campo, calmo e preciso. Fez duas defesas difíceis no chão, ambas em bolas fortes e rasteiras chutadas contra a sua meta. Ele também se saiu muito bem quando teve que interceptar os cruzamentos pelo alto. A Fiel e os jogadores aprovaram o novo arqueiro. A sensação de confiança no rapaz é total agora. Aparentemente os problemas no gol alvinegro estão resolvidos.


As maiores críticas, por sua vez, recaíram sobre o árbitro. O juizão teve uma atuação considerada péssima pela crítica especializada e pelo elenco corintiano. Até mesmo o discreto e educado presidente corintiano, Mário Gobbi, não aguentou. Ele veio à público reclamar. Logo após o término da partida, Gobbi bradou nos microfones das rádios: “Como podem botar um incompetente aqui?!”. E completou: "Eu quero uma arbitragem séria e que ganhe o melhor. Foi um desrespeito ao desporto mundial”. O presidente estava certo em chutar o pau da barraca. Se ninguém chiar, pode ser que na próxima partida sejamos novamente roubados.


Jorge Henrique também foi muito questionado por revidar uma agressão do adversário. Sua expulsão foi justa. O atacante prejudicou duplamente o Coringão: ao deixar os companheiros em desvantagem numérica na partida de ontem; e por não poder jogar o jogo da próxima semana (cumprirá suspensão automática). Curiosamente, Jorge Henrique é conhecido por fazer exatamente o oposto. É ele quem normalmente irrita os rivais nos confrontos decisivos e quase sempre consegue cavar uma expulsão do oponente. Dessa vez, o camisa 23 experimentou do próprio veneno. O que amenizou um pouco a situação de Jorge foi a péssima arbitragem, considerada a grande vilã e a principal responsável pelo descontrole emocional do atleta.


Para completar, a expectativa continua elevada para o jogo da volta. Atuando em casa e precisando de uma vitória simples, o Corinthians ainda é o favorito para avançar à próxima fase. Se a partida terminar com empate sem gol, a decisão irá para os pênaltis. Se o empate vier com gols, a classificação é do Emelec. Portanto, para o Timão só resta vencer ou vencer. O que fez aumentar a confiança da Fiel foi constatar que nossos rivais têm um time tecnicamente fraco. Dificilmente, eles conseguirão segurar a pressão corintiana em São Paulo. Se bem que eu disse a mesma coisa sobre a Ponte Preta nas quartas de finais do Paulistão...


4 de maio de 2012 - sexta-feira


Era para eu acompanhar, ontem, os demais jogos da Libertadores. Minha ideia era ver quem estava jogando melhor e ter uma noção do nível de dificuldade dos próximos confrontos da competição. Porém, não consegui. Acabei saindo à noite. Só quando regressei de madrugada pude assistir com calma a algumas partidas.


No Fox Sports, vi toda a reprise de Boca Juniors e Unión Espanhola. O tradicional time argentino esteve mais uma vez muito mal, com dificuldades para armar suas jogadas e para chegar ao gol adversário. Esse foi o terceiro jogo do Boca que assisti nessa Libertadores. E em todas as ocasiões fiquei decepcionado. O problema estava exatamente nisso. Os xeneizes jogam mal e mesmo assim conseguem vencer no final e avançar na competição. Foi o que aconteceu ontem. O Unión Espanhola jogou bem melhor. Só não venceu porque tem péssimos atacantes. Nos minutos derradeiros da partida, o Boca aproveitou suas poucas chances. Venceu por 2 a 1 em La Bombonera e garantiu a vantagem do empate no próximo jogo no Chile.


Depois, vi os melhores momentos de Vasco da Gama e Lanús. Em São Januário, os vascaínos foram superiores na primeira etapa. Saíram para o intervalo com a vantagem de dois tentos. Um dos gols foi uma pintura. Diego Sousa deu um chapéu no adversário antes de chutar para as redes. Golaço! No segundo tempo, os brasileiros diminuíram o ritmo e viram os argentinos melhorarem. Após alguma pressão, o Lanús diminuiu o placar para 2 a 1 e saiu de campo feliz com o resultado. Uma vitória simples na próxima partida dará a vaga aos portenhos. Revoltada com a queda de rendimento do time, a torcida vascaína vaiou os jogadores no final do jogo.


Aqui vai um pequeno resumo das partidas de ida dos demais confrontos. O Vélez Sarsfield voltou a mostrar força: venceu os colombianos do Atlético Nacional, em Medellín, por 1 a 0. Os argentinos devem se classificar sem dificuldades ao jogar na semana que vem em sua casa. O Cruz Azul empatou com o Libertad em 1 a 1 na Cidade do México. Os mexicanos precisarão atacar em Assumpção para passar às quartas. Na altitude da capital peruana, o Deportivo Quito conseguiu golear os chilenos do Universidad de Chile por 4 a 1. Obteve, assim, o melhor placar da rodada e pode até perder por dois gols de diferença em Santiago.


Os resultados dos jogos dessa semana mostraram o quanto a Copa Libertadores é uma competição difícil e equilibrada. Dos oito duelos, apenas um teve diferença superior a um gol. Os demais confrontos terminaram empatados ou um time venceu por 1 a 0 ou 2 a 1. Dessa maneira, todos os chaveamentos seguem indefinidos para a próxima semana. Diria até que a própria disputa entre Deportivo Quito e Universidad de Chile também está aberta, pois os chilenos são muito fortes em seu estádio e podem muito bem devolver a goleada sofrida fora de casa. Além de Corinthians e Emelec no Pacaembu, serão outros sete grandes duelos pelas oitavas de finais. Acredito que devem passar para a próxima fase os seguintes times: Fluminense, Boca Juniors, Libertad, Universidad de Chile, Corinthians, Vasco, Santos e Vélez. Vamos ver depois o nível de acerto dos meus palpites.


5 de maio de 2012 - sábado


Estamos na véspera das primeiras partidas das finais dos principais torneios estaduais pelo país. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Bahia e Pernambuco, os olhos dos torcedores estão voltados para os preparativos das decisões locais. Curiosamente, no meio de tantas notícias envolvendo jogadores, técnicos, critérios de desempate e escolha dos estádios, uma manchete rodou os principais veículos de comunicação do Brasil nesse sábado: "Federação Carioca de Futebol libera a gandula Fernanda para o jogo no Engenhão entre Botafogo e Fluminense". Como assim, uma gandula liberada?!


Para compreendermos a manchete, é preciso antes contar os acontecimentos do final de semana passado. O Botafogo jogava em seu estádio contra o Vasco da Gama. Quem vencesse iria para a final contra o Flu. A partida seguia muito equilibrada. Aí a bola saiu pela linha lateral e foi reposta instantaneamente por uma das gandulas do Engenhão. O Botafogo se aproveitou, foi ao ataque e conseguiu fazer o primeiro gol. Em vantagem, os botafoguenses dominaram o restante da partida e venceram com facilidade por 3 a 1. Logo após o término do jogo, os repórteres esportivos esqueceram os jogadores e correram para entrevistar a heroína da semifinal: a gandula responsável pelo início da jogada do primeiro gol. Sua reposição rápida de lateral foi decisiva para a classificação botafoguense. Para a surpresa de todos, a moça era muito bonita e extremamente articulada. Seu nome, Fernanda Maia. Aos 23 anos, ela é formada em educação física, é torcedora fanática do Fogão e é muuuuuuito gata!


O destaque na mídia foi tão grande que, durante a semana, Fernandinha foi convidada para participar de vários programas de TV: foi ao Globo Esporte do Rio, ao Programa da Ana Maria Braga, gravou uma reportagem para o Programa Pânico e encheu as páginas dos jornais especializados com sua história. Disse sonhar em trabalhar no futebol como preparadora física. Declarou também querer participar da Copa do Mundo de 2014 como gandula. Até um ensaio sensual antigo da garota o pessoal achou. No Rio de Janeiro e no país inteiro, os torcedores só comentam uma coisa: a atuação maravilhosa da gandula maravilhosa. Fernanda Maia tornou-se uma estrela do futebol nacional. Ao menos nessa semana.


Preocupado com a possibilidade de enfrentar a heroína do Botafogo na final do Carioca, o Fluminense pediu à Federação de Futebol local para proibir a entrada da moça nas duas partidas decisivas da competição, que serão realizadas no Estádio do Engenhão. Para a felicidade dos botafoguenses (e das demais torcidas), a Federação liberou a musa para trabalhar. Agora sim, dá para entender a informação divulgada com tanto estardalhaço pela mídia: "Federação Carioca de Futebol libera a gandula Fernanda para o jogo no Engenhão entre Botafogo e Fluminense".


Para ficar melhor, só mesmo se surgisse uma nova notícia comunicando que a Federação Carioca mudou o uniforme da gandula. Porque aquele macacão laranja é muito feio e não valoriza as belas curvas da nossa Fernandinha. Por favor, Federação! Vamos pensar nos detalhes do espetáculo.


6 de maio de 2012 - domingo


Vou ser sincero. Não estava com vontade nenhuma de acompanhar as finais dos estaduais. Sei que o domingo estava repleto de grandes jogos em todos os cantos do país, mas não tinha motivação nenhuma para assisti-los. Pensando agora nas possíveis razões dessa minha indisposição ao futebol, encontrei apenas um grande motivo: a preocupação com o Timão se elevava consideravelmente nos últimos dias.


A situação vivida pelo Corinthians nas últimas duas semanas se complicara demais! Depois de ficar invicto vários meses e encher a Fiel de esperança, a derrota para a Ponte Preta nas quartas de finais do Paulista provocou uma profunda decepção na torcida. Perdi até a vontade de acompanhar o restante da competição. Além disso, as dificuldades vividas pelo Timão na Libertadores da América estavam começando a me dar nos nervos. Já não tinha tanta certeza na conquista do título como tivera no começo do ano. Fico me perguntando o tempo inteiro se a equipe do meu coração conseguirá realmente passar pelo Emelec na próxima quarta-feira.


Essas dúvidas eram minhas e da maioria dos corintianos. Cientes de tal condição, os torcedores rivais começavam a se divertir a nossas custas. Encontrei, por exemplo, um site chamado Quando Ele Cai (www.quandoelecai.com.br) em que os anticorintianos podem apostar em qual fase do torneio sul-americano o Timão será desclassificado. Quem acertar a etapa, o time oponente e o placar da eliminação concorre ao sorteio de uma camisa da equipe adversária e ganhará adesivos com o placar da partida derradeira. Logo no início da página, surge a seguinte mensagem: "O Corinthians conseguiu uma vaga na Libertadores 2012. Isso significa duas coisas: 1) Milhões de torcedores vão se encher mais uma vez de esperança; 2) Milhões de outros torcedores vão rir da frustração dos primeiros porque é óbvio que ele não vai ser campeão".


Será mesmo que a sina das eliminações precoces do Timão na competição se manifestará mais uma vez? Será que passarei a vida inteira sem ver meu time levantar o caneco sul-americano? Em caso de nova desclassificação, essa seria com certeza a mais doída. Nunca estivera tão confiante como agora. Além disso, o que faria com as páginas já escritas desse relato? Elas seriam perdidas pela falta de interesse das pessoas em acompanhar mais uma vez uma derrota do Corinthians. Meu trabalho diário de cinco meses e meio seria simplesmente jogado na lata do lixo. Será que eu cometera um grande erro ao ter a ideia de escrever essas notas no começo de janeiro? Já começava a me arrepender de ter iniciado O Ano que Esperávamos há Anos.


Por tudo isso, meu domingo foi simples: passeio no parque de manhãzinha, visita à minha avó materna que completava 90 anos, almoço com a Thalita e cineminha à tarde. Fiquei longe da televisão. Só soube dos resultados dos principais jogos quando voltei para casa à noite: o Santos venceu o Guarani por 3 a 0 com show de Neymar e Ganso. No Rio, o Fluminense goleou o Botafogo da Fernandinha por 4 a 1. A gandula não teve boa atuação dessa vez. Provavelmente, a musa botafoguense não dará tantas entrevistas ao longo da semana. A vida de gandula-estrela não é fácil.


7 de maio de 2012 - segunda-feira


A maioria das novidades do Timão vem do departamento médico. O zagueiro Wallace surpreendeu os doutores e parece totalmente recuperado da grave contusão sofrida no tornozelo. Ele se machucou na partida contra o Santos ainda na primeira fase do Paulistão. Sua recuperação aconteceu em tempo recorde. A estimativa médica era de quatro meses para a volta ao gramado do jogador. Com a força de vontade do atleta, em pouco mais de dois meses Wallace já treina no campo para readquirir a melhor forma física. "Realmente, sua recuperação impressiona. Ele é um guerreiro...", afirmou ao jornal O Lance! o doutor Júlio Stancati. Se a equipe do Parque São Jorge passar para a próxima etapa da Libertadores, o zagueiro baiano deverá ser novamente relacionado para as partidas. Deverá ficar no banco de reservas como opção.


Se as notícias de Wallace enchem a torcida de otimismo, as informações sobre o outro defensor, Paulo André, preocupam a Fiel. Depois da cirurgia no joelho direito, a previsão era de 40 dias para Paulo voltar a treinar. Passados quase 100 dias desde a artroscopia, o atleta continua reclamando de dores e precisará fazer mais sessões de fisioterapia. Não há previsão de volta aos campos do zagueiro titular no início da temporada. O que preocupa ainda mais em se tratando de Paulo André é o seu histórico de contusões graves. Ao longo da carreira, o jogador sempre esteve envolvido em sérias lesões e precisou fazer várias cirurgias.


Quem se deu mal durante os treinamentos do final de semana foi o chinês Zizao. Ele teve nova lesão no ombro esquerdo. Deverá passar por uma cirurgia para resolver o problema. A operação ocorrerá nos próximos dias e ele vai ficar parado por três meses. Dessa forma, dificilmente irá jogar alguma partida em 2012, pois até readquirir a forma física, o Brasileirão já estará na reta final. E é pouco provável que o técnico Tite o use nas partidas decisivas do campeonato nacional.


Se não fossem esses problemas com Zizao e Paulo André, o departamento médico corintiano estaria vazio. Os demais jogadores com algum caso clínico já se recuperaram e estão à disposição de Tite. Alessandro, Jorge Henrique, Alex e o lateral Ramon estão 100% prontos para atuar nos jogos.


Por falar em problemas médicos, o Corinthians parece interessado em trazer o atacante Nilmar. O jogador, atualmente no Villarreal da Espanha, é o novo sonho da diretoria alvinegra para reforçar o time na janela de transferência do meio de ano. O rápido atacante viria para o lugar de Liedson, que não deverá ter seu contrato renovado. Nilmar já jogou pelo Timão. Sua primeira passagem pelo Parque São Jorge foi excelente: conquistou o Brasileirão e foi convocado várias vezes para a seleção. O problema é seu histórico de contusões. Ele joga um jogo e, depois, fica dez no departamento médico. Aí não dá, né? Para piorar, os espanhóis estão querendo R$ 19 milhões para liberá-lo. Com certeza é um péssimo negócio. Se é para ficar com um jogador machucado, fiquemos com o Liedson. Pelo menos não precisaremos pagar R$ 19 milhões para tê-lo em nosso departamento médico.


8 de maio de 2012 - terça-feira


Hoje é o meu aniversário. Completo 31 anos. O passar do tempo, por enquanto, não me incomoda de maneira nenhuma. Gosto de envelhecer e me sentir cada vez mais maduro. Definitivamente, não trocaria a minha idade atual por nenhuma outra já vivida. Não sei exatamente por quanto tempo ainda poderei dizer a frase anterior, mas não me preocupo com tal questão no momento. O único aspecto desagradável do passar do tempo é constatar a proliferação de fios brancos em meus cabelos e o excesso de partes claras em minha barba. Se não fosse isso, nem perceberia os efeitos da acumulação dos anos. Talvez seja essa a cruel função dos espelhos, né? E não adianta nada a pessoa vir com aquela conversa fiada de que "o homem fica mais charmoso com mechas brancas na cabeça" porque não caio mais nesse papinho. Agradeço a tentativa de me agradar com essa história, mas ela não é tão eficiente assim para elevar o meu ânimo e minha autoestima.


Já que estamos falando de aniversário, acho que devo escrever sobre os presentes que almejo, certo? Se alguém quiser me ver feliz hoje, pode aparecer aqui em casa com a nova camisa do Timão. Ela foi lançada na sexta-feira passada e não traz os patrocinadores que eram estampados no peito, nas mangas e nas costas. Como o contrato com a Hypermarcas se encerrou recentemente e não foi renovado, o uniforme do Corinthians está lindo todo de branco (e no caso do modelo reserva, está todo preto). Adoro camisa de time de futebol sem patrocinador. Assim, quem quiser me agradar já sabe, o meu número é o P (mas se trouxer o M também tá valendo!).


Se a diretoria do Parque São Jorge quiser atender aos meus apelos, pode contratar um bom centroavante como presente. Eu ficaria muito feliz em ter um belo camisa 9 no time titular. E dessa vez, por favor, contratem um jogador em boas condições físicas e clínicas. Não me tragam aqueles quase ex-jogadores gordos, machucados, sem vontade de jogar e que acham que o Corinthians é um spa ou clube de lazer.


Se alguma entidade divina estiver me ouvindo (ou lendo, no caso) essas minhas palavras, saberá imediatamente o meu grande desejo. Estou me dedicando há cinco meses à saga de O Ano que Esperávamos Há Anos, a narrativa sobre a primeira conquista corintiana na Libertadores. Como não quero ver meu plano frustrado, peço à vossa excelência a classificação para as quartas de finais. Não me importo se for sofrida, com gol no final ou se vier depois da disputa de pênaltis (os corintianos já estão acostumados a padecer), o que vale é a passagem para as quartas de finais. Perceba, vossa divindade, que não estou pedindo por ora o título da Libertadores. Sei que tal pedido é grande demais para um simples aniversário. Estou sendo sensato e humilde, tá? Só quero, por enquanto, a vaguinha nas quartas. Viu como é um pedido simples e fácil de ser atendido! Se vossa excelência achar pouco, pode eliminar o Santos da competição sul-americana que já estará ajudando bastante. Só não vá confundir os pedidos, por favor. O CORINTHIANS deve se CLASSIFICAR e o SANTOS deve ser ELIMINADO. Deixe-me repetir o meu pedido de aniversário: CORINTHIANS CLASSIFICADO e SANTOS ELIMINADO!!! Ficou claro, agora? Não vá trocar as bolas, por favor, como no Paulistão.


9 de maio de 2012 - quarta-feira


O Corinthians subiu a campo para enfrentar o Emelec no jogo de volta das oitavas da Liberta com Alex no lugar do suspenso Jorge Henrique. Por isso, o Timão jogou com dois meias-armadores ao invés de apenas um. Mais gente no meio de campo era o sinal da necessidade de atacar, mas sem se descuidar da defesa. Só a vitória interessava ao Bando de Loucos que lotou o Pacaembu mais uma vez. Os 11 escolhidos por Tite para iniciar a partida foram: Cássio; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Emerson Sheik e Willian.


O clima no estádio era de apreensão (quase disse de filme de terror). A torcida cantava e gritava de um jeitão mais comedido. A preocupação era nítida nos rostos e nos comportamentos do público. Há 12 anos o time do Parque São Jorge não vencia um confronto de mata a mata da Libertadores. E o jogo dessa noite parecia ser difícil. Eu disse parecia porque logo aos 7 minutos, o lateral Fábio Santos recebeu passe de Emerson. Contando com o vacilo dos zagueiros equatorianos, o camisa 6 chutou para dentro das redes. Gol! O Timão fazia 1 a 0 com grande facilidade. A partir daí, o domínio e a maior qualidade dos brasileiros imperaram. A vantagem logo cedo no placar também trouxe a tranquilidade necessária aos jogadores.


O restante do primeiro tempo foi de total pressão alvinegra. Paulinho, o melhor em campo, chutou duas bolas no gol do Emelec: uma bateu na trave e a outra foi defendida espetacularmente pelo goleiro. William também chutou para fora um passe recebido na pequena área. Os equatorianos não chegaram nenhuma vez ao gol de Cássio durante os 45 minutos iniciais.


Curiosamente, a supremacia corintiana em campo, ao invés de deixar a torcida confiante e animada, apenas angustiava mais a Fiel. Gato escaldado tem medo de água fria, né?! Quantas vezes já tínhamos visto o Corinthians ser eliminado da Libertadores após um ótimo primeiro tempo? Várias! Um gol do Emelec colocaria fogo na partida. Se isso acontecesse, os jogadores do Parque São Jorge dificilmente manteriam a cabeça fria para vencer. Com esse intuito, o Emelec voltou pressionando.


Cássio foi sensacional durante todo o segundo tempo, quando foi verdadeiramente exigido. Fez defesas difíceis, saiu do gol com segurança, evitou cruzamentos e parou todos os ataques do Emelec. O Timão também atacou bastante na etapa complementar, perdendo ótimas chances com Paulinho e Alex. Já no finalzinho, para amenizar um pouco o suspense que o placar apertado proporcionava, Paulinho e Alex fizeram um gol cada um. Vitória garantida e classificação do Corinthians assegurada.


A torcida só comemorou mesmo após o apito final do árbitro. A explosão de alegria e alívio nas arquibancadas foi comparável à conquista de um título. O fantasma das eliminações constantes nas oitavas de finais estava superado. Vamos agora para as quartas de finais, meu povo! O Timão está entre os oito melhores times do continente e ruma à conquista inédita. A taça, o sonho supremo da torcida corintiana, está a apenas seis partidas. Nem acredito! São só seis partidas para a realização máxima.


10 de maio de 2012 - quinta-feira


A manhã de quinta-feira começou maravilhosa. Como é lindo o outono paulistano! O céu azul sem nuvens e o sol que não esquentava nada compuseram o cenário ideal para os corintianos ganharem as ruas. Todos com a cabeça erguida e orgulhosos do feito de ontem à noite. São 30 milhões de pessoas trabalhando, estudando, resolvendo os problemas cotidianos e administrando os afazeres diários com muito mais alegria. Definitivamente, a palavra de hoje é esperança. A vitória de quarta sobre o Emelec tinha tranquilizado a alma dos corintianos e enchido o Bando de Loucos de esperança.


Agora é hora de pensar no Vasco da Gama. O clube carioca perdeu o jogo de volta na Argentina para o Lanús por 2 a 1. A classificação da equipe de São Januário veio na disputa de pênaltis. As quartas de finais do Timão serão, portanto, contra os vascaínos: primeiro jogo no Rio de Janeiro e segundo em São Paulo. Dos times brasileiros na Libertadores, aquele que eu menos temo enfrentar é justamente o da Cruz de Malta. Se no ano passado o Vasco era a melhor equipe do país, nesse ano parece que eles perderam a mão. Acho que o Corinthians tem tudo para passar pelos cariocas e chegar pela segunda vez na história às semifinais do torneio.


Os outros três confrontos das quartas de finais também já estão definidos. O Boca Juniors venceu no Chile o Unión Espanhola por 3 a 2, em grande partida de Riquelme, e se classificou. Os argentinos com seis títulos na competição pegarão o Fluminense, que eliminou o Internacional no Rio de Janeiro. Os cariocas venceram os gaúchos de virada por 2 a 1. Considero o vencedor de Flu e Boca um dos grandes favoritos para chegar à final.


Outro duelo será entre Universidad de Chile e Libertad. Os chilenos devolveram a goleada sofrida na semana passada contra o Deportivo Quito com juros e correção monetária. Classificaram-se com um imponente 6 a 0 em casa. Não à toa, o Universidad do Chile era apontado, no início da temporada, como um dos prováveis postulantes ao título continental. Os paraguaios do Libertad tiveram menos facilidade para avançar. Ganharam por 2 a 0 em casa dos mexicanos do Cruz Azul.


O último chaveamento das quartas será entre Vélez Sarsfield e Santos. Os argentinos seguraram o empate de 1 a 1 em casa e eliminaram o Atlético Nacional da Colômbia. Os santistas, por sua vez, golearam o fraco time do Bolivar na Vila Belmiro e se consolidaram como o grande favorito para faturar o tetracampeonato. A vitória do Peixe foi espetacular: 8 a 0 com show de Neymar, Ganso e Cia.


Aí estão os próximos confrontos resumidos: Boca Juniors x Fluminense; Universidad de Chile x Libertad; Corinthians x Vasco da Gama; e Vélez Sarsfield x Santos. Desculpe-me pela falta de modéstia, mas eu sou demais! Acertei 100% dos resultados que projetei na semana passada. Se errei a maioria de meus palpites no Paulistão, pelo menos na Libertadores estou bem. Esse parece ser o destino dos corintianos em 2012: fracasso no cenário estadual e glória em escala sul-americana.


11 de maio de 2012 - sexta-feira


Minha manhã de sexta-feira foi dedicada à leitura dos cadernos esportivos dos principais diários de São Paulo. Neles, os jornalistas faziam o balanço momentâneo do desempenho do Corinthians na Libertadores. Os profissionais da imprensa também davam seus palpites para as próximas fases da competição continental.


Ao término das oitavas de finais, o Timão segue como o único invicto do torneio sul-americano. As cinco vitórias e os três empates credenciam a equipe do Parque São Jorge ao posto de uma das favoritas ao título (ao lado de Santos e Fluminense). Desde o início do ano, a maioria da mídia futebolística já apontava os clubes nacionais como francos favoritos. Não havia uma grande equipe de fora do país para fazer frente aos brasileiros. Somente o Universidad de Chile assustava um pouco. O Boca era mais temido pela força da camisa e do estádio do que pela qualidade da equipe.


Outro ponto muito destacado pelos jornalistas foi o fato de o Corinthians ser a equipe menos vazada da competição. Foram apenas dois gols sofridos até agora. Trata-se de uma marca elogiável visto que já foram disputados oito jogos. O bom desempenho da defesa corintiana é algo corriqueiro ao longo de 2012. O Timão também terminou o Paulista com o menor número de gols sofridos. Se formos recordar o ano passado, o mesmo evento ocorreu durante o Campeonato Brasileiro. Realmente, o técnico Tite sabe montar uma defesa forte e segura. Se o ataque não vai bem, pelo menos não podemos reclamar da parte de trás do time...


O goleiro Cássio ainda não foi vazado desde que chegou ao Timão. Nos três jogos disputados como titular (um pelo Paulista e dois pela Libertadores), ele saiu de campo sem dar alegrias aos atacantes rivais. Sua atuação no último jogo também mereceu muito espaço nos cadernos esportivos e nos programas de televisão. Sua altura, agilidade e saídas precisas do gol renderam elogios e mais elogios.


A única nota triste da última partida foi a contusão do lateral-direito Edenílson. No final do primeiro tempo, o atleta sentiu fortes dores no pé após dividida com um jogador equatoriano. Ele não voltou depois do intervalo, sendo substituído por Alessandro. As notícias sobre a contusão de Edenílson indicam que ele quebrou um dos dedos do pé. Assim, desfalcará o time até o final da Libertadores. Essa é uma péssima informação, pois o lateral estava muito bem tanto defensivamente quanto ofensivamente. A preocupação só não é maior porque Alessandro está recuperado. O veterano atleta parece ter deixado os problemas médicos para trás e se mostra preparado para recuperar o seu posto na equipe titular.


Esse é o balanço geral do Timão na Libertadores de 2012. A equipe do Parque São Jorge segue viva e com grandes chances de faturar o caneco. Só é necessário manter a calma para não colocarmos tudo a perder. Essa singela dica vale para os jogadores, para a comissão técnica, para os dirigentes e, por que não, para a torcida inteira. Se todos permanecerem com a cabeça no lugar, podemos chegar longe nesse ano.


12 de maio de 2012 - sábado


O sábado no Sport Club Corinthians Paulista foi de muito trabalho. Os jogadores realizaram treino tático no Centro de Treinamento do Parque Ecológico do Tietê. Os corintianos tiveram de suar a camisa para melhorar o posicionamento em campo. O técnico Tite comandou a atividade com os titulares simulando as possíveis situações que a equipe passará no jogo de quarta-feira em São Januário.


Para o confronto contra o Vasco da Gama, Jorge Henrique está liberado da suspensão automática e deve voltar ao time principal. Pelo treinamento, não foi possível saber qual será a formação do Timão. Isso porque Alex e Paulinho foram poupados das atividades. Paulinho está com tendinite no adutor das duas coxas e Alex sente um trauma no tornozelo direito. Ambos não preocupam o departamento médico. Ficaram de fora do treinamento de hoje para evitar qualquer complicação. Até o goleiro Cássio ficou de fora da primeira parte do treino para tratar de uma lombalgia.


A boa nova foi a aparição no campo dos zagueiros Paulo André e Wallace, recuperados de lesão. Ambos estiveram com o preparador físico em trabalho específico para recuperar a forma física. Devem estar à disposição do treinador na partida de volta das quartas de finais da Libertadores.


Por falar em novidades, o Timão divulgou a contratação de um novo centroavante. Depois de demonstrar interesse por nomes badalados do cenário mundial como Nilmar, Diego Furlan, Tevez e Loco Abreu, jogadores que disputaram Copa do Mundo, os cartolas corintianos contrataram Adilson, atacante do XV de Piracicaba. O centroavante, figura completamente desconhecida da torcida, fez quatro gols no Campeonato Paulista. O rapaz de 25 anos teve seu vínculo acertado até dezembro, mas não deverá integrar o elenco do Corinthians na competição continental. Ele ficará disponível apenas para o campeonato nacional. Eu até gosto quando a diretoria contrata jogadores desconhecidos e baratos de times pequenos. Muitas vezes, esses atletas trazem um custo-benefício maior do que as estrelas. Foi assim que chegaram ao Parque São Jorge, por exemplo, Ralf, Paulinho, Leandro Castán, Edenílson e William, titulares absolutos da atual formação alvinegra. Todos dessa lista vieram de clubes do interior e hoje são peças imprescindíveis para o treinador corintiano.


Por falar em ataque, é bom dizer que o Corinthians perdeu nas últimas semanas o centroavante Bill e o meia-direita Vitor Júnior. Bill foi negociado com o Santos. Há alguns dias, ele não treinava mais no Timão. Vitor Júnior foi emprestado ao Botafogo do Rio de Janeiro até o final do ano. Portanto, não jogará mais pelo clube paulista em 2012. Para a posição de volante, as especulações continuam. Os cartolas alvinegros parecem ter feito, mais uma vez, uma proposta pelo meio-campista Guilherme, da Portuguesa. Os dirigentes da Lusa novamente recusaram a oferta, considerando-a baixa. Além dele, Renê Júnior do Mogi Mirim e Sérgio Manoel do Mirassol também interessam. A chegada de novos reforços deve acontecer nos próximos dias. Esperemos, Fiel, esperemos.


13 de maio de 2012 - domingo


Esse domingo foi possivelmente o mais chato do ano em se tratando de futebol. Os motivos para isso?! Para começo de conversa, o Timão novamente não foi a campo. Como é triste um final de semana sem poder acompanhar os jogadores do Parque São Jorge pela televisão, rádio ou nos estádios. Parece que falta alguma coisa em nossas vidas. Ainda bem que o Brasileirão começará na próxima semana e encerrará esse vazio na alma da Fiel Torcida. Para tornar tudo mais enfadonho, os principais estaduais do país já tinham suas decisões quase que liquidadas. As goleadas de Santos e Fluminense, na semana passada, praticamente definiram as disputas nos campeonatos Paulista e Carioca. Nem os adversários acreditavam ser possível reverter os placares. Assim, não tive interesse em acompanhar nenhuma partida pela TV. Para completar, o frio intenso e a chuva típica da cidade de São Paulo durante todo o dia desencorajaram minha saída para a rua. Fiquei em casa de manhã lendo Miguel de Cervantes.


Na hora do almoço, resolvi produzir macarrão caseiro que tanto sucesso faz na minha família. A receita me foi ensinada pela minha avó paterna. A massa dava um trabalhão danado para ser feita. Como tinha muito tempo disponível nesse dia entediante, me propus ao desafio de fazê-la. Essa pasta da nona é uma delícia. A receita foi passada originalmente pela sogra italiana dela (mãe do meu avô). Infelizmente, a minha massa não ficou tão boa e o macarrão ficou bem menos gostoso se comparado à versão da velha guarda dos Bonacorci. Isso é um eufemismo, tá?! A comida ficou horrível! Ainda bem que eu estava sozinho. Não recebi críticas nem ouvi reclamações pelo meu desastre culinário. À tarde, fiquei no sofá da sala, embaixo das cobertas, assistindo filmes na televisão. Ainda bem que tenho TV a cabo. Sem ela, seria arriscadíssimo assistir TV de domingo (muita gente se suicida por esse motivo).


Só à noite, antes de dormir, resolvi trocar de canal e colocar no programa Mesa Redonda da TV Gazeta. Queria conferir os resultados do final de semana. Lá, pude saber pelas informações e comentários de Flávio Prado, Wanderlei Nogueira, Chico Lang e Oscar Roberto Godói que o Santos foi campeão paulista. O Peixe aplicou nova goleada sobre o Guarani, dessa vez por 4 a 2. No Rio, o Flu mostrou força, venceu novamente o Botafogo por 1 a 0 e manteve a hegemonia regional. Nos demais estaduais, o Internacional ganhou no Rio Grande do Sul, o Avaí em Santa Catarina, o Coritiba no Paraná, o Atlético Mineiro em Minas, o Bahia na boa terra, o Santa Cruz foi bicampeão em Pernambuco e o Goiás conquistou o Campeonato Goiano.


Sobre o Timão, os jornalistas da TV Gazeta comentaram uma reportagem sobre os duelos históricos entre Corinthians e Vasco nas fases de mata-mata. Nos últimos 25 anos, os cariocas não venceram nenhum confronto eliminatório contra os paulistas. O Timão eliminou os vascaínos em várias edições da Copa do Brasil, em um duelo na Copa Sul-Americana e no Campeonato Brasileiro. Os cruz-maltinos são nossos fregueses de carteirinha! Se essa notícia animou o Bando de Loucos, a constatação de que o Timão jamais eliminou um time campeão continental na Libertadores (o Vasco conquistou a América em 1998) trouxe novos fantasmas. Trata-se de mais um tabu a ser quebrado pelos jogadores do Parque São Jorge nos próximos dias.


14 de maio de 2012 - segunda-feira


O primeiro dia útil da semana, em São Paulo, começou com frio e chuva, igualzinho ao cenário do domingo. O problema é que dessa vez eu precisava sair de casa cedo para resolver algumas questões profissionais. Não podia ficar embaixo das cobertas por muito tempo, né? Depois de criar coragem para colocar os pés na rua, respirei fundo, fechei todos os botões do casaco e saí com o guarda-chuva em mãos.


Na volta para casa, passei na banca de jornal e comprei O Lance! O diário esportivo, infelizmente, dava amplo destaque para a cobertura das decisões dos regionais. Não encontrei muitas novidades sobre o Timão e a Liberta. Era até compreensível as várias páginas dedicadas aos estaduais e as limitadas informações sobre o Corinthians. Ontem, os jogadores e a comissão técnica do Timão estiveram de folga e, como consequência, poucas notícias chegaram do clube do Parque São Jorge.


As informações do jornal a respeito do Corinthians se restringiram aos problemas vivenciados toda vez que os corintianos jogam no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro. Lá, o ônibus do clube é recebido com pedras, paus, chutes e pancadaria pela torcida da casa. Foi assim no final do Campeonato Brasileiro do ano passado. As duas equipes disputavam a liderança da competição até as últimas rodadas, quando se enfrentaram no Rio. E não são apenas os jogadores que passam por maus momentos no caldeirão vascaíno. A própria torcida paulista sofre costumeiramente. Como o entorno de São Januário é composto por poucas e estreitas ruas, é comum a torcida mandante preparar emboscadas para os visitantes. Sabendo disso, a polícia fluminense segura o quanto pode os ônibus da torcida de fora nas estradas perto do Rio para que eles só cheguem no intervalo do jogo. Assim, podem entrar no estádio sem problemas.


Conhecedor dessas dificuldades, o experiente meia Danilo, em entrevista coletiva na sexta-feira, expos para a imprensa os problemas vivenciados toda vez em que joga em São Januário. A diretoria vascaína não gostou das palavras do camisa 20. No sábado, negou os fatos. Os cartolas cariocas alegaram que as declarações de Danilo eram o início da pressão corintiana nos bastidores para enfraquecer o Vasco da Gama. Percebendo a falta de vontade do adversário para resolver os problemas de segurança, a diretoria do Corinthians resolveu aumentar a proteção de seu elenco para a próxima partida e contratou vários seguranças particulares.


Por falar em enfraquecer o Vasco, uma notícia vinda do Rio encheu os corintianos de otimismo. O principal jogador do nosso adversário não estará em campo na quarta-feira. O zagueiro Dedé, ídolo cruz-maltino, ainda se recupera de contusão. Sem condições clínicas, ele terá que ver o jogo do lado de fora. Se tiver sorte, o zagueiro poderá jogar em São Paulo na partida de volta. Dedé é hoje o melhor defensor do futebol brasileiro e merece uma chance no time titular da Seleção Brasileira. Sem ele, o Vasco da Gama perde muito em força defensiva. O desempenho dos cariocas é um com o beque central e outro sem ele. Sua ausência é esperança de gols para o Timão! Boa sorte, Dedé, em sua recuperação. Em um momento assim, só volte quando você tiver a certeza de estar 100% pronto. Nada de pressa, por favor.


15 de maio de 2012 - terça-feira


Na véspera do jogão entre Corinthians e Vasco da Gama, já é possível ter uma ideia do time que o técnico Tite mandará a campo em São Januário. No último treinamento realizado em São Paulo, o gaúcho promoveu a volta de Jorge Henrique à equipe titular. Para surpresa geral da nação corintiana, quem saiu do time principal não foi o meia Alex. O treinador preferiu montar a equipe com dois armadores (Alex e Danilo juntos). Assim, manteve a tática do último jogo da Libertadores: o tradicional 4-4-2. Quem tiver uma boa memória se lembrará que o Corinthians jogou dessa mesmíssima forma contra o Vasco no final do ano passado, no Campeonato Brasileiro. Naquela oportunidade, os atletas do Parque São Jorge voltaram com um empate, após terem uma excelente atuação. O mais justo seria o Timão ter saído com uma boa vitória daquele confronto no Rio de Janeiro.


Como não é possível entrar no gramado com 12 jogadores, acabou sobrando para William. O jovem e rápido atacante será opção no banco de reservas para o setor ofensivo. Os titulares lá na frente serão Jorge Henrique e Emerson. O primeiro deverá atuar mais pela direita e o segundo mais pela esquerda. A ausência de um homem de área indica que o empate não é mau resultado para os olhos da comissão técnica.


O Coringão com Alex fica mais sólido no meio de campo e ganha rapidez e consistência nos passes entre a defesa e o ataque. A equipe de Tite também ganha nos arremates de média e longa distâncias, especialidade do meia. Se aumenta a força no meio de campo, a ausência de um atacante faz o Corinthians perder agilidade nas jogadas pela lateral. Quando o time corintiano atua com três atacantes, dois fazem os papéis de pontas, o que resulta em bons lances pelas beiradas do campo. Pelo visto, não teremos essa opção amanhã. A ordem do nosso treinador é cuidar das jogadas na região central do campo. Ali o bicho vai pegar!


A outra mexida de Tite, essa sim já esperada, é a volta de Alessandro à lateral direita. Com Edenílson machucado, o camisa 2, capitão da equipe no final do último Brasileirão, retorna para o posto de titular. A entrada de Alessandro também muda um pouco a característica da lateral direita. Edenílson, por ser mais jovem e habilidoso, tinha maior velocidade na transição entre defesa e ataque. Ele também conseguia defender melhor e chutar bem de fora da área. Com Alessandro, a equipe ganha em experiência em campo. O cruzamento à área adversária fica um pouco mais qualificado também. Porém, perde muito no sistema defensivo. Esse é o perigo!


O Timão entrará em campo na primeira partida das quartas de finais da Liberta com: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Alex e Danilo; Emerson Sheik e Jorge Henrique.


As informações que chegam do Rio de Janeiro indicam que a torcida vascaína já comprou todos os ingressos para a partida de quarta-feira. São Januário deverá ser um caldeirão a pressionar o time visitante. Vamos ver se o Corinthians conseguirá suportar a pressão e voltar para São Paulo com um bom resultado.


16 de maio de 2012 - quarta-feira


A noite em São Paulo foi gelada. Quando o juiz apitou o início de Vasco da Gama e Corinthians no Rio de Janeiro, estava eu embaixo de várias cobertas e bem agasalhado no sofá de casa. Pela televisão, acompanhei a narração de Cléber Machado e os comentários de Caio Ribeiro pela Rede Globo. A primeira surpresa da partida foi o estado do gramado. Com as fortes chuvas que caíram na capital fluminense durante toda a quarta-feira, o campo de São Januário se transformou em um lamaçal. No jogo mais importante do ano até aqui, o gramado se dissolveu com a chuva e deixou várias poças de lama. Deu para perceber como os jogadores iriam sofrer quando Emerson Sheik caiu após receber a primeira falta aos 5 minutos. Ao se levantar, sua camisa branca se transformara em marrom. Era barro puro.


O primeiro tempo foi parecido com o estado do gramado: pesado e feio. Como vem acontecendo nas partidas fora de casa, o Timão ficou muito recuado, se defendendo e saindo apenas nos contra-ataques. A intenção do Tite era obter um empate nessa noite. O Vasco não aproveitou o incentivo da torcida e pouco perigo levou ao gol de Cássio antes do intervalo. Não me lembro de ter visto um chute a gol dos mandantes na primeira etapa. Melhor em campo, o Corinthians chegou quatro vezes. As três primeiras em cobranças de falta. Primeiro foi Emerson quem cruzou. O goleiro rebateu para a entrada da área e Fábio Santos chutou para fora. Na segunda, o mesmo Emerson cobrou nova falta. Ralf cabeceou fraco nas mãos do goleiro vascaíno. Na terceira, Alex cobrou a infração para o meio da área e o arqueiro adversário rebateu para fora. A única chance em bola rolando foi aos 45 minutos. Alessandro conseguiu avançar livre de marcação pela direita, mas errou o cruzamento.


O segundo tempo foi completamente diferente. O Vasco se acertou no vestiário e passou a dominar. Os lances de perigo ao gol corintiano começaram a se multiplicar. Eder Luís perdeu duas ótimas chances: chutou uma para fora e outra bola parou nas mãos de Cássio. O Timão teve só uma oportunidade. E essa foi a melhor jogada da partida. Jorge Henrique fez bela infiltração, tocou para Alex, recebeu de volta e chutou ao gol. O arqueiro vascaíno defendeu com os pés, no reflexo. Quase!!!


O jogo caminhava para o final quando, em um cruzamento do Vasco, o centroavante carioca aproveitou o bate-rebate na área corintiana e cabeceou para o fundo das redes de Cássio. Gol do Vasco! Enquanto eu xingava Deus e o mundo, reparei no juiz. Ao invés de correr para o centro do campo e validar o gol, ele levantou a mão indicando impedimento. Impedimento!!! Aliviado com a decisão, comemorei como se fosse um gol do meu time. O alívio definitivo só veio com o apito derradeiro.


O 0 a 0 da primeira partida teve sabor de vitória para o Timão. Mesmo não tendo marcado gol fora, a igualdade no placar foi um alívio. Escapamos de uma derrota no finalzinho. O tira-teima da TV mostrou que o atacante vascaíno estava mesmo adiantado (cerca de 10 centímetros). O impedimento foi muito bem-marcado. Ufa!


17 de maio de 2012 - quinta-feira


A quinta-feira foi marcada pela polêmica do impedimento nos momentos finais de Vasco e Corinthians. Mesmo com a imagem do tira-teima da Rede Globo mostrando o acerto da decisão do juiz, muita gente acusa o árbitro de ter favorecido o Timão. O problema em si, em minha opinião, não está na visão do homem com o apito na boca, mas na mente doentia dos anticorintianos. Para quem não sabe, existem 30 milhões de corintianos no mundo. E há aproximadamente 7 bilhões de anticorintianos. Você vai concordar comigo que às vezes é injusto o embate contra esse mundaréu.


Na madrugada e na manhã de quinta-feira, o assunto mais comentado no Twitter era "Apito Amigo", termo que faz alusão a um possível favorecimento ao clube paulista. Havia também uma nova teoria conspiratória, na qual o resultado do tira-teima era fruto da vontade da Rede Globo em ajudar o Corinthians. Ou seja, a emissora carioca também estava torcendo pelo Timão. Quanta imaginação!


O presidente vascaíno, Roberto Dinamite, veio a público logo depois do jogo para reclamar do árbitro. Na quinta-feira, ele continuou chiando: "Mais uma vez esse árbitro e mais uma vez o Corinthians. Está difícil, cada vez mais complicado. Não quero ficar reclamando, mas peço apenas lealdade e igualdade para brigar dentro de campo. Jogamos melhor e merecíamos vencer".


O mais curioso disso tudo é que Sandro Meira Ricci, o árbitro de ontem, ganhou fama de ser corintiano. E sempre por acertar lances polêmicos em jogos do Timão. Imagine só se ele errasse, hein? A fama começou no final de 2010, em uma partida entre Corinthians e Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro. As duas equipes chegaram às últimas rodadas brigando pela liderança do torneio. O confronto direto no Pacaembu era considerado a final antecipada. O jogo seguia 0 a 0. Aos 44 minutos do segundo tempo, o zagueiro cruzeirense empurrou Ronaldo dentro da área. Falta dentro da área é pênalti. Acertadamente, Sandro marcou a penalidade máxima, depois convertida pelo próprio Ronaldo. O Timão venceu aquele jogo e deu um passo enorme em direção ao título nacional. Contudo, no dia seguinte, os cruzeirenses e as demais torcidas, ignorando os fatos, passaram a criticar Meira Ricci. O juiz foi acusado de favorecer o Corinthians. Vale reafirmar: o pênalti existiu. Essa não é apenas a minha opinião (que estava naquela tarde no Pacaembu ao lado do Danny Boy – abração, Sr. Almeida de Almeida e Almeida!), mas de quase todos os comentaristas esportivos.


Esse episódio foi muito lembrado na véspera de Vasco e Corinthians. Muita gente questionava se escalar um "juiz corintiano" era a escolha mais acertada. Novamente, Sandro Meira Ricci foi muito bem na noite de ontem. Não errou absolutamente nada. Entretanto, saiu mais uma vez bastante criticado. Para os anticorintianos de plantão, é melhor o juiz errar (prejudicando o Timão) do que acertar (deixando o resultado favorável ao Corinthians). Vai entender! O coitado do Meira Ricci ganhou o rótulo de favorecer o Coringão sem nunca ter feito nada contra nem a favor. Parabéns, Sandro, pelos seus acertos! Você é sem dúvida nenhuma o melhor juiz em atividade no país nos últimos três anos. Falo isso com sinceridade, sem ironia. Juro!


18 de maio de 2012 - sexta-feira


Ontem à noite, assisti pela TV aos dois jogos da Libertadores entre brasileiros e argentinos. A primeira partida foi entre Flu e Boca Juniors, em La Bombonera. Os cariocas estavam bem até terem um jogador expulso no final do primeiro tempo. Aí o caldo desandou para os tricolores. Na segunda etapa, só a equipe da casa jogou. O gol solitário da vitória portenha veio na base da pressão. Resultado final no místico estádio xeneize: Boca Juniors 1, Fluminense 0.


O segundo duelo da noite foi entre Santos e o bom time do Vélez Sarsfield. O local da partida foi o lindíssimo Estádio José Amalfitan em Buenos Aires. Diferentemente dos últimos jogos, os santistas não conseguiram repetir as boas atuações. A equipe paulista esteve apática em campo. Neymar não fez nada de produtivo. Os argentinos marcaram muito bem os brasileiros e tiveram algumas chances de gol. Em uma delas, ainda no primeiro tempo, o centroavante do Vélez aproveitou cruzamento e cabeceou para dentro das redes. Placar definitivo do jogo da ida: Vélez 1, Peixe 0.


As vitórias argentinas de 1 a 0 deram vantagem para os hermanos nos duelos de volta a serem realizados no Brasil. Em minha opinião, tanto Boca Juniors quanto o Vélez Sarsfield são equipes mais fracas do que Fluminense e Santos. Por isso, a torcida pela eliminação de meus compatriotas. Não quero ver o Timão se classificar para as semifinais e ter que pegar o Peixe de Neymar e Ganso. Também não quero ver os jogadores comandados por Tite avançarem e precisarem enfrentar o forte Flu na final. Aí é pedreira demais! Apesar de não acreditar na classificação dos times argentinos para a próxima fase, vou torcer para eles como nunca.


As notícias vindas do Parque São Jorge são positivas. Mais um jogador foi contratado nos últimos dias. O lateral-direito Guilherme, uma das revelações da Ponte Preta, foi comprado. Logo mais deve se apresentar à comissão técnica do Corinthians. O outro contratado, o atacante Adilson do XV de Piracicaba, já está oficialmente inscrito na CBF e poderá atuar nas partidas nacionais.


Os jogadores corintianos deram declarações dizendo-se felizes com o empate no Rio. Eles afirmaram estar confiantes na vitória no jogo da volta na próxima quarta-feira. As estatísticas estão ao nosso lado. Nas quatro partidas da Libertadores realizadas no Pacaembu em 2012, são quatro vitórias do Timão (12 gols a favor e nenhum contra). A confiança é total entre os atletas e a torcida.


Pensando em preservar os titulares para a decisão no meio de semana, Tite já garantiu a escalação dos reservas no final de semana. É estreia do Campeonato Brasileiro. Por sorte, o jogo será em casa contra o Fluminense, outro postulante ao título continental. Assim, os cariocas deverão escalar os reservas, nivelando (para baixo) a partida contra os alvinegros paulistanos. Se os suplentes corintianos fizerem seu trabalho bem-feito, será possível começar o torneio nacional com três pontos, ao mesmo tempo em que as principais estrelas do elenco do Parque São Jorge serão poupadas para o torneio sul-americano. Maravilha!


19 de maio de 2012 - sábado


O sábado deveria ter como principal ingrediente o início do Brasileirão de 2012. Três partidas abriram o principal torneio nacional: Palmeiras x Portuguesa, Sport x Flamengo e Figueirense x Náutico. Porém, a rodada inicial do campeonato foi ofuscada pela decisão da Copa dos Campeões da Europa. O jogo entre Chelsea e Bayer de Munique foi disputado nesse mesmo dia, o que monopolizou as atenções daqueles que gostam de futebol. Eu, por exemplo, combinei com o meu pai de assistirmos juntos a essa partida. No horário marcado, estávamos na frente da televisão prontos para acompanhar a definição do possível adversário do Timão no final do ano.


Sinceramente, não tinha à princípio um clube da minha preferência para torcer. Após a comemorada eliminação do Barcelona e do Real Madrid, nenhum time europeu me colocava medo. O Corinthians poderia muito bem derrotar tanto o Chelsea quanto o Bayer em dezembro. Com a bola rolando, acabei torcendo pelo clube inglês. Não sei o motivo exato. Talvez fosse a semelhança dos Blues com o time do Parque São Jorge. Afinal, os jogadores do oeste de Londres jogavam na defesa, completamente recuados, mais preocupados em não tomar gol do que fazer. Jogavam feio e na retranca! Além disso, eles nunca haviam ganhado uma edição do torneio continental, sendo exatamente esse o grande sonho de sua torcida e do proprietário da agremiação, o russo Roman Abramovich. Para completar, dos quatro semifinalistas europeus, o único que não era composto de grandes estrelas era o time londrino. O grande mérito do Chelsea era o conjunto de sua equipe e a obediência tática de seus jogadores. Tudo muito parecido ao Timão, né?! Impossível não torcer por eles.


E eu estava certo na minha preferência. O Chelsea saiu-se vencedor. A confirmação da grande conquista dos ingleses só foi definida nas cobranças de pênaltis, após um emocionante empate de 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. O Bayer fez seu gol, que valeria o título, faltando apenas dez minutos para acabar a partida no tempo normal. Os Blues conseguiram empatar nos instantes finais do jogo. Na prorrogação, mais emoção! Após ter uma penalidade máxima a seu favor, os alemães desperdiçaram a grande oportunidade ao chutar a cobrança nas mãos do goleiro do Chelsea. Na série de pênaltis, a sorte dos ingleses foi maior. Após estarem perdendo por 2 a 0, conseguiram virar e vencer por 4 a 3. Festa azul em pleno estádio do Bayer em Munique. Alegria nas ruas do oeste de Londres. Mais um time conquistava o privilégio de ser campeão continental e garantia a viagem no final do ano ao Japão.


O mais bonito da partida foi a cena captada logo após a última cobrança de pênalti. Na beirada do campo, um homem esculpia o nome "Chelsea FC" na taça que seria entregue na sequência aos vencedores da Europa. Uma cena simples e emblemática. Embalado pela emoção de ver um time acabar com o grande tabu e vencer o tão sonhado título continental, decide ir, no dia seguinte, ao Pacaembu. Queria prestigiar os jogadores do Timão. Não me importando que o jogo contra o Fluminense seria disputado com os reservas, resolvi mesmo assim assistir à partida no estádio. Estava decidido! Daria meu apoio aos comandados do técnico Tite no início do Brasileirão.


20 de maio de 2012 - domingo


O domingo amanheceu bonito, sem nenhuma nuvem no céu. A temperatura estava um pouco mais quente do que nos últimos dias. Certamente valeria a pena ir ao bom e velho Pacaembu ver a estreia do Timão no Brasileirão desse ano. De manhã pude ler no jornal que o treinador corintiano iria escalar 10 reservas. Somente o goleiro Cássio, dos titulares habituais, iria atuar. Assim, o Corinthians foi escalado com: Cássio; Welder, Marquinhos, Antônio Carlos e Ramon; William Arão, Ramirez e Douglas; William, Gilsinho e Liedson.


Cheguei ao estádio uma hora antes do início da partida. Não encontrei problemas para comprar meu ingresso na bilheteria. Fiquei exatamente no mesmo lugar do jogo do mês passado contra o Paulista de Jundiaí: na arquibancada verde. O público presente foi de pouco mais de 15 mil pessoas. Se pensarmos na grandeza do Corinthians, era uma presença tímida. Se considerarmos que a partida era entre os reservas do Timão e os reservas do Fluminense, foi um ótimo público.


O jogo começou com os alvinegros pressionando os tricolores. A defesa do Fluminense se mostrava confusa e dava espaços aos rápidos atacantes corintianos. Infelizmente, nossos avantes não aproveitaram as oportunidades criadas. William teve duas boas chances. Na primeira, após receber passe de Douglas, chutou fraco para a defesa do goleiro carioca. Depois, em jogada pela direita, errou um cruzamento que levaria grande perigo à meta do Flu. Gilsinho também teve duas chances, em cabeçadas, para abrir o marcador. Desperdiçou ambas. Cássio só foi exigido em dois lances e mostrou a segurança tradicional.


No intervalo, o senhor sentado à minha frente na arquibancada começou a xingar quase todos os jogadores corintianos. Ele estava revoltado com o péssimo futebol da equipe mandante. "Eu passei mais nervoso nesse primeiro tempo do que em todos os jogos da Libertadores juntos", exagerou. Se as coisas foram feias até ali, no segundo tempo elas pioraram ainda mais. O Corinthians não conseguiu chegar mais com perigo ao gol adversário. Só deu Fluminense a partir dali. Os cariocas criaram várias chances. Em cobrança de falta na lateral do campo, eles abriram o marcador com gol de cabeça. Tentando melhorar o time, Tite colocou mais atacantes. No final da partida, o Timão tinha cinco homens de frente procurando o gol. Nenhum deles conseguiu alegrar os torcedores. O Corinthians perdeu em sua estreia no Brasileirão: 1 a 0 para o Flu.


Ao voltar para casa naquela noite, refleti sobre meu desempenho como torcedor nas arquibancadas: anualmente, eu só assisto a uma derrota de meu time no estádio. Em 2011, meu retrospecto foi de 11 jogos e apenas uma derrota (para o Santos). Em 2010, foram 13 partidas e um resultado negativo (para o Grêmio). Em 2009, foram 11 jogos e uma derrota apenas (goleada para o Goiás). Ou seja, se o Timão perdeu agora para o Fluminense (a derrota em 2012 já está computada), não perderá mais se eu for ao estádio nos demais jogos, certo? Porém, não estou com dinheiro, nessa temporada, para ir a tantas partidas no Pacaembu. É triste pensar que o Timão pode deixar de ser campeão da Libertadores por causa da minha situação financeira... Ai, ai, ai.


21 de maio de 2012 - segunda-feira


A segunda-feira foi um tanto decepcionante para os paulistas. Nenhum time do Estado de São Paulo venceu na abertura do Brasileirão. Além da derrota do Timão, o Palmeiras empatou com a Portuguesa, o Santos reserva empatou com o Bahia, em Salvador, o São Paulo levou uma goleada do Botafogo, no Rio, e a Ponte Preta caiu em casa para o Atlético Mineiro. Foi uma rodada para ser esquecida pelas equipes bandeirantes.


A principal repercussão da derrota corintiana foi o surgimento de vários questionamentos sobre a qualidade dos jogadores suplentes. Nenhum reserva que foi a campo no domingo foi bem. Os mais criticados foram Douglas, William, Ramires e Liedson. A defesa, ao menos, saiu ilesa das críticas.


Nosso Maestro esteve lento, errou vários passes e perdeu muitas bolas fáceis. Esteve longe do Douglas de 2009. William, por sua vez, correu muito e se entregou como sempre, mostrando muita dedicação. Seu desempenho, porém, foi muito inferior à expectativa da torcida. Ele não acertou nenhum drible, foi mal nas finalizações e abusou em se jogar no chão, pedindo faltas. Saiu vaiado pelos torcedores.


O pior em campo foi o volante Ramires. O peruano não acertou nenhum lance na partida. Tanto defensiva quanto ofensivamente, ele foi péssimo. Há boatos de uma possível negociação dele com outro clube. Para terminar, Liedson segue sem condições para jogar bola profissionalmente. Sua parte física é lastimável. Ele arrasta um dos joelhos quando corre. É triste de ver.


O único que foi bem contra o Flu foi Cássio. O titular do gol alvinegro levantou os corintianos nas arquibancadas com suas belas defesas. Em cada intervenção bem-sucedida, o arqueiro ganhava aplausos e era ovacionado. Possivelmente, o Bando de Loucos comemorava a existência de um goleiro seguro e confiável vestindo o uniforme do Timão. Por isso, o público se mostrava tão empolgado.


Ao constatar a baixa qualidade dos reservas, Tite dificilmente levará algum deles para o campo no jogo contra o Vasco. Na sexta-feira, o técnico disse que usaria a partida contra o Fluminense como um laboratório. Quem fosse bem no domingo, poderia ser usado na quarta-feira. Como todos estiveram abaixo da crítica, é pouco provável que haja mudanças na equipe titular do Timão. O plantel para a Libertadores, portanto, deverá ser o mesmo que foi a campo em São Januário.


Se o Corinthians avançar para as finais da Liberta, algo que a nação corintiana sonha há tanto tempo, deveremos ver atuações lastimáveis no início do Brasileirão. Com a estratégia de poupar os titulares aos finais de semana, perderemos muitos pontos e colecionaremos várias derrotas. O título continental deverá representar a perda do título nacional. Vale a pena correr esse risco? Vale sim! O Chelsea fez isso na Europa: foi campeão continental e terminou em sexto lugar no Campeonato Inglês. Vale tudo para conquistar a América! Até mesmo abandonar o Campeonato Brasileiro.


22 de maio de 2012 - terça-feira


Somente na véspera do jogo decisivo entre Corinthians e Vasco da Gama, deu para ter noção do tamanho da vontade dos corintianos em ver seu time classificado para as semifinais da Libertadores. Pela primeira vez na história, as torcidas organizadas do clube fizeram um pacto de união para apoiar mais intensamente a equipe dentro do campo. Em um comunicado exibido nas redes sociais, os chefes de cada uma das facções avisaram aos seus integrantes que na quarta-feira eles vão agir de forma integrada: ocuparão o mesmo setor das arquibancadas; cantarão as mesmas músicas simultaneamente; e integrarão uma única bateria. Até a sequência das canções já havia sido prevista, minuto a minuto, para ser executada no estádio harmonicamente.


Se considerarmos as diferenças e as rivalidades existentes entre as torcidas organizadas, essa união é um esforço gigantesco que elas fazem. E é justamente essa a melhor prova da expectativa em torno da próxima partida. Todos querem ajudar os jogadores corintianos na classificação para a próxima fase. Nessa hora, não há rivalidades internas, desentendimentos localizados ou picuinhas antigas entre os torcedores que não possam ser superados em prol do objetivo maior: vencer o Vasco.


Deixando a torcida um pouco de lado, vamos falar agora do time. Em todas as atividades da semana, Tite não demonstrou nenhuma dúvida sobre a escalação. Ele repetirá o time do último confronto no torneio continental. Os titulares serão: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Alex e Danilo; Emerson Sheik e Jorge Henrique.


Com a possibilidade de a vaga para a semifinal ser decidida nos pênaltis, muitas cobranças desse tipo foram treinadas pelos atletas alvinegros. O destaque foi o goleiro Cássio. Ele pegou várias cobranças dos companheiros e encheu a torcida de esperança. Segundo os jornalistas que acompanharam os treinos, o camisa 24 tem como estilo esperar o jogador escolher o lado do chute para então pular em direção à bola. Por isso, além das defesas, se aproximou de pegar outras tantas batidas. Dos jogadores de linha, Emerson Sheik e Alex acertaram todos os chutes. Ralf e Leandro Castán tiveram bom desempenho. Jorge Henrique e Paulinho, por sua vez, foram muito, muito mal. Cada um perdeu três dos cinco pênaltis batidos. Eu sinto um frio na espinha só de pensar na possibilidade de o jogo ser desempatado nas cobranças livres de 11 metros. Haja coração para aguentar tanta emoção!


É com pesar que afirmo: acho que o jogo de quarta-feira terminará 0 a 0 e será decidido mesmo nos pênaltis. O Corinthians está com uma defesa muito sólida e dificilmente sofrerá gol em casa. O desempenho do sistema defensivo do Timão nesse ano é o melhor da história da Libertadores. Nunca um time sofreu tão poucos gols (2 gols em 9 jogos - média de 0,22 gol por partida). O problema da equipe está no baixo aproveitamento dos atacantes. Se os jogadores comandados por Tite vencerem a partida, deverá ser pelo magro placar de 1 a 0. Disso, eu já me acostumei, não posso reclamar... Vitória de 1 a 0 é goleada na Libertadores.


23 de maio de 2012 - quarta-feira


O Timão subiu ao campo do Pacaembu e os torcedores recepcionaram as estrelas com uma festa lindíssima. Aproximadamente 40 mil pessoas coloriram as arquibancadas com as duas cores mais encantadoras: preto e branco. Um mosaico escrito "Timão" surgiu no setor das cadeiras laranjas. No Tobogã, uma enorme bandeira foi desfraldada. Na parte das organizadas, um foguetório barulhento se iniciou. Tudo estava pronto para o histórico duelo entre Corinthians e Vasco.


O primeiro tempo foi truncado. As defesas levaram enorme vantagem sobre os ataques. As chances de gol foram raras nos dois lados. As duas melhores oportunidades vascaínas surgiram em cobranças de falta de Juninho Pernambucano. E as duas jogadas mais perigosas dos corintianos vieram em um chute torto de Emerson Sheik e de uma cabeçada fraca de Paulinho. Ou seja, perigo zero de surgir um gol.


O segundo tempo foi ainda mais nervoso e fechado. Os sistemas defensivos das duas equipes continuavam impecáveis. O jogo transcorria sem chute perigoso ao gol. Aí, em um lance em cima de Paulinho, a torcida pediu pênalti. Claramente não foi nada. Transtornado com a decisão do juiz, Tite foi expulso por reclamação. O treinador corintiano deixou o campo e foi para a arquibancada assistir ao restante do segundo tempo ao lado dos torcedores. Essa cena é incrível: técnico e torcida juntos! De lá, o gaúcho enviava instruções por rádio e orientava os jogadores no alambrado mesmo.


Na reta final da partida, aconteceu o lance decisivo. Enquanto o Corinthians tentava pressionar o adversário e avançava os jogadores para o ataque, o lateral Alessandro perdeu uma jogada simples no meio de campo. Ele entregou a bola de graça para o vascaíno Diego Souza. O craque cruz-maltino avançou sozinho de seu campo de defesa até a grande área corintiana. Sem marcação, ele ficou cara a cara com Cássio. O estádio inteiro já computava gol do Vasco. Na hora do chute, o goleirão fechou o ângulo e conseguiu espalmar para escanteio. A comemoração no Pacaembu foi parecida a um gol do Timão. Alívio geral. O placar permanecia em 0 a 0.


Quando todos se preparavam para a disputa de pênaltis, o Coringão ganhou um escanteio. Aos 42 minutos do segundo tempo, Alex cobrou e, na entrada da pequena área, Paulinho subiu para cabecear. A bola foi milagrosamente da cabeça do volante para as redes vascaínas. Gooooooooooooooooooooool! Enfim o Corinthians fazia 1 a 0! Festa no campo, alegria nas arquibancadas e delírio nas casas, bares e em todos os lugares com fanáticos corintianos. Na comemoração, Paulinho subiu no alambrado e abraçou um torcedor. Outra imagem marcante e simbólica dessa noite inesquecível.


Em uma dramática e típica vitória corintiana, os jogadores do Parque São Jorge se classificavam pela segunda vez para as semifinais. Esse time entrava para a história ao igualar a melhor campanha do clube na Libertadores. Tenho certeza de que, nessa noite, 30 milhões de loucos foram dormir sonhando com a conquista inédita. O sonho estava começando a se tornar realidade. Em breve, a torcida mais fiel do mundo venceria a maldição secular e conquistaria o Santo Graal do futebol sul-americano.


24 de maio de 2012 - quinta-feira


Confesso que tive dificuldades para dormir ontem (ou seria hoje?!). As doses de stress e adrenalina do jogo de quarta-feira foram absurdas. A partida contra o Vasco terminou à meia-noite e eu só consegui pregar os olhos na cama por volta das quatro da manhã. Em minha memória, vinham a defesa salvadora de Cássio no chute de Diego Sousa, os gritos e orientações de Tite na arquibancada, a cabeçada certeira de Paulinho e a alegria geral dos corintianos após o apito final do juizão. A noite passada foi maravilhosa e dificilmente será esquecida tão cedo pelo Bando de Loucos.


A quinta-feira foi monotemática em São Paulo. Em todos os lugares, o único assunto na voz do povo era a vitória do Timão. Milhares de corintianos saíram orgulhosos às ruas e desfilaram com as camisas do clube do coração. Uma maré alvinegra invadiu a metrópole e transformou o preto e branco nas cores da moda do outono. Em todo canto era possível encontrar um Fiel Torcedor com um sorriso largo.


Hoje também foi o momento escolhido pelas pessoas para saber se os amigos corintianos estavam bem de saúde e se não haviam sucumbido do coração na noite anterior. Ainda de manhã, recebi ligações da minha amiga Keli e da Thalita. Ambas estavam curiosas para saber se eu ainda estava vivo. Queriam detalhes de como havia reagido à overdose de emoções. A corintiana Keli parecia ter sido a única torcedora imune ao sofrimento. "Acordei na hora do gol", me disse. Só acreditei nisso porque ela está grávida. A são-paulina Thalita, por sua vez, parecia frustrada com a perspectiva que a Libertadores tomava: "Li na internet, nessa semana, uma declaração da Mãe Dinah dizendo que nesse ano vocês vão ganhar mesmo! Parece que não vai ter jeito!".


Depois, liguei para a minha prima Tatiana, a mais fanática corintiana que eu conheço. Queria saber como ela estava e como havia se comportado durante o jogo. Ela me disse ter sofrido demais, ter gritado e xingado muito. Ela não sabia se iria aguentar outra partida tão sofrida como a última. Pelo visto, já não se importava se o Timão saísse da Libertadores. O importante, segundo suas palavras, era se manter sã e saudável, duas coisas improváveis com a realização de novos confrontos. No final, ela me perguntou se eu achava que o título viria mesmo. Respondi com as palavras sábias da Thalita: "Até a Mãe Dinah já cravou: seremos campeões! Agora é só esperar e continuar sofrendo mais um pouco nos jogos". Ela concordou.


No começo da noite, li na internet sobre o torcedor que abraçou o Paulinho após o gol decisivo. Ele é um rapaz de 28 anos e mora no Tatuapé. Na hora da comemoração, o corintiano pulou no alambrado do estádio e celebrou o gol nos braços do artilheiro da noite. Na reportagem, o torcedor conta como a cena aconteceu: "Cara, foi uma coisa de momento. Eu tinha ido ao banheiro e estava perto do alambrado porque estava com raiva do Alessandro. Queria xingá-lo. Quando saiu o gol, eu nem vi mais nada. Subi no alambrado sem pensar em mais nada". Dessa maneira, o rapaz representou toda a Fiel Torcida ao agradecer ao volante pelo feito histórico. E representou ainda mais por tentar xingar diretamente o desastrado lateral-direito pela grande falha alguns minutos antes, que quase colocou tudo a perder.


25 de maio de 2012 - sexta-feira


Ainda com o relógio biológico desregulado pela noite mal dormida de quarta (ou seria da madrugada de quinta?), acordei tarde na sexta-feira. Como não tinha nenhum compromisso importante pela manhã, executei as atividades rotineiras em câmera lenta. Arrumei o quarto sem pressa e tomei um longo banho quente. Depois, me sentei à mesa da cozinha e degustei um demorado café da manhã enquanto ouvia as notícias no rádio. Como é bom fazer as tarefas diárias tranquilamente, sem a pressa tradicional dos dias da semana, né? Depois, me sentei à mesa da sala para ler o jornal com calma. Obviamente, comecei pelo caderno de Esportes.


Foi lendo O Estado de São Paulo que soube da classificação dos Santos na noite anterior. O Peixe avançou à semifinal da competição sul-americana. O time da Baixada venceu o Vélez Sarsfield na Vila Belmiro por 1 a 0. Como na semana passada os argentinos haviam ganhado pelo mesmo placar, a disputa foi para os pênaltis. Nas cobranças de desempate, os santistas foram superiores e venceram por 4 a 2. Assim, o time de Neymar será o adversário do Timão na próxima fase da Libertadores. Vão ser dois jogões e fortes emoções já estão reservadas para os próximos dias. Enfrentaremos, possivelmente, o mais difícil dos oponentes na nova fase.


Apesar do Santos ser o adversário mais temido, uma boa notícia foi relatada nas páginas do diário. O meia-armador Ganso, o maestro do time tricampeão paulista, não jogará nenhuma das duas partidas da semifinal. Ele vai operar o joelho e deverá ficar 30 dias afastado dos gramados. Se Neymar e Ganso são 100% da força adversária, é possível dizer que com a ausência do meia, o Santos entrará em campo com apenas 60% da sua capacidade máxima. Já é uma boa notícia para a Fiel, não é mesmo? Estou muito confiante na possibilidade de superá-los e chegar pela primeira vez à final da América. Já imaginou o Timão em uma decisão de Liberta!!!


A outra semifinal será entre times estrangeiros. O Boca Juniors eliminou o Fluminense no Rio de Janeiro com um gol aos 45 minutos do segundo tempo. Os xeneizes empataram em 1 a 1 no Engenhão (haviam vencido o primeiro jogo por 1 a 0 em Buenos Aires). O rival dos argentinos será o Universidad de Chile, que despachou os paraguaios do Libertad. Após um duplo empate de 1 a 1 nos dois jogos, os chilenos venceram a disputa de pênaltis por 5 a 3. Deu para ver que não faltaram emoções nas quartas de finais do torneio desse ano, né?


Santos e Corinthians disputam a semifinal brasileira. Boca Juniors e Universidad de Chile se enfrentam no confronto gringo. Como haverá partidas das seleções sul-americanas pelas Eliminatórias da Copa de 2014 nos próximos dias, os jogos que definirão os finalistas da Libertadores serão em 13 e 20 de junho. Teremos, portanto, duas semanas sem confrontos na competição continental. As finais serão em 27 de junho e 4 de julho. Com a eliminação do Fluminense, o Corinthians é o time com melhor campanha na primeira fase entre os semifinalistas. Assim, teremos o direito de disputar o último jogo das próximas fases no Pacaembu. É uma importante vantagem decidir os duelos ao lado da Fiel Torcida. Vamos ver se ela será aproveitada.


26 de maio de 2012 - sábado


Uma notícia me deixou preocupado. Ao visitar minhas avós, como faço aos sábados, fui lendo o jornal O Lance! no caminho e me deparei com a seguinte informação: "Pai de Castán acredita em saída do filho do Timão após disputa da Libertadores". Como assim Leandro Cástan quer sair? Eu sabia do interesse do futebol europeu por Ralf e Paulinho, mas não no desejo gringo pelo zagueiro da camisa 4. O pai do atleta, Marcelo, foi enfático nesse sentido. "Acredito que a possibilidade de ele sair após a Libertadores é muito grande, até por ter um contrato curto, só até o final de 2013. Hoje, não queremos atrapalhar o time na disputa da Libertadores. Então, vamos esperar o seu final para definirmos tudo junto com o clube", disse o patriarca dos Castán ao jornal esportivo, deixando clara a posição da família.


Na reportagem, a Roma é um dos times interessados em ter o jogador já para a próxima temporada do velho continente. Como o passe do zagueiro é 100% do Corinthians, há a possibilidade dos dirigentes do Parque São Jorge tentarem segurá-lo. Isso fica mais difícil, por exemplo, no caso de Paulinho. O Timão só possui 10% dos direitos econômicos do volante e não pode fazer nada em caso de uma negociação com o exterior. Há até quem diga que a Internazionale de Milão já estaria em conversas adiantadas com Paulinho e seus empresários.


Foco da minha preocupação de hoje, Leandro Castán tem feito uma temporada fantástica com a camisa do Corinthians. O zagueiro de 25 anos foi contratado do Grêmio Barueri. De lá para cá, evoluiu demais e já há quem peça sua convocação para a Seleção Brasileira. Castán chegou ao Timão no início da temporada de 2010. Ficou um ano na reserva de Chicão e Willian, considerada por muitos a melhor dupla de defensores do futebol nacional naquela oportunidade. Com a aposentadoria do capitão Willian no final daquele ano, Paulo André foi contratado para substituí-lo. No planejamento da comissão técnica, Castán permaneceria na reserva. Aí o Paulo se contundiu logo nas primeiras semanas da temporada de 2011. Leandro Castán entrou no time principal e nunca mais saiu. Ele foi um dos jogadores que mais atuou no ano passado, sendo importantíssimo para o título brasileiro. Não é incorreto dizer que ele e Dedé do Vasco são os zagueiros com melhor desempenho na atualidade. A defesa do Timão, desde 2011, é Leandro Castán e mais alguém.


O que mais chama a atenção nas atuações de Castán é a ausência de falhas. É comum vermos bons defensores cometendo erros de vez em quando, mas o dono da camisa 4 do Timão não vacila nunca. Ele também toma poucos cartões e não comete muitas faltas nos jogos. Sua disposição em campo é impressionante. Suas especialidades são: a antecipação perfeita aos atacantes adversários e a interceptação das bolas aéreas. Se o Corinthians de Tite possui uma das melhores defesas de sua história, boa parte do mérito deve ser atribuído à competência de Castán.


Precisamos torcer pela manutenção do atleta para os próximos anos. A negociação de Leandro Castán com o futebol europeu será sem dúvida nenhuma uma grande perda para o clube e para a Fiel Torcida.


27 de maio de 2012 - domingo


Hoje teve Timão pelo Campeonato Brasileiro. Com a derrota na primeira rodada, os comandados de Tite carregavam a obrigação de vencer o Atlético Mineiro, mesmo jogando fora de casa. Pensando nisso, o treinador corintiano colocou uma equipe reforçada. Apenas Paulinho, Jorge Henrique e Emerson foram poupados. Os jogadores que entraram em campo no Estádio Independência pelo clube do Parque São Jorge foram: Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Willian Arão, Danilo e Alex; William e Élton.


Confesso que não consegui assistir ao jogo quando ele passou ao vivo na televisão. Nessa hora, estava dormindo. Como tinha me deitado tarde no sábado (beijo, Thalitinha!) e tinha acordado cedo no domingo para correr no parque (abraço, Marcolino), acabei cochilando a tarde inteira. Só acordei às 20 horas, quando estava começando os principais programas esportivos. Foi através da programação noturna da TV a cabo que pude conferir o resultado e os melhores momentos da partida.


O Corinthians jogou bem. No primeiro tempo, chutou mais ao gol, teve mais posse de bola e criou as melhores oportunidades. Élton perdeu um gol feito após cruzamento de Fábio Santos. William também teve chances de marcar. Como sempre, desperdiçou-as. O empate sem gol da primeira etapa foi injusto para os corintianos. Eles mereciam ter saído com a vitória.


O segundo tempo começou como acabou o primeiro. O excesso de faltas e os vários passes errados das duas equipes davam a tônica do jogo. O Timão continuava superior. O problema estava nas finalizações imperfeitas. Danilo não conseguiu cabecear uma bola na grande área e ela se perdeu pela linha de fundo. Logo depois, William teve outra oportunidade, mas o zagueiro mineiro tirou a bola quase em cima da linha. Essa foi por pouco!


Como diz aquele velho ditado do futebol "quem não marca, toma", o Atlético chegou ao gol solitário da tarde aos 19 minutos. O menor dos atacantes atleticanos, de apenas 1,67 metro, apareceu livre na área paulista e cabeceou para dentro, encobrindo Cássio. A fanática torcida do Galo foi ao delírio.


Precisando de um gol para empatar, o Corinthians foi para cima. Teve, é verdade, mais algumas chances. Nos contra-ataques, o Atlético enfim conseguia fazer boas jogadas. Os minutos finais foram os melhores tecnicamente, com os dois times acertando mais jogadas do que errando. Contudo, o tempo acabou e a segunda derrota corintiana no campeonato estava decretada. Fábio Santos ainda foi expulso juntamente com um atacante adversário.


O Corinthians voltou de Belo Horizonte com a segunda derrota seguida na competição. Com nenhum ponto computado, o maior clube de São Paulo ocupa no momento a penúltima posição no Brasileirão. Ou voltamos a vencer o mais rapidamente possível ou brigaremos nesse ano para não sermos rebaixados.


28 de maio de 2012 - segunda-feira


Qual o problema em brigar pelo rebaixamento no Campeonato Brasileiro, hein? Normalmente, as equipes brasileiras que avançam até a final do torneio sul-americano começam sempre mal a competição nacional. No ano passado, o Santos, campeão da América, ficou o primeiro turno inteiro do Brasileirão na zona de rebaixamento ou próximo a ela. O mesmo aconteceu com o Fluminense, em 2008, e com o Cruzeiro, em 2009, quando ambos chegaram às finais do mais importante campeonato do continente. Infelizmente, essa é a realidade do péssimo calendário do futebol brasileiro. As circunstâncias obrigam as melhores equipes do país a pouparem seus atletas durante os meses de maio e junho, quando começa o Brasileiro e quando estão terminando a Copa do Brasil e a Libertadores.


E qual o problema de o Timão passar o ano inteiro brigando pelas posições de baixo na tabela de classificação do Brasileirão? Nenhum! Precisamos sempre nos lembrar das prioridades: torneios internacionais são mais importantes do que os nacionais, que por sua vez, são mais relevantes do que as competições estaduais. Essa é a lei universal do jogo. Se os jogadores alvinegros vencerem a Libertadores, tenho certeza de que a torcida não se importará de ver o time rebaixado para a Série B. O importante mesmo é a conquista continental. Com ela, todo o resto é apenas resto.


Feita essa observação, minha preocupação no momento é exclusivamente os jogos da semifinal da Libertadores. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) definiu hoje as datas e os locais das partidas entre Santos e Corinthians. A primeira parte do duelo será no dia 13 de junho, na Vila Belmiro, em Santos. A segunda metade do confronto será no dia 20 de junho, no Pacaembu, em São Paulo. Então, rasgue da sua agenda as folhas com essas datas para você não correr risco de marcar algum compromisso profissional ou pessoal nesses dias. As atenções do mundo do futebol (constituído de corintianos e anticorintianos) estarão voltadas para essas partidas.


Por não haver jogos oficiais de clubes nos próximos dez dias, tanto o técnico corintiano quanto o santista terão um tempo considerável para treinar seus comandados até os próximos compromissos. Ambos ainda farão duas partidas pelo Brasileiro antes de se voltarem para o primeiro jogo do confronto direto. Tite leva alguma vantagem sobre Muricy nesse período de treinamento por ter à sua disposição os principais atletas. Já o santista não contará com suas grandes estrelas: Ganso foi operado e Neymar e o goleiro Rafael servirão à Seleção Brasileira. Os camisas 1 e 11 do Santos realizarão três amistosos nos Estados Unidos e vão se ausentar dos treinos no clube. As ausências dos craques no Centro de Treinamento Rei Pelé farão falta para Muricy Ramalho. Essa é a minha esperança e de toda a torcida corintiana.


Vale lembrar que as atuações de Neymar contra o Vélez nas quartas de finais foram pífias. Ele e o time inteiro do Santos não jogaram nada nas duas partidas contra os argentinos. Eles se classificaram porque tiveram muita sorte, apenas isso. Será que o fim está próximo para os santistas na Libertadores? Quem viver, verá!


29 de maio de 2012 - terça-feira


O assunto da vez entre os corintianos é a péssima fase do setor ofensivo da equipe de Tite. Foi esse o debate que tive com os meus amigos alvinegros no fim dessa tarde em um barzinho na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Joaquim Antônio de Lima. Imagino ser essa a grande preocupação de toda a Fiel Torcida.


Vamos aos fatos. O Corinthians só fez um gol nas últimas quatro partidas (Paulinho contra o Vasco). Os atacantes não balançam as redes há seis jogos. O último a comemorar um tento foi William no mês passado. No dia 22 de abril, o atacante saiu do banco para marcar na derrota para a Ponte Preta por 3 a 2. De lá para cá, Liedson, Emerson, Jorge Henrique, William, Gilsinho e Élton passaram em branco em todas as oportunidades. Ou seja, o mês de abril acabou, maio chegou, avançou, está terminando e nada dos atacantes cumprirem com sua principal obrigação!


Trata-se de um desempenho muito baixo para um time candidato ao título da Libertadores, né? Entretanto, para vencer o torneio continental, o imprescindível é ter uma boa defesa. Historicamente é essa a receita para levantar o caneco: times defensivamente seguros ao invés de equipes muito ofensivas. Mesmo assim, algumas perguntas vêm à tona: o que está acontecendo com o nosso ataque? Qual é o problema? Por que os gols se transformaram em um artigo tão raro?


A minha explicação é a falta de um centroavante em condições físicas ideais e com talento compatível à grandeza do Timão. Vejamos: Liedson não tem mais cartilagem nos joelhos para arrancar pelo campo. Élton é um atleta muito limitado. É só lembrarmos o gol perdido na última partida contra o Atlético Mineiro. Sem ter com quem contar na posição, Tite passou a armar o time sem um homem enfiado na grande área. Aí o bolo desandou. Jorge Henrique, Emerson e William são bons atacantes. São velozes, driblam bem, fazem tabelas de maneira certeira e ajudam bastante na marcação defensiva. Porém, eles não são definidores natos, fazedores de gols. A maior prova disso é que em todos os jogos o Corinthians sempre cria muitas oportunidades. Normalmente, as jogadas sempre levam bastante perigo ao gol adversário, mas a bola teima em não entrar na meta. A falta de um bom centroavante na área é, na minha visão, o principal motivo da carência de gols.


O comentário que melhor resumiu a preocupação corintiana foi feito, curiosamente, por um palmeirense. Bruno, o namorado da irmã da Thalita, foi quem questionou os alvinegros ao seu redor na mesa do bar. "Digam-me uma coisa: vocês esperam mesmo eliminar o Santos fazendo poucos gols?! Não sejam inocentes em crer que os atacantes santistas vão passar 180 minutos perdendo chances incríveis como o Vasco fez. Neymar, Borges e Allan Kardec não vão chutar para fora aquela bola perdida pelo Diego Sousa na frente do Cássio. Pensem nisso".


É verdade! O rapaz, mesmo sendo palmeirense, tinha razão. Acho que não vou dormir direito nas próximas noites pensando nas palavras dele. Se os gols não voltarem, adeus Libertadores, adeus sonho e adeus O Ano que Esperávamos Há Anos!


30 de maio de 2012 - quarta-feira


Esse ano tem sido especial para a Fiel. Possivelmente, 2012 e 2013 conseguirão suplantar 1977 como o período mais próspero e feliz da história corintiana. Os torcedores alvinegros estão testemunhando o auge do clube do Parque São Jorge. Essa fase deverá ser lembrada por toda a nossa existência.


Para quem não entendeu a comparação com 1977, vale recordar que foi naquela temporada que o Timão conquistou novamente o Campeonato Paulista e encerrou o jejum de 23 anos sem títulos. Por causa dessa peculiaridade, 1977 é simbólico para a torcida como o momento exato do fim da maldição dos tempos sem glória. Muitos consideram essa a principal conquista da história corintiana. Mesmo tendo vencido torneios mais importantes depois disso (um Mundial de Clubes da FIFA, cinco Brasileirões e três Copas do Brasil), aquele Paulistão não sai da memória de ninguém.


Mesmo com os troféus e a formação de grandes times, dois elementos nunca mudaram nos mais de cem anos de Sport Club Corinthians Paulista: a gozação das torcidas rivais sobre os insucessos na Libertadores e a carência de um estádio próprio. Desde moleque, eu ouvia meus coleguinhas de escola falando: "Lá vai um corintiano que não sabe o que é vencer a Libertadores". Ou quando me perguntavam: "Como é torcer para um time sem estádio?". Essas brincadeirinhas infernizam os corintianos desde sempre. Eu cresci e hoje continuo ouvindo as mesmíssimas gozações.


Se o Timão foi eliminado tragicamente nas últimas sete participações do torneio sul-americano (1991, 1999, 2000, 2003, 2006, 2010 e 2011), em relação à casa própria a decepção também foi grande. Por diversas vezes, a construção do estádio fora prometida e na hora H tudo era desfeito. Em 1968, garantiram um estádio para 100 mil pessoas e nada. Em 1980, Vicente Matheus, o folclórico presidente do clube, tentou construir um para 200 mil torcedores. Não conseguiu. Em 2000, um parceiro prometeu arena para 50 mil pessoas. Só se esqueceu de começar a obra. Em 2007, um empresário russo fez nova promessa e nada. A frustração só aumentava...


Imagine a alegria dos corintianos quando o Timão conquistar, enfim, a tão sonhada competição continental. E imagine isso ocorrendo simultaneamente à inauguração do estádio próprio! É exatamente esse momento em que estamos testemunhando hoje. Estamos a quatro jogos de soltar o grito de: "Campeão da Libertadores!". Já vejo as músicas, os poemas, os livros e os filmes relatando tal feito. Além disso, o nosso estádio será entregue no ano que vem. As obras em Itaquera completaram hoje um ano. Já é possível ver o grande avanço na empreitada. Com quase 40% dos trabalhos concluídos, a arena ganha forma, sendo possível ver parte das arquibancadas, o túnel de acesso ao campo e parte dos prédios de entrada. Está ficando lindo!


Deu agora para entender o porquê a Libertadores e o estádio são importantes para a torcida e para o clube?! Eles representam a conquista definitiva da autoestima corintiana. Felizmente, somos testemunhas das duas tão almejadas conquistas. 2012 é sem dúvida a materialização do ano em que sonhávamos há anos.


31 de maio de 2012 - quinta-feira


O Timão está bem na Libertadores e pode chegar pela primeira vez à final. Tudo, à princípio, caminha satisfatoriamente. Só uma coisa está me tirando do sério: essa longa espera até o próximo confronto. Já se passou uma semana desde o último jogo contra o Vasco e ainda faltam mais 14 dias para vermos Santos e Corinthians entrarem em campo. Não vá pensar que eu seja uma pessoa ansiosa, porque não sou. Gostaria muito de poder me deitar agora e só acordar minutos antes do início da primeira partida das semifinais, evitando a angústia e o tormento característicos dessa longa espera. Não me importo em ter meus trabalhos atrasados (recuperaria o tempo perdido depois), nem de perder vários bons momentos da vida pela hibernação. Pelo menos não sofreria tanto com tal expectativa.


É muito complicado passar os dias com essa ansiedade! Tudo ao meu redor me faz lembrar da competição sul-americana e do jogo contra o Peixe. Se estou conversando com alguém e a pessoa quer marcar algo, eu automaticamente penso: "menos nas quartas-feiras". Acabo me programando em função dos jogos da Libertadores. Quem me conhece já sabe disso. Ninguém me chama mais para sair durante a semana: na terça-feira, véspera das partidas, estou desconcentrado, no mundo da Lua; e na quinta-feira, estou insuportavelmente eufórico, além de ficar monotemático.


Até quando estou trabalhando nos meus outros livros (estou escrevendo três ao mesmo tempo), acabo colocando algo sobre futebol e o Corinthians no meio deles. Aí na hora de revisá-los, normalmente preciso apagar tudo. Esporte e fanatismo corintiano não combinam em nada com o assunto principal dessas obras. Por exemplo, um deles é uma publicação de Planejamento Estratégico. Ele está sendo escrito em conjunto com o grande Roberto S. Inagaki (um palmeirense fanático, diga-se de passagem). Aí não dá para colocar no meio das explicações sobre estratégia competitiva e os diferentes planos empresariais um "vai Corinthians!" ou mesmo um "Alessandro, não nos mate do coração!". Mesmo assim, sempre escapa algo do gênero. O outro livro é um romance sobre uma historiadora bonitona preocupada em descobrir os segredos por trás do poder em Brasília. Nesse título até conseguiria, com algum esforço, colocar no enredo algo relacionado ao futebol e ao Timão. Mesmo assim, o triste fim para essas linhas é sempre a lixeira do desktop.


Apesar da minha péssima situação financeira, ainda tenho a esperança de conseguir recursos para assistir à final do torneio continental, no Pacaembu. Nem que eu precise pedir um empréstimo no banco, vou renovar minha conta no programa Fiel Torcedor. Por isso, estou economizando mais dinheiro do que deveria. Praticamente não estou gastando nada com a esperança de que minhas moedas se multipliquem e se transformem milagrosamente em notas de cem reais.


Como é complicado levar uma vida normal no meio da interrupção da Libertadores, né? Fácil mesmo seria se eu dormisse e só acordasse na hora do jogo. Para piorar, imagino que esse problema não seja apenas meu. Milhares de corintianos espalhados no mundo devem estar sofrendo com a espera. E pensar que ainda faltam 14 dias...


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Oitava série narrativa da coluna Contos & Crônicas, “O Ano que Esperávamos Há Anos” é o testemunho dos doze meses de 2012. Este relato é uma espécie de diário feito no calor das emoções por um fanático torcedor corintiano. Ele previu as conquistas de seu time do coração naquela temporada que se tornaria mágica. Nessa coletânea de crônicas é possível acompanhar os jogos do Corinthians, relembrar as decisões do técnico, entrar nos bastidores do Parque São Jorge e conhecer a vida dos principais jogadores alvinegros. O leitor também sofrerá com as angústias dos torcedores do Timão, poderá acompanhar o desenrolar dos campeonatos e, principalmente, irá se emocionar com as maiores conquistas futebolísticas desse clube centenário.


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