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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Crônicas: O Ano que Esperávamos Há Anos - Março de 2012

No mês decisivo da primeira fase da Copa Libertadores, a equipe corintiana tem problemas com as contusões de zagueiros e a demissão de sua maior estrela.

O Ano que Esperávamos Há Anos - Contos & Crônicas - Bonas Histórias - Ricardo Bonacorci - Março de 2012

1° de março de 2012 – quinta-feira


Março começou com a apresentação de mais um reforço para o elenco corintiano. Quem foi anunciado oficialmente dessa vez aos torcedores e à imprensa foi o chinês Chen Zhi Zhao. O jovem atacante de 23 anos veio para compor o grupo de jogadores do Timão que neste ano tem o desafio de conquistar a Libertadores da América, manter o título do Brasileirão e voltar a conquistar o Paulista. A festa organizada no anfiteatro do Parque São Jorge foi grande para o anúncio do atleta estrangeiro. O salão nobre do clube estava decorado ao estilo chinês, havia músicas típicas do país oriental e alguns conterrâneos de Zhi Zhao encenaram movimentos de dois dragões cenográficos. As imprensas nacional e estrangeira estavam presentes, com muitos jornalistas chineses. Até o cônsul da China presenciou o evento.


Chen Zhi Zhao recebeu a camisa de número 200 em homenagem aos dois séculos da imigração chinesa no Brasil. Como seu nome é um pouco difícil de ser pronunciado em português, a equipe de Marketing do Corinthians tratou de colocar um apelido mais sonoro no atleta: Zizao. Com esse nome na parte de trás da camisa, o jovem beijou o escudo do clube e vestiu o uniforme.


As primeiras palavras do novo contratado foram: "Quero agradecer aos presentes, aos amigos do Corinthians. Quero agradecer a cooperação com o meu clube na China e a oportunidade de poder jogar aqui no Brasil. Sempre adorei o futebol brasileiro e sempre assisti aos jogos de times brasileiros desde 1989. Então, estou muito feliz". Obviamente ele falou em chinês e uma simpática tradutora repetiu suas frases na língua da maioria dos presentes no anfiteatro.


A verdade por trás da contratação de Zizao é que se trata de um esforço de Marketing da diretoria corintiana para fortalecer a marca do clube internacionalmente. Se pensarmos na qualidade técnica do novo contratado, dificilmente ele será melhor do que os atacante dos juniores do Timão que foram campeões da Copa São Paulo no início do ano. Assim, o chinês dificilmente conseguirá entrar em campo em um jogo importante. Sua função, ao longo dos dois anos de contrato, será meramente de divulgar o nome Corinthians no exterior, principalmente na China. Essa função é tão clara para os dirigentes que o próprio Luis Paulo Rosenberg, vice-presidente corintiano, deixou explícito tal objetivo em seu discurso: "A gente está trazendo um jogador de futebol da China. Não queríamos só fazer um amistoso e ganhar 1 milhão de dólares. Queríamos entrar no mercado chinês. Não entendo como a China não tem um time de futebol à altura de sua grandeza".


Zizao, por sua vez, acredita ter condições de jogar no Corinthians. Ele declarou várias vezes na entrevista de apresentação: "Eu acho que vocês vão gostar de mim". Vamos esperar para ver. Porém, acho difícil o novo contratado ser o herói corintiano que nos levará às maiores conquistas futebolísticas da história do Parque São Jorge. Pensando bem, se ele não atrapalhar, acho que já cumprirá sua parte, não é? Seja bem-vindo, Chen Zhi Zhao, o Zizao da Fiel!


2 de março de 2012 – sexta-feira


Ontem foi lançado o livro "O Jogo da Minha Vida" do zagueiro corintiano Paulo André. O evento realizado na livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista contou com a presença de jogadores do Timão, como Adriano, Alessandro, Leandro Castán, Bill e Fábio Santos. Boleiros de outras equipes também prestigiaram o colega, como foi o caso do ex-santista (e quem sabe futuro palmeirense) Wesley. Além dos atletas, aproximadamente três mil curiosos compareceram ao local para ver os astros das quatro linhas e para adquirir um exemplar da publicação. Para aumentar a confusão, a energia elétrica da região foi suspensa por algumas horas e os organizadores da sessão de autógrafos tiveram muita dificuldade para arranjar o fluxo intenso de pessoas. Um pouco constrangido com o imprevisto, o defensor corintiano e agora escritor contornou as limitações do espaço e recepcionou os fãs com simpatia.


Como é difícil encontrar um jogador brasileiro em plena atividade com capacidade intelectual acima da média da população como é o caso do Paulo André! Além de ter escrito esse livro, no qual relata sua trajetória profissional dentro do esporte e os desafios encontrados ao longo da carreira como futebolista, o rapaz de 28 anos interage com o público através de um blog. Ele também gosta de pintar quadros, adora literatura e artes e é uma pessoa com conhecimento abrangente sobre tudo o que acontece ao seu redor (política, economia). Por várias vezes, Paulo já declarou sonhar em presidir, algum dia, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para moralizá-la e colocar o futebol nacional nos trilhos.


Ao ver o grande destaque dado ao lançamento do "O Jogo da Minha Vida", me lembrei de uma entrevista concedida pelo autor do livro a uma emissora de televisão. Na reportagem, ele explicava quando nasceu o gosto pela pintura, pela literatura e pelas artes. Segundo tal relato, Paulo André jogava em um time francês quando uma séria contusão pareceu que iria abreviar sua carreira como atleta. Morando sozinho em terra estrangeira e sem poder exercer a profissão, ele se sentiu na obrigação de se interessar por outros assuntos além do esporte. Assim, começou a pintar telas, a visitar museus e a ler obras de literatura, filosofia e psicologia. Após algum tempo em tratamento médico e depois de várias sessões de fisioterapia, o jogador recuperou-se plenamente, ficando apto para voltar às atividades normais. Contudo, nesse momento ele já havia se apaixonado pelo universo artístico. Ganhava, além do prazer de jogar bola, novos hobbies, atípicos para os boleiros brasileiros.


Paulo André é considerado atualmente uma das pessoas mais inteligentes dentro do futebol nacional e é um dos líderes do elenco corintiano. Infelizmente, nesse momento uma nova contusão séria o atingiu. Depois de passar por nova cirurgia (a sétima na carreira), o atleta já trabalha no CT do Parque Ecológico do Tietê. Em breve, estará de volta para comandar os mosqueteiros em busca de novas conquistas nos gramados do país e do exterior.


Vou torcer muito para um dia o Paulo André se tornar, como deseja, presidente da CBF. No curto prazo, desejo mesmo é o título da Libertadores para o nosso zagueirão.


3 de março de 2012 – sábado


Depois de dois dias de festas, com o lançamento de livro e a apresentação de um reforço gringo, as atenções dentro do Parque São Jorge se voltam para o jogão de domingo contra o Santos. A partida marcada para o estádio da Vila Belmiro, no litoral paulista, representa o clássico mais antigo do Estado de São Paulo. As duas equipes se enfrentam há quase cem anos. Mesmo os corintianos não vendo os rivais praianos como seus principais adversários (afinal, a maior rivalidade do Bando de Loucos é com o São Paulo e o Palmeiras, equipes da mesma cidade), os santistas têm o Corinthians como seu grande oponente. Sempre foi assim ao longo da história.


A vontade de vencer o Timão é tamanha que a equipe da Baixada Santista marcou a reinauguração do seu estádio, fechado para reformas, justamente para o dia do clássico. A gana em nos vencer é sempre tão grande que me lembro do episódio do ano passado quando o Santos começou a temporada de 2011 com o técnico Adilson Batista. O jovem treinador estava invicto até enfrentar o Timão. A derrota no clássico foi decisiva para sua demissão, semanas depois. Sabendo disso, Muricy Ramalho, atual treinador santista, optou por colocar força máxima em campo, não se importando com a difícil partida no meio da próxima semana contra o Internacional pela Libertadores.


Já pelo lado corintiano, a boa campanha no torneio estadual e a necessidade de vitória na quarta-feira pelo campeonato continental fizeram o técnico Tite optar pela escalação dos reservas. A grande novidade do time corintiano que jogará o clássico em Santos é a presença de Adriano no comando de ataque. O centroavante terá nova oportunidade de atuar desde o início e de provar as evoluções técnicas e físicas. Em sua última partida, contra o Botafogo no Pacaembu, o Imperador marcou um gol logo no início e teve boa atuação.


A preocupação dos torcedores corintianos não é com o ataque (temos boas opções no banco) e sim com a defesa (onde há carência de peças de reposição). Querendo poupar os principais beques, o técnico Tite deverá escalar uma dupla de zaga novata (sendo um deles um garoto de 17 anos, o Marquinhos) e dois laterais com pouca rodagem. Enfrentar a dupla Neymar/Ganso já é normalmente complicado. Agora, quando o jogo é na Vila e entramos com a defesa totalmente reserva, a coisa piora ainda mais! O Timão entrará em campo com: Júlio César; Welder, Wallace, Marquinhos e Ramon; Ralf, Edenílson e Alex; Willian, Jorge Henrique e Adriano.


Mesmo temendo um massacre santista no domingo, achei a atitude do Tite corajosa e acertada. O mais importante para o Timão nesse ano é a Libertadores. O próximo jogo pelo Campeonato Paulista não vale muita coisa. O Corinthians está fazendo uma boa campanha na competição e não será uma derrota amanhã que fará o time do Parque São Jorge deixar a primeira posição na classificação. Só não pode ser goleado pelo rival, tá? Pelo amor de Deus! Essa é a única preocupação que tenho. Quando goleámos o Santos por 7 a 1 em 2005, com show de Carlitos Tevez, aquele jogo entrou para a História. Só devemos ter o cuidado para não acontecer o mesmo domingo, dessa vez com o placar elástico para outro lado.


4 de março de 2012 – domingo


O clássico entre Santos e Corinthians começou agitado. Segundo informações dos repórteres das rádios que cobriam o jogo, alguns torcedores do Timão foram proibidos de entrar na Vila Belmiro com a camisa comemorativa da grande goleada de 2005. Como assim?! Não puderam entrar com uma roupa festiva, hein?! Achei injusta a atitude dos policiais, principalmente porque a camiseta era muito bonita, sendo toda preta e com a inscrição "Eterno 7 a 1" na cor branca.


Como era de se imaginar, a Vila estava lotada para o clássico. O gramado novinho em folha apresentava ótimas condições para a peleja. O técnico Tite, com uma equipe inferior tecnicamente, optou por uma postura bem defensiva. O objetivo era não deixar o Santos jogar. Ele queria voltar para casa com pelo menos um ponto.


A primeira chance de gol surgiu dos pés de Neymar. O jovem atacante arrancou pela esquerda e finalizou. A bola foi para fora. Em seguida, quem teve boa oportunidade foi o Timão. Alex chutou de fora da área. O goleiro do Santos não conseguiu segurar. A bola foi na direção dos pés de Adriano. O centroavante não conseguiu dominar e desperdiçou a ótima chance. Confesso que depois de xingá-lo, ri sozinho da falta de habilidade do atacante do meu time.


A defesa corintiana estava perfeita. O time do Parque São Jorge conseguia neutralizar todas as jogadas ofensivas do adversário. Ralf, nosso cão de guarda, não deixava Neymar respirar. Por causa da boa marcação recebida, o astro santista pouco produziu. O único susto aconteceu quando o Santos fez um gol de cabeça, após cobrança de falta. O bandeirinha anulou corretamente ao constatar impedimento.


O segundo tempo começou como terminou o primeiro. Muita marcação do lado corintiano e pouca produtividade ofensiva do time da casa. Neymar estava irreconhecível. A defesa mosqueteira, formada por Wallace e pelo jovem Marquinhos, se mantinha inspirada! Quem estava muito mal pelo lado corintiano era, adivinhe, Adriano. Sem qualquer mobilidade em campo, o atacante não conseguia fazer nenhuma jogada certa. Ele chegou a perder um gol feito na metade da segunda etapa. Após receber cruzamento de Jorge Henrique, o Imperador ficou cara a cara com o goleiro. Aí ele chutou fraco e para fora. Realmente não dava para contar com ele!


Quando o Corinthians estava melhor em campo, aconteceu o grande lance do Santos. Paulo Henrique Ganso pegou a bola na frente da defesa corintiana e com muita categoria fez um passe sensacional para Ibson. O santista ficou cara a cara com o goleiro Júlio César. Com precisão, estufou as redes. Gol do Santos.


Perdendo, o Corinthians foi para cima e teve novas chances para marcar, mas não teve felicidade nas finalizações. Mesmo com a derrota de 1 a 0, a primeira no campeonato e em jogos oficiais em 2012, a sensação foi que o Timão atuou muito bem. O único problema foi a contusão, nos minutos finais, do zagueiro Wallace. Agora é torcer para que nada de sério tenha acontecido com ele. Bola para frente!


5 de março de 2012 – segunda-feira


A principal discussão nesse começo de semana é sobre o baixo nível técnico do Campeonato Paulista. Os times grandes do Estado (Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras) chegaram a 42 jogos de invencibilidade (28 vitórias e 14 empates) contra as equipes do interior (aí incluindo a Portuguesa). Tal número é um recorde na história do Paulistão. A melhor marca havia sido estabelecida nos torneios de 1930 e 1972, quando os quatro grandes ficaram 36 partidas sem perder para os interioranos.


Como agravante, hoje os principais clubes de São Paulo, diferentemente do passado, jogam muitas vezes com os jogadores reservas nos duelos com as equipes menores. E mesmo assim conseguem triunfar. Quando não saem com os três pontos, pelo menos empatam. O Timão escalou em várias oportunidades seus suplentes nos jogos do torneio estadual. Venceu vários deles. O Santos começou o campeonato com o time reserva (os titulares haviam disputado o Mundial em dezembro e estavam voltando de férias) e derrotou seus fracos oponentes sem problema.


Alguns jornalistas são contra a disputa do Campeonato Paulista. Para eles, as equipes grandes deveriam atuar no Campeonato Brasileiro ao invés de ficarem perdendo tempo com jogos sem nenhuma importância no âmbito local. Outros são contra o excesso de times nas competições regionais. E há quem reclame também do excesso de datas para esse tipo de torneio. O Paulistão ocupa quase quatro meses do calendário esportivo nacional.


Realmente, 20 clubes disputarem o torneio estadual é muita coisa. Há agremiações participando que não têm qualquer estrutura de um time profissional. Muitas dessas equipes do Campeonato Paulista são clubes de Verão. Elas contratam nos primeiros dias do ano entre 22 e 25 jogadores, além do técnico e da comissão técnica. Disputam a competição entre janeiro e o início de maio. Depois, com o término do campeonato, dissolvem o elenco e fecham as portas até o início do ano seguinte. Isso não é futebol profissional nem aqui nem na China (desculpe-me Zizao, mas usei uma expressão típica da nossa língua). Também concordo com os indignados com a extensão da competição. Não é possível deixar Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras disputando o torneio local por intermináveis quatro meses. O Paulistão deveria ser um torneio de pré-temporada com no máximo cinco ou seis semanas de duração.


Há também quem reclame da fórmula de disputa do torneio. Na primeira fase, todos se enfrentam em turno único. Os oito melhores avançam. Com tanto time fraco, é óbvio que as grandes equipes vão figurar entre as oito melhores. Sabendo disso, elas acabam colocando os reservas em campo, desvalorizando ainda mais a competição e desmotivando os torcedores a acompanhar os jogos.


É necessário rever urgentemente o calendário do futebol brasileiro para os próximos anos! Infelizmente, conhecendo nossas federações estaduais e a confederação nacional, é ingenuidade imaginar que algo será feito tão cedo. Quem sabe um dia, né? Quem sabe eu esteja vivo para ver essas mudanças, hein?


6 de março de 2012 – terça-feira


Uma péssima notícia chegou do Parque São Jorge trazida pela equipe médica do clube. O defensor Wallace rompeu os ligamentos do tornozelo esquerdo nos últimos minutos da partida contra o Santos. Em um lance isolado, Wallace ficou com a perna presa no gramado. Na mesma hora, acusou a lesão. Como o time já havia feito as três substituições, o atleta permaneceu em campo até o final do jogo, o que pode ter agravado a situação clínica. Mesmo "baleado", o jogador foi para o ataque e quase fez um gol nos descontos da partida (foi melhor no ataque do que o Adriano!). O zagueiro precisará agora passar por uma cirurgia. Será desfalque certo pelos próximos cinco meses. Em outras palavras, ele está fora da Libertadores de 2012.


Revelado pelo Vitória, Wallace foi destaque no Brasileirão de 2010 jogando pela equipe rubro-negra de Salvador. Chamando a atenção dos dirigentes corintianos, sua contratação foi realizada no início do ano seguinte. Desde então, o bom baiano já disputou 35 partidas pelo Timão e ajudou o Corinthians na conquista do título nacional do ano passado.


Wallace sempre foi o segundo reserva da defesa corintiana. Como os defensores do time sempre tiveram problemas (Paulo André e suas constantes contusões; Chicão com problemas pessoais; e os demais com as suspensões normais por cartões), o baiano acabou entrando em campo em jogos importantes. Foi até improvisado como volante no último jogo do Brasileirão de 2011 contra o Palmeiras, quando o Timão não tinha Ralf suspenso.


Sua contusão é preocupante. Com Paulo André em fase de recuperação da cirurgia no joelho, agora o Corinthians tem apenas dois zagueiros inscritos na Copa Libertadores (Leandro Castán e Chicão). Nada de ruim pode acontecer com eles: não podem se machucar nem ser suspensos por cartão vermelho. Vamos orar para São Jorge proteger nossos defensores. Já que ele vai fazer esse favor para a gente, vamos pedir para proteger logo todos os jogadores do elenco. Afinal, quem protege um ou dois pode cuidar dos trinta atletas do grupo alvinegro, né? Por favor, São Jorge!


O problema na defesa é maior ainda. Na lateral direita, Alessandro continua reclamando de dores e é dúvida. Welder, seu reserva imediato, está vetado para o próximo jogo. O substituto de ambos será o volante Edenílson. A questão é que Edenílson é o único volante verdadeiro no banco de reservas capaz de substituir Paulinho (Ralf, como sabemos, não tem um suplente à altura). Dessa maneira, o Corinthians jogará algumas partidas da primeira fase da Libertadores sem nenhum reserva para a defesa, sem um lateral-direito de origem e sem volantes no banco.


Aí alguém pode perguntar: "O Tite não convocou 25 atletas para a competição sul-americana?". Sim, mas a maioria da nossa lista é de atacantes. Para não desagradar nenhuma das estrelas do setor de frente, o treinador não chamou os defensores na quantidade necessária. A partir desse equívoco, vamos sofrer agora por falta de peças de reposição. Viu São Jorge como você será importante a partir de agora?!


7 de março de 2012 – quarta-feira


Era noite de Timão jogando em casa pela Copa Libertadores. O adversário foi o Nacional do Paraguai. A vitória era tida como obrigação por parte dos comandados de Tite. Afinal, o Cruz Azul, principal adversário do nosso grupo, havia vencido suas duas partidas e já somava 6 pontos na classificação.


A boa notícia para a Fiel Torcida vinha do retrospecto em casa contra times paraguaios. Ao longo das participações corintianas na principal competição do continente, o Timão havia jogado quatro vezes em São Paulo contra os paraguaios. Vencera todos os confrontos, a maioria por goleada. Por outro lado, a má notícia para o bando de loucos estava na péssima pontaria de seus atacantes. Liedson não marcava desde o início do ano. Jorge Henrique, o outro atacante titular nessa noite, tinha um retrospecto pior. A última vez que balançara as redes foi em agosto do ano passado, em jogo do Campeonato Brasileiro. Precisando fazer gols e vencer a partida, o técnico Tite escalou o Corinthians com: Júlio César; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Jorge Henrique e Liedson.


O jogo começou bem nervoso. Tentando ir para o ataque de forma afobada, o Timão errava as finalizações. Paulinho arriscou um chute de fora da área que foi defendido pelo goleiro adversário. Depois, uma série de arremates seguidos fizeram o camisa 1 paraguaio trabalhar muito. O gol ia amadurecendo. E ele veio em uma falha do arqueiro do Nacional, que até ali fazia uma boa partida. O goleirão soltou uma bola aparentemente fácil nos pés de Danilo. O meio-campista corintiano teve calma para empurrar a redonda para dentro das redes. 1 a 0 e festa preta e branca no Pacaembu.


O gol obrigou o Nacional a atacar no segundo tempo. Os paraguaios tiveram algumas chances para marcar, mas pararam sempre nas defesas seguras de Júlio César. A arma corintiana era matar o jogo nos contra-ataques. Em um desses contragolpes, Edenílson iniciou a jogada pela direita e Jorge Henrique completou o cruzamento de peito. A bola morreu dentro da meta. O Timão fazia 2 a 0 e o camisa 23 decretava o fim do jejum de sete meses sem gol. Comemoração dupla no estádio. Alívio nas arquibancadas. Os 3 pontos pareciam garantidos. Os minutos finais de partida foram de mais pressão alvinegra. Liedson tentou fazer o seu, mas não conseguiu. Apesar do Levezinho não ter marcado, os atacantes corintianos tiveram boa atuação, o que deixa a Fiel mais tranquila para a sequência da competição.


Agora o Corinthians soma 4 pontos e se isola na vice-liderança do grupo. Lá na frente estão os mexicanos do Cruz Azul com 6. Os venezuelanos do Deportivo Táchira mantêm o ponto ganho na primeira rodada (são os terceiros colocados), enquanto os jogadores do Nacional do Paraguai continuam sem marcar nenhum (estão na lanterna do grupo). A classificação corintiana para a próxima fase deverá ser decidida nos próximos dois confrontos, ambos contra o Cruz Azul. O primeiro jogo será no México e o segundo aqui em São Paulo. Para ficar em primeiro lugar no grupo, o Timão precisará, pelo menos, vencer um dos jogos contra os mexicanos e empatar o outro. Precisamos de 4 pontos nas próximas rodadas da Liberta. Essa é a nossa meta agora.


8 de março de 2012 – quinta-feira


O dia seguinte à primeira vitória na competição continental foi de muita satisfação para jogadores e comissão técnica do Timão. O placar de 2 a 0 contra o Nacional do Paraguai demonstrou a estabilidade da equipe de Tite. O poder ofensivo também melhorou. Depois de muitas vitórias pela diferença mínima e conseguidas através de muito sufoco, o Corinthians finalmente venceu bem, sem agonia. “A equipe conseguiu uma vitória segura, tranquila e sem sustos, graças a Deus com dois gols”, disse Leandro Castán ao final da partida.


Todo corintiano sabe como as vitórias e as conquistas de seu time do coração são sofridas e dramáticas. Entretanto, nesse ano, elas têm superado em muito os teores aceitáveis de dramaticidade. Se os jogos continuarem nessas condições, até o final do ano haverá dezenas, centenas ou quem sabe milhares de torcedores sofrendo de sérios problemas cardíacos. Eu, provavelmente, serei um deles. A vitória de ontem, pela maneira natural e tranquila como foi obtida, trouxe paz e serenidade para a alma da Fiel Torcida. Alguns amigos corintianos acharam que foi uma partida chata, sem graça. Possivelmente pensam assim por que não estejam mais acostumados a vencer sem sofrer tanto, ainda mais na Libertadores.


Já pensando em obter o rendimento máximo de seus principais atletas na próxima semana contra o Cruz Azul, no México, o treinador corintiano já confirmou a escalação dos reservas para o jogo de sábado do Campeonato Paulista. O adversário será o Guarani. O adversário do Timão no próximo final de semana, após passar por grandes dificuldades durante todo o ano passado e cair para a Série C do Brasileiro, vive agora tempos melhores. O Bugre faz uma ótima campanha no estadual. Se o Guarani não assusta como em outros tempos, pelo menos tem um bom time em 2012.


Com os reservas em campo, Adriano deve começar novamente uma partida desde o início. Se o Imperador realmente melhorar física e tecnicamente pode até ser aproveitado no jogo do México. Essa é a opinião do diretor de futebol, Roberto de Andrade. “Eu não posso responder pelo Tite, mas sábado ele vai jogar. Tudo indica que sim. Eu acredito que ele deva ir ao México. Também não sei se vai, mas acredito que sim. Agora, se joga ou não é o treinador quem escala. Se ele está apto a isso? Acredito que sim”, disse o cartola em uma entrevista à Rádio Bandeirantes.


Até agora, o atacante carioca tem oscilado muito. Ele foi o melhor em campo na vitória sobre o Botafogo de Ribeirão. E foi o pior na derrota para o Santos. Um atleta com o nome do Adriano e com o seu potencial não pode ser tão inconstante assim.


Para sábado, o ataque corintiano estará bem servido. Além do Imperador, devem entrar em campo, no Pacaembu, Douglas, Willian e Emerson Sheik. É um time de respeito do meio de campo para frente. Os corintianos podem esperar muitos gols dessa escalação. Há alguns anos, nos tempos das vacas magras, eu não acreditaria se me dissessem que esse seria o quarteto de frente do Corinthians em uma partida sem os titulares. Incrível como os tempos mudam, né? Vai Curintia!


9 de março de 2012 – sexta-feira


A sexta-feira foi marcada pelas repercussões dos incríveis jogos ocorridos na noite anterior que envolveram dois grandes craques do futebol mundial. Lionel Messi fez cinco gols em jogo válido pela Copa dos Campeões da Europa. O seu Barcelona venceu o Bayer Leverkusen por 7 a 0. Somente o meio-campista argentino fez meia dezena, batendo o recorde de gols marcados por um jogador em uma mesma partida da principal competição europeia de clubes. Messi, indiscutivelmente, é hoje o melhor atleta em atividade do planeta. Se formos comparar, ele fez cinco gols em 90 minutos. Liedson e Jorge Henrique fizeram juntos apenas dois gols nos últimos três meses!


Outro que encantou os torcedores foi Neymar. No clássico brasileiro da Libertadores da América, o Santos venceu o Internacional de Porto Alegre por 3 a 1. O jovem atacante anotou os três gols de seu time. Se Messi fez cinco contra "apenas" três do brasileiro, os dois últimos de Neymar foram duas obras-primas. Eles poderiam muito bem ter valido por dois gols cada um. Dessa maneira, os dois craques teriam marcado o mesmo número de tentos na noite. Os gols de placa de Neymar foram construídos em jogadas parecidas: o atacante arrancou do meio de campo, driblou quase o time inteiro do Internacional e empurrou a bola para dentro da meta. Ele fez isso duas vezes na mesma partida. Incrível! Já estou começando a ficar com medo de pegar esse cara nas fases finais da Libertadores. Já pensou? E o que dizer de enfrentar Messi e o seu Barcelona na final do Mundial Interclubes, hein? Seria sensacional!


Enquanto as estrelas dos outros times surpreendem positivamente, o antigo craque Adriano surpreende negativamente. Sem maiores explicações, o atacante foi cortado da partida contra o Guarani. Até ontem, ele estava confirmado para disputar o jogo. Hoje à noite, contudo, chegou a notícia de que ele fora descartado pelo técnico Tite tanto do próximo confronto pelo estadual quanto da viagem ao México.


Os indícios de haver algo de podre no reino corintiano foram percebidos na atividade da manhã. Tite escalou Élton para formar a frente do time com Emerson Sheik e Willian nas pontas. Onde estaria Adriano? A explicação veio na entrevista coletiva da tarde. O treinador justificou: "Adriano está fora da equipe, fora da concentração. Não treinou como eu gostaria que treinasse durante a semana. Por isso está fora". E depois complementou: "Os trabalhos (dele) nessa semana não tiveram aplicação, intensidade e dedicação tal qual os outros (jogadores). Essa situação foi determinante". Irritado com a situação, o técnico teve que responder inúmeras vezes aos questionamentos dos jornalistas. Mostrando-se muito decepcionado com o atleta, Tite finalizou: “Peço para vocês, de forma respeitosa, que não me perguntem mais a respeito do Adriano. Temos um jogo importante amanhã. Vivo um momento profissional importante. O Corinthians é maior que qualquer coisa. Sigam o feeling de vocês, a percepção de vocês. Futebol é alguma coisa muito responsável, importante”.


Em suma, o Imperador deve ter aprontado mais uma das suas e dessa vez o técnico perdeu a paciência. Só pode ser isso! Como o gaúcho é um cara correto, não quis expor o real motivo à imprensa. Essa é a minha opinião, mas posso estar errado.


10 de março de 2012 – sábado


Sem Adriano, a formação do Corinthians que entrou em campo contra o Guarani, no Pacaembu no sábado à noite, foi composta por: Danilo Fernandes; Edenílson, Marquinhos, Antônio Carlos e Ramon; Gomes, Ramírez e Douglas; Emerson, Willian e Élton. Destaque para a dupla de zagueiros: Marquinhos e Antônio Carlos. Ambos são campeões da Copa São Paulo de Juniores e vieram recentemente das categorias de base do clube. Como Wallace e Paulo André estão no departamento médico, os garotos precisaram ir ao gramado.


Pouco mais de 15 mil pagantes compareceram ao estádio para ver o líder do campeonato. Uma vitória deixaria o Timão na ponta da tabela. Mesmo atuando com os reservas, o Corinthians era o franco favorito. O time campineiro era o sexto colocado do Paulistão com sete vitórias, um empate e quatro derrotas.


O primeiro tempo foi bem equilibrado. Cada uma das equipes teve duas grandes oportunidades para marcar. As jogadas do Guarani pararam todas nas mãos do bom goleiro corintiano Danilo Fernandes. Já as chances do Timão foram de Edenílson e de Élton. A jogada do hoje lateral-direito foi para fora, enquanto a do centroavante substituto de Adriano foi parar dentro das redes. O gol aconteceu aos 25 minutos em grande jogada individual de Emerson. O atacante passou para o lateral-esquerdo Ramon, que cruzou. Na pequena área, Élton de maneira um tanto atrapalhada dominou a bola e chutou. Gol! Corinthians 1 a 0.


O segundo tempo foi totalmente dominado pelo time da casa. As melhores jogadas do Timão eram criações de Emerson. Infelizmente, o goleiro bugrino não permitiu ao camisa 11 balançar as redes. Quem perdeu um gol incrível foi William. A jogada fez lembrar até o atacante Deivid do Flamengo, especialista nessa prática e famoso após desperdiçar lance inacreditável contra o Vasco há algumas semanas. William driblou o goleiro do Guarani e, sem ninguém à frente, chutou na trave. Santo Deus!!!


As coisas pareciam ficar mais fáceis quando um zagueiro do Guarani foi expulso ao receber o segundo cartão amarelo. Com um a mais, ao invés de melhorar, o Corinthians misteriosamente piorou. É muito estranho como essa equipe se comporta quando fica em vantagem numérica em campo! Igualzinho ao que aconteceu no jogo em Mogi Mirim (quando vencendo e com um homem a mais, a equipe de Tite recuou, deu espaço para o adversário e tomou o empate no finalzinho), o Guarani fez seu gol no último minuto. O defensor Antônio Carlos, herói da conquista da Copa São Paulo com dois gols na final, falhou e cometeu pênalti infantil em cima do atacante campineiro. O capitão do time visitante cobrou bem e fez: 1 a 1. Obviamente, os jogadores corintianos saíram vaiados do Pacaembu.


O Timão só não perdeu a liderança porque o vice-líder Santos, com os reservas, saiu derrotado do jogo para o Mogi Mirim no interior (foi a primeira derrota de um time grande para um clube pequeno nesse campeonato). Dessa maneira, o Corinthians foi para 30 pontos na classificação geral e o time praiano permaneceu com 27.


11 de março de 2012 – domingo


De manhã, tinha acabado de chegar do parque, onde fui correr, quando Thalita me convidou para almoçar. Depois da refeição, pelos planos dela, iríamos ao cinema. Se eu não estiver enganado, acho que já falei da Thalita no O Ano que Esperávamos Há Anos. Ela me foi apresentada no ano passado por um amigo em comum. Se você não estiver lembrado(a), Thalita é aquela moça divertida que não entende nada de futebol (por isso é são-paulina) e que gosta de conversar enquanto assiste às partidas de tênis.


Depois do almoço, rumamos para o cinema. Estando em débito comigo por ter escolhido os últimos filmes, minha amiga me deixou escolher o longa-metragem dessa vez. Aleluia, aleluia, aleluia! Para quem achou a atitude da Thalita fofinha, saiba que eu fui obrigado a ver algumas comédias românticas nas últimas visitas às telonas (incluindo uma sessão em pleno Corinthians e Palmeiras do primeiro turno do Brasileirão do ano passado!!!). Com o consentimento da dama ao meu lado, não precisei pensar muito para propor o que assistir. A opção foi por "Heleno", o filme do ex-jogador de futebol dos anos 1940. Thalita não gostou, à princípio, da minha escolha. Na entrada da sala, fui perguntado se eu estava me vingando dela. Imagina!


O filme é muito bem-feito e poético. Diferentemente da expectativa inicial, o futebol fica apenas no pano de fundo da história. O longa-metragem retrata a vida pessoal e a trajetória profissional de Heleno de Freitas. Ele foi o primeiro jogador considerado craque em seu tempo e viveu como uma grande estrela da bola. Excelente atacante, Heleno tinha alguns comportamentos destrutivos. Era nervoso dentro de campo e boêmio fora dele. Fumava e bebia compulsivamente, não gostava de treinar, era muito namorador e brigava com os companheiros de time e com o técnico. Era também narcisista, intratável e levava um vidão de pop star. Ou seja, era o protótipo do jogador de futebol moderno. É só imaginarmos Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Ronaldo Fenômeno e Romário vivendo no Rio de Janeiro na metade do século XX.


Por suas atitudes autodestrutivas, Heleno de Freitas rapidamente ficou doente e perdeu o esplendor dentro de campo. Criou também uma série de inimizades por onde passou. Com isso, acabou sendo descartado da Seleção Brasileira que jogaria a Copa do Mundo de 1950. Muito debilitado pelas complicações provocadas pela sífilis e viciado em lança-perfume e éter, o craque precisou ser internado em um sanatório. O filme é belíssimo, apesar da triste história narrada. Ao final da sessão, Thalita já estava novamente animadinha. Na certa, ficou desconcertada por não ter visto algo vinculado exclusivamente ao futebol e sim um ótimo enredo dramático.


Ao retornar para casa à noite, acompanhei os resultados do Paulistão. O Palmeiras venceu o Botafogo em Ribeirão Preto por 6 a 2 e alcançou a vice-liderança com 29 pontos (1 a menos do que o Timão). O São Paulo venceu o clássico paulistano disputado contra a Portuguesa por 2 a 1 e ficou logo atrás com 28. O Santos vem em quarto com 27. Sabe de uma coisa: o filme do Heleno deveria ser passado para todos os jogadores atuais. Eles poderiam aprender alguma coisa com os erros alheios, né?


12 de março de 2012 – segunda-feira


Essa segunda-feira foi a mais agitada do futebol brasileiro em 2012 até agora. De manhã, foi anunciada a saída definitiva do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ricardo Teixeira deixou o cargo de comando na entidade máxima do futebol nacional. A renúncia do cartola abrangeu a presidência do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, acumulada por ele há alguns anos. A saída de Ricardo Teixeira foi motivada pela série de denúncias de corrupção que ele estava recebendo. Com isso, o genro de João Havelange perdeu o apoio conseguido em Brasília e junto à Fifa. As mídias nacional e internacional também eram contrárias à permanência do dirigente. Vários protestos e passeatas foram feitos em cidades brasileiras pedindo a saída do presidente da CBF. Desgastado, com problemas de saúde e com medo de ter seus bens bloqueados pela Justiça, Teixeira vendeu todos os seus negócios no país e fugiu para os Estados Unidos, onde planeja morar.


Em seu lugar, ficou o vice-presidente da CBF, José Maria Marin. Ele é ex-governador do Estado de São Paulo. O grande feito de Marin, nesse ano, foi ter roubado uma medalha na final da Copa São Paulo de Juniores. Ao invés de colocar a medalha no pescoço do atleta campeão, ele sorrateiramente colocou-a no bolso da calça. Para seu azar, a cena estava sendo filmada pelas câmeras de televisão. Ou seja, as coisas mudaram na CBF para continuar exatamente iguais.


A principal notícia da semana para a nação corintiana foi dada à tarde. Adriano não é mais jogador do Sport Club Corinthians Paulista. Em nota publicada pela diretoria alvinegra, após um entendimento entre as duas partes, o contrato do atleta foi rescendido amigavelmente. Está, portanto, explicada a ausência do jogador na partida de sábado passado contra o Guarani e a retirada de seu nome da delegação corintiana que viajou horas depois para o México. Naquela oportunidade, o técnico Tite ficou muito irritado. Ele disse ter preterido Adriano por causa da baixa dedicação do camisa 10 aos treinos.


“Fizemos tudo que estava ao nosso alcance e chegamos à conclusão de que era melhor encerrar o contrato. Ele também achou isso”, disse à rádio Globo o diretor de futebol Roberto de Andrade. "Não seria motivo para dispensá-lo só treinar mal. No caso do Adriano é uma somatória (de fatos). Quantas e quantas vezes viemos a público para explicar situações do jogador. É uma gota d’água que, quando cai no copo cheio, transborda. Não foi um fato isolado”, complementou Andrade.


A minha sensação é de alívio. Antes tarde do que nunca! Adriano não merecia estar no elenco corintiano há muito tempo. Sem vontade para jogar, ele faltou a vários treinos, estava gordo, não tinha mobilidade em campo e semanalmente se envolvia em confusões. Sua vida pessoal era um caos. E, acredite se quiser, era o jogador mais bem pago do elenco, com salário mensal de aproximadamente R$ 350 mil.


Adeus, Adriano. Adeus, Ricardo Teixeira. O Timão e o futebol brasileiro ficam, respectivamente, melhores sem vocês.


13 de março de 2012 – terça-feira


Amanhã, teremos o primeiro grande jogo do Timão na Libertadores de 2012: Cruz Azul e Corinthians na Cidade do México. O adversário vem de duas vitórias e lidera o grupo com 6 pontos. O alvinegro do Parque São Jorge vem de uma vitória e um empate. Temos 4 pontos e estamos na vice-liderança.


O plano do técnico Tite é sair deste jogo com um empate. Aí na próxima semana, em novo duelo contra os mexicanos, em São Paulo, a ideia é vencer. Assim, poderemos roubar a ponta na tabela. O único problema é o retrospecto corintiano em jogos dos torneios continentais em território mexicano: são 4 jogos e 4 derrotas. O Timão não conseguiu fazer sequer um gol. Em 2000, derrota para o América por 2 a 0. Em 2003, goleada para o Cruz Azul por 3 a 0. Em 2006, derrota para o Tigres por 2 a 0. Essas partidas foram pela Copa Libertadores. Em 2005, o Corinthians foi novamente superado por 3 a 0 para o Pumas pela Copa Sul-Americana. Será necessário acabar com esse longo e incômodo tabu para a estratégia do técnico gaúcho dar certo.


Pelas notícias vindas da América do Norte, o elenco corintiano está tranquilo e focado para o jogo. A confusão provocada, no Brasil, pela demissão de Adriano parece não ter causado mal-estar entre os jogadores. A sensação é de que muitos deles já até previam esse desfecho. A preocupação dos atletas é agora outra: a altitude de 2.400 metros da capital mexicana. Em um ambiente rarefeito, a respiração dos jogadores fica dificultada, além da bola ganhar velocidade.


“Já tive outras experiências (com a altitude). Vim para cá para jogar contra o Pumas, quando estava no Grêmio. E contra o Chivas, pelo Inter. É preciso uma grande atenção na trajetória da bola. Com o gramado baixinho e o campo molhado, a velocidade (da bola) é maior. No tempo da bola aérea tem que ter atenção. Sente um pouco o nariz e a garganta, mas é do jogo”, comentou Tite sobre os efeitos climáticos da capital mexicana na entrevista coletiva para a imprensa brasileira.


O Corinthians tem amanhã a responsabilidade de conquistar o primeiro ponto de sua história em terras mexicanas. A escalação será igualzinha a da vitória contra o Nacional do Paraguai, na segunda rodada da competição continental: Júlio César; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Alex; Jorge Henrique e Liedson.


Algo que chamou a atenção dos brasileiros que foram ao México para acompanhar seu time foi o preço dos ingressos. Enquanto os tickets para os não-sócios do Fiel Torcedor custam entre R$ 200,00 e R$ 500,00 no Brasil (os outros ingressos já estão esgotados), os torcedores do Cruz Azul dispõem de entradas no valor de R$ 5,70 a R$ 11,50. Assim, se algum torcedor corintiano morador da cidade de São Paulo encontrar passagem aérea para a cidade do México em promoção ou utilizar suas milhas ganhas nos programas de fidelidade das companhias áreas, pode sair mais barato assistir ao confronto de amanhã no Estádio Azul do que acompanhar o jogo da próxima semana entre essas mesmas equipes no Pacaembu. Curiosa esta situação, né?


14 de março de 2012 – quarta-feira


O jogo do Timão contra o Cruz Azul, pela Libertadores, começou às 22 horas. A única vantagem das partidas serem tarde da noite na quarta-feira é que é possível assisti-las mesmo quando você se atrasa muito. Podem-se marcar vários compromissos depois do trabalho, fazer cursos noturnos, passear com a namorada e até frequentar os happy hours mais animados da cidade. E mesmo assim, a chance de perder a partida é baixa. Lembro-me dos tempos da faculdade quando saía mais cedo da última aula da noite e ainda chegava em casa no início do segundo tempo. Ou quando namorava e tinha de abandonar a primeira-dama, correndo para o bar mais próximo para acompanhar os lances do Timão (desculpe-me, Íris, agora você descobriu o motivo das minhas fugas repentinas às quartas-feiras).


Cheguei, hoje, em casa bem tarde para o meu padrão. Mesmo assim, o relógio da sala não marcava dez horas da noite. Faltavam três minutos para o pontapé inicial do grande jogo. Sem ter tempo para tomar banho ou para comer, me ajeitei no sofá, liguei a televisão e me preparei para acompanhar a saga corintiana em terras estrangeiras. O Estádio Azul não estava lotado, mas recebia um ótimo público.


A partida começou com o Corinthians dominando o adversário e não dando espaço ao oponente. A primeira chance de gol foi do Timão. Alex chutou forte de fora da área. A bola saiu. Uhhhhh. O clube paulista tinha até um bom volume de jogo, mas seu ataque não era efetivo. Os atacantes não aproveitavam as chances criadas pelos meio-campistas e pelos laterais. Com o passar do tempo, o Cruz Azul passou a se aventurar ao ataque. Com o apoio de sua animada torcida, os mexicanos criaram três boas chances para inaugurar o placar. Todas foram defendidas pelo goleiro Júlio César. A melhor oportunidade foi corintiana e veio no finalzinho do primeiro tempo. O zagueiro do Cruz Azul tentou cortar uma bola e quase fez gol contra. Sorte dele que o goleiro do time da casa fez uma bela defesa e salvou o patrimônio.


O segundo tempo foi muito mais emocionante. O Timão colocou os mexicanos na roda. As oportunidades de gols se intensificaram. Liedson (uma vez) e Paulinho (por duas vezes) perderam gols incríveis. Por muito pouco, o Corinthians não acabava com o tabu de não marcar naquele país em jogos oficiais. O problema maior de não ter aberto o marcador foi ter dado espaço aos mexicanos para eles contra-atacarem. Aos poucos, o Cruz Azul foi criando suas oportunidades. No último minuto, Chicão salvou um gol certo do adversário em cima da linha. Ufa! Essa foi por pouco. Na sequência, já nos descontos da partida, o Timão puxou um contragolpe veloz e Paulinho ficou novamente na frente do goleiro. O chute saiu forte, mas foi para fora.


Placar final: 0 a 0. Apesar de o resultado ter sido bom para os brasileiros, ficou uma sensação um tanto estranha no ar. A impressão era que se o Corinthians tivesse caprichado um pouco nas finalizações, poderia ter saído com os três pontos do México. Essa equipe cria, cria e cria jogadas, mas não aproveita as oportunidades. Esse é o mal do time corintiano na Libertadores e no Campeonato Paulista. A defesa está dando conta do recado, enquanto o ataque está deixando a desejar faz algum tempo.


15 de março de 2012 – quinta-feira


Após o bom empate fora de casa, a decisão pela liderança do grupo 6 da Liberta ficou para o jogo de volta no Brasil, na semana que vem. Os jogadores do Timão chegaram hoje à São Paulo, pelo aeroporto de Cumbica, esbanjando confiança. Todos ressaltavam a boa atuação e o ponto conquistado. O treinador valorizou a forma inteligente da equipe jogar, não dando espaço para o adversário e dominando, segundo suas palavras, dois terços do jogo. O único aspecto a se lamentar era a falta de pontaria do ataque. “Teve desempenho para vencer o jogo. Talvez por infelicidade ou maior treinamento (não conseguimos). Precisa traduzir esse volume maior em gol”, disse Tite.


Segundo o Datafolha, o Timão chutou 14 vezes ao gol adversário. Somente uma bola foi corretamente na direção da meta (e foi defendida pelo goleiro do Cruz Azul). A outra bola que foi ao gol foi chutada pelo próprio defensor mexicano. Novamente, o goleiro salvou o que seria um gol contra. Liedson agora chegou a 10 partidas sem marcar em 2012. É muito pouco para quem foi artilheiro do time no ano passado.


Obviamente, os jogadores não falaram sobre isso, mas a sensação unânime da Fiel Torcida é que o Cruz Azul não aguentará a pressão de jogar no Pacaembu lotado. Em casa, com o apoio de sua fanática e barulhenta torcida, o Timão deve vencer o jogo. Provavelmente não será fácil (afinal, quando o Corinthians venceu uma partida tranquilamente?!), mas a vitória deve vir. Conversei com vários amigos corintianos hoje e todos aprovaram a forma como o time está jogando. Para eles, o técnico Tite está colocando em campo uma formação com cara de Libertadores. A equipe defende bem, toca bem a bola e consegue dominar o adversário sem correr grandes riscos. O único problema é o baixo poder de conclusão dos atacantes. As finalizações equivocadas estão tirando o sono de toda a nação corintiana.


Como será agora sem o Adriano, hein? Liedson está muito mal, tanto técnica quanto fisicamente. E, desde segunda-feira, não há um substituto à altura do Levezinho. Élton e Bill, os outros dois centroavantes do elenco corintiano, não têm a menor condição para entrar em campo em um jogo internacional, pelo amor de Deus! É preciso a contratação de um novo homem de frente com urgência. Trata-se da única peça faltante para a engrenagem corintiana ficar perfeita.


Por isso, volta-se a especular sobre um provável retorno de Carlitos Tevez ao Parque São Jorge. De novo essa história??! Não entendo os dirigentes. Se o empresário do argentino já disse que ele irá continuar na Europa, por que insistir nessa questão e iludir o torcedor? Além do mais, essa é uma negociação muito cara. Sinceramente, não a considero boa financeiramente (tecnicamente, Tevez é melhor do que todos os atacantes corintianos juntos). Porém, contratação cara é quando o jogador fica ganhando sem mostrar interesse em jogar, como era o caso do Imperador. Essa sim foi uma contratação caríssima. Agora, se Tevez vier por alguns milhões de euros e conseguir conquistar a Libertadores para a gente, terá sido a contratação mais barata da história. Acho improvável ele vir, mas não custa sonhar.


16 de março de 2012 – sexta-feira


A sexta-feira foi calma no Centro de Treinamento Joaquim Grava. Parte dos jogadores titulares apenas correu em volta do campo principal. Na lista de quem foi ao gramado para a corridinha marota tivemos Chicão, Ralf, Edenílson, Fabio Santos e Leandro Castán. Paulinho apareceu, mas ficou de chinelo acompanhando o treino dos reservas. Os demais atletas preferiram se recuperar na academia. A partida de quarta-feira foi desgastante e a longa viagem de volta da Cidade do México na quinta-feira também foi extremamente cansativa.


Tite já definiu que vai escalar os jogadores suplentes para o jogo contra o Comercial no próximo domingo em Ribeirão Preto pelo Paulistão. A equipe corintiana será a mesma do empate com o Guarani na última rodada. A exceção será a entrada de Welder na lateral direita na vaga do agora integrante da equipe titular Edenílson. Dessa maneira, o Timão jogará com: Danilo Fernandes; Welder, Marquinhos, Antônio Carlos e Ramon; Gomes, Ramirez e Douglas; Willian, Élton e Emerson.


Líder do torneio estadual com 30 pontos, o Corinthians está a apenas um ponto à frente do rival Palmeiras. Por isso, precisa vencer o próximo compromisso para permanecer na atual posição da tabela de classificação. O Comercial é o lanterna do Paulistão com apenas 7 pontos ganhos. Ou seja, não deve trazer muitos inconvenientes para os reservas corintianos. Vai para cima deles, Timão!


Agora falemos um pouco de fofoca. A saída de Adriano ainda tem sido tema de conversas nos bastidores do clube. Alguns diretores afirmam que o afastamento definitivo do atacante do Parque São Jorge foi ocasionado por problemas com a bebida. O atleta teria dificuldade para ficar longe do álcool. Como consequência, engordava constantemente. Há quem diga que o Imperador já estaria negociando sua volta ao Flamengo. Diante de tantos boatos, é difícil saber em quem acreditar.


Sem Adriano, o Corinthians também não terá Chen Zhi Zhao. O chinês contratado oficialmente no começo do mês se machucou nessa semana. Ficará, assim, 30 dias sem poder treinar. O problema com o atacante asiático foi ocasionado por uma luxação no ombro esquerdo quando realizava atividade com bola no Centro de Treinamento. Sinceramente, não se trata exatamente de um desfalque para Tite. A baixa será mais do departamento de Marketing. E por falar nisso, Zizao tem se destacado bastante fora das quatro linhas. Ele participou de vários eventos e se mostrou muito simpático.


Dentro de campo, nos treinamentos, o desempenho do chinês ainda é uma incógnita. Já li matérias jornalísticas dizendo que Zizao é um ótimo chutador de bolas paradas, tendo alcançado excelente índice de acertos nos treinamentos. Em outras reportagens, os repórteres esportivos afirmam que o atacante asiático é um péssimo batedor de pênaltis, não acertando quase nenhuma cobrança. Como pode o cara ser bom em bola parada e péssimo em pênaltis, hein? Juro que não tenho uma opinião formada sobre a qualidade técnica do atleta. Prefiro vê-lo nas ações de Marketing a tê-lo dentro das quatro linhas jogando pelo meu time.


17 de março de 2012 – sábado


Algo passou meio despercebido pela maioria dos torcedores do Timão no último jogo. Chicão voltou a ser o capitão do Corinthians. Além disso, o defensor foi decisivo para a manutenção do empate do time brasileiro na partida contra o Cruz Azul. Ele salvou uma bola em cima da linha no último minuto. Eu disse NO ÚLTIMO MINUTO!!!


O camisa 3 já foi o capitão do time do Parque São Jorge. Ele carregava a braçadeira desde o início do ano passado. Chicão assumiu o posto de liderança do zagueiro William, seu antecessor, que se aposentou no término da temporada de 2010. Nascido em Mogi Guaçu, interior paulista, e atualmente com 30 anos, Anderson Sebastião Cardoso (Chicão é apelido) disputou a maioria dos jogos de 2011 como capitão. Isso até a fatídica tarde de 20 de setembro, véspera do jogo contra o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro. Desejando melhorar o sistema defensivo que estava tomando muitos gols pelo alto, o técnico Tite resolveu sacar o camisa 3 do time. Promoveu, assim, a entrada do zagueiro reserva Paulo André, mais alto e melhor nas cabeçadas. Chicão não gostou da atitude do treinador e pediu para não ficar no banco de reservas naquele jogo contra o tricolor paulistano.


Sem nenhum defensor na suplência, o Timão foi para o Morumbi. Com muita raça, conseguiu segurar um empate na casa do seu grande rival. O placar final ficou em 0 a 0. A reação de Chicão foi recebida da pior maneira possível dentro do elenco de jogadores, pela comissão técnica, pelos dirigentes e pelos torcedores corintianos. Muita gente chegou a pedir que o atleta fosse negociado ou expulso do clube. Entretanto, Chicão foi apenas afastado pela comissão técnica por alguns dias. Percebendo seu erro, o camisa 3 pediu desculpas ao Tite e aos companheiros. Ele continuou treinando normalmente e foi escalado, mais tarde, em algumas partidas daquele campeonato. Afinal, os titulares precisaram se ausentar por suspensões ou contusões.


O ano de 2012 começou com Chicão no banco. Paulo André e Leandro Castán se transformaram na nova dupla de zaga titular do Coringão. A função de capitão passou a ser desempenhada pelo lateral Alessandro. Com as recentes contusões do titular Paulo André e do reserva Wallace, Chicão voltou à equipe principal. E na partida contra o Cruz Azul, recebeu novamente a faixa de capitão (Alessandro estava ausente).


"Eu me senti muito bem voltando a ter essa função. Já fui capitão da equipe e sei a responsabilidade que é. Independentemente de ser o capitão ou não, tento mostrar ao treinador e aos companheiros que podem confiar em mim dentro de campo para exercer essa liderança. Isso é o mais importante", disse o zagueirão na chegada ao aeroporto de Cumbica em São Paulo.


Parabéns, Chicão! Você conseguiu dar a volta por cima, sem reclamar nem culpar os outros pelos seus erros. Para os que trabalham corretamente, as coisas boas acontecem naturalmente. Todos nós estamos sujeitos a cometer erros, mas o caráter das pessoas é medido pela forma como elas superam as adversidades. Chicão é o capitão perfeito para um time campeão.


18 de março de 2012 – domingo


Estamos na 14ª rodada do Campeonato Paulista. Ontem, na abertura dos jogos do final de semana, o Palmeiras venceu em casa a Ponte Preta por 2 a 1. O Palestra pulou, assim, para a ponta da tabela de classificação. Além de líder, a equipe de Luiz Felipe Scolari continua invicta na competição (9 vitórias e 5 empates). Apesar dos palmeirenses estarem eufóricos, para mim o Palmeiras está um nível abaixo do São Paulo e dois aquém de Santos e Corinthians.


Por causa da desgastante viagem ao México, os atletas titulares do Timão foram poupados do confronto desse domingo contra o fraco time do Comercial, em Ribeirão Preto. Os reservas foram enviados a campo mais uma vez no torneio estadual.


O primeiro tempo foi bem movimentado. O Corinthians levou muito mais perigo ao gol adversário. Querendo mostrar ao técnico que estava recuperado de contusão e que poderia voltar ao time titular, Emerson Sheik se destacava positivamente. O atacante carioca chutou duas bolas na trave, sendo uma delas antecedida por uma arrancada magnífica do campo de defesa. Apesar do domínio corintiano, quem abriu o marcador foi o time da casa. Após um chute forte de fora da área, o Comercial fez 1 a 0. Não deu tempo para a equipe do interior comemorar. Logo em seguida, Élton foi agarrado dentro da área. O juizão marcou pênalti. Emerson cobrou e igualou o placar.


No segundo tempo, o panorama mudou. Quem voltou melhor foram os atletas ribeirão-pretanos. Após cobrança de escanteio, o Comercial fez 2 a 1. Com o Timão olhando o adversário jogar, o Comercial chegou ao terceiro gol. Ainda bem que o juiz anulou. Contudo, mais alguns minutos e a equipe da casa fez outro gol, esse sim legítimo. Dessa vez, a defesa corintiana contribuiu para a bola alcançar as redes de Danilo Fernandes. 3 a 1 no placar do Estádio Palma Travassos.


Vendo a apatia de seus comandados, Tite promoveu alterações no ataque. Colocou Gilsinho, Vitor Júnior e Bill. Com um time mais ofensivo, o Timão foi para cima do adversário. E o que parecia impossível aconteceu. No último minuto regulamentar, em cobrança de escanteio de Vitor Júnior, Gilsinho cabeceou para dentro do gol e diminuiu a diferença. Na sequência, já nos descontos da partida, Bill fez um cruzamento da direita. O goleiro do Comercial não conseguiu segurar a bola e ela caiu na frente do lateral-esquerdo Ramon. Rápido e decisivo, o lateral só precisou chutar a bola para dentro da meta adversária. Gol do Coringão!!! 3 a 3. Incrível empate!


O Corinthians conseguiu um empate com sabor de vitória em Ribeirão Preto. Assim como havia acontecido na última quarta-feira no jogo do México, os corintianos saíram do estádio felizes com a igualdade no marcador. O problema ficou restrito à tabela de classificação. Com os dois pontos perdidos hoje, o Timão caiu para o terceiro lugar. O líder é o Palmeiras com um ponto a mais (32). O São Paulo é o segundo com o mesmo número de pontos do alvinegro da capital (31), mas com saldo de gols melhor (15 a 10). O Santos estacionou nos 27 pontos, na quarta posição.


19 de março de 2012 – segunda-feira


Esta é uma semana decisiva para os atletas do Parque São Jorge. Os próximos dois jogos são de extrema importância para o clube e para os torcedores. Na quarta-feira, teremos um novo duelo com o Cruz Azul pela Libertadores. A partida será disputada dessa vez no Pacaembu. A vitória representará a tomada, pela primeira vez no ano, da liderança do Grupo 6 da competição sul-americana. Uma derrota não representaria a eliminação do time brasileiro, mas tornaria a classificação bem mais difícil, além de conturbar o calmo ambiente do clube. Logo em seguida, já no domingo, será dia de clássico com o Palmeiras. Os eternos rivais jogam no Pacaembu brigando pela ponta da tabela do Paulistão. Para o estadual, o jogo em si não vale muito. As duas equipes vão se classificar para a próxima fase. Por outro lado, para os torcedores, a partida representa muito. Vencer o clássico é certeza de passar alguns dias caçoando e fazendo piadas com os torcedores adversários. É uma delícia vencer o Derby!


O técnico Tite já declarou que irá manter a formação dos últimos dois jogos da Libertadores (vitória contra o Nacional do Paraguai e empate com o Cruz Azul) na partida desse meio de semana. O quarteto ofensivo será composto por Danilo, Alex, Jorge Henrique e Liedson. Mesmo com as boas atuações de Emerson Sheik na equipe reserva, o gaúcho disse que prefere manter a formação que vem dando certo. "Tanto o Emerson quanto o Willian já tiveram suas qualidades comprovadas, mas é questão de momento. O Emerson saiu porque se machucou. Quem entra bem vai jogar. Tem um pouco dessa lei do jogo”, declarou o comandante campeão brasileiro. Emerson era o titular da equipe e só saiu do time devido a uma contusão. Como Jorge Henrique entrou muito bem (é impossível tirá-lo agora dos jogos mais importantes), restará ao Sheik esperar uma nova oportunidade. O camisa 11 parece entender bem a situação.


Por falar em peças que estão dando certo, a lateral direita continuará sendo ocupada por Edenílson, mesmo com a recuperação clínica de Alessandro. Para nosso treinador, Alessandro precisa readquirir a forma física. Ele está muito tempo inativo.


A única preocupação da nação corintiana continua sendo a defesa. Por causa da convocação de vários atacantes para o torneio continental (entre eles o demitido Adriano), Tite tem apenas quatro zagueiros aptos a jogar na Libertadores. Como dois deles estão machucados (Paulo André e Wallace), não resta nenhum reserva para Chicão e Castán. O mesmo ocorre com os volantes. O único reserva de Paulinho e Ralf era Edenílson. Com o rapaz se destacando positivamente na lateral, não há agora opção no banco de reservas para a contensão no meio de campo.


Eu adoro o Tite e acho o seu trabalho à frente do Corinthians espetacular. Porém, ele errou feio na convocação dos 25 jogadores para o torneio continental. Ele pareceu um treinador amador por preferir os atletas mais badalados ao invés de se ater às posições necessárias. Ainda bem que a primeira fase da Liberta tem um nível técnico baixo. O Timão não terá dificuldades para avançar à próxima etapa mesmo se ficar sem defesa. A partir das oitavas de finais, será necessária uma readequação dos jogadores selecionados. Precisamos de mais gente lá atrás e menos na frente!


20 de março de 2012 – terça-feira


Começam a chegar notícias mais esclarecedoras sobre a demissão de Adriano. Diferentemente das primeiras declarações oficiais, a rescisão contratual não foi selada amigavelmente entre as partes. A diretoria alvinegra veio a público informar agora que o atacante carioca foi demitido por justa causa. Dessa maneira, ele não terá direito aos salários dos próximos meses (como estipulado no contrato em caso de interrupção), nem receberá o valor da multa rescisória (como exigem seus empresários). Trata-se de uma ótima notícia. Até que enfim alguém acabou com as regalias e com os comportamentos antiprofissionais desse sujeito.


A gota d'água teria acontecido na sexta-feira, 9 de março. Como não fora selecionado para o jogo contra o Cruz Azul pela Libertadores, Adriano não viajaria com o grupo principal para a Cidade do México. Ficaria, assim, concentrado com a equipe reserva para o jogo do dia seguinte contra o Guarani pelo torneio estadual. Como ocorria em todas às sextas-feiras, o preparador físico pediu para Adriano subir na balança para se pesar. O atacante, surpreendentemente, se negou a cumprir a obrigação. O Imperador xingou o profissional do clube e falou que não precisava se sujeitar àquilo. O técnico Tite foi chamado para interceder. Mesmo assim, Adriano novamente se posicionou contrário à pesagem. Evidentemente, já devia estar ciente de ter ganhado alguns quilos nos últimos dias. Não restou outra saída ao novo presidente corintiano, Mário Gobbi, a não ser demitir o jogador.


Além desse problema comportamental, outros começam a chegar para a imprensa (e, como consequência, para o público geral). Segundo alguns profissionais de dentro do clube, Adriano teria faltado a mais de 60 sessões de fisioterapia. Repare que eu disse 60! Essas seções visavam a recuperação do tendão de Aquiles, operado no ano passado. As faltas e os atrasos aos treinamentos convencionais também eram públicos e notórios. Para terminar, havia boatos que ele tinha ido treinar algumas vezes alcoolizado. Isso eu já acho exagero. Não posso acreditar em algo do tipo, por favor!


Nesse episódio marcante da atual temporada, devo ressaltar a atitude corajosa e destemida do presidente Mário Gobbi. Diferentemente do antecessor, muito amigo do jogador e conivente com os erros do Adriano, Gobbi foi perfeito ao não aceitar o antiprofissionalismo do centroavante carioca. Com um vasto arsenal de documentos coletados sobre as faltas do jogador nos últimos meses, o presidente não titubeou em mandá-lo embora. E em grande estilo: justa causa! Segundo as declarações dos advogados do clube que tiveram acesso ao dossiê do atleta, dificilmente o Corinthians perderá o litígio na Justiça do Trabalho. Além de ter sido um peso morto para a equipe ao longo do período passado no Parque São Jorge, Adriano poderia contaminar o bom ambiente entre jogadores e comissão técnica.


Se a contratação do Adriano se mostrou um erro desde o começo, a sua manutenção por tanto tempo era ainda pior. Parabéns, Gobbi! Parabéns, Corinthians! Vocês se livraram de uma praga! A porta da rua é a serventia da casa.


21 de março de 2012 – quarta-feira


Era dia de abertura do segundo turno da fase de grupos da Libertadores para as equipes de Cruz Azul e Corinthians. Depois do confronto no México, os times agora se enfrentavam no Pacaembu. A equipe do Parque São Jorge manteve os mesmos jogadores da boa atuação fora de casa: Júlio César; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Danilo; Alex, Jorge Henrique e Liedson.


Por volta das 19 horas, ligo o rádio para ouvir as últimas notícias sobre o duelo de logo mais. Um repórter situado em frente à entrada principal do estádio relatava haver ainda ingressos disponíveis para o jogo. Não havia filas nas bilheterias e quem tivesse interesse poderia comprar os tickets a partir de R$ 200,00. O empolgado profissional da imprensa chamava o público para comparecer ao espetáculo. Segundo sua avaliação, o estádio não estaria lotado e quem desejasse ir ao local em cima da hora podia ainda adquirir suas entradas facilmente. Definitivamente não era o meu caso. Por esse valor, eu preferia ver a partida pela televisão mesmo.


Quando Cléber Machado iniciou a transmissão do jogo por volta das 22 horas, as imagens da Rede Globo me surpreenderam. O estádio estava bem cheio, quase lotado. Até mesmo os setores mais caros tinham um grande público. Com certeza, muitos interessados se prontificaram ao chamado do repórter radiofônico, comparecendo às bilheterias na última hora.


O jogo começou morno. O Corinthians atacava sem levar grande perigo. Também não dava espaço para o time mexicano lá trás. As principais jogadas do alvinegro foram criadas em chutes de fora da área de Alex e Liedson. O centroavante esteve novamente mal e atrapalhou os esforços dos demais atacantes. O primeiro gol surgiu no final do primeiro tempo. Em cobrança de falta de Alex, Danilo se posicionou bem dentro da grande área e cabeceou para a meta mexicana. Corinthians 1 a 0. Festa da torcida no Pacaembu!


O segundo tempo iniciou com o Timão botando grande pressão no adversário. Foram criadas várias oportunidades. Quem salvou o Cruz Azul foi o ótimo goleiro mexicano. Até parecia que o arqueiro estava com imãs nas mãos. Ele foi perfeito na segunda etapa e realizou uma série de defesas difíceis. Com a entrada de Emerson no lugar de Liedson, o Corinthians melhorou ainda mais. Novas chances para ampliar o marcador apareceram. Para facilitar as coisas para os mandantes, o juiz expulsou equivocadamente um jogador do Cruz Azul. Emerson simulou uma falta. O juizão caiu na dele. Como o atleta faltoso já tinha cartão amarelo, foi mais cedo para o vestiário.


O Cruz Azul só teve uma chance de gol no segundo tempo. E que chance! No último minuto, o atacante mexicano chutou na trave de Júlio César. Um susto enorme para os corintianos no estádio e em frente à televisão. Após bater no poste, a bola ainda percorreu a pequena área até ser chutada para fora pela defesa. Essa foi uma típica vitória corintiana: 1 a 0 com susto no final. Somos líderes agora! A missão de vencer os jogos em casa e empatar os disputados fora estava se mostrando correta.


22 de março de 2012 – quinta-feira


Como de costume, passei hoje na banca de jornal do meu bairro. Wagner, o proprietário, me avisou que já tinha chegado a revista Placar de março. Wagner é muito gente fina. Às vezes passo lá só para conversar com ele e trocar umas ideias. Como todo cara divertido e inteligente, ele é corintiano. Enquanto pagava a revista, falamos sobre a vitória do nosso time na noite anterior. Perguntei se ele achava que dessa vez iríamos ganhar a Libertadores. Com a sinceridade habitual, Wagner respondeu na lata: "Se as bolas como aquela aos 45 minutos do segundo tempo de ontem continuarem batendo na trave e saindo, esse título é nosso. O duro é se na fase do mata-mata essas bolas começarem a bater na trave e entrar. Aí vai ser dureza!".


Sabe que ele tem razão, né? Não adianta nada o time jogar os 89 minutos super bem e só fazer um gol. Precisa abrir uma margem confortável no placar para não matar a Fiel do coração no finalzinho. Imagina só nas quartas de final ou em uma semifinal, uma bola como aquele no último minuto da partida! Não importa se ela entre ou não, o fato é que ela mataria de susto um monte de gente na arquibancada.


Ao voltar para casa, fiz um lanche e fui para o quarto ler a revista recém-adquirida. Na capa, estava a dupla de volantes Ralf e Paulinho. O título da publicação era: "Feitos um pro outro - Eles são os melhores volantes do Brasil. E a base desse Corinthians que pode, enfim, conquistar a Libertadores". A manchete da Placar seria um presságio, hein? A revista antevia a nossa consagração definitiva no torneio sul-americano. Na reportagem, os dois jogadores tiveram suas características esmiuçadas. Enquanto Ralf é enaltecido pela força física, pela garra e pela marcação impecável, Paulinho é retratado como um meio-campista de excelente saída de bola e ótima chegada ao ataque. Em suma, enquanto um garante a paz da defesa, o outro é responsável por levar a bola ao ataque. As semelhanças entre eles estão na pouca idade (Ralf tem 27 anos e Paulinho 23) e no fato de terem jogado em times de menor expressão antes de aportarem no Parque São Jorge.


Concordo com a matéria. Os dois volantes são a alma do time corintiano. Com eles em campo, o Corinthians é um. Sem algum deles (Deus não me permite imaginar a ausência de ambos ao mesmo tempo na equipe!), o time é outro: mais fraco e despreparado. Para alegria dos 30 milhões de loucos da República Popular do Corinthians, os contratos dos dois jogadores foram renovados nesse mês. Ralf fica pelo menos até o final de 2013. Paulinho permanecerá até a Copa do Mundo de 2014. Saúde, vida longa e muito futebol para os dois craques do meio campo do Timão!


Na mesma revista, também há uma matéria falando de Montillo e sua permanência no Cruzeiro. O meio-campista argentino se mostra feliz com a renovação contratual com a equipe mineira. Porém, segundo dizem, o Corinthians ainda não desistiu de trazê-lo. Novamente essa história, Santo Deus! Quem tem Danilo e Alex não precisa de Montillo. Vamos seguir em frente e deixar o rapaz trabalhando tranquilamente na Toca da Raposa, por favor! Esse assunto é típico do mês de dezembro e janeiro. Agora já estamos entrando em abril e a vida e os campeonatos seguem.


23 de março de 2012 – sexta-feira


Sexta-feira é dia de relaxar e não pensar em futebol. Por causa do O Ano que Esperávamos Há Anos, estou me sentindo pressionado. Acompanho diariamente os acontecimentos futebolísticos relacionados ao meu time. Costumeiramente, eu não ficava tão ligado assim aos episódios esportivos. Parece que esse assunto não sai agora da minha cabeça, mesmo quando não quero pensar a respeito. Em todos os lugares aonde vou, com todos com quem falo e tudo o que faço, me deparo sempre com algo relacionado à Libertadores e ao Corinthians. É de assustar!


Foi o que aconteceu hoje. Como nos últimos finais de semana, saí com a Thalita. Não havia nada de errado com ela. O problema era a minha paranoia. Thalita foi vestida, para nosso encontro, com uma calça preta e uma camiseta branca com pequenas listras na vertical. Ou seja, ela foi com uma roupa que fazia referência ao uniforme corintiano. Quando a indaguei sobre a semelhança, ela não concordou. Por ser são-paulina, ela disse que jamais faria algo assim. Para completar, me acusou de ser muito fanático por fazer uma correlação como aquela. Ao invés de elogiá-la – pior (ou melhor) é que ela estava mesmo muito gata –, eu vinha com papinho de futebol.


Apesar da minha gafe inicial, tudo bem até aí. O problema é que as coisas só pioraram ao longo da noite. Uma infinidade de outros aspectos me fazia lembrar do Coringão. O Santo Expedito pendurado no retrovisor do carro da Thalita tinha aparência de São Jorge. O veículo era da marca Hyundai, o possível novo patrocinador do Timão. Por morar na Zona Leste, Thalita queria visitar um barzinho dançante na Penha. O bairro é próximo de Itaquera, onde o Corinthians está construindo seu novo estádio (ela não quis dar uma passadinha lá para conferirmos as obras). O bar ficava entre as ruas Amorim Diniz e Dr. Almeida Abbade. Amorim e Abbade! Impossível não me lembrar do técnico Eduardo Amorim e do ex-juiz Cléber Wellington Abade. O primeiro levou o Corinthians ao primeiro título de Copa do Brasil, em 1995. O segundo foi o árbitro do confuso clássico entre Santos e Corinthians de 2005, quando a torcida santista invadiu o campo revoltada com a arbitragem.


Nossa mesa ficava do lado de fora do estabelecimento (o interior era reservado à pista de dança e ao palco de shows). E quem fez a abertura musical naquela noite? As Poderosas do Funk. As Poderosas, entendeu? Como o Poderoso Timão! Na hora de pedirmos as bebidas, eu escolhi um chopp. A Thalita optou por um drink chamado Mojito mexicano. Mexicano! O país do Cruz Azul, último adversário do Timão na Liberta! Alguém pode dizer que estou ficando louco, mas Mojito não lembra o nome de um jogador argentino que o Corinthians queria contratar no início do ano, hein?!


Outra coincidência: sabe quem estava naquele barzinho da Penha? Um ex-jogador do Timão da década de 1990. A Thalita também encontrou uma amiga dos tempos da faculdade chamada Marlene. Isso mesmo, Marlene, como Marlene Matheus, a esposa do folclórico presidente do Corinthians. Para completar, até nos momentos mais românticos com a Thalita, me lembrava das marcas patrocinadoras da camisa do Timão. Acho que O Ano que Esperávamos Há Anos está me deixando louco.


24 de março de 2012 – sábado


Hoje, fui visitar minhas duas avós. Como nenhuma delas mora perto uma da outra, nem de mim, aproveitei para passar antes na banca de jornal perto de casa. Comprei algo para ler no caminho. Aproveitaria as horas passadas nos ônibus para me atualizar. Sabendo que amanhã tem Corinthians e Palmeiras, comprei o jornal O Lance! Peguei também uma revista Veja. Quando estava indo pagar as compras, vi uma revista com o título: "Timão: O Todo-Poderoso". É claro que a levei comigo. Tratava-se de uma revista desconhecida chamada Fut. Só comprei mesmo por causa da chamada de capa (acho que era essa a intenção do editor). Ao lê-la depois, descobri que a Fut era a revista mensal do grupo Lance!


Na ida até a casa da minha avó que mora na Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, fui lendo o jornal esportivo. Nele, descobri que Alex estava fora do jogo de domingo. Tite escalaria, em seu lugar, Emerson Sheik. Além disso, Alessandro continuava machucado e a lateral direita seria ocupada mais uma vez pelo polivalente Edenílson. Ou seja, duas ótimas notícias! Tanto Alex quanto Alessandro estão muito mal tecnicamente. Emerson sempre que entra na equipe é o destaque positivo do jogo. Edenílson também sempre faz boas atuações como lateral. Liedson, apesar da má fase, continua na equipe titular. O time corintiano está escalado para o clássico com: Júlio César; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Danilo; Jorge Henrique, Emerson e Liedson.


No lado palmeirense, o ausente será Daniel Carvalho, machucado. Dessa maneira, Valdívia começará o jogo como titular. É curioso como os palmeirenses gostam desse jogador. Não consigo ver graça nenhuma no futebol do chileno. A presença de Valdívia é certeza de bom resultado para a gente. Sempre que joga, ele nunca faz nada e o Timão sempre vence o clássico. Perigoso mesmo é o centroavante Barcos. O argentino mal chegou ao Parque Antártica e desembestou a fazer gols de todos os tipos. Este sim é o gringo bom de bola do outro lado.


Depois de ver a primeira das matriarcas da família, segui para a casa da outra avó, na Vila Madalena. No trajeto, li a tal revista Fut. Nela os jornalistas retratam, em sua matéria de capa, a evolução administrativa do Sport Club Corinthians Paulista nos últimos anos. Os títulos recentes, os grandes jogadores contratados, o aumento das receitas de patrocínio, de cota de televisão e de renda dos jogos, a construção do novo estádio, a finalização do centro de treinamento e o crescimento da torcida são apontados como um excelente case de negócios. O clube mais popular do Estado de São Paulo é considerado o mais bem organizado e lucrativo do país. Lendo a reportagem pude ter certeza de que anos melhores ainda virão. Diferentemente das equipes limitadas e das confusões nos bastidores, o

Corinthians atual, enfim, se planejou para alcançar voos (e títulos) maiores.


Voltei para casa mais tranquilo. Tenho agora certeza da conquista da Libertadores. O título é questão de tempo. Se o tão desejado troféu não vier em 2012, ele virá nos próximos anos. Ah, minhas avós estão ótimas. Obrigado por perguntar delas!


25 de março de 2012 – domingo


Hoje teve Derby: Corinthians e Palmeiras. Assisti ao jogo pela televisão ao lado de minha mãe. É curioso assistir aos jogos ao lado dela. Ela grita, se preocupa e vibra com lances que eu não acho merecedores de tamanha emoção. Nos instantes para mim eletrizantes, ela não valoriza. Isso acontece quase sempre. Minha mãe não é fanática nem acompanha sistematicamente o futebol. Só de vez em quando, ela gosta de assistir à partida de domingo ao lado do filho. Como na maioria das vezes ela traz sorte, não me incomodo com sua presença, chegando até a gostar de suas reações.


Como sempre faço antes do pontapé inicial, dou uma rápida explicação do contexto da partida para minha mãe. Falo sobre a importância do jogo e os desdobramentos dele para o futuro do Timão. Dessa vez, preferi ser curto e grosso: "Mãe, essa partida não é da Libertadores. É Campeonato Paulista! O jogo em si não vale muita coisa. Porém, como é contra o Palmeiras, precisamos ganhar". Ela entendeu o recado.


Depois de me ver gritando em todas as faltas e escanteios cobrados pelo adversário, a mulher que me colocou no mundo perguntou: "Por que você fica agitado nas cobranças de falta e escanteio?". Aí tive que explicar que o nosso rival era time de uma única jogada: as bolas paradas cobradas por Marcos Assunção. Ela não acreditou em mim até o volante palmeirense acertar o primeiro chute. Do meio de campo, ele colocou a bola no ângulo. 1 a 0 para eles. Cadê o Júlio César nessa hora?!


O Palmeiras continuou jogando melhor. Poderia ter feito mais gols no primeiro tempo. Apenas nos últimos quinze minutos da primeira etapa, o Corinthians resolveu acordar, começando a incomodar um pouco o gol defendido pelos palmeirenses. A alegria da minha mãe no primeiro tempo foi ver o Jorge Henrique apanhar. Em todo lance que ele pegava na bola, recebia um pontapé. Quase não parava em pé. Na quinta ou na sexta vez, minha mãe já estava com dó do jogador. Imediatamente, ele passou a ser o ídolo dela dentro de campo. "Esse sim joga com raça e dá o sangue pelo time", observou. É, literalmente ele estava dando o sangue em campo.


O segundo tempo começou perfeito para os alvinegros. Aos três minutos, Jorge Henrique cobrou falta. A defesa palmeirense se atrapalhou e Paulinho empatou. Três minutos depois, nova falta cobrada por Jorge. E nova falha da defesa adversária. Dessa vez, o zagueiro palmeirense fez contra. 2 a 1 para o Timão e virada espetacular no Pacaembu! A partir daí, o show corintiano começou para valer. A equipe do Parque São Jorge criou uma infinidade de chances. A goleada só não aconteceu porque o camisa 1 do Palestra estava inspirado. Como esse time corintiano gosta de perder gol!


Com a derrota, o Palmeiras perdeu a invencibilidade de 21 jogos e a liderança da competição. O Timão subiu para o segundo lugar, enquanto os palmeirenses caíram para terceira posição. Os próximos dias serão de grande felicidade para os corintianos. Já até consigo antever as inúmeras gozações que os palestrinos terão de suportar. Como é bom ganhar um clássico, né?


26 de março de 2012 – segunda-feira


Na segunda-feira de manhãzinha, já era possível constatar as primeiras piadinhas relacionadas à vitória do dia anterior: "Ganhar do Palmeiras é que nem preparar Miojo. Em três minutinhos está pronto"; "Sabe qual é a diferença entre o Palmeiras e o Titanic? O Titanic afundou no mar e o Barcos do Palmeiras afundou no gramado do Pacaembu!"; "É mais difícil enfrentar o Guarani do Interior do que o Guarani da Capital (Palmeiras). Afinal, o primeiro empatou com o Timão e o segundo perdeu, merecendo ser goleado"; e "O Palmeiras na liderança é como um elefante em cima da árvore. Ninguém sabe como ele foi parar ali, mas todos sabem que ele vai cair logo mais".


Essas foram as piadinhas mais recentes relacionadas à vitória corintiana no clássico. Entretanto, existem outras, coletadas ao longo de 2012. Elas também merecem ser citadas nessa data especial: "O goleiro Marcos parou de jogar. O Palmeiras deveria seguir o exemplo de seu maior ídolo e fazer o mesmo em consideração a sua torcida"; "Todo ano o Corinthians lança um filme no cinema sobre suas conquistas ou sobre a paixão de sua torcida. Pensando nisso, a diretoria do Palmeiras está cogitando copiar a ação do rival. O único problema é em relação ao nome do longa-metragem. O nome mais adequado, À Espera de Um Milagre, já foi usado..."; "Sabe por que a Kia Motors decidiu patrocinar o Palmeiras? Porque tanto na fábrica da montadora quanto no time palmeirense há um monte de besta"; "Você se lembra do último título importante do Palmeiras? Não vale citar o da série B! Não se lembra, não? Pergunte ao seu pai, ele talvez estivesse vivo na época e se lembre"; e "Os times favoritos para o título paulista desse ano são os quatro grandes de São Paulo: Corinthians, São Paulo, Santos e Portuguesa".


Ah, não acabou não. Aí vão mais algumas piadinhas: “Depois de ir à Cracolândia, a PM (Polícia Militar) vai até o Palmeiras. Lá também não encontrou nenhum craque”; "Você sabe qual a semelhança entre o Palmeiras e o Guga? Nenhum dos dois sabe jogar na grama!"; e "a diretoria do Palmeiras vendo o público dos jogos da sua equipe diminuir a cada jogo resolveu fazer uma promoção: Quem for com a camisa do Palmeiras paga meia; quem for com a camisa e o short entra de graça; e quem for com o uniforme completo e chuteira joga no time...".


Agora vão as anedotas criadas e divulgadas pelos profissionais de dentro do próprio clube da Pompéia. Afinal, palmeirense também é gente e merece se divertir um pouco, nem que seja com a própria desgraça. O vice-presidente do Palmeiras, Roberto Frizzo, antes da contratação do atacante argentino Barcos, disse: "O Palmeiras não é marina para ter Barcos". Como o dirigente explica a contratação posterior do avante, hein? O Palmeiras é mesmo uma marina então?! Esta veio do técnico Luiz Felipe Scollari em uma coletiva à imprensa: "O Palmeiras é como mulher feia. Tem dias que sem maquiagem, sem pintura, sem plástica é um verdadeiro diabinho. Só com amor mesmo...". Meu amigo, quando o técnico palmeirense diz algo tão franco e sincero, não sou eu quem dirá mais nada. Ele resumiu tudo.


A segunda feira deve ter sido triste e muito longa para os palmeirenses. Que pena!


27 de março de 2012 – terça-feira


Infelizmente, o clássico entre Corinthians e Palmeiras não foi só alegria. A notícia mais desagradável envolvendo a partida foi a briga entre as torcidas organizadas da Gaviões da Fiel e da Mancha Alviverde antes do jogo. Os anjinhos das duas facções combinaram pela internet para se encontrar e brigar na Avenida Inajar de Souza às 10 horas. Cerca de 500 torcedores foram até o local armados com barras de ferro, paus, pedras e garrafas. Havia alguns com armas de fogo. O resultado: dezenas de feridos, várias pessoas que passavam pela região agredidas, propriedades e carros danificados e dois palmeirense baleados. Um deles acabou, horas depois, morrendo no hospital. Segundo indivíduos ligados às torcidas organizadas, a confusão ocorreu por causa de uma revanche de uma briga ocorrida no ano passado.


A repercussão da violência protagonizada pelos torcedores foi tamanha que o governador do Estado de São Paulo se reuniu com a alta cúpula da polícia para traçar estratégias para acabar de vez com esse tipo de crime. Vamos ver quais serão as ações tomadas pelos órgãos públicos. Até agora, apenas quatro pessoas foram presas. Creio que já devem ter sido liberados para voltar para suas casas. O palmeirense morto também não era nenhum santinho. Ele já tinha passagem pela polícia por vários crimes, entre eles brigas com torcidas rivais. Ou seja, ele era um criminoso assim como os seus amigos e adversários na confusão. Eu não ficarei com pena dele, como muitos que acham injusta a morte de um jovem nas ruas da cidade.


Uma das consequências da briga generalizada de domingo foi a repercussão internacional da notícia. Vários veículos de comunicação da Europa noticiaram o episódio protagonizado pelos torcedores no Brasil. Eles começam a se indagar sobre a capacidade dos governos municipais, estaduais e nacional do país em garantir a segurança dos turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo de 2014. Algumas emissoras de televisão de lá de fora já começam a se organizar para fazer reportagens retratando o que eles chamam de "hooligans brasileiros".


Alguns jornais brasileiros também publicaram matérias sobre os torcedores intitulados de organizados. A reportagem que me chamou mais atenção descrevia como esses torcedores recebiam ingressos gratuitos dos diretores dos clubes para acompanhar as partidas tanto em casa quanto nos jogos fora. Alguns ainda recebiam as passagens para os deslocamentos e, quando necessário, o valor da estadia para pernoitar em outras cidades. Dependendo do time, a torcida organizada tem acesso às dependências dos clubes, aos centros de treinamento e aos vestiários. Contraditoriamente, muitas vezes a violência é praticada contra a própria equipe. Os diretores e os jogadores são alvo de ameaças e de chantagens de seus torcedores.


Ao ler essas reportagens, lembrei-me de uma frase da Jaqueline, uma amiga muito querida (beijo, Jaquinha). Ela sempre falava: "Cada um tem o que merece!". Sabe que ela tem razão. Os cartolas quando permitem aos criminosos o acesso privilegiado ao clube e a intimidade da gestão do time, merecem sim sofrer nas mãos deles. Afinal, cada um tem o que merece!


28 de março de 2012 – quarta-feira


O grande jogo do meio de semana não seria realizado no Brasil nem na América do Sul. Os apaixonados pelo futebol do mundo inteiro tinham suas atenções voltadas para Milan e Barcelona. Essa era a primeira partida das quartas de finais da Copa dos Campeões da Europa. Combinei de assistir ao grande duelo com meu amigo Paulo. Como a partida começaria apenas às 16 horas, decidimos assistir antes a um filme no cinema do Shopping Bourbon da Pompéia. O longa-metragem escolhido foi "Raul - o Início, o Fim e o Meio", documentário sobre a vida e a trajetória profissional de Raul Seixas. O cantor baiano foi o grande ídolo da minha adolescência. Eu adorava ouvir suas músicas. Sabia de cor as letras das suas melodias. Não é necessário falar que adorei o filme. Saí emocionado da sala de cinema, relembrando os bons tempos vividos há mais de vinte anos. Com o saudosismo aflorado, pude perceber que estou ficando velho... Ser do tempo de Raul Seixas não é algo moderno, né?


Depois de assistir ao documentário, eu e o Paulo procuramos um bar na Pompéia para ver o clássico europeu. Achamos um barzinho na Avenida Turiassú, bem em frente ao velho Palestra Itália. O estabelecimento escolhido era decorado com bandeiras, flâmulas e decoração da Sociedade Esportiva Palmeiras. Diante de cenário tão inóspito para dois corintianos inveterados, escolhemos meio ressabiados uma mesa. Acompanhamos o jogo bebendo cerveja. Para minha surpresa, meu amigo tomou sua bebida simultaneamente com um suco de laranja. Realmente, o Paulo é meio estranho às vezes. Quando disse isso, ele me retrucou: "Estranho é estarmos assistindo a um jogo no meio de palmeirenses. Isso sim é muito esquisito!". Ele tinha razão. O bar recebia um bom número de clientes, todos interessados em ver o jogo.


A partida realizada no San Siro foi equilibrada. No primeiro tempo, quem teve as melhores chances de gol foi o time milanês. Os atacantes da equipe italiana perderam duas grandes oportunidades. Poderiam ter ido para o intervalo com vantagem. No segundo tempo, as melhores jogadas foram do Barcelona. O time visitante perdeu ótimas oportunidades. O 0 a 0 foi um pouco decepcionante para quem estava interessado apenas no jogo. Como estávamos em um bate-papo animado, eu e Paulo não lamentamos a falta de gols. O assunto principal na nossa mesa era saber se o Corinthians seria ou não campeão da Libertadores nesse ano. Meu amigo estava confiante e depositava suas fichas na conquista inédita. Eu também reforcei a aposta no sucesso do Timão na competição continental.


Para terminar o passeio pelo território dos rivais, entramos na loja oficial do Palmeiras localizada na entrada do estádio. Para nossa surpresa, a lojinha era muito sem vergonha. Quase não havia opções de produtos licenciados à venda. Imediatamente, comparamos aquele pequeno bazar às lojas da rede Poderoso Timão, do Corinthians. Não é porque somos corintianos, mas os torcedores do nosso time possuem uma variedade muito maior de artigos para adquirir nas lojas credenciadas. O Palmeiras está muito atrás de seus rivais em tudo: elenco, infraestrutura, Marketing, organização, categorias de base, estádio, nível dos cartolas, loja etc. Se eles não abrirem o olho, daqui a pouco não poderão mais ser chamados de time grande.


29 de março de 2012 – quinta-feira


Ainda degustava a vitória no clássico contra o rival histórico quando descobri que meu time havia entrado em campo no dia anterior. O adversário foi o fraco XV de Piracicaba. O tradicional time do interior paulista voltou para a principal divisão do estadual depois de 16 anos de ausência. O clube tem um estádio aconchegante e uma torcida fanática, mas não tem dinheiro nem estrutura para reforçar a equipe. Assim, o Nhô Quim estava apenas na 17ª colocação, na zona de rebaixamento.


Sabendo das limitações do adversário e desejando poupar alguns titulares (bastante exigidos nos últimos jogos), o técnico Tite colocou novamente vários reservas em campo. A principal novidade corintiana era a estreia do goleiro Cássio, contratado no começo do ano do PSV da Holanda. Vou ser sincero: não conheço o novo arqueiro. As informações sobre ele são as melhores possíveis. O camisa 24 é descrito como um goleiro alto, jovem e experiente. Vamos ver se não vai tremer com a camisa do Timão como o jovem goleiro Renan, do Avaí. Em 2011, Renan chegou a ficar na reserva de Júlio César. Quando o titular se machucou, o novato entrou em três partidas do Brasileirão. Tomou gol até do meio de campo. O garoto, visto até então como uma grande promessa, nunca mais foi relacionado para uma partida. No início dessa temporada foi mandado embora. Espero que Cássio tenha melhor sorte.


Outro destaque do jogo era a volta do lateral Alessandro, após longo tempo parado por contusão. O Timão atuou com: Cássio; Alessandro, Marquinhos, Leandro Castán e Ramon; Ralf, Ramirez e Douglas; Gilsinho, Emerson e Élton.


A noite fria atraiu o menor público do Timão no Pacaembu. A proibição da entrada de membros das organizadas também influiu para o baixo quórum: menos de 7 mil pagantes. Quem foi ao estádio viu um jogo muito chato. O Corinthians não demonstrou qualquer interesse em ganhar, não atacando o adversário. O XV, por sua vez, não tinha talento suficiente para proporcionar perigo. O jogo se resumiu a trocas de passe no meio de campo. Só no final do primeiro tempo, os jogadores do Parque São Jorge demonstraram algum empenho. O gol da vitória do time da casa aconteceu logo no começo do segundo tempo. Em jogada individual, o lateral-esquerdo Ramon passou por dois adversários e chutou forte. Gol! Corinthians 1 a 0. Depois disso, novas emoções só foram sentidas no final da partida. Cássio fez bela defesa e salvou gol certo do adversário. Em outro lance, o bandeirinha anulou acertadamente um gol dos visitantes. Ufa! Vitória sofrida do Timão. E mais três pontos computados na tabela.


A nota triste da noite foi a nova contusão do lateral Alessandro. O jogador voltou a sentir, ainda no primeiro tempo, dores na perna. Saiu de campo chorando. Deverá ficar mais algumas semanas no departamento médico. O lado positivo foi a boa estreia de Cássio. Se no primeiro tempo ele só assistiu ao jogo, no segundo tempo teve oportunidade para mostrar sua competência em um lance complicado. Fez uma defesa difícil e passou segurança. Como Danilo Fernandes, o reserva imediato de Júlio César, também vem jogando bem, Cássio deverá permanecer como terceira opção no gol alvinegro. Pelo visto, estamos bem-servidos de arqueiros em 2012.


30 de março de 2012 – sexta-feira


Após nova vitória pelo placar mínimo, as notícias vindas do Parque São Jorge nessa sexta-feira foram: Douglas decepciona torcida em regresso ao Timão; Alessandro volta depois de um mês de inatividade e se machuca novamente; briga jurídica entre Corinthians e Adriano prossegue; e especula-se sobre a contratação de Loco Abreu para o lugar do Imperador.


Na partida de anteontem, o que chamou mais a atenção da torcida foi novamente o desempenho pífio de Douglas. Ele continua jogando muito abaixo das expectativas. O Maestro não está mais tão gordo como estava quando voltou do Grêmio, mas continua lento, errando muitos passes e não conseguindo correr. Acorda, Douglas! Não sei por que o Tite não escala o Vitor Júnior quando os reservas vão a campo. Vitor foi bem na maioria das vezes que vestiu a camisa corintiana. O técnico alvinegro parece não gostar dele.


De volta ao time depois de um mês afastado por problemas musculares, o lateral Alessandro mais uma vez sentiu dores na coxa. Precisou deixar o campo mais cedo. A situação do titular da lateral direita (pelo menos foi com esse status que ele começou a temporada) preocupa muito o técnico Tite. Com um histórico de lesões musculares, o experiente atleta de 33 anos fica mais jogos fora do time do que dentro de campo. A piora de seu quadro clínico preocupa ainda mais os médicos e a comissão técnica. Provavelmente ele ficará mais algumas semanas no estaleiro se recuperando.


Esquenta a briga jurídica entre Sport Club Corinthians Paulista e o atacante (ou seria ex-atleta?!) Adriano. O jogador exige o recebimento da multa contratual enquanto os diretores do clube paulista alegam não ter a obrigação de fazer o pagamento. Afinal, a demissão foi por justa causa. Quem manda não trabalhar direito! Alguns advogados esportivos ouvidos pela imprensa acham difícil o jogador ganhar na Justiça do Trabalho o processo contra o antigo patrão, pois este parece ter muito bem documentado os atrasos, as faltas e as insubordinações do funcionário demitido. Um dado revelador era o salário de Adriano. Diferentemente do que era informado até então, o carioca não recebia R$ 350 mil por mês e sim R$ 500 mil. Um absurdo!


A bomba jornalística da vez é o rumor do interesse do Timão pelo atacante Loco Abreu. O uruguaio, ídolo do Botafogo, teria despertado a cobiça dos diretores paulistas. Abreu viria para reforçar o elenco corintiano na próxima fase da Libertadores e chegaria para o lugar de Adriano. A má fase do atacante uruguaio e o desprezo recente da torcida da estrela solitária por ele poderiam ajudar no desfecho do negócio. Sinceramente, não gosto da ideia. Considero El Loco muito ruim. Ele é grosso, caneludo! Se é para colocar em campo um atleta com baixa capacidade técnica, coloquemos o Élton que já está aí. Além disso, tenho medo do gasto elevado para a contratação de um atleta velho, em final de carreira. É verdade que precisamos de outro centroavante para a reserva imediata de Liedson. Vamos escolher, então, com calma um nome melhor, pelo amor de Deus! Melhores do que Abreu existem muitos por aí. É só procurar direito.


31 de março de 2012 – sábado


Amanhã tem Coringão na televisão. O adversário será o Oeste de Itápolis. Como a cidade interiorana onde o clube está situado não possui um estádio com a capacidade mínima para abrigar um grande jogo, a Federação Paulista marcou a partida para o Estádio Eduardo José Farah, o Prudentão. Infelizmente, o campo de Presidente Prudente não traz boas recordações para a Fiel Torcida. O Timão não ganha lá desde fevereiro de 2009. Nesse intervalo, foram 3 derrotas e 3 empates. Para voltar a vencer no Prudentão, Tite usará a melhor formação disponível. Com a ausência de Jorge Henrique e Alex, contundidos, o gaúcho já definiu a entrada de Douglas no meio de campo e de William no ataque.


William, considerado uma das revelações da equipe corintiana no último campeonato nacional, volta à formação titular após algumas semanas de ausência. Nos últimos jogos, o jovem atacante contratado do Figueirense no início de 2011 andava até mesmo fora do banco de reservas. A explicação para a sua reclusão forçada apareceu hoje. A comissão técnica não gostou do comportamento de William quando ele foi substituído por Gilsinho no segundo tempo da partida contra o Comercial em Ribeirão Preto há algumas semanas. O Timão perdia de 3 a 1 e o jogador reclamou muito por ter deixado o campo mais cedo. Ele chegou até a xingar o técnico. Para piorar a situação, William viu Gilsinho ter grande atuação e fazer o gol de empate do alvinegro no último minuto daquele jogo. Assim, a indisciplina do camisa 7 rendeu-lhe um gelo e Gilsinho passou a figurar no banco de suplentes. William pediu recentemente desculpas ao técnico pelo comportamento equivocado e voltou a frequentar o banco de suplentes. Agora, terá nova oportunidade de começar um jogo desde o início. Em mais um episódio de crise em gestão de grupo, Tite demonstra ter o elenco na mão e ser um ótimo líder. Ele não aceita indisciplina de ninguém.


O time corintiano para amanhã será formado por: Júlio César; Edenílson, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo e Douglas; Emerson e Liedson.


Já pensando nas próximas fases do torneio regional e na fase de mata-mata da Libertadores, os jogadores corintianos vêm treinando muitas cobranças de pênalti durante os treinamentos no Parque Ecológico do Tietê. Espero que esse tipo de atividade prossiga nas próximas semanas, o que deixará os atletas do Timão bem afiados em caso de necessidade de o jogo ser decidido pelos tiros livres.


A única notícia preocupante de sábado foi sobre a possível nova terceira camisa do Coringão. Depois do roxo e do grená, há indícios que o novo uniforme da equipe será na cor cinza. Eu gosto particularmente dos terceiros uniformes criados para os clubes nacionais e internacionais. Só não gosto quando os designers exageram e criam algo completamente diferente das tradições das equipes. Eu gostei, por exemplo, do roxo e não apreciei o grená. Obviamente não comprei nenhuma das duas. No armário só tenho uniformes nas cores preta e branca, as tradicionais do meu clube. Por isso, não venha com modismos para cima de mim. Em termos futebolísticos, sou tradicional, tá?


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Oitava série narrativa da coluna Contos & Crônicas, “O Ano que Esperávamos Há Anos” é o testemunho dos doze meses de 2012. Este relato é uma espécie de diário feito no calor das emoções por um fanático torcedor corintiano. Ele previu as conquistas de seu time do coração naquela temporada que se tornaria mágica. Nessa coletânea de crônicas é possível acompanhar os jogos do Corinthians, relembrar as decisões do técnico, entrar nos bastidores do Parque São Jorge e conhecer a vida dos principais jogadores alvinegros. O leitor também sofrerá com as angústias dos torcedores do Timão, poderá acompanhar o desenrolar dos campeonatos e, principalmente, irá se emocionar com as maiores conquistas futebolísticas desse clube centenário.


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