Você já ficou sozinho em um cinema assistindo a um filme? Quando digo sozinho, é sozinho mesmo: só você dentro da sala e mais ninguém na mesma sessão! Você e ninguém mais por perto, nenhum outro espectador ou cliente.... Isso aconteceu comigo hoje em Varginha (MG). Na pequena e única sala de cinema da cidade em que fui passar o final de semana, eu era o espectador exclusivo do filme da noite.
A experiência de ter uma sala só para mim foi estranha e engraçada. Graças a minha presença, o pessoal do cinema foi obrigado a passar o filme. Provavelmente, eles ficaram, creio eu, arrependidos de terem me vendido aquele ingresso. Se soubessem da falta de mais quórum, talvez não tivessem comercializado a entrada para mim, evitando custos desnecessários de operar para um único cliente. Provavelmente, também ganhariam aquelas horas de folga longe do trabalho.
Assistir a filmes no cinema em cidade pequena tem suas particularidades. Aprendi isso quando morei em Varginha entre o ano passado e o ano retrasado. O município conta com uma única sala de péssima qualidade, localizada no centro da cidade - não há shopping center ainda.
Primeiro: você não escolhe o que vai assistir. Você vê o que está passando. Simples assim. As opções são limitadas. Às vezes há um único filme sendo transmitido por semanas. Neste final de semana tive sorte, afinal a programação contemplava dois filmes. Ou seja, poderei ver um hoje e outro amanhã.
A segunda particularidade é: não espere qualquer qualidade de som e imagem, muito menos conforto. A infraestrutura é simples. Diria até precária. A sensação é de estar em uma sala de vinte, trinta ou quarenta anos atrás. Para os mais exigentes, trata-se de uma ofensa aos clientes. Para mim, chamo isso de charme. É legal poder voltar no tempo e vivenciar uma experiência que nossos pais (e, quem sabe, avós) tinham.
Um ponto que me deixava muito incomodado era o hábito dos varginhenses de conversarem durante as sessões. Não sei se isso é exclusivo dos moradores dessa cidade ou de todo o interior do país. Como eles faziam barulho e como eles atrapalhavam quem queria prestar atenção no filme! Geralmente eram os adolescentes os responsáveis pelas maiores algazarras. Eles não deviam estar acostumados a frequentar cinemas e não sabiam se portar corretamente ali. Admito que em muitas oportunidades, fui embora bravo.
Por outro lado, havia a vantagem financeira - sempre tem um lado positivo, né? Frequentar salas de cinema no interior do país é normalmente um passeio muito mais em conta do que visitá-las nos grandes centros urbanos. Os ingressos em Varginha, na minha visão, são extremamente baratos. O valor da inteira é de R$ 14,00 e a meia custa R$ 7,00. Esses preços não sofrem alteração há pelo menos três anos. É um valor justo para uma sessão! Curiosamente, em alguns dias da semana, o cinema ainda faz promoções conferindo meia entrada para todo mundo. Como adoro essa cidade!
Depois de explicar tudo isso, preciso entrar no filme propriamente dito, né? Assisti a "Golpe Duplo" (Focus: 2015), com Will Smith, Margot Robbie e Rodrigo Santoro. Assim, na teoria, não estava tão sozinho na sala de cinema. Os atores e as atrizes na figura das personagens interpretadas faziam companhia para mim. Como todo bom filme, sua história foi muito mais interessante do que a minha, de estar em um cinema sozinho. Entretanto, vou deixar o relato desse longa-metragem para um próximo post do Blog Bonas Histórias. Este aqui ficará exclusivo para o relato do dia em que tive uma sala de cinema exclusivamente para mim. Eita luxo bom, sô.
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