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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Teoria Literária: Análise Literária - 1 - O que é uma análise literária?


Elementos da Narrativa: Realidade Ficcional

Nesta temporada de estreia da coluna Teoria Literária, uma exclusividade do Bonas Histórias, vamos abordar questões conceituais e práticas da Análise Literária. Afinal, não é possível estudarmos literatura nem a própria teoria literária com o mínimo de profundidade e rigor sem compreendermos quais são e como funcionam os elementos básicos da sua análise. Este post inaugural desta temporada, portanto, tem o objetivo de responder à seguinte questão: o que é uma análise literária? Nos próximos meses, avançaremos neste debate. Em abril, por exemplo, exploraremos quais são os tipos de análise à disposição dos estudiosos da literatura. E em maio e junho, os temas serão como se faz uma análise literária e fundamentos e extensão da análise literária, respectivamente.

O conceito de análise literária é tão polêmico quanto o próprio conceito de literatura (MOISÉS, 2014, p. 11). Dependendo da teoria e do estudioso considerados, as definições e os métodos de análise utilizados podem variar consideravelmente.

O vocábulo "análise" provém do termo grego "análysis", que significa "desatar", "dissolver um conjunto em partes" (COROMINAS, 1973). Ao longo da história, essa palavra foi utilizada indiscriminadamente por matemáticos, filósofos, gramáticos, acadêmicos, psicólogos, economistas e políticos. Cada um queria designar, com essa expressão, o detalhamento (fragmentação e/ou aprofundamento) do estudo de sua área de atuação. Nasceram, assim, a análise algébrica, a filosofia analítica, a análise gramatical, a análise transcendental, a análise psicológica, a análise econômica e a análise política. A literatura, por sua vez, adotou esta prática, criando a análise literária (MOISÉS, 2014, p. 13).

A análise para a literatura é a decomposição de uma determinada obra com o objetivo de se efetuar uma investigação pormenorizada de sua estrutura e de seus elementos formadores. Ou seja, para um texto literário ser analisado, ele precisa passar por uma desintegração de suas partes constitutivas (REIS, 1981). Contudo, a simples divisão do texto em partes menores não caracteriza por si só a análise. Uma análise literária faz a decomposição explicativa e aprofundada dos elementos extraídos do texto maior (CUVILLIER, 1948, p. 31). Ao analisar, portanto, o estudioso da literatura extrai de uma parte da obra mais conhecimento do que tinha obtido quando havia contemplado sua macroestrutura. De maneira geral, toda análise compreende uma decomposição, mas nem toda decomposição resulta em uma análise (MOISÉS, 2014, p. 16).

Outras três características essenciais da análise literária são: (1) seu poder de síntese, (2) a capacidade de estabelecer pontes (teias) conceituais entre os componentes textuais e os elementos extratextuais (MOISÉS, 2014, p. 14) e (3) a propriedade de investigar as mensagens intrínsecas ao texto (PRALL, 1967, p. 45).

A síntese aparece não apenas como ponto de partida do trabalho analítico, mas também como seu resultado final. A explicação pormenorizada, a interpretação mais completa do texto e, principalmente, o estabelecimento de esquemas concisos de avaliação são frutos da investigação realizada de maneira focada e intensiva pelo analista literário. Além de provir de uma síntese, a análise literária também origina novas sínteses. Estas são, naturalmente, distintas daquela primeira que a iniciou.

Os estudos das estruturas presentes nas obras literárias também evidenciam as interrelações existentes entre os diferentes componentes de sua formação, sejam eles textuais ou extratextuais. As teias conceituais formadas pelos elementos narrativos - construções estas que podem ser propositais, intuitivas ou inconscientes do processo criativo do autor - se tornam evidentes após a concretização da análise. As conexões entre as partes e suas estruturas emergem, assim, do interior do texto, tornando-se lógicos e claros aos olhos dos analistas literários.

E, por fim, a análise literária possibilita a sondagem das unidades intrínsecas ao texto. Assim como acontece com as estruturas narrativas, os componentes situados na camada profunda de uma obra literária são pinçados e estudados segundo seus significantes e seus significados. O objetivo desse processo é oferecer dados mais completos e mais seguros de avaliação da composição artística. O analista tenta explicar de maneira formal os aspectos (quase) "invisíveis" do texto, que dificilmente ficam evidentes durante a leitura descompromissada, recreativa, pouco atenta ou não treinada do leitor comum.

Em outras palavras, a análise literária pode ser definida como: a decomposição das partes textuais, a investigação mais profunda e completa dos diferentes segmentos da obra estudada, o poder de síntese, a capacidade de estabelecer relações entre os componentes narrativos e a propriedade de compreender os elementos intrínsecos à linguagem artística. Sua função essencial é conferir uma ordem ao emaranhado do texto literário e estabelecer uma lógica racional ao estudo da literatura (LECHAT, 1962, p. 39-45).

A importância da análise também pode ser medida pelas consequências do seu trabalho. As fases posteriores ao processo analítico são a explicação, a interpretação e o julgamento/crítica do texto literário. Quando a análise é bem-feita, é mais fácil para os estudiosos das letras, os teóricos literários, os linguistas, os pesquisadores acadêmicos, os historiadores da literatura e os críticos literários realizarem suas atividades. Por outro lado, quando a análise possui falhas, é má conduzida, não é completa ou apresenta distorções, as conclusões geradas serão, por consequência, inconvenientes, imprecisas ou deformadas (MOISÉS, 2014, p. 17).

No mês que vem, continuaremos esse debate aqui na Teoria Literária, a nova coluna do Bonas Histórias. Não perca!

Bibliografia:

COROMINAS, Joan. Breve Diccionario Etimológico de La Lengua Castellana. 3a ed. Madrid: Gredos, 1973.

CUVILLIER, A. Manuel de Philosophie. Vol. II. 15a ed. Paris: Armand Colin, 1948.

LECHAT, Jean. Analyse et Synthèse. Paris: PUF, 1962.

MOISÉS, Massaud. A Análise Literária. 19a ed. São Paulo: Cultrix, 2014.

PRALL, D. W. Aesthetic Analysis. Nova York: Thomas Y. Crowell, 1967.

REIS, Carlos. Técnicas de Análise Textual - Introdução à Leitura Crítica do Texto Literário. 3a ed. Coimba: Almedina, 1981.

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