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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorRicardo Bonacorci

Gastronomia: Shawarma Anwar - A culinária árabe do bairro de Perdizes

Inaugurada em 2019, essa lanchonete paulistana é especializada na gastronomia árabe, apresenta cardápio variado e oferece bom custo-benefício.

Gastronomia - Shawarma Anwar - A principal lanchonete de culinária árabe do bairro de Perdizes, em São Paulo.

Em agosto, eu trouxe para a coluna Gastronomia o debate sobre as diferenças entre o kebab e o shawarma. Aí aproveitei e apresentei os encantos culinários do Kebab Paris, a minha kebaberia preferida na cidade de São Paulo. Agora retorno ao Bonas Histórias para analisar o Shawarma Anwar, a lanchonete vizinha ao Kebab Paris. Quem tem a memória boa (beijo, Marcelinha!) irá se recordar que citei brevemente o Shawarma Anwar quando falei da kebaberia. De certa maneira, o post de hoje é a continuação natural do texto do mês retrasado, né? Afinal, no Fla-Flu gastronômico entre o sanduíche turco do Kebab Paris e o sanduíche árabe do Shawarma Anwar, faltou abordar os detalhes da casa, a variedade do cardápio, a qualidade dos pratos, a eficiência dos serviços e a política de preços do segundo estabelecimento. Aqui vai, portanto, o complemento.


Inaugurado em março de 2019, o Shawarma Anwar é voltado para a culinária árabe e está localizado no comecinho da Avenida Professor Alfonso Bovero. É até difícil dizer em qual bairro esse trecho de rua pertence pois ele está bem na divisa do Sumarezinho, Perdizes e Pompéia. Como sou um andarilho mais habitual de Perdizes do que de seus bairros vizinhos, costumo dizer que o Kebab Paris e o Shawarma Anwar são comércios de Perdizes. Porém, não é errado afirmar que eles ficam no Sumarezinho ou mesmo na Pompéia, tá? O que não dá para contestar é que esse pedacinho de São Paulo possui fortíssima influência árabe e turca.


Na Avenida Professor Alfonso Bovero e nas ruas adjacentes, moram e trabalham várias famílias advindas do Oriente Médio e da Ásia Menor. Por consequência, os imigrantes e seus descendentes possuem importantes comércios na região e são consumidores ávidos de produtos e serviços relativos às suas culturas. Essa característica sociodemográfica traz uma dinâmica especial e um colorido multiétnico para esse pedacinho de São Paulo. Conheço alguns sírios (abraço, Fadi!), libaneses, turcos e jordanianos que vieram para São Paulo há vinte, trinta anos e se estabeleceram com êxito em Perdizes, Pompéia e Sumarezinho.

Shawarma Anwar é a lanchonete de culinária árabe do bairro de Perdizes, na cidade de São Paulo.

Não à toa, temos vários restaurantes árabes e turcos de ótima qualidade nesses bairros. Além dos já citados Kebab Paris e Shawarma Anwar, posso mencionar o Dib, o Arabesco, o Khadije e o Saj. Se você for um(a) apreciador(a) de longa data da boa gastronomia paulistana, na certa já deve ter ouvido falar ou mesmo frequentado algumas dessas casas. Elas são excelentes!


Como o assunto de hoje da coluna Gastronomia é o Shawarma Anwar, paremos de devaneios e voltemos logo ao tema principal deste post do Bonas Histórias. O Shawarma Anwar é uma lanchonete com cara de barzinho. Com mesas tanto no salão interno quanto na área externa, o clima é informal, jovial e animado seja nos horários do almoço e do jantar, seja no happy hour. Ao invés do kebab e da culinária turca, carro-chefe e especialidade do vizinho Kebab Paris, o Shawarma Anwar tem como prato principal o shawarma e seu cardápio é voltado para os mais famosos quitutes árabes.


Outra diferença gritante entre os concorrentes de Perdizes é o tamanho/infraestrutura das casas. Enquanto o Kebab Paris é minúsculo e tem ar intimista (ideal para quando se está em casal ou em grupo reduzidíssimo de amigos), o Shawarma Anwar é muito maior e oferece mais conforto aos clientes (ideal para grupos numerosos e expansivos). Por isso, a clientela do Shawarma Anwar é formada majoritariamente por jovens que buscam algo para comer enquanto apreciam a oferta generosa de bebidas alcoólicas. Já no Kebab Paris, o público é um pouco mais velho e a predileção é mais pelos pratos do que pelas bebidas.


Minha mais recente visita ao Shawarma Anwar aconteceu no mês passado. Tive como companhia um divertido trio de amigos: Marcela, Paulo e Enzo. Só faltou a Débora para o Bonas Conexões ficar completo (beijo, Debinha!). Após as aulas de Sábado à tarde na Dança & Expressão, que fica quase em frente à lanchonete, atravessamos a rua e nos instalamos na mesa mais ao fundo do salão interno do Shawarma Anwar. O friozinho do último final de semana do Inverno paulistano estava bravo e não queríamos ficar perto da calçada de jeito nenhum, apesar da presença de charmosos aquecedores no ambiente externo.

Ricardo Bonacorci, Enzo Averoldi, Marcela Bonacorci e Paulo Sousa na mesa do Shawarma Anwar, lanchonete de culinária árabe da cidade de São Paulo.

O menu da lanchonete é variado. A parte da culinária árabe é dividida em seis seções: pratos quentes, pratos frios, shawarmas, esfihas & kibes, porções & outras e doces. Os pratos quentes são: kafta no espeto (R$ 16,00 a unidade), charuto de uva (R$ 23,00 a porção com 7 unidades), charuto de repolho (R$ 23,00 a porção com 7 unidades), mjadra (R$ 24,00 a porção com 250 g) e arroz árabe (R$ 17,00 a porção com 250 g). Os pratos frios são: kibe cru (R$ 40,00), coalha seca (R$ 24,00), hommus (R$ 23,00), babagannu (R$ 24,00), tabule (R$ 17,00), fattoush (R$ 17,00) e trio de pastas – coalhada seca, babagannu e hommus (R$ 32,00).


O carro-chefe da casa, como o próprio nome do estabelecimento indica, é o shawarma. Há cinco opções do sanduíche árabe: carne (R$ 30,00 a unidade), frango (R$ 27,00 a unidade), misto – carne e frango (R$ 28,00 a unidade), falafel (R$ 27,00 a unidade) e kafta assada na brasa (R$ 27,00 a unidade). O que me chamou a atenção logo de cara foi o tamanho generoso dos lanches (peça para eles virem cortados ao meio – facilita na hora de comer). Os sanduíches do Shawarma Anwar são aproximadamente 40% maiores do que os kebabs do Kebab Paris. Além disso, os shawarmas têm bastante recheio. Todos os lanches vêm no pão pita (chamado no Brasil também de pão sírio ou de pão árabe) e têm picles, acelga, cebola, tomate e molho de alho. O resultado dessa combinação é normalmente satisfatório. A união de comida saborosa com fartura generosa do sanduíche transforma essa opção de refeição em um bom custo-benefício.


O meu shawarma preferido é o de frango. Para o pedido ficar ainda mais vantajoso, escolha os combos dos lanches (de R$ 48,00 a R$ 51,00). Neles, o sanduíche vem, ao melhor estilo fast-food, com porção de batata frita e refrigerante. Para quem não é muito guloso (abraço, Paulinho!), o combo é uma refeição completinha. Não por acaso, o Shawarma Anwar tem bom movimento na hora do almoço e no jantar durante a semana. Nesse período especificamente, os sandubas são a estrela principal da casa. Às sextas-feiras e aos finais de semana, a pegada de happy hour é maior e aí as bebidas alcoólicas e as porções de petisco ganham o protagonismo.

Shawarma, tradicional sanduiche árabe, é o principal produto do cardápio do Shawarma Anwar, lanchonete de culinária árabe da cidade de São Paulo.

Na seção esfihas & kibes do cardápio, o Shawarma Anwar tem esfihas abertas (carne, zátar e muhammara – R$ 10,00 cada; queijo, calabresa e ricota – R$ 11,00 cada; e carne com queijo, zátar com queijo, escarola com queijo, calabresa com catupiry e muhammara com queijo – R$ 13,00 cada), esfihas fechadas (carne e escarola – R$ 10,00 cada; e queijo – R$ 11,00) e kibe frito (R$ 12,00). O destaque aqui é para as esfihas fechadas. Escolha qualquer uma que você não irá se arrepender. A massa delas é espetacular. Você não precisa ser um fã incondicional desse tipo de prato (beijo, Mara!) para se encantar com as esfihas fechadas do Shawarma Anwar.


Já na parte do menu intitulada Porções & Outros, temos à disposição: falafel (6 unidades por R$ 30,00), batata frita zátar pequena (R$ 17,00) e batata frita zátar grande (R$ 32,00). Para ser sincero, não achei muita graça na batata frita zátar do Shawarma Anwar (a batata rústica do Kebab Paris é muuuuuuito melhor). Contudo, a porção de falafel é encantadora. Além do visual caprichadíssimo, ela me pareceu mais saborosa do que a oferecida pelo concorrente. Se bem que não sou grande referência quando o assunto é falafel – não acho normalmente muita graça nesse prato.


Por fim, os doces ofertados pelo Shawarma Anwar são: doce árabe (R$ 10,00 a unidade), bandeja doce pequena (R$ 18,00) e bandeja doce grande (R$ 30,00). Como não sou lá muito chegado aos doces árabes (beijo, Talitha formiguinha!) desde que provei na infância o halawi (eita, trem ruim!!!), admito que nunca saio da parte dos salgados em um restaurante árabe. Por isso, não tenho o que comentar nesse departamento.


Na parte do cardápio voltada para as bebidas, não temos grandes novidades. O Shawarma Anwar oferece as principais marcas de refrigerantes, sucos, cervejas e destilados. Como uma boa casa árabe, também temos chás caseiros gelados. Confesso que raramente resisto a eles. Na minha visão (ou seria no meu paladar?!), não há acompanhamento melhor ao shawarma e ao kebab do que um bom chá gelado.

Shawarma Anwar é a lanchonete de culinária árabe do bairro de Perdizes, na cidade de São Paulo.

Quando o assunto é bebida, o maior problema deste estabelecimento está na falta pontual de um produto ou outro. Não é raro pedir uma cerveja específica ou um determinado destilado e ouvir do garçom: hoje não temos. Como consequência, o cardápio fica quase sempre desatualizado, o que pode incomodar alguns frequentadores mais apaixonados pelas dosagens alcoólicas (abraço, Enzito!). É uma pena essa falta de cuidado na aquisição dos itens apresentados no menu.


Por falar em falta de cuidado, esse talvez seja o principal ponto negativo do Shawarma Anwar no aspecto do atendimento. Não temos aqui um estabelecimento com o serviço voltado para o encantamento do cliente e/ou para a satisfação da experiência dos consumidores. Essa característica acaba, infelizmente, contagiando todos os funcionários da casa. Apesar de educado, o garçom fica sentado no fundo do salão (juro que não me lembro de ter visto um garçom sentado durante o expediente) com a cara amarrada. Quando pega os pedidos, parece desconfiar das solicitações dos clientes. Os lanches podem chegar às mesas um pouco frios. Na certa, para entregar os vários shawarmas ao mesmo tempo para um grupo numeroso de clientes, alguns sanduíches ficaram esperando (e esfriando) na cozinha. No quesito atendimento e simpatia, o placar é de 7 a 1 para o Kebab Paris.


Se o serviço prestado deixa um pouco a desejar, a qualidade dos pratos servidos é boa e as porções são geralmente generosas. Confesso que achei quase todos os produtos provados no Shawarma Anwar gostosos e grandes. É verdade que no quesito qualidade gastronômica, o Kebab Paris é superior ao Shawarma Anwar. Se na kebaberia do outro lado da rua você come muito bem, na lanchonete árabe você come muito. Enquanto um preza pela qualidade (Kebab Paris), o outro preza pela quantidade (Shawarma Anwar).


Ou seja, as propostas das casas são um tanto diferentes. O Kebab Paris é uma lanchonete turca intimista, tem cara de restaurante, é voltado para a qualidade dos pratos e parece ser direcionado a casais e grupos pequenos de clientes. Por sua vez, o Shawarma Anwar é uma lanchonete árabe de porte mais avantajado, tem jeitão de bar, é voltado para a quantidade dos itens oferecidos e parece focado em atender grupos maiores de clientes. Em outras palavras, a escolha de qual estabelecimento você deve frequentar depende muito mais de sua necessidade específica e de sua vontade pontual do que de um veredito meu de qual deles é melhor ou pior.


E aí, você vai hoje de kebab ou shawarma?


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