Pela primeira vez, o SOSAMOR (Sociedade Orelhuda Secreta dos Adoradores das Músicas Orgulhosamente Ruins) ampliou os horizontes para fora do Brasil e da língua portuguesa. Assim, premiou em dezembro passado as canções em espanhol mais brilhantemente ruins do nosso continente.

O final do ano foi repleto de surpresas musicais no Bonas Histórias. Para começo de conversa, o Melhores Músicas Ruins, tradicional premiação do mercado fonográfico brasileiro, chegou à incrível marca de dez edições. É isso o mesmo que você leu, incauto(a) leitor(a). Repito com toda a ênfase que consigo expressar em texto: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e, ufa, DEZ eventos realizados pelo SOSAMOR, a Sociedade Orelhuda Secreta dos Adoradores das Músicas Orgulhosamente Ruins. Há uma década, compositores, cantores, gravadoras e fãs desse Brasilzão são mobilizados pelas concorridas votações dessa cada vez mais prestigiada e ilibada instituição. É claro que tal efeméride não passou batida pelo blog, né? O post que apresentou os vencedores do Prêmio Melhores Músicas Ruins de 2024 citou essa marca.
Outra novidade de dezembro foi que pela primeira vez a cerimônia de entrega do Orelhão de Ouro (1º lugar), do Orelhão de Prata (2º lugar), do Orelhão de Bronze (3º lugar) e dos Orelhões de Lata (demais finalistas) foi realizada no exterior. Que chique, meu Deus! O palco do evento que reuniu a nata da música nacional foi uma tradicional casa de Tango no bairro de Almagro, em Mi Buenos Aires Querido. Até porque, como sabemos, Tango e Argentina têm tudo a ver com Música Popular Brasileira e Brasil! Parabéns, organização, por mais uma bola dentro.
Se você ficou curioso(a) para saber o endereço exato da festa do mês passado, só posso dizer que ela ocorreu em uma antiga igreja que fica perto do predinho que tem um fusquinha florido (e romântico) estacionado à porta. Claro que você sabe qual é! Não se faça de bobo(a). Só não digo o nome do local por meras questões contratuais. Parece que os argentinos ainda têm muita vergonha (quase escrevi re vergüenza) do Melhores Músicas Ruins. Fazer o quê? Paciência! No meu caso, não tenho receio de informar que sou um dos integrantes (nada secretos) do SOSAMOR (a pronúncia correta é: SOS Amooooooooooooooooooooooooooor).

Contudo, a grande bomba do finalzinho de 2024 foi – segure-se na cadeira e tape os ouvidos! – o surgimento de uma nova versão do longevo prêmio. A partir de agora, além da vertente brasileira, o evento que mobiliza torcidas apaixonadas do Oiapoque ao Chuí terá um pé efetivamente internacional. Talvez isso explique a escolha inusitada do lugar da festança deste ano (além do fato de os convidados não terem precisado de passaporte para embarcar). É ou não é uma novidade de parar o mundo, hein?!
Portanto, daqui em diante, o SOSAMOR (você está lendo corretamente a sigla?!) se encarregará de eleger anualmente as campeãs da música latino-americana. Incrível, não?! Adorei essa iniciativa da associação mais orelhuda do cenário cultural do quintal dos Estados Unidos. Afinal, como Perla tão bem comprovou ao longo da carreira (Milton Neves poderia nos informar que fim a levou), toda boa faixa ruim fica ainda melhor quando executada em castelhano.
Em outras palavras, daqui em diante (tudo será diferente...), saberemos em primeira mão quais são as canções em espanhol horripilantemente viciantes que pintam do Ushuaia a Tijuana. E como não temos tempo a perder, a primeira edição da ramificação hermana do prêmio foi apresentada em dezembro mesmo, juntamente com os festejos do aniversário de dez anos do Bonas Histórias e com a entrega das estatuetas dos artistas brasileiros que mais se destacaram na última temporada. É por isso que estou aqui. O post de hoje é para tratar dos campeões da nova versão.
A grande destaque da primeira edição do Melhores Músicas Ruins da América Latina foi Karol G! A jovem colombiana (cantora favorita da Mara e do Rai – abraços, pessoal!) não apenas amedalhou o Orelhão de Ouro de 2024 com “Si Antes Te Hubiera Conocido”, um Merengue inesquecível, como ainda emplacou mais um hit no Orelhão de Lata desta temporada, o irritante Reggaeton “Comigo”. Podemos dizer que o ano passado foi inteiramente da Bichota! Sem exageros, suas canções tocaram em todos os recôncavos deste esquecido continente ao sul do Império. Já prevendo o sucesso da nova rainha da música latina, a coluna Músicas apresentou em outubro a análise completa de “Si Antes Te Hubiera Conocido” e a trajetória artística de Karolzinha. Como dizem por aí: “el mundo ahora es Gedondo” (em espanhol, a letra “g” se pronuncia com som de “r”) “y la Tierra es rosa” (a nova cor do cabelo da eterna loira).

O Orelhão de Prata da versão latino-americana do Melhores Músicas Ruins de 2024 foi para “Una Foto”, o contagiante Rap do uruguaio Mesita. Se você vive às margens do Rio da Prata saberá que essa faixa foi executada insistentemente de janeiro a dezembro do ano passado. Até nos momentos mais silenciosos de Montevideo e Buenos Aires, foi possível ouvir os versos: “Tírame una foto que se vea/ En la nave mientra hacemos cosa fea/ Mami, ese toto bellaquea/ Si dicen que soy bandido, no les crea”.
Já o Orelhão de Bronze ficou com “Gata Only”, o Reggaeton com sotaque chileno de FloyyMenor. Aos 19 anos, o rapaz recém-saído da adolescência em Coquimbo se fez ouvido no continente todo com frases de pureza e romantismo como: “Te quiero chingar, te voy a raptar”, “Te paso a recoger, te hago mi mujer” e “Esta noche la pasamo' bien, conmigo no te quieren ver”. Impossível não se emocionar com palavras tão poéticas.
Quem se atrever a verificar e (o que seria ainda mais temerário!) escutar o restante da lista de vencedores do Melhores Músicas Ruins América Latina, notará a variedade sonora da parte espanhola do nosso continente. Além dos já citados Merengue, Reggaeton e Rap, a coletânea de campeões latinos traz hits de Hip Hop, Corridos Tumbados e Balada Pop. Esse parece ser o paladar atual dos nossos vizinhos.
Depois desse longuíssimo comentário (que ninguém lê, apenas os robôs responsáveis pela geração dos SEOs do Bonas Histórias), vamos ao que interessa: o listão dos vencedores da nova modalidade do Melhores Músicas Ruins. Para ninguém me acusar de seguir enchendo linguiça e de não respeitar a paciência alheia, aí vai a relação completa dos dez ganhadores do Prêmio Melhores Músicas Ruins América Latina de 2024:
10ª posição: “Igual Que Un Ángel” – Kali Uchis (Colômbia) e Peso Pluma (México) – Balada Pop
9ª posição: “Madonna” – Natanael Cano e Oscar Maydon (México) – Corridos Tumbados
8ª posição: “BZRP 58” – Young Miko (Porto Rico) – Reggaeton
7ª posição: “Si No Quieres No” – Luis R. Conriquez e Neton Vega (México) – Corridos Tumbados
6ª posição: “Contigo” – Karol G (Colômbia) – Reggaeton
5ª posição: “Real Gangsta Love” – Trueno (Argentina) – Hip Hop
4ª posição: “313” – Residente Calle 13 (Porto Rico) e Silvia Pérez Cruz (Espanha) – Rap
3ª posição: “Gata Only” – FloyyMenor (Chile) – Reggaeton
2ª posição: “Una Foto” – Mesita (Uruguai) – Rap
1ª posição: “Si Antes Te Hubiera Conocido” – Karol G (Colômbia) – Merengue
Se você já está com saudades do Melhores Músicas Ruins, peço calma. Muita calma nessa hora, passional leitor(a). No final do ano teremos uma nova edição do prêmio. Na verdade, serão duas premiações: a versão brasileira e a versão latina. Por isso, não há motivo para desespero (só se você viver na Argentina e depender do câmbio blue, mas isso é outra história). O SOSAMOR reafirma o compromisso de seguir incansável na tarefa de encontrar e enaltecer as grandes criações musicais do nosso país e do nosso continente. E o Bonas Histórias continuará apresentando com exclusividade esse evento que mexe com nossas emoções.
Em suma, não suma e não faça nenhuma grande bobagem (além das rotineiras) até dezembro. Tenho certeza de que conseguiremos nos rever no fim de 2025 para compartilhar muita música de grande qualidade baixa. Até lá!
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