Criado em 1982 pela UNESCO, o Dia Internacional da Dança homenageia a data de nascimento do bailarino Jean-Georges Noverre.
Hoje é dia de festa e comemoração na coluna Dança! Em 29 de abril, celebramos o Dia Mundial da Dança. Também conhecida como o Dia Internacional da Dança, essa data foi criada em 1982 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) por meio do Comitê Internacional da Dança (CID). A efeméride homenageia o dia do nascimento do bailarino e professor francês Jean-Georges Noverre (1727 – 1810).
Noverre inovou ao trazer expressividade às apresentações dançantes. Como bailarino e coreógrafo, ele simplificou a execução dos movimentos do Ballet e fez uso dos gestos das mãos, dos braços e das feições para transmitir mais emoções às encenações. O francês é autor de um dos livros mais importantes sobre a dança, referência até hoje nos estudos da técnica e da teoria do Ballet, “As Cartas Sobre a Dança” (EDUSP).
A dança é uma das artes mais antigas, como já vimos aqui no Bonas Histórias no post Breve História da Dança. Essa expressão artística é rica em formas de manifestação e de estilo. Ela consegue não apenas transmitir emoções como também revela as particularidades e a cultura de uma região. Dançar é libertar a alma. Através dos movimentos corporais, nos tornamos livres, nos conectamos a outras expressões culturais, dialogamos com diferentes povos e contamos histórias. As nações mais comprometidas com a cultura e a arte sabem valorizar a dança. Infelizmente, o Brasil ainda não dá a devida atenção a essa manifestação artística, principalmente no que se refere às ações governamentais e de política pública.
Mesmo assim, é possível notar que nosso país é um lugar onde a música e a dança fazem parte do dia a dia do povo. A riqueza e a diversidade de ritmos de dança são admiráveis por aqui. Além do brasileiro dançar estilos locais, oriundo das raízes de cada cantinho da nação, ele também é aberto às influências externas, incorporando movimentos, passos e gingados estrangeiros.
Com um território de dimensão continental, o Brasil apresenta vários tipos de dança. Cada região tem uma modalidade típica, que quando levada para outras partes do país adquire nuances próprios. O Forró, por exemplo, se dança de um jeito diferente dependendo do lugar praticado. No Nordeste, ele é mais rápido e com passos miudinhos do que quando dançado no Sul e no Sudeste. Como danças tipicamente brasileiras temos:
- O Frevo, que foi matéria do post de fevereiro da coluna Dança – Frevo - A História e as Características da Fervorosa Arte Pernambucana -, é uma dança muito forte em Pernambuco e em vários estados nordestinos.
- Carimbó é uma dança da região norte do país que tem origem em Belém do Pará.
- Samba é a modalidade dançada no país todo. Mesmo tendo origem na África, ele ganhou aqui uma nova forma e incorporou mais instrumentos à sua música.
- Bumba-meu-boi, também conhecida como Boi-bumbá, é considerado uma das danças principais do folclore brasileiro, sendo muito praticado nas regiões Norte e Nordeste.
- Maracatu é outra dança típica do Nordeste. Ele tem sua origem no tempo do Brasil Colônia e foi influenciado pelos cultos religiosos dos escravos africanos.
- Vanerão, típica dança da região Sul do país, é mais dançado no Rio Grande do Sul.
- Forró, como já citamos aqui, nasceu no Nordeste e se espalhou para o país inteiro.
De fora, trouxemos da Espanha o Flamenco e o Bolero. O Lindy Hop, Rock and Roll e o Fox são modalidades de dança importadas dos Estados Unidos e que caíram no nosso gosto. Afinal, as encontramos facilmente por aqui, seja quando saímos para dançar (em tempos normais sem pandemia) ou quando fazemos aula de dança. Dos nossos irmãos argentinos, compartilhamos o Tango, essa dança precisa, bela e forte. Da nossa vizinha Colômbia, trouxemos a Cumbia. As danças latinas ganharam grande repercussão em nosso país, como a Salsa, o Mambo, a Bachata e o Merengue.
Não podemos nos esquecer do Ballet, essa dança tradicional que já comentamos no post Ballet Clássico – História, Curiosidades e Características. Ela é praticada no país todo e temos importantes companhias nacionais de Ballet. Também não podemos deixar de citar uma dança que é tão usada em nossas festas de formatura e de casamento, a Valsa Vienense. Curiosamente, por mais que tenhamos uma ligação histórica mais forte com Portugal, as danças tipicamente lusitanas como o Vira, a Chula e o Corridinho não fazem parte do nosso cotidiano nem mesmo são encontradas facilmente seja para assistir a uma apresentação ou para aprender a dançar.
O mais legal é que a dança é uma arte que extrapola a esfera artístico-cultural. Ela é também uma atividade física. Quem a pratica não apenas está se expressando, mas também está cuidando de sua saúde física e mental. Dançar nos faz movimentar todos os nossos músculos, trabalha nossa respiração e batimentos cardíacos e nos afasta completamente do sedentarismo. Além de combater a ansiedade, a depressão e fazer com que nossa mente flutue durante alguns segundos, minutos ou até mesmo horas, sem tempo para pensarmos em problemas ou nas coisas que nos afligem.
O 29 de abril é mais do que uma simples data a ser comemorada. Ele serve para que possamos valorizar essa arte tão expressiva, completa e contagiante. A celebração desse dia ajuda a difundir ainda mais a própria dança, enaltece seus profissionais e seus praticantes, mostra a sua importância para o público em geral e lembra os governantes que é preciso incentivos e políticas públicas voltadas para o seu crescimento, valorização e aperfeiçoamento.
Então, para comemorar essa data tão especial junto comigo, não deixe de dançar hoje. Nem que seja só por uns minutinhos. Afaste os móveis, ache um espacinho onde você estiver e dance! Sinta-se leve e feliz. E para terminar este post do Bonas Histórias e incentivá-los ainda mais a dançar, se expressar e viver essa arte hoje e sempre, deixo uma frase do filósofo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano Friedrich Nietzsche que traduz muito bem a relevância dessa modalidade cultural: “A dança é a única arte em que o artista se torna a própria obra de arte”.
E feliz Dia Mundial da Dança. Se preferir, feliz Dia Internacional da Dança!
Dança é a coluna de Marcela Bonacorci, dançarina, coreógrafa, professora e diretora artística da Dança & Expressão. Esta seção do Bonas Histórias apresenta mensalmente as novidades do universo dançante. Gostou deste conteúdo? Não se esqueça de deixar seu comentário aqui. Para acessar os demais posts sobre este tema, clique na coluna Dança. Para conferir os posts sobre as datas comemorativas, clique em Premiações e Celebrações. E aproveite também para nos acompanhar nas redes sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.
Comments