Mercado Editorial: Ficções nacionais mais vendidas em 2024
- Ricardo Bonacorci
- 9 de jun.
- 5 min de leitura
Confira a lista dos livros da literatura ficcional brasileira que ficaram no alto do pódio dos best-sellers no ano passado.

Em todos os anos, o receituário de posts da coluna Mercado Editorial é mais ou menos parecido. Começo janeiro (ou fevereiro) empolgado. Aí revelo quais foram os livros mais vendidos na última temporada em nosso país. Contudo, como sou fã confesso da ficção literária (o Bonas Histórias é basicamente um blog sobre ficção), saio invariavelmente decepcionado com os hábitos de leitura dos meus conterrâneos. Afinal, os títulos religiosos, as obras de autoajuda, as biografias de celebridades e as dicas de como enriquecer acabam preponderando entre os líderes de venda no Brasil. Dessa forma, tenho que voltar tempos depois para apresentar apenas os best-sellers da ficção. Ainda assim, me deparo quase sempre com um novo problema: o alto do pódio é ocupado, com raras exceções, por publicações estrangeiras. Como aprecio bastante a literatura brasileira, me sinto na obrigação de retornar mais uma vez às páginas da coluna para listar o ranking dos livros da ficção nacional que foram mais vendidos no ano anterior.
Em 2024, a mecânica não foi nem um pouco diferente. No início de fevereiro, exibi o ranking dos livros mais vendidos no ano passado. Diante da overdose de exemplares de não ficção – e dale “Café com Deus Pai” (Vélos), de Junior Rostirola, e “Novena e Festa da Padroeira do Brasil” (Santuário), de Missionários Redentoristas –, apareci outra vez por essas bandas no fim de março para debater as obras ficcionais mais requisitadas pelos leitores nacionais. E diante do predomínio da Literatura Young Adult de língua inglesa – Colleen Hoover segue como a best-seller em nosso país nessa área –, cá estou novamente. Agora para falar exclusivamente dos mais vendidos da nossa literatura. Portanto, vamos hoje falar de romances, novelas, coletâneas de contos e crônicas, literatura infantojuvenil e literatura infantil com tintas verdes e amarelas, senhoras e senhores.
Começo essa breve análise destacando um aspecto positivo do raio-X do mercado editorial brasileiro em 2024. Em comparação com os resultados dos últimos dez anos (sim, o Bonas Histórias completou no ano passado seu décimo aniversário e durante todo esse período tem estado de olho no que acontece de mais importante nas editoras e nas livrarias nacionais), tivemos uma elevação do número de obras de ficção de autores do nosso país na lista de best-sellers. A novidade é que esse crescimento não se deu apenas entre títulos infantis e infantojuvenis, mas também entre livros de boa qualidade literária para o público adulto. Ainda há esperança, meu povo. Como cantaria Vinicius de Moraes em “Samba da Benção”: ô, meu Brasil de todos os Santos, inclusive meu São Sebastião. Saravá! Saravá!!!

Por outro lado, temos que reconhecer que nem tudo são flores na nação que continua queimando com avidez sua fauna e sua flora. Se o número de publicações da ficção nacional cresceu (6 dos 30 best-sellers de 2024 são dessa categoria – melhor número desde 2014), a quantidade de exemplares comercializados caiu após o boom pandêmico. Não é errado dizer que o Brasil é hoje um país de não leitores. Segundo pesquisas recentes, há mais pessoas que não leram nenhum livro nos últimos 12 meses do que pessoas leitoras. E a parcela minoritária dos que seguem com os olhos grudados nas páginas das publicações está lendo cada vez menos. A ficção não foge dessa triste realidade. Ai, ai, ai.
Outra questão importante para debatermos é o perfil da ficção literária que os brasileiros estão consumindo. Não é novidade que os títulos infantis e infantojuvenis dominam essa listagem. Essa característica do nosso mercado vem lá de trás, dos anos 1980 e 1990. O curioso é notar que agora os influenciadores digitais tenham hipnotizado a atenção dos leitores mirins ao ponto de não termos tantos autores efetivamente de ficção entre os best-sellers. Exagero da minha parte? Então veja os números de Enaldinho, Maidy Lacerda e Gabriel Dearo & Manu Digilio. E compare com os demais autores sem uma plataforma de comunicação digital tão robusta. Nesse sentido, Iandê Albuquerque, a grande novidade da prateleira infantojuvenil da última temporada, é a exceção que só confirma a regra.
Entre os hábitos do público adulto, reparo que Ilko Minev, Carla Madeira e Itamar Vieira Junior seguem como líderes de venda. Isso quer dizer que eles lançaram novos livros recentemente? Nananinanão (a palavra favorita da minha venezuelana favorita – beijo, Aninha!). Suas obras mais vendidas têm pelo menos cinco ou seis anos. Ou seja, esse trio de autores adquiriu, felizmente, status entre o público leitor e suas obras vendem naturalmente ano a ano. Em outras palavras, seus nomes viraram marcas de qualidade e seus principais sucessos adquiriram o selo de clássicos contemporâneos. O lado negativo dessa condição é que não tivemos novos lançamentos da ficção para o público adulto no alto do pódio dos mais vendidos em 2024.
Os números que apresento a seguir (e que discuto frequentemente nos posts da coluna Mercado Editorial) foram coletados e divulgados pelo PublishNews, a fonte de informação mais confiável atualmente do setor livreiro e do setor editorial do Brasil. Os leitores do Bonas Histórias já estão acostumados com o uso preferencial das pesquisas dessa empresa pelo blog. Gosto dos levantamentos do PublishNews porque, entre outras coisas, eles se baseiam diretamente do banco de dados das principais livrarias nacionais – seja na venda online, seja na venda física.
Depois desse interminável blábláblá, vamos ao que o povo (das Letras) tanto gosta: o ranking dos livros da ficção brasileira mais vendidos em 2024. Veja, a seguir, os best-sellers da ficção verde-amarela de nossas livrarias no ano passado segundo o PublishNews:

1º “Elo Monsters Books – Flow Pack” (2024) – Enaldinho – Literatura Infantil – Pixel – 59,8 mil unidades.
2º “A Filha dos Rios” (2015) – Ilko Minev – Literatura Ficcional – Buzz – 51,6 mil unidades.
3º “Tudo é Rio” (2014) – Carla Madeira – Literatura Ficcional – Record – 44,7 mil unidades.
4º “O Diário de Uma Princesa Desastrada” (2022) – Maidy Lacerda – Literatura Infantil – Outro Planeta – 33,6 mil unidades.
5º “As Aventuras de Mike – A Origem de Robson” (2023) – Gabriel Dearo e Manu Digilio – Literatura Infantil – Outro Planeta – 30,0 mil unidades.
6º “As Aventuras de Mike” (2019) – Gabriel Dearo e Manu Digilio – Literatura Infantil – Outro Planeta – 27,2 mil unidades.
7º “O Diário de Uma Princesa Desastrada 2” (2023) – Maidy Lacerda – Literatura Infantil – Outro Planeta – 20,5 mil unidades.
8º “As Aventuras de Mike 3 – Mudando de Casa” (2022) – Gabriel Dearo e Manu Digilio – Literatura Infantil – Outro Planeta – 20,5 mil unidades.

9º “O Caderno de Maldades do Scorpio” (2024) – Maidy Lacerda – Literatura Infantil – Outro Planeta – 19,4 mil unidades.
10º “As Aventuras de Mike 2 – O Bebê Chegou” (2019) – Gabriel Dearo e Manu Digilio – Literatura Infantil – Outro Planeta – 18,7 mil unidades.
11º “As Aventuras de Priminha Irritante no Reino dos Unicórnios” (2024) – Gabriel Dearo e Manu Digilio – Literatura Infantil – Outro Planeta – 15,3 mil unidades.
12º “Talvez a Sua Jornada Agora Seja Só Sobre Você - Crônicas” (2022) – Iandê Albuquerque – Literatura Infantojuvenil – Outro Planeta – 13,6 mil unidades.
13º “O Diário de Uma Princesa Desastrada 3” (2024) – Maidy Lacerda – Literatura Infantil – Outro Planeta – 12,7 mil unidades.
14º “Torto Arado” (2019) – Itamar Vieira Junior – Literatura Ficcional – Todavia – 11,8 mil unidades.
Acho que por hoje é isso, galerinha do meu Brasil. E como sempre digo: enquanto o mundo gira, a gente lê; fazer o quê? Até a próxima!
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