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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 42 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

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Mercado Editorial: Os livros mais vendidos no Brasil em 2023

Confira a lista das vinte obras mais comercializadas nas livrarias brasileiras no ano passado segundo o PublishNews.


Mercado Editorial: Os livros mais vendidos no Brasil em 2023

Há várias maneiras para se analisar o povo brasileiro. Como trabalho com literatura (e estamos hoje em um post da coluna Mercado Editorial), gosto de avaliar meus conterrâneos simplesmente pelos seus hábitos de leitura. A partir de suas compras nas livrarias nacionais, consigo entender um pouco das suas rotinas, preocupações, interesses, crenças e gostos. Por isso, sempre fico empolgado quando, no começo de janeiro, é divulgada a lista com os best-sellers do mercado editorial brasileiro do ano anterior. Aí aproveito esse material ainda quentinho, que muita gente enxerga apenas pelo lado comercial, mas que para mim também tem um forte caráter antropológico, para fazer o diagnóstico reflexivo dos meus compatriotas. Para quem achou curiosa essa minha mania, admito que faço esse levantamento há quase uma década no Bonas Histórias. As últimas três investigações estão nos posts de Livros Mais Vendidos em 2022, Livros Mais Vendidos em 2021 e Livros Mais Vendidos em 2020.


Voltando para o presente, o que os livros campeões de venda de 2023 sinalizam, afinal, sobre o país em que nasci há muito, muito tempo (não espalhe, por favor!) e que fugi recentemente (sem nenhuma gota de arrependimento, tá?)? Para responder a essa pergunta filosófico-existencial, recorri aos dados do PublishNews, a fonte da indústria brasileira do livro mais confiável que temos no momento. Não à toa, ele é a minha primeira opção de referência estatística. Os leitores assíduos da coluna Mercado Editorial já estão acostumados com o PublishNews. Sempre o uso quando preciso de informações fidedignas sobre o universo editorial do nosso país. Seus números são obtidos diretamente dos sistemas de venda das maiores redes de livrarias do Brasil e contemplam tanto as operações físicas quanto as operações online dos principais varejistas.


Analisando a lista dos 20 títulos mais comercializados entre janeiro e dezembro de 2023, encontramos o predomínio de obras de autoajuda. O brasileiro seria, então, um povo que precisa de tanta ajuda assim? Pelo mais recente ranking do mercado editorial, a resposta é um retumbante e sonoro SIM. São 7 livros no top 20 (35% da lista, se minhas contas não estiverem equivocadas) com essa proposta que podemos chamar de altruísta (se olharmos com bons olhos) ou de pega-otário (se tivermos uma visão negativa do mundo).  


Os livros mais vendidos no país no ano passado

Através da leitura, meus conterrâneos aprendem vários tipos de receita para ficar milionários (só não é podre de rico hoje em dia quem não quer!), descobrem como fazer amigos (uma carência que não imaginava ser tão recorrente entre os brasileiros), entendem a importância da responsabilidade pessoal (realmente é bombástica essa revelação), compreendem como não cair nas arapucas das tentações diabólicas (cuidado, o Diabo está mais perto do que você imagina) e podem adquirir hábitos saudáveis (juro que nunca tinha pensado sobre isso). E, acredite se quiser, ficam cientes da relevância de se pensar cotidianamente (aí, creio eu, já é exagero dos autores da autoajuda). Incrível quanta coisa brilhante podemos aprender com os best-sellers, né? O mais curioso é que há publicações quase centenárias com esses incríveis conselhos, que pelo visto ainda são novidades imperdíveis para o brasileiro médio.


Se você não gosta de autoajuda (e/ou já sabe tudo o que as páginas desses títulos estão ensinando há mais de cem anos), aí a melhor pedida está na estante das publicações religiosas. Como o Brasil é tradicionalmente um país muito religioso (graças a Deus!), os livros sacros figuram sempre entre os best-sellers. Em 2023 não foi diferente. Tivemos 3 exemplares (15% da lista) que trazem conversas muito interessantes com Deus, pílulas de sabedoria espírita e revelações dos segredos das pessoas que encontraram a felicidade seguindo os preceitos católicos. O livro mais vendido na última temporada está justamente nessa categoria. “Café com Deus Pai” de Junior Rostirola vendeu mais de 126 mil unidades em duas edições, uma pela Editora Vida e outra pela Editora Vélos. Impossível não nos emocionarmos com um conteúdo tão puro e belo!


Se somarmos a quantidade de livros de autoajuda (7) com o número de títulos religiosos (3) na coletânea das 20 publicações mais vendidas em 2023, chegamos à metade de exemplares do ranking (10). Até aí não há nenhuma novidade. Autoajuda e religião são os carros-chefes do mercado editorial brasileiro desde que Pedro Alvares Cabral trouxe em sua caravela um padre e um motivador profissional. A surpresa é que esse predomínio tem caído nos últimos dois ou três anos. Por quê? Porque tivemos um crescimento da literatura ficcional. Aí está a primeira excelente notícia deste post do Bonas Histórias.


Antes que alguém possa soltar fogos de artifício e rezar agradecendo à graça alcançada, preciso alertar que os leitores nacionais ainda têm um gosto bastante imaturo quando o assunto é ficção literária. Dos 9 livros literários no topo do ranking dos mais vendidos, 4 são da literatura infantojuvenil e 1 é da literatura infantil. Em outras palavras, tem muito marmanjo e marmanja lendo histórias mais adequadas para os filhos e netos adolescentes do que para a sua faixa etária. Quando o brasileiro larga as publicações de autoajuda e as obras religiosas, sua primeira opção é a prateleira da literatura young adult.


Ranking dos livros mais vendidos no Brasil – Parte I – 1º ao 10º lugar

O maior destaque da ficção infantojuvenil (admito que não consigo ver essa categoria como young adult – de adult ela não tem nada ou, sendo muito otimista, tem muito pouco!) continua sendo Colleen Hoover, romancista norte-americana com três títulos no top 20: “É Assim que Acaba” (Galera) na 2ª posição, “É Assim que Começa” (Galera) na 3ª colocação, e “Verity” (Galera) no 14º lugar. Ao todo, Hoover vendeu mais de 250 mil unidades no Brasil no ano passado, sendo ainda a autora mais vendida por essas bandas (posto ocupado desde 2022).


A segunda boa nova do ano é que a literatura brasileira de maior qualidade apareceu em ótima posição no ranking dos títulos mais comercializados em 2023. Temos 3 livros (15%) de autores nacionais de excelente qualidade na listagem dos best-sellers: “Onde Estão as Flores” (Buzz), romance de Ilko Minev que ficou na 4ª colocação, “Tudo é Rio” (Record), obra-prima de Carla Madeira no 8º lugar, e “Torto Arado” (Todavia), clássico contemporâneo de Itamar Vieira Junior no 16º lugar. Se esses nomes não são surpresa nenhuma na coletânea das ficções mais vendidas no país, a presença do trio simultaneamente no top 20 dos livros gerais é um sinal de que a literatura brasileira de alto nível está se conectando de forma mais intensa com o público leitor. Há luz no fim do túnel? Talvez! Esperemos para ver se não foi Verão de uma só andorinha ou se essa tendência se repetirá nos próximos anos.


Por fim, tivemos um exemplar de difícil classificação (o chamei simplesmente de Não Ficção, um termo para lá de genérico). Sabe aquele livro que não é livro, ou pelo menos não serve para a leitura convencional? Pois bem, terminado o sucesso das obras para colorir que invadiu as livrarias nacionais há seis ou sete anos (ufa!), surgiu agora um exemplar entre os best-sellers do ano passado que é quase um antilivro. “Destrua Este Diário” (Intrínseca), obra da canadense Keri Smith que apareceu na 19ª colocação, é uma publicação para o leitor rasgar, rabiscar, atirar na parede e amassar. Você teria coragem de fazer isso com um livro?! Confesso que eu não consigo sequer pensar nessa possibilidade (sou tão velho, mas tão velho que ainda tenho a mania besta de querer ler as obras que compro nas livrarias).  


Feito esse breve resumo da ópera (ou seria um desabafo mesmo!), vamos para o que interessa, senhoras e senhores. A seguir, apresento o ranking completo dos livros mais vendidos no Brasil em 2023 em ordem decrescente. Assim, confira quais foram os 20 maiores best-sellers de nosso país no ano passado segundo o PublishNews:


Ranking dos livros mais vendidos no Brasil – Parte II – 11º ao 20º lugar

1º) “Café com Deus Pai” (2021) – Junior Rostirola (Brasil) – Religião Nacional – Editora Vida/Editora Vélos – 126,7 mil unidades.


2º) “É Assim que Acaba” (2016) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil Estrangeira – Galera – 83,1 mil unidades.


3º) “É Assim que Começa” (2022) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil Estrangeira – Galera – 80,7 mil unidades.


4º) “Onde Estão as Flores” (2013) – Ilko Minev (Brasil/Bulgária) – Literatura Ficcional Brasileira – Buzz – 78,9 mil unidades.


5º) “Mais Esperto que o Diabo” (1938) – Napoleon Hill (Estados Unidos) – Autoajuda Estrangeira – Citadel – 74,8 mil unidades.


6º) “A Biblioteca da Meia-noite” (2020) – Matt Haig (Inglaterra) – Literatura Infantojuvenil Estrangeira – Bertrand Brasil – 60,3 mil unidades.


7º) “O Poder da Autorresponsabilidade” (2018) – Paulo Vieira (Brasil) – Autoajuda Nacional – Gente – 52,2 mil unidades.


8º) “Tudo é Rio” (2014) – Carla Madeira (Brasil) – Literatura Ficcional Brasileira – Record – 48,5 mil unidades.


9º) “Minutos de Sabedoria” (1966) – Carlos Torres Pastorino (Brasil) – Religião Nacional – Vozes – 38,2 mil unidades.


10º) “Quem Pensa Enriquece – O Legado” (1937) – Napoleon Hill (Estados Unidos) – Autoajuda Estrangeira – Citadel – 37,2 mil unidades.


11º) “Os Segredos da Mente Milionária” (2005) – T. Harv Eker (Canadá) – Autoajuda Estrangeira – Sextante – 36,4 mil unidades.


12º) “Mulheres que Correm com os Lobos” (1992) – Clarissa Pinkola Estés (Estados Unidos) – Literatura Ficcional Estrangeira – Rocco – 35,4 mil unidades.


13º) “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” (1936) – Dale Carnegie (Estados Unidos) – Autoajuda Estrangeira – Sextante – 34,0 mil unidades.


14º) “Verity” (2018) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil Estrangeira – Galera – 33,1 mil unidades.


15º) “Diário de Um Banana – Um Romance em Quadrinhos” (2007) – Jeff Kinney (Estados Unidos) – Literatura Infantil Estrangeira – VR Editora – 32,3 mil unidades.


16º) “Torto Arado” (2019) – Itamar Vieira Junior (Brasil) – Literatura Ficcional Brasileira – Todavia – 31,0 mil unidades.


17º) “Destrua Este Diário” (2007) – Keri Smith (Canadá) – Não Ficção Estrangeira – Intrínseca – 30,3 mil unidades.


18º) “Nunca Foi Segredo” (2023) – Padre Reginaldo Manzotti (Brasil) – Religião Nacional – Petra – 30,0 mil unidades.


19º) “Hábitos Atômicos” (2018) – James Clear (Estados Unidos) – Autoajuda Estrangeira – Alta Life – 29,5 mil unidades.


20º) “O Homem Mais Rico da Babilônia” (1926) – George S. Clason (Estados Unidos) – Autoajuda Estrangeira – HarperCollins – 29,4 mil unidades.


Em abril, voltarei à coluna Mercado Editorial para apresentar o ranking das ficções mais vendidas no Brasil em 2023. Como o Bonas Histórias é um blog de literatura que analisa preferencialmente obras ficcionais (como a coluna Livros – Crítica Literária pode comprovar!), acho legal comentar o que os leitores nacionais estão comprando e lendo nessa seção específica das livrarias. Até lá, não perca o conteúdo das demais colunas do nosso site. Porque você bem sabe: enquanto o mundo gira e o tempo corre, a gente lê. Fazer o quê?!


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