Mercado Editorial: Livros juvenis mais vendidos em 2024
- Ricardo Bonacorci

- 4 de ago.
- 7 min de leitura
Atualizado: 13 de ago.
Conheça os 15 títulos da literatura juvenil (ou da literatura young adult) que figuraram no alto do ranking dos mais comercializados nas livrarias brasileiras no ano passado.

Quem acompanha atentamente a coluna Mercado Editorial deve ter notado que um dos temas que debato com mais assiduidade é a lista dos livros mais vendidos no Brasil. Para fazer o levantamento completo dos títulos mais requisitados pelos meus conterrâneos nas últimas temporadas, apresento vários rankings dos best-sellers das livrarias nacionais ao longo de todo o ano. Basicamente, trago a cada bimestre o panorama de uma prateleira específica das lojas. Assim, acredito ajudar na elucidação dos caminhos contemporâneos da indústria livreira do nosso país. Pela grande quantidade de acessos que tais posts possuem, entendo que estamos diante de um assunto valorizado pelo público do Bonas Histórias. Sabendo de tal apelo pelo sempre revelador Google Analytics, sigo firme e confiante na tarefa de informar os leitores mais engajados deste blog escondido nas curvas da internet.
Em relação aos sucessos editoriais de 2024, a dinâmica de publicação desta coluna não foi diferente à nossa tradição. No início de fevereiro, discuti a listagem geral das obras mais comercializadas no Brasil no ano passado. No fim de março, apresentei os títulos ficcionais preferidos pelos brasileiros na última temporada. No início de junho, exibi os best-sellers da literatura nacional entre janeiro e dezembro passados. E agora, nesse princípio de agosto, volto ao Bonas Histórias para revelar os livros juvenis mais vendidos em 2024 em nosso país. Para completar o panorama dos principais êxitos do mercado editorial nacional, já adianto que, no finalzinho de setembro ou no mais tardar no começo de outubro, comentarei mais um ranking: o dos exemplares mais vendidos da literatura infantil. Aí terei a certeza de ter concluído a saga pelos resultados comerciais da nossa indústria no ano passado.
Ao tratar da literatura juvenil (o tema de hoje da coluna Mercado Editorial), me sinto na obrigação de fazer um breve esclarecimento. Afinal, o que considero como pré-requisitos para classificar um livro como pertencente a esta categoria, hein? Por mais óbvia que possa parecer a resposta para um questionamento aparentemente tão singelo, saiba que ela suscita bastante polêmica. Na minha visão, um título juvenil é aquele, conforme seu próprio nome diz, direcionado ao público jovem. E quem é o público jovem, senhoras e senhores? Segundo os critérios das Nações Unidas, esse grupo é formado por pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos. Portanto, estão nessa faixa os adolescentes e os recém-ingressantes à idade adulta.
O problema do mercado editorial é que nas últimas décadas o termo literatura juvenil passou a ser visto com preconceito. Por quê? Porque muitos adultos (pessoas com mais de 24 anos na definição que acabamos de explorar) seguiram com um paladar literário típico dos adolescentes. Envelheceram na cronologia, mas continuaram lendo os mesmos materiais do passado. Aí chegamos numa situação em que muitos trintões e quarentões permanecem preferindo obras desenvolvidas para o público juvenil. Esse é um processo mundial: ocorre no Brasil (e na América Latina) e ocorre também nos Estados Unidos (América do Norte), Europa e Ásia. Provavelmente trata-se de uma característica geracional – indivíduos cada vez mais infantilizados em todos os aspectos da vida.

Para não melindrar os leitores mais velhos (ninguém gosta de ser tratado como um adolescente, por mais que se comporte como tal), as editoras e as livrarias internacionais cunharam o termo young adult. Pronto! O problema foi (aparentemente) resolvido. Sob a nova nomenclatura, o mercado editorial conseguiu agradar tanto os adolescentes e os jovens (o verdadeiro público juvenil) quanto os adultos de paladar literário menos apurado (grupo abraçado pela definição do young adult). O sucesso desses títulos nos últimos anos mostrou o quão acertada foi tal estratégia. Em boa parte dos países, os líderes de vendas na categoria da ficção são justamente títulos posicionados nas estantes do young adult.
A questão é que, para mim, essas obras continuam sendo juvenis, por mais que mudaram as terminologias recentemente. Não é porque temos grupos cruzados de leitores (cada vez mais marmanjos lendo textos da molecada) que as características deste tipo de literatura tenham sofrido radicais transformações. Não! Um livro juvenil continua sendo um livro juvenil. Pelo menos na minha humilde concepção. E isso não tem nada a ver com a sua qualidade. Como todo gênero narrativo, existem exemplares bons e exemplares ruins dividindo espaço nas estantes das livrarias e das bibliotecas. Em outras palavras, a sua classificação não é referente à excelência da história e do texto produzido e sim do perfil do público-alvo (prioritário) da publicação.
Depois dessas linhas de esclarecimento sobre o conceito do que é literatura juvenil, vamos à lista dos livros mais vendidos nessa categoria em 2024. Afinal, é para isso que viemos para esta página da coluna Mercado Editorial, não é mesmo? A base do nosso levantamento é a comercialização nas livrarias brasileiras no ano passado – tanto nas operações físicas quanto nas operações eletrônicas. A fonte de dados é o PublishNews, a principal referência em informação do mercado editorial do nosso país há alguns anos. Para quem se interessa pelas questões técnicas, só usamos no Bonas Histórias os números das pesquisas e dos estudos do PublishNews. Dessa maneira, apresento sem mais rodeios o ranking dos 15 livros infantojuvenis mais vendidos no Brasil em 2024. Confira:

1º “É Assim que Acaba” (2016) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Galera – 69,8 mil unidades.
2º “É Assim que Começa” (2022) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Galera – 51,9 mil unidades.
3º “A Biblioteca da Meia-noite” (2020) – Matt Haig (Inglaterra) – Literatura Juvenil Estrangeira – Bertrand Brasil – 51,7 mil unidades.
4º “Verity” (2018) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Galera – 39,4 mil unidades.
5º “Melhor que Nos Filmes” (2021) – Lynn Painter (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Intrínseca – 27 mil unidades.

6º “Coraline” (2002) – Neil Gaiman (Inglaterra) – Literatura Juvenil Estrangeira – Intrínseca – 22,2 mil unidades.
7º “Jujutsu Kaisen – Volume 1 da Batalha de Feiticeiros” (2018) – Gege Akutami (Japão) – Graphic Novel Internacional – Panini – 20,1 mil unidades.
8º “O Ladrão de Raios” (2005) – Rick Riordan (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Intrínseca – 18,4 mil unidades.
9º “O Mergulho na Escuridão” (2014) – Scott Cawthon/Elley Cooper (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Intrínseca – 17 mil unidades.
10º “Todas As Suas (Im)Perfeições” (2018) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Galera – 15,4 mil unidades.

11º “O Lado Feio do Amor” (2014) – Colleen Hoover (Estados Unidos) – Literatura Juvenil Estrangeira – Galera – 15,2 mil unidades.
12º “One Piece 3 em 1 – Volume 1” (2017) – Eiichiro Oda (Japão) – Graphic Novel Internacional – Panini – 15 mil unidades.
13º “Talvez A Sua Jornada Agora Seja Só Sobre Você” (2022) – Iandê Albuquerque (Brasil) – Literatura Juvenil Nacional – Outro Planeta – 13,6 mil unidades.
14º “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (1997) – J. K. Rowling (Inglaterra) – Literatura Juvenil Estrangeira – Rocco – 12,8 mil unidades.
15º “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – Volume 1” (2016) – Koyoharu Gotouge (Japão) – Graphic Novel Internacional – Panini – 11 mil unidades.
Agora vamos a algumas conclusões que tiramos ao analisar esse ranking. Em primeiro lugar, quando falamos no Brasil de literatura juvenil (ou de literatura young adult – a chame como quiser), estamos tratando essencialmente de literatura internacional. Afinal, dos 15 títulos mais vendidos em nosso país, temos apenas um mísero exemplar da literatura brasileira. A peça solitária é “Talvez A Sua Jornada Agora Seja Só Sobre Você”, de Iandê Albuquerque. E esse livro ficou apenas na 13ª posição dos mais vendidos em sua categoria. Convenhamos que é muito pouco para os autores nacionais, né? Nossos jovens estão lendo quase que exclusivamente autores gringos.
E dos escritores juvenis, ninguém vendeu mais do que Colleen Hoover. A norte-americana conseguiu o feito de colocar cinco títulos na lista dos 15 mais comercializados em nosso país: “É Assim que Acaba”, “É Assim que Começa”, “Verity”, “Todas As Suas (Im)Perfeições” e “O Lado Feio do Amor”. Esse quinteto gerou quase 200 mil cópias vendidas. Incrível, né? Não por acaso, Hoover é a ficcionista mais consumida em nosso país independentemente das classificações (e das subclassificações). Não importa se as obras são para crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos ou idosos. Ninguém vendeu mais literatura ficcional para os leitores brasileiros do que Colleen Hoover, a principal best-seller internacional da atualidade.

Outra observação importante é que a literatura juvenil estrangeira é dominada por obras da língua inglesa. Essa é uma marca que persiste há muitos anos no Brasil. Os líderes de vendas por aqui são geralmente autores dos Estados Unidos e da Inglaterra. Quando muito, aparece um canadense, um escocês, um irlandês, um galês, um indiano, um sul-africano ou nigeriano. Contudo, dessa vez, os best-sellers ficaram exclusivamente com a galera da literatura norte-americana e da literatura inglesa. Infelizmente, são raros os artistas das letras de outros idiomas que conseguem furar essa bolha anglófila e alcançar o topo do ranking dos mais vendidos.
Exatamente por isso, é legal destacar o trabalho realizado nos últimos anos pela Panini Comics, selo da editora italiana especializado na publicação de histórias em quadrinhos, com os mangás japoneses. A boa nova é a presença cada vez maior e mais frequente desses títulos entre os principais sucessos editoriais do nosso país. Em 2024, por exemplo, podemos ver a presença de três obras japonesas de graphic novel na lista dos 15 best-sellers juvenis: “Jujutsu Kaisen – Volume 1 da Batalha de Feiticeiros”, de Gege Akutami, “One Piece 3 em 1 – Volume 1”, de Eiichiro Oda, “Demon Slayer – Kimetsu No Yaiba – Volume 1”, de Koyoharu Gotouge. Viva a variedade em nossas livrarias, senhoras e senhores! E viva a legítima literatura japonesa.
Com essas linhas de comentários, acho que já posso encerrar o post de hoje do Bonas Histórias. Para quem deseja saber o ranking dos livros infantis mais vendidos no Brasil em 2024, minha sugestão é que continue acompanhando a coluna Mercado Editorial. Porque daqui a algumas semanas, voltarei a essas páginas para apresentar e discutir os best-sellers da criançada em nosso país. Não perca nossas novidades, hein? Até a próxima, pessoal!
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