As vendas de livros no Brasil cresceram nos dois últimos bimestres, inclusive em comparação com o mesmo período do ano passado. Em novembro, por exemplo, a expansão foi 21% superior ao registrado no mesmo mês de 2019, segundo dados da Nielsen/Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Folha de São Paulo de 15 de dezembro). Talvez o faturamento do setor em 2020 fique um pouco aquém da receita do ano anterior. O motivo é, claro, o fechamento das livrarias durante a quarentena. No início da pandemia da Covid-19, o faturamento do Mercado Editorial desabou. Em abril e maio, havia quem projetasse um recuo em 2020 na casa de dois dígitos, uma temeridade para um segmento da economia que já tinha caído de 30% a 40% nos últimos seis anos.
Por essa reviravolta positiva no faturamento dos livros, um clima mais otimista passou a soprar no Mercado Editorial nesse finalzinho de ano. Há quem acredite na equiparação das vendas em relação ao ano anterior ou até mesmo em um leve crescimento. Depois do quadro trágico que estava se formando no meio do ano, um resultado mesmo que ligeiramente menor já é extremamente satisfatório para o setor. A meu ver, a dinâmica do Mercado Editorial em 2020 se parece com aquele time que começou o campeonato perdendo todas as partidas. O cheirinho de rebaixamento era forte entre os torcedores e o elenco de jogadores. Aí no segundo turno, a equipe tem uma arrancada sensacional e termina a classificação nas primeiras posições. Se não deu para levantar o título, ao menos não amargaremos a vergonha do descenso. Essa é a minha sensação.
Prova maior dessa virada de humor das editoras, editores, livreiros e escritores nacionais é a propulsão de lançamentos nesse finalzinho de 2020. Até que enfim, começaram a pintar nas prateleiras e nos sites das livrarias publicações realmente novas. Se até outubro o mercado brasileiro de livros estava investindo apenas em republicações e em títulos de autores estrangeiros, agora a conversa é outra. Nota-se uma elevação no número de obras nas categorias ficção brasileira e poesia nacional. Ufa! A roda do setor editorial voltou a girar com certa normalidade.
Entre os lançamentos desse bimestre, meus destaques vão para oito livros. O primeiro da fila é o novo romance de Nélida Piñon, escritora que acabou de ganhar o Prêmio Jabuti de 2020 com uma coletânea de crônicas. “Um Dia Chegarei a Sagres” (Record) é sua primeira narrativa longa depois de dezesseis anos. Ainda na literatura brasileira, destaco: “Passatempoemas – Desafios Verbo-lógico-matemáticos” (Quelônio), uma inventiva coleção poética de Carolina Zuppo Abed, autora de “Tecle 2 Para Esquecer” (Patuá); e “A Roupa do Corpo” (Record), romance de Francisco Azevedo que conclui a tetralogia formada por “O Arroz de Palma” (Record), “Doce Gabito” (Record) e Os Novos Moradores” (Record).
Da literatura portuguesa, ressalto três títulos: “Os Vivos e os Outros” (Tusquets), a mais recente publicação do luso-angolano José Eduardo Agualusa; “A Noiva do Tradutor” (DBA Editora), romance impecável do lusitano João Reis, e “O Kit de Sobrevivência do Descobridor Português no Mundo Anticolonial” (Macondo), obra tão inovadora da poetisa portuguesa Patrícia Lino que é até difícil de classificá-la (chamei de coletânea de crônicas, mas sei que não está correta essa definição!).
Concluo meus destaques com dois exemplares da literatura estrangeira: “Zen na Arte da Escrita” (Biblioteca Azul), coletânea de crônicas e ensaios de Ray Bradbury sobre o fazer literário (título imperdível para quem está começando na carreira de escritor e para quem quer se desenvolver na escrita criativa); e “Comemadre” (Moinhos), o mais recente romance do argentino Roque Larraquy. Por falar em literatura argentina, repare na leva de títulos contemporâneos de excelente qualidade que aportou por aqui vinda do país vizinho.
Segue, abaixo, a lista com os principais lançamentos do mercado editorial em novembro e dezembro no Brasil. Nesse levantamento, temos títulos ficcionais (romances, novelas, coletâneas de contos e de crônicas, ensaios e literatura infantojuvenil) e coletâneas poéticas de autores nacionais e estrangeiros. São ao todo 80 obras. Confira:
Ficção Brasileira:
“Um Dia Chegarei a Sagres” (Record) – Nélida Piñon – Romance – 512 páginas.
“A Roupa do Corpo” (Record) – Francisco Azevedo – Romance – 532 páginas.
“Três Homens Chamados João – Uma Tragédia em 1930” (Cepe) – Ana Maria César – Romance – 400 páginas.
“Segure Minha Mão” (Patuá) – Guille Thomazzi – Romance – 246 páginas.
“Liame” (Laranja Original) – Cláudio Furtado – Romance – 292 páginas.
“Oroboro Baobá” (Penalux) – Emmanuel Mirdad – Romance – 324 páginas.
“O Corpo Recusado” (Hucited) – Luiz Cecilio – Romance – 288 páginas.
“Entre Outras Mil” (Diadorim) – Rochele Bagatini – Romance – 148 páginas.
“Aldeia dos Mortos” (Patuá) – Adriana Vieira Lomar – Romance – 196 páginas.
“A Ponte no Nevoeiro” (Laranja Original) – Chico Lopes – Romance – 336 páginas.
“Uma Festa para os Olhos” (Ebook) – Rui Luís Rodrigues – Romance – 216 páginas.
“A Mãe Escondida” (Patuá) – Edson Valente – Romance – 176 páginas.
“A Linha Augusta do Campo” (Quelônio) – Sidnei Xavier Santos – Novela – 96 páginas.
“Cem Vezes Uma” (Jandaíra) – Ana Brêtas – Coletânea de Contos – 216 páginas.
“Seridó e Outras Histórias” (Quelônio) – Lidia Izecson – Coletânea de Contos – 200 páginas.
“Com a Corda no Pescoço” (Reformatório) – André Nigri – Coletânea de Contos – 128 páginas.
“Depois do Fim do Mundo” (Edição do Autor) – Rodrigo Durão Coelho – Coletânea de Contos – 176 páginas.
“Meninas que Escrevem” (Jandaíra) – Organizado – Coletânea de Contos Infantojuvenis – 136 páginas.
“Ruínas” (Edufes) – Lúcia Nascimento – Coletânea de Contos e Crônicas – 88 páginas.
“Matraca” (Quelônio) – Isabel Série – Coletânea de Crônicas – 168 páginas.
“Escrito na Chuva” (Pomar de Ideias) – Cláudia Gabriel – Coletânea de Crônicas – 128 páginas.
“Muito Prazer, Sou Mário de Andrade” (Roça Nova) – Karina Almeida – Literatura Infantojuvenil – 88 páginas.
“Palavra Cigana” (Sesi-SP) – Florencia Ferrari – Literatura Infantojuvenil – 88 páginas.
“O Varal” (Editora FTD) – Renata Bueno & Gilles Eduar – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“Seres Notáveis do Folclore” (Escrita Fina) – Mario Bag – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“Nena” (Zit) – Janaina Tokitaka – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“Um Belo Dia” (Editora do Brasil) – Guilherme Semionato – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“O Cílio do Olho da Clara” (Zit) – Felipe Simas – Literatura Infantojuvenil – 32 páginas.
“Enquanto o Almoço Não Fica Pronto...” (Escrita Fina) – Sonia Rosa – Literatura Infantojuvenil – 24 páginas.
“O Maior Queijo do Mundo” (Duna Dueto) – Eliana Martins & Adilson Farias – Literatura Infantojuvenil – 24 páginas.
“Na Casa Deles” (Edição do Autor) – Edith Chacon & Priscilla Ballarin – Literatura Infantojuvenil – 20 páginas.
Ficção Estrangeira:
“Os Vivos e os Outros” (Tusquets) – José Eduardo Agualusa (Angola) – Romance – 208 páginas.
“A Noiva do Tradutor” (DBA Editora) – João Reis (Portugal) – Romance – 128 páginas.
“Pachinko” (Intrínseca) – Min Jin Lee (Coreia do Sul) – Romance – 528 páginas.
“Pão de Açúcar” (HarperCollins) – Afonso Reis Cabral (Portugal) – Romance – 254 páginas.
“Escritos da Casa Morta” (Editora 34) – Fiódor Dostoiévski (Rússia) – Romance – 408 páginas.
“Salammbô” (Carambaia) – Gustave Flaubert (França) – Romance – 464 páginas.
“Erguei Bem Alto a Viga, Carpinteiros & Seymour, Uma Introdução” (Todavia) – J. D. Salinger (Estados Unidos) – Romance – 184 páginas.
“O Diabo” (Kalinka) – Marina Tsvetáieva (Rússia) – Romance – 138 páginas.
“Comemadre” (Moinhos) – Roque Larraquy (Argentina) – Romance – 148 páginas.
“A Cachorra” (Intrínseca) – Pilar Quintana (Colômbia) – Romance – 160 páginas.
“Desvio” (PontoEdita) – Juan Francisco Moretti (Argentina) – Romance – 192 páginas.
“Pistas Falsas – Uma Ficção Antropológica” (Iluminuras) – Néstor García Canclini (Argentina) – Romance – 106 páginas.
“O Quarto Alemão” (Moinhos) – Carla Maliandi (Argentina) – Romance – 140 páginas.
“No Final Ficam os Cedros” (Jangada) – Pierre Jarawan (Jordânia) – Romance – 440 páginas.
“O País de Súria – Obra Reunida de Paulino Dias” (Alameda) – Dias Paulino (Goa) – Coletânea em 2 volumes – 914 páginas.
“Caderno de Entomologia” (Moinhos) – Humberto Ballesteros (Colômbia) – Coletânea de Contos – 104 páginas.
“O Kit de Sobrevivência do Descobridor Português no Mundo Anticolonial” (Macondo) – Patrícia Lino (Portugal) – Coletânea de Crônicas – 208 páginas.
“Zen na Arte da Escrita” (Biblioteca Azul) – Ray Bradbury (Estados Unidos) – Coletânea de Crônicas – 160 páginas.
“A Música e as Letras” (Cultura e Barbárie) – Stéphane Mallarmé (França) – Coletânea de Crônicas e Ensaios – 138 páginas.
“A Torre de Nero” (Intrínseca) – Rick Riordan (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil – 336 páginas.
“O Ickabog” (Rocco) – J. K. Rowling (Inglaterra) – Literatura Infantojuvenil – 288 páginas.
“Cartas Para Martin” (Intrínseca) – Nic Stone (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil – 256 páginas.
“As Aventuras do Superbebê Fraldinha” (Companhia das Letrinhas) – Dav Pilkey (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil – 144 páginas.
“Dora Dança” (Salamandra) – Luciano Lozano (Espanha) – Literatura Infantojuvenil – 44 páginas.
“Vida em Marte” (Pequena Zahar) – Jon Agee (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“Uma Surpresa para Felipe” (Salamandra) – An Swerts & Aron Dijkstra (Bélgica) – Literatura Infantojuvenil – 40 páginas.
“Três” (Brinque-Book) – Stephen King (Estados Unidos) – Literatura Infantojuvenil – 32 páginas.
“Como os Oceanos Nos Erguemos” (Editora do Brasil) – Nicola Edwards & Sarah Wilkins (Inglaterra/Nova Zelândia) – Literatura Infantojuvenil – 28 páginas.
Poesia Brasileira:
“Passatempoemas – Desafios Verbo-lógico-matemáticos” (Quelônio) – Carolina Zuppo Abed – 44 páginas.
“Obras Poéticas de Alvarenga Peixoto” (Ateliê) – Alvarenga Peixoto – 256 páginas.
“Poesia Completa” (Companhia das Letras) – Cacaso – 456 páginas.
“Moldura de Lagartas” (Demônio Negro) – Susanna Busato – 128 páginas.
“Pequeno Palco” (Ateliê) – Ricardo Lima – 80 páginas.
“A Contragosto do Solo” (Demônio Negro) – Ronald Augusto – 88 páginas.
“A Ópera Náufraga” (Urutau) – Jozias Benedicto – 104 páginas.
“Cartas da Alteridade” (Demônio Negro) – Edney Cielici Dias – 138 páginas.
“O Enigma das Ondas” (Iluminuras) – Rodrigo Garcia Lopes – 152 páginas.
“O que Há Por Trás da Porta” (Kotter) – Layla Gabriel Oliveira – 120 páginas.
“Levante” (Jandaíra) – Henrique Marques Samyn – 104 páginas.
“Terrário” (Demônio Negro) – Simone Andrade Neves – 80 páginas.
“Flor de Asfalto” (Quelônio) – Lucia Forghieri – 72 páginas.
“Pedaço de Mim” (7 Letras) – Edith Elek – 80 páginas.
“41 Poemas Contra” (CemFlores) – Carlos Barroso – 56 páginas.
“Poesia Indígena Hoje” (Editora da Unicamp) – Beatriz Azevedo & Julie Dorrico (organizadores) – 128 páginas.
“Casa” (Impressões de Minas) – Mário Alex Rosa – 96 páginas.
Poesia Internacional:
“Meu Corpo Minha Casa” (Planeta) – Rupi Kaur (Índia) – 184 páginas.
“O Mundo Mutilado” (Quelônio) – Prisca Agustoni (Suíça) – 128 páginas.
“Dez Poemas Mudados para o Português” (Demônio Negro) – Ana Hatherly (Portugal) – 16 páginas.
“Visões” (Iluminuras) – William Blake (Inglaterra) – 428 páginas.
No início de 2021, voltarei à coluna Mercado Editorial para apresentar os livros mais vendidos em nosso país em 2020. Não perca as novidades dos setores livreiro e editorial no Bonas Histórias!
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