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Bonas Histórias

O Bonas Histórias é o blog de literatura, cultura, arte e entretenimento criado por Ricardo Bonacorci em 2014. Com um conteúdo multicultural (literatura, cinema, música, dança, teatro, exposição, pintura e gastronomia), o Blog Bonas Histórias analisa as boas histórias contadas no Brasil e no mundo.

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Ricardo Bonacorci

Nascido na cidade de São Paulo, Ricardo Bonacorci tem 43 anos, mora em Buenos Aires e trabalha como publicitário, produtor de conteúdo, crítico literário e cultural, editor, escritor e pesquisador acadêmico. Ricardo é especialista em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão da Inovação, bacharel em Comunicação Social, licenciando em Letras-Português e pós-graduando em Formação de Escritores.  

Foto do escritorMarcela Bonacorci

Dança: Hip Hop - O cinquentenário de surgimento da mais famosa dança urbana

Conheça a origem, a evolução, as influências e os diferentes estilos do Hip Hop, a modalidade dançante também chamada de Street Dance e Dança de Rua.

Dança Hip Hop: conheça a origem, a evolução, os estilos e os principais passos do Street Dance ou da Dança de Rua

Hoje vamos conhecer em detalhes o Hip Hop. A Dança de Rua ou Street Dance, como a modalidade também é chamada no Brasil, é o mais recente estilo dançante que apresento no Bonas Histórias. Pelas páginas da coluna Dança, vale a pena mencionar, já tratamos da Dança Moderna e Contemporânea, do Ballet Clássico, da Dança de Salão, do Frevo, da Dança Solta, do Forró, da Dança dos Noivos, do K-Pop, do Jazz Dance e da Dança do Ventre. Resolvi trazer agora o Hip Hop porque em novembro de 2023 comemoramos 50 anos do seu surgimento. A data é tão marcante que merece o meu registro e a nossa atenção.


Portanto, esse é o momento ideal para discutirmos a origem, as influências, a história, a evolução, as características, as variações estilísticas e a dimensão cultural de uma das danças mais expressivas, engajadas e dinâmicas do século XX. Já adianto que, nesse meu novo post do Bonas Histórias, não vou conseguir falar só de dança. O Hip Hop é uma manifestação artístico-cultural que possui ramificações para outras áreas, como a música, a linguagem, as artes plásticas, a arquitetura urbana, a moda, a propaganda e os esportes. Bons exemplos disso são o Grafite, o uso do boné e de tênis, o Rap e o skate.


O Hip Hop teve sua origem nos Estados Unidos, mas muitas pessoas ainda acreditam que esse movimento tenha surgido na Jamaica. Essa confusão se dá porque, na década de 1960, os bailes na ilha caribenha tinham como uma de suas principais propostas discutir assuntos como a violência das favelas de Kingston, a política, sexo e drogas. Os discursos eram comandados pelos Toasters, os MC’s (Mestres de Cerimônia), que abordavam os temas sociais através de um estilo de canto mais falado e menos cantado. Eles também introduziram nas festas pelas ruas jamaicanas o sistema de som chamado de Sound System, que consistia em aparelhos sonoros colocados no porta-malas dos carros. No final daquela década, a crise econômica e social da Jamaica impulsionou muitos jovens a emigrar para a América do Norte. Na bagagem, eles levaram essa forma de manifestação cultural.


Nessa mesma época, surgiram nos Estados Unidos figuras e grupos da periferia de Nova York que ganharam voz ao protestar contra o Racismo e as injustiças sociais e ao lutar a favor dos Direitos Humanos. Os nomes de maior destaque foram os líderes negros Martin Luther King (1929-1968) e Malcom X (1925-1965) e o grupo Panteras Negras (Black Panthers).


De certa maneira, a junção desses dois grupos marginalizados de Nova York (os imigrantes jamaicanos acostumados a extravasar suas angústias e a população negra norte-americana que começava a se despertar de séculos de opressão) gerou uma expressão artístico-cultural engajada, vibrante, poderosa e multidisciplinar, que se embrenhou na sociedade contemporânea.

O Breaking, ou Break Dance, é o estilo de dança do Hip Hop que se tornou modalidade esportiva nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024

Com a proposta de expressar seus problemas pessoais, sociais e raciais, os MC’s ganharam força e voz através do Rap (Rythm and Poety). Esse estilo musical fundamental do Hip Hop nada mais é do que uma canção acompanhada por um canto falado através de rimas entoadas no ritmo da melodia.


Um dos marcos do Hip Hop é a data de 11 de agosto de 1973. Não por acaso, ela aparece na história como o momento do surgimento deste gênero. Nesse dia, Clive Campbell (1955), jamaicano conhecido como DJ Kool Herc, promoveu uma festa para sua irmã, Cindy Campbell. Esse evento representou a primeira grande manifestação do Hip Hop. A festa aconteceu no número 1520 da Sedgwick Avenue, no bairro do Bronx, em Nova York. DJ Kool Herc foi o responsável por popularizar e promover o Hip Hop nos anos iniciais do estilo. O seu hit de maior sucesso é o clássico “Let me Clear My Throat”, popular até hoje.


Falando em momentos marcantes, é preciso apontar o 11 de novembro de 1973 como outro dia marcante para o Hip Hop. Foi nessa data que foi fundada a ONG Zulu Nation. A organização promovia atividades culturais e ações artísticas como forma de manter os jovens da periferia longe da violência, das brigas e das drogas. E o gênero que melhores resultados apresentava, exatamente por ir de encontro aos gostos e vontades da juventude, era o Hip Hop. Quando estavam dançando e cantando, a moçada ficava longe dos problemas típicos das ruas das grandes cidades.


Os grupos das periferias de Nova York e, depois, dos Estados Unidos, começaram a trocar as discussões e as brigas pelas competições saudáveis de dança e música. Inclusive, essa é ainda uma das características mais fortes e marcantes do Hip Hop. As batalhas, como são chamadas as disputas artísticas, são travadas entre os participantes. Eles podem competir duelando na música, na dança ou até mesmo na pintura, com os grafites.


Um artista que não podemos deixar de mencionar aqui é Afrika Bambaataa, nome artístico de Lance Taylor (1957), líder da Banda Zulu Nation. Ele é considerado o grande fundador intelectual do Hip Hop. Foi ele quem introduziu a ideia das batalhas criativas como substituição aos combates violentos no subúrbio das metrópoles. Taylor também é o principal responsável por reunir os elementos centrais desse gênero que são: o Djing (base musical), o MCing (canto), o Break ou B-boying (dança) e o Graffiti Writing (arte visual).

O Hip Hop é a modalidade de dança urbana mais popular do mundo. Em novembro de 2023, comemora-se o cinquentenário do surgimento desse gênero dançante, também conhecido como Street Dance e Dança de Rua

O nome Hip Hop surgiu através do movimento da dança Breaking. Hip que significa quadril e Hop saltar. Assim, com a ideia de saltar balançando o quadril, a característica da dança nomeou um movimento cultural que já nasceu multidisciplinar.


O Hip Hop nunca parou de crescer e de inovar. Nos anos 1980, o surgimento da MTV fez com que a modalidade ganhasse mais visibilidade midiática, pois apresentava videoclipes com os rappers em ação. Nessa época, o Hip Hop ganhou novas sonoridades ao receber a influência de outros gêneros musicais como Rock, Pop e Reggae. Foi nesse período que surgiram nomes importantes como os rappers LL Cool J (1968) e Mc Hammer (1962) e os grupos Beastie Boys, Public Enemy, N.W.A., Salt-N-Pepa.


Na década de 1990, o Hip Hop se consolidou como um fenômeno mundial. Seus artistas passaram a fazer parte das paradas de sucesso e ganharam diversas premiações da indústria musical. Novos elementos sonoros e visuais foram incorporados nos anos 2000. Nessa época, o gênero se expandiu ainda mais e alcançou as mídias sociais, o que permitiu a ampliação e a diversificação do público. Os artistas de destaque desse período são: Beyoncé (1981), Rihanna (1988), Jay-Z (1969), Lil Wayne (1982), Eminem (1972), Drake (1986), Nicki Minaj (1982), Kanye West (1977) e Kendrick Lamar (1987).


No Brasil, o Hip Hop chegou na década de 1980 através dos grupos de Break Dance, conhecidos como b-boys. Eles escutavam as músicas norte-americanas e criavam seus próprios passos e coreografias. Um dos artistas que mais contribuiu para difundir esse estilo por aqui foi o dançarino de Breaking, músico e ativista brasileiro Nelson Gonçalves Campos Filho (1954), conhecido como Nelson Triunfo. Não por acaso, ele é conhecido como o pai do Hip Hop no Brasil.


Em 1988, foi lançado o primeiro disco brasileiro de Hip Hop, que faz parte da coletânea “Hip-Hop Cultura de Rua”. Esse álbum também ajudou a fortalecer o gênero em nosso país. Os principais rappers que participaram dessa coletânea são Thaíde (1967), DJ Hum (1967), MC Jack e o grupo Código 13. Esse trabalho fez tanto sucesso que os participantes desse projeto musical estão até hoje entre os maiores rappers nacionais. O próximo lançamento importante que se destacou no universo do Hip Hop foi “Consciência Black Volume I”, do grupo Racionais MC’s.

Entre a variedade de estilos de dança do Hip Hop, os três principais são Breaking, Locking e Popping

A cidade de São Paulo sempre despontou como a capital nacional do Hip Hop. As principais manifestações da modalidade aconteciam na Região Central e, mais tarde, nos arredores do Metrô São Bento. Por ser uma arte nascida e praticada diretamente nas ruas, a dança desse gênero é conhecida como Street Dance ou Dança de Rua. No período de sua introdução no Brasil, os dançarinos de Hip Hop (ou Street Dance/Dança de Rua) se apresentavam para o público que ia e vinha pela cidade e, desse jeito, ganhavam contribuições monetárias.


O primeiro grupo de Rap norte-americano a fazer show no Brasil foi o Public Enemy, em 1984. A vinda da banda nova-iorquina ajudou muito a difundir a cultura do Hip Hop por aqui, principalmente nas regiões periféricas e entre a população negra, que se identificou imediatamente com seu estilo e suas propostas. As letras que carregavam reinvindicações por igualdade racial e social e protestos contra o governo caíram como uma luva para os brasileiros.


Por ser um movimento cultural nascido na periferia das grandes cidades, por ter artistas preponderantemente negros e por possuir temática engajada, o Hip Hop sempre foi alvo de muito preconceito tanto no Brasil quanto no exterior. Por mais que ano a ano o gênero esteja quebrando barreiras e falando com um público maior e mais diversificado, ainda sim é nítida a aversão que ele causa em alguns segmentos sociais mais reacionários.


O Grafite é um dos pilares do Hip Hop. Essa expressão artística é constituída de pinturas feitas nas paredes dos espaços públicos. O Grafite nasceu como um movimento da contracultura na qual grupos periféricos podiam protestar e fazer críticas sociais. Seu início se deu também na década de 1970 nos subúrbios de Nova York. É difícil apontarmos os artistas precursores do Grafite ou grandes nomes da época inicial. O governo de Nova York desaprovava as interferências visuais nos espaços públicos e perseguia os grafiteiros, fazendo com que eles tivessem que se manifestar na clandestinidade.


Essas pinturas, os tais grafites, têm características próprias. O material utilizado é basicamente a tinta spray, que ajuda a dar forma e cor aos desenhos de pessoas e a moldar as letras grandes. A pintura pelo spray é ideal por ser uma maneira mais rápida e que exige menos materiais, algo essencial em tempos de perseguição policial e para uma arte em deslocamento constante.

Com forte influência na música, na moda, nas artes visuais, na linguagem, na arquitetura urbana, na propaganda e nos esportes, o Hip Hop é uma das modalidades de dança que mais cresceram nos últimos anos

Vamos entender alguns dos termos técnicos e estilísticos utilizados pelo Grafite. 3D Style, como o nome sugere, é a pintura em 3D (três dimensões), que passa a ideia de realidade e movimento. Esse efeito se dá através do preenchimento dos contornos com luz e sombra. Throw up ou Bombs é a técnica mais comum e é utilizada em pinturas mais rápidas. Nesse estilo, são empregadas formas mais arredondadas e letras bem gordas. E os seus desenhos e suas grafites têm forma mais deformadas e engraçadas. No Wild Style, é utilizada muita cor e letras entrelaçadas, o que dificulta a leitura rápida. E o Free Style, como o nome já sugere, é a forma mais livre de arte, quando o grafiteiro utiliza a forma que preferir no momento.


E nesse mundo do Grafite existem algumas gírias próprias como: Bite se refere a imitar o estilo de outro grafiteiro; Crew é o conjunto de grafiteiros que se reúnem para pintar; Tag é a assinatura do grafiteiro; Toy é o termo utilizado para se referir ao grafiteiro iniciante; e Spot é o lugar onde a obra é realizada.


No Brasil, o Grafite também teve grande destaque. Por aqui, ele surgiu em plena época da Ditadura Militar, com a necessidade de tratar das opressões governamentais e dos desatinos políticos. E por isso também, era considerado ilegal e imoral. Alex Vallauri (1949-1987), artista etíope radicado no Brasil, é um nome importante no período inicial dessa arte em nosso país. Ele foi o responsável por um dos primeiros grafites feitos em lugar público na cidade de São Paulo. Sua obra “Boca de Alfinete” (1973) tinha um grande teor político e falava da censura da Ditadura Militar. Devido ao seu legado artístico, o dia de sua morte, 27 de março, é hoje reconhecido como o Dia do Grafite no Brasil.


Atualmente, uma das principais figuras do Grafite nacional é o artista Eduardo Kobra (1975), que tem sua arte divulgada nos cinco continentes. Em 2016, ele grafitou a obra “Etnias” para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Considerado até então o maior mural grafitado do mundo, o desenho tem 2.500 metros quadrados. Recorde esse que o próprio Kobra superou no ano seguinte, grafitando um paredão de 5.742 metros quadrados na Rodovia Castello Branco, em São Paulo. Na obra “Cacau”, ele homenageia o chocolate.


Outros nomes importantes para o Grafite brasileiro são Fábio de Oliveira Parnaíba (1982), conhecido como Cranio, e os irmão Otávio Pandolfo e Gustavo Pandolfo (1974), conhecidos como Os Gêmeos. Cranio iniciou seu trabalho em 1998 e seu marco registrado são os índios com tom de azul, usados para representar o Brasil. Ele prefere falar de temas mais atuais e aborda assuntos como consumismo, ambientalismos e questões de identidade. Os Gêmeos têm obras mais lúdicas e já participaram de mostras por todo o mundo.

O Breaking, ou Break Dance, é o estilo de dança do Hip Hop que se tornou modalidade esportiva nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024

Na moda, o Hip Hop também tem diferenciais. Ele mistura aspectos das culturas afro-americana, caribenha e latina. As características desse estilo são roupas largas, escuras, bonés com abas retas (bucket hat) e tênis com cadarços desamarrados (ótimo para quem não teve uma irmãzinha que ensinasse a amarrar!) e coloridos. Essa moda surgiu, para variar, na década de 1970 e seus usuários são chamados de “hip-hoppers”.


Em seus momentos iniciais, a moda do Hip Hop ficava restrita aos negros e às classes mais baixas. Só com o tempo, ela foi sendo mais difundida. Mas sempre a moda teve um papel muito importante na identidade do Hip Hop e da cultura negra norte-americana. Essa moda inclusive contribuiu para muitas outras que vieram depois. A estética das roupas mais soltas e volumosas tinha uma explicação. Como eram herdadas de irmãos, primos ou outros conhecidos, as peças eram normalmente alguns números acima do usuário. Apesar dos tempos de escassez terem ficado para trás, ainda hoje a moda Hip Hop mantém essa característica. Na hora de dançar, as roupas mais largas ajudavam na execução dos movimentos, no maior conforto e na estética visual.


Outro destaque da moda Hip Hop é a roupa camuflada, muito utilizada pelos grupos de Rap em apresentações. A ideia era mostrar o nível de agressividade da vida das pessoas negras. Era como se todo dia, elas precisassem enfrentar uma guerra. Essas peças também eram roupas de fácil acesso e resistentes, pois eram vendidas como excedentes do uniforme do exército. Nos anos 1990, foi adicionado ao look do Hip Hop os colares e correntes grandes e pesados, com o intuito de transmitir a ideia de status, fama e riqueza. Ou seja, são artigos mais comuns da fase de virada do gênero, que deixou a periferia social e migrou para o estrelato cultural.


Feita a apresentação abrangente da arte do Hip Hop, vamos agora tratar do assunto principal deste post do Bonas Histórias. Vamos falar com mais profundidade do Hip Hop como manifestação dançante. Afinal, estamos na coluna Dança, né?


A dança Hip Hop integra o que se convencionou chamar de danças urbanas. Um outro nome que se usa para essa modalidade é Street Dance ou Dança de Rua. As danças do Hip Hop se caracterizam por movimentos de improvisação, o chamado freestyle. O freestyle é o conjunto de ações acrobáticas que surgem em sincronia com a música e formam as batalhas travadas em festas e competições. Esse tipo de dança inclui uma variedade de estilos como: Breaking, Locking e Popping. Vamos entender melhor cada um desses estilos de dança.

O Hip Hop é a modalidade de dança urbana mais popular do mundo. Em novembro de 2023, comemora-se o cinquentenário do surgimento desse gênero dançante, também conhecido como Street Dance e Dança de Rua

BREAKING:


O Breaking, também conhecido como Break Dance, é o estilo dançante mais popular do Hip Hop. Ele nasceu nos anos 1970, quando se deu o surgimento do gênero. Os sete movimentos que caracterizam o Breaking são:


- Top Rock: representa a sequência de passos feitos em pé, antes que o dançarino, o b-boy ou b-girl, inicie os movimentos de chão. Não existe um tempo certo para o dançarino executar o Top Rock, mas ele não costuma ultrapassar os 8 tempos da música.


- Go Down: quando o dançarino está fazendo suas sequências de passos em pé, ele precisa de um movimento que o leve para o chão, para então desenvolver sua dança no solo. Esse movimento é chamado de Go Down.


- Down Rock: são os movimentos realizados no chão. Existem vários movimentos que são executados no chão, com o dançarino se equilibrando muitas vezes sobre as mãos, pontas dos pés e até mesmo sobre a cabeça.


- Freeze: como o nome em inglês diz, é um congelamento do dançarino. Ao interpretar a música, ele pode escolher um momento mais dramático ou que queira valorizar na música para a aplicar um Freeze. Assim, o b-boy ou b-girl fica parado em uma pose por um tempo, como se estivesse congelado. Ele também pode fazer uso do freeze quando quer marcar o final de uma sequência de passos. Exemplos de Freezes são o baby freeze, chair freeze e elbow freeze.


- Footwork: para mim, é um dos movimentos mais característicos do Hip Hop. Você certamente já deve ter visto em alguma apresentação ou vídeo de dança, mesmo porque ele chama a atenção, não dá para passar desapercebido. O Footwork são os movimentos realizados com os pés e pernas enquanto o dançarino está no solo apoiado sobre as mãos. As pernas e pés fazem diversos movimentos, circulares, de pinça, tudo seguindo o ritmo da música. Os footworks mais conhecidos são: kick out, shuffle, 3 step e 6 step.

Com forte influência na música, na moda, nas artes visuais, na linguagem, na arquitetura urbana, na propaganda e nos esportes, o Hip Hop é uma das modalidades de dança que mais cresceram nos últimos anos

- Power Moves: como o nome já sugere, são os movimentos de poder na dança e são os mais dinâmicos. Ele acontece com o dançarino projetando seu corpo sobre as mãos, cabeça, ombros, costas ou cotovelos e realizando uma rotação contínua. O dançarino pode realizar uma sequência de power moves e/ou finalizar o power moves com um freeze.


- Flip: o flip é utilizado quando o dançarino quer deixar sua apresentação mais dinâmica. São movimentos acrobáticos, de cambalhotas, giros e pulos que o artista faz enquanto está no ar.


Em uma batalha ou apresentação de Breaking, os dançarinos não precisam fazer todos esses movimentos. Porém, irá se destacar aquele que fizer as junções de passos com mais criatividade e, claro, souber executar com excelência o maior número de movimentos. No ano que vem, o Break Dance será modalidade olímpica. A dança estreia nos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris. Quem está por traz da inclusão desse estilo do Hip Hop no principal evento esportivo mundial é o Comitê Olímpico Internacional (COI). Eles querem atrair o público jovem com modalidades mais midiáticas para as novas gerações. Assim, ao lado do Breaking, os Jogos de Paris terão o Surf e o Skate, esportes incluídos na última competição, no Japão.


LOCKING:


A dança Locking era chamada inicialmente de Campbelloking. Isso porque levava o nome do seu criador, o dançarino e coreógrafo Don Campbell (1951-2020). A dança se caracteriza pelo dinamismo, com movimentos rápidos e amplos. É um ótimo estilo para apresentações, pois utiliza bem o espaço, com seus passos mais alongados, e faz muito uso de paradas bruscas no meio da execução da dança. Esse movimento, por sinal, é muito parecido com o passo Freeze do Breaking, tornando assim a dança visualmente atrativa.


O Locking é visto tradicionalmente como uma dança alto astral e divertida. Os dançarinos geralmente utilizam joelheiras, pois tem diversas quedas no chão que impactam os joelhos. Apesar das diferenças e particularidades de cada estilo, muitas vezes o Locking é confundido com o Popping. Por isso, em algumas regiões dos Estados Unidos, essa dança é chamada de Pop-locking.

Entre a variedade de estilos de dança do Hip Hop, os três principais são Breaking, Locking e Popping

POPPING


O Popping é mais uma das danças urbanas que compõe o Hip Hop. Ele foi inventado na década de 1970 por Sam Solomon, mais conhecido pelo apelido de Boogaloo Sam, e foi muito difundido pelo seu grupo de dança Eletric Boogaloo.


Como o próprio nome sugere, no Popping é como se o corpo do dançarino estivesse estourando. Essa ideia é transmitida através de contrações rápidas e do relaxamento do corpo, característica marcante desse estilo.


É muito provável que você já tenha praticado, mesmo que sem querer e de brincadeira, essa dança. Seus dois passos mais marcantes são o deslizar e o flutuar, realizados com os pés e pernas, igual ao passo Moonwalk do cantor, compositor e dançarino Michael Jackson (1958-2009). A impressão que fica é de que o dançarino está se deslocando, como se estivesse mesmo escorregando pelo chão ou por uma superfície bem lisa.


Outro movimento característico é o Waving, que é uma onda realizada principalmente com braços e troncos. Há também movimentos de braços que desenham formas geométricas retas. Esse passo, inclusive, foi incorporado pelo K-Pop, sendo muito usado em suas coreografias. Existem também muitos passos com isolamento de partes do corpo, em que se trabalha cada membro de uma forma distinta. Mas todos os passos são executados na maior parte do tempo com as contrações do corpo.


Não importa qual estilo da dança de Hip Hop que se pratique, todas vão ser envolventes e trabalhar todas as partes do corpo. Além de ser uma ótima atividade física para aumentar a força muscular. Os principais dançarinos frequentemente participam de competições e batalhas de Hip Hop que ocorrem em vários países da Europa, Ásia e América.


E aí, você já está com vontade de dançar Breaking, Locking ou Popping? Agora que já está mais familiarizado com esse mundo dançante do Hip Hop, é só soltar o corpo e começar a dançar. Por falar nisso, em janeiro nos encontraremos novamente aqui no Bonas Histórias, hein? O meu próximo post da coluna Dança será sobre uma das modalidades de dança que considero mais linda e que adoro dar aula: o Tango! Portanto, não perca minha viagem pelo misterioso, charmoso e sensual ritmo argentino.


Até lá, pessoal.


Dança é a coluna de Marcela Bonacorci, dançarina, coreógrafa, professora e diretora artística da Dança & Expressão. Esta seção do Bonas Histórias apresenta mensalmente as novidades do universo dançante. Gostou deste conteúdo? Não se esqueça de deixar seu comentário aqui. Para acessar os demais posts sobre este tema, clique na coluna Dança. E aproveite também para nos acompanhar nas redes sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.

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