Passeios: Morros da Pompeia e da Vila Madalena – Trilha urbana por São Paulo
- Ricardo Bonacorci
- há 15 minutos
- 14 min de leitura
Um dos pedaços mais peculiares da Zona Oeste da capital paulista, o trajeto a pé do Allianz Parque até a Praça Pôr-do-Sol tem quatro quilômetros de extensão, passa pela Rua Cayowaá, Travessa Tim Maia e Rua Pascoal Vita e oferece uma aventura divertida para os trilheiros urbanos que gostam de encarar as montanhas asfaltadas da maior metrópole brasileira.

Como os leitores mais antigos do Bonas Histórias já sabem, sou fã de fazer trilha. Quer me deixar feliz? Então, me convide para um rolê a pé no meio da natureza. De preferência, sugira um trajeto bem longo, que dure pelo menos duas horas e não tenha tanto para-para (adoro piquenique, mas não durante a bateção de perna, tá?). Se o caminho for desconhecido, difícil e percorrer montanhas, florestas ou áreas à beira-mar (ou à beira-rio), saiba que as chances de eu aceitar a proposta (que automaticamente se transforma em convocatória) são enormes.
Prova cabal desta minha paixão é que produzi alguns posts na coluna Passeios que detalhavam algumas caminhadas clássicas por São Paulo que faço com regularidade desde a adolescência. A subida ao Pico do Jaraguá pela Trilha do Pai Zé, a Trilha da Pedra Grande no Parque da Cantareira e a exploração da natureza no entorno de Paranapiacaba são, inclusive, as publicações mais acessadas dessa seção do blog. Pelo visto, há muita gente além de mim que curte boas aventuras outdoor. Sim, ainda há esperança para a humanidade (e um contraponto importante aos ambientes claustrofóbicos e narcisistas das academias de ginástica e de musculação).
Quando morei fora da capital paulista, é bom avisar, nunca perdi a mania de procurar boas trilhas. No Brasil, a Serra da Mantiqueira no Sul de Minas Gerais e o Vale do Sinos no Rio Grande do Sul (saudades absurdas desses lugares, Santo Deus!) eram pródigos em oferecer belos e desafiantes caminhos a pé no meio da natureza. No exterior, Buenos Aires (a impecável Costanera de Vicente López era meu programa portenho preferido aos sábados e domingos) e Montevidéu (sua rambla gigantesca e encantadora vivia me chamando) também se provaram locais ideais para longas andanças às margens do Rio da Prata (com direito a muito mate e ao som do onipresente reggaeton – e dale Si Antes Te Hubiera Conocido, hit de Karol G).
O que talvez o público do Bonas Histórias ainda não conheça (mas meus amigos e familiares estão cansados de saber) é que também curto trilha urbana. Trilha urbana, Ricardo? O que é isso?! Calma, querido(a) leitor(a) desse blog perdido nas curvas tortuosas da internet em língua portuguesa. Reconheço que o termo não é tão comum assim. Por outro lado, não se trata de um neologismo criado por minha pessoa. Infelizmente, não tenho o talento literário de Guimarães Rosa nem de Mia Couto. Como o nome sugere, trilha urbana é a longa caminhada realizada dentro da própria cidade. Ao invés de sair da metrópole, os aventureiros usam as próprias ruas, avenidas, parques, rios, praias e montanhas de seu município como trajeto.

E isso lá tem alguma graça, Ricardo?! Caso esse tenha sido seu primeiro questionamento/pensamento, respondo que sim, tem graça. Principalmente se a cidade escolhida for grande ou se ela possuir atrativos turísticos, arquitetônicos, visuais e sinestésicos a serem contemplados pelos andarilhos mais apaixonados. Talvez não seja um passeio tão divertido quanto as aventuras praticadas fora do perímetro urbano, nas trilhas convencionais. Ainda assim, vamos combinar, é muito melhor do que andar nas esteiras da academia, bater perna nos corredores do shopping center ou ficar trancado em casa maratonando séries televisivas no streaming.
Normalmente, vou de trilha urbana durante a semana e de trilha no meio da natureza aos finais de semana. Acredito que essa é uma mescla equilibrada para quem vive na cidade grande. Como trabalho com literatura e produção de conteúdo textual, passo a maior parte do dia sentado na sala de casa (ainda atuo em home office). Aí, quando bate três ou quatro horas da tarde, sinto a necessidade de sair para caminhar. Por isso, meu primeiro critério de escolha para uma residência é o quão caminhável é o raio do imóvel alugado. Não por acaso, sou apaixonado por Saavedra, bairro na Zona Norte de Buenos Aires, Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, e Pocitos, às margens do Rio da Prata em Montevidéu. Dá para bater perna por duas ou três horas tranquilamente saindo e voltando dessas localidades.
Mas será que dá para caminhar por aí, Ricardo? E os perigos das grandes cidades brasileiras (e sul-americanas)? Você não tem receio da violência urbana, que se caracteriza como uma epidemia de norte a sul em nosso país (e em boa parte do continente descoberto por Cristóbal Colón)?!
Se essas forem suas maiores preocupações, saiba que concordo em parte com elas. É preciso tomar bastante cuidado (por isso a importância do planejamento prévio) antes de colocar os pés fora de casa. Ainda assim, vale salientar, há ótimos locais em nossas principais capitais para caminhadas a luz do dia. Das metrópoles nacionais que conheço relativamente bem, já fiz trilhas urbanas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, Recife, Terezina e Manaus. E nunca tive problema. Quando digo nunca, é nunca mesmo!
É claro que a sensação de insegurança é maior nos grandes centros urbanos do Brasil. Aí a comparação não é com municípios do Canadá, Noruega, Suíça ou Japão, que estão a anos-luz do dia a dia dos brasileiros. Basta irmos para as maiores cidades dos nossos vizinhos sul-americanos, como Argentina, Uruguai e Paraguai, para recebermos um choque de realidade. Aí descobrimos o quanto a criminalidade no Brasil é absurda. Não por acaso, somos um dos países mais violentos do planeta. Saiba que é possível andar sem qualquer problema (seja de dia, seja de noite e até de madrugada) por boa parte de Buenos Aires, Montevidéu e Assunção, algo que me cansei de fazer nos últimos anos. Faria isso por aqui? Claro que não. Há regiões nas capitais paulista e fluminense que não me atrevo a ir nem de dia.

Só estou trazendo essa questão para ressaltar a importância do planejamento da trilha urbana. Não dá para ganhar a rua sem saber as características da localidade que se vai percorrer. Acho que já abordei bastante a sensação de insegurança nas grandes cidades brasileiras em “Distopia Paulista ou Carioca”, primeiro episódio de “Tempos Portenhos”, a mais recente coletânea de narrativas da coluna Contos & Crônicas. Fique tranquilo(a) que não serei repetitivo. O fato é que, com alguma atenção e certos cuidados, é possível caminhar pelas ruas de nossos maiores municípios sem tantas complicações. Ainda acho mais perigoso ficar dentro de casa (com os olhos grudados nas redes sociais) do que encarar a vida real (que está no lado de fora das residências).
Para quem deseja iniciar-se nessa prática ou gostaria de fazer novas trilhas urbanas pela cidade de São Paulo, um caminho que sugiro é as montanhas asfaltadas dos bairros da Pompeia, Perdizes, Água Branca, Sumaré, Vila Madalena e Alto de Pinheiros. Desde que voltei a morar na capital paulista (coisa de dois meses), esse tem sido um dos trajetos mais agradáveis que tenho feito. No caso, ele é ideal para quem gosta do sobe e desce das ladeiras mais íngremes da Zona Oeste paulistana e preza pela segurança de caminhar pelas ruas mais calmas (ou menos tumultuadas) da Selva de Pedra.
A rota que mais gosto desse pedacinho de Sampa é uma que batizei de Morros da Pompeia e da Vila Madalena, mas meus amigos (abraços, Paulinho e Enzito; beijos, Marcelinha e Marita), que vira e mexa me acompanham, insistem em chamá-la de Montanha-Russa. Essa trilha urbana tem quatro quilômetros de extensão: começa na frente do Allianz Parque (no portão da Rua Palestra Itália) e termina na Praça Pôr-do-Sol (na parte baixa do parque, no acesso à Rua Diógenes Ribeiro de Lima). Entre o belíssimo estádio do Palmeiras localizado na Água Branca/Pompeia e o famoso parque no Alto de Pinheiros/Vila Madalena, percorremos basicamente só duas vias (Rua Cayowaá e Rua Pascoal Vita) e uma longa escadaria (Travessa Tim Maia).
A maior atração deste passeio a pé está exatamente no sobe e desce das montanhas desse pedaço íngreme da região metropolitana. É bom avisar que quase não há trajeto plano por aqui. Ou se está subindo ou se está descendo. Ou seja, a caminhada exige um bom preparo físico (leia-se, condição cardiovascular) dos aventureiros/andarilhos. Pela perspectiva da topografia, juro que me sinto em Minas Gerais quando cruzo a Pompeia, Perdizes e Vila Madalena. Até os carros sofrem para superar algumas ladeiras.

O rolê ainda oferece boas vistas (curto bastante os cenários da Zona Oeste paulistana), várias opções de restaurantes, cafés, bares e padarias (para quem é chegadinho nos comes e bebes enquanto anda) e relativa segurança (juro que me sinto tranquilo por essas ruas). Para completar, esse trecho é curtinho. Dá para concluí-lo em menos de uma hora (se sua turma não for do tipo para-para como a minha).
Confesso que faço a Rota Morros da Pompeia e da Vila Madalena (ou Montanha-Russa) tanto durante a semana (no meio da tarde ou no começo da noite, geralmente sozinho, quando a vontade de caminhar bate forte após o expediente de trabalho) quanto aos finais de semana (de manhãzinha ou na hora do almoço, sozinho ou com a galerinha animada que às vezes insiste em me acompanhar nas bateções de perna transloucadas que faço). Muitas vezes, me dou satisfeito com esse trajeto simples e volto de ônibus. Outras vezes, gosto de retornar para casa caminhando tudo de novo no sentido contrário. Em algumas oportunidades, ele serve de início do rolê – estendo-o até o Parque Villa-Lobos ou ao Mercado Municipal de Pinheiros. Aí o passeio fica do jeitinho que gosto: maior e mais divertido, podendo ser chamado realmente de trilha urbana.
Para quem ficou interessado(a) na Rota Morros da Pompeia e da Vila Madalena, vou agora descrevê-lo em detalhes. Vamos ver se você se empolga com este passeio e resolva realizá-lo sozinho(a) ou com a sua turminha. Sou suspeito para falar, mas essa é a minha trilha urbana favorita na cidade de São Paulo. Até porque, vamos combinar, a Subida ao Pico do Jaraguá pela Trilha do Pai Zé, a Trilha da Pedra Grande no Parque da Cantareira e o rolê ao redor do centro turístico de Paranapiacaba, não podem ser classificados como trilhas urbanas, né?!
Alerto desde já que a escolha pelo ponto de partida (Allianz Parque/Pompeia) e pelo local de término deste trajeto (Praça Pôr-do-Sol/Alto de Pinheiros) é meramente pessoal, sendo possível invertê-los sem muitas complicações. Contudo, gosto dessa ordem porque moro ao ladinho do estádio palmeirense (apesar de ser corintiano). Para mim, portanto, é mais prático começar a andança pela arena alviverde. Outra questão sensível que me fez preferir por essa sequência é que todas as vezes em que meus amigos tiveram que subir a escadaria da Travessa Tim Maia, eles reclamaram (mais do que o normal). E na ordem que estou apresentando, acabamos descendo (no sentido oposto, obviamente, subimos) a longa escadaria. Se bem que quando o rolê é ida e volta, aí não tem jeito: temos que realizar as duas sequências (subida e descida).

Feita essa observação, vamos para a trilha, senhoras e senhores! O começo na esquina da Rua Palestra Itália com a Rua Cayowaá é, infelizmente, a parte mais feia do trajeto. Falo isso não por ser corintiano e não curtir a atmosfera palmeirense dessa parte da cidade. O problema é que o cruzamento da avenida mais alviverde de São Paulo com a rua que vamos percorrer é barulhenta, a calçada estreita (péssima para os pedestres), há muito tráfego (carros apressados e, por vezes, hostis a quem está a pé) e várias obras de novos prédios e do metrô (o que torna o cenário sujo e inacabado).
Aposto que muita gente pensará: Meu Deus, para onde o Ricardo me trouxe! Se essa for sua principal angústia ao analisar o ponto de partida, prezado(a) leitor(a) da coluna Passeios, só te digo uma coisinha: calma; muita calma nessa hora! Se o início não é dos mais espetaculares, saiba que o final será a parte alta (literal e figurativamente) do rolê. Vai por mim! Além do mais, esse problema só dura 100, 150 metros. Assim que caminhamos pela Cayowaá, a sensação ruim vai passando. Depois de passada a Rua Venâncio Aires e a Rua Doutor Homem de Melo, a calçada fica boa (no padrão de São Paulo, tá?), o tráfego e o barulho diminuem (ao ponto de não incomodar um paulistano) e as grandes obras se tornam pontuais (considerando a realidade atual da Pompeia e de Perdizes).
A boa notícia desse início é que a caminhada é (mais ou menos) plana. Por 600 metros, percorremos a Rua Cayowaá (entre o cruzamento com a Palestra Itália e o cruzamento com a Caiubí) sem tantas subidas e descidas. Contudo, após passar pela Rua Caiubí, a escalada começa de fato. Nesse ponto, a ladeira não é tão íngreme, mas é constante até a Avenida Professor Alfonso Bovero. Prepare-se porque será meio quilômetro de caminhada bem puxada morro acima. Como diria Buzz Lightyear apontando para o alto: “Ao infinito e além!”.
A parte mais divertida desta rota (pelo menos para mim!) é quando cruzamos a Alfonso Bovero. A partir desse ponto, a Cayowaá (note que até aqui estamos ainda na mesmíssima rua) vira o que meus amigos chamam de Montanha-Russa. As ladeiras se tornam extremamente íngremes, chegando a assustar pedestres e até motoristas em bons veículos. Subir e descer chega a ser complicado (seja de carro, seja a pé). É preciso bastante cuidado. Até a descida, por ser muitíssimo inclinada, é desconfortável para os andarilhos (até mais do que a subidona). De tão acentuada que é essa via, há corrimão em alguns trechos. Você já viu calçada em São Paulo com corrimão?! Pois saiba que a Cayowaá tem alguns. Hilário!

Se você se assustar ao ponto de pensar que está na rua mais íngreme da capital paulista, preciso informá-lo(a) que a Rua Paris, paralela à Cayowaá, é muuuuuito pior. Se sua turma quiser ativar o “modo com emoção” à trilha, saia da Cayowaá e percorra integralmente a Paris (da esquina com a Cajaíba até o cruzamento com a Herculano). São 600 metros divertidíssimo, em que o desafio é não cair pelos morros asfaltados da divisa entre os bairros de Perdizes e Sumaré. Nesse instante, você entenderá o apelido de Montanha-Russa para esse trecho/trilha.
Quando a Rua Cayowaá atinge a Avenida Heitor Penteado (na altura da estação do metrô Vila Madalena), chegamos mais ou menos à metade do caminho. Afinal, percorremos pouco mais de dois quilômetros dos quatro quilômetros totais desta rota. Por mais que a andança não seja longa, saiba que é possível que você e sua turma fiquem bem ofegantes neste ponto. Até porque o sobe e desce foi intenso. Se a ideia for fazer uma parada para alimentação ou hidratação durante o trajeto, acho que esse é o momento ideal. Em volta da estação de metrô, há boas padarias, bares e cafés. É só escolher um e entrar.
Ao atravessar a Heitor Penteado, concluímos totalmente a Rua Cayowaá. Aí, basta cruzar o terminal de ônibus, que fica ao lado da estação, e pegar a minúscula Rua Marinho Falcão. É ali que começa a Travessa Tim Maia, a escadaria de quase meio quilômetro que liga a parte alta da Vila Madalena (metrô) à parte baixa do bairro (esquina da Fradique Coutinho com a Natingui). Acho um charme essa escadaria, que está muitíssimo bem conservada e reúne em suas paredes homenagens ao cantor e compositor carioca que a nomeia. Bem ao estilo do Beco do Batman, que está ali do ladinho, a travessa tem vários grafites e belos jardins.
Por mais que comecemos a Travessa Tim Maia subindo alguns lances de escada, não se preocupe. Logo, os degraus mudam de inclinação e a caminhada é só para baixo. Ao fim da descidona, avistamos a nossa frente a Rua Pascoal Vita (na confluência da Fradique Coutinho com a Natingui). Este é o último trecho da Rota Morros da Pompeia e da Vila Madalena. O problema é que os quase um quilômetro até a Praça Pôr-do-Sol, ponto final desta trilha urbana, é feito ladeira à cima. A subida agora é do tipo constante e íngreme. Só não dá para acharmos o trajeto tão cruel porque já encaramos os desfiladeiros da Rua Cayowaá (e, talvez, da Rua Paris). Para quem passou por essa parte do caminho, dá para subir qualquer penhasco sem problema.

Ao fim da Pascoal Vita, chegamos à Praça Pôr-do-Sol, uma das áreas verdes mais conhecidas de São Paulo. O motivo da fama é, como o próprio nome diz, o mirante que permite a contemplação de boa parte da Zona Oeste da cidade. O visual ali de cima é mesmo impressionante. Gosto da vista porque temos a sensação de que há um mar de árvores abraçando o centro financeiro do país (a Faria Lima). Diante desse cenário, é até difícil acreditar que estamos na metrópole conhecida como Selva de Pedra.
Gosto da Praça Pôr-do-Sol pelo mirante, mas preciso reconhecer que ela não tem outro grande atrativo além da vista espetacular. Por exemplo, o café localizado na parte alta do parque é até bonitinho, mas simplório, sem muito conforto e com cardápio restrito. Quase não há equipamentos de ginástica e não vemos nenhuma quadra poliesportiva na praça. A impressão é que ela só é utilizada por donos de cachorros, que aproveitam para tirar as coleiras dos bichanos. Para completar o panorama negativo, faz alguns anos que a praça foi inteiramente gradeada. Coisas de São Paulo, né? Assim, as visitas no finalzinho de tarde e no início de noite, que deram nome ao lugar e que era um dos atrativos para os casais apaixonados na década de 1990 e no início dos anos 2000, não são mais permitidas. Aí a única opção de vista deslumbrante (e romântica) do fim de dia daquele pedaço da cidade é a Praça Valdir Azevedo, a três quilômetros dali.
Como disse, esse é um passeio gostoso para se fazer sozinho ou em grupo. Vale percorrê-lo durante a semana ou de fim de semana. Dá para esticar a caminhada até o Parque Villa-Lobos (mais três quilômetros de batida de perna, em um novo rolê de aproximadamente 40 minutos) ou ao Mercado Municipal de Pinheiros (dois quilômetros de distância e 30 minutos de andança). Só não se esqueça que o mercado não abre aos domingos e feriados. Para a galerinha mais brejeira e festiva (como a minha), um bom destino é a região dos barzinhos de Pinheiros. Fazia tempo que não ia para os lados das ruas Vupabussu, Ferreira Araújo e Padre Carvalho e lá está bem animado, principalmente aos fins de tarde e à noite.
No caso de quem fizer o caminho inverso (saída da Praça Pôr-do-Sol e chegada no Allianz Parque) ou aproveitar para um bate e volta (Praça Pôr-do-Sol, Allianz Parque e Praça Pôr-do-Sol), as opções de bares e restaurantes para repor as energias são mais variadas e melhores. Pertinho do estádio palmeirense, temos a imperdível Pastelaria Brasileira, que ainda resiste solitária à demolição do quarteirão inteiro. Um pouco mais acima na Avenida Pompeia, há o Degas, o mais tradicional filé parmegiana da região (e um dos mais suculentos de São Paulo). Se o passeio for em horário não comercial, a opção que se descortina para os comensais é a Lanchonete Souza, aberta 24 horas, todos os dias da semana. Seus pratos são bem generosos e possuem preço competitivo. Isso sem contar a praça de alimentação (e o Outback no térreo) do Bourbon Shopping.
Se a caminhada for abortada bem no meio do caminho (nunca se sabe quando a fome vence o desejo de seguir andando pelos morros asfaltados de Sampa), minhas sugestões são alguns estabelecimentos na Avenida Professor Alfonso Bovero. A principal dica é a Mercearia Santa Thereza, a melhor empanada que comi na capital paulista (e uma das melhores da minha vida). Quem preferir a gastronomia argentina mais raiz, a boa pedida é o Chimichurri Parrilla. Não consigo resistir ao seu choripan con papas fritas. Se você se amarrar na culinária portuguesa, vá ao Tiro-Liro (se bem que esse bar-restaurante não fica exatamente na Alfonso Bovero, mas é pertinho). Porém, se a vontade for por apenas um cafezinho, um salgado ou um bolo gelado, vale a pena dar uma passada no Café & Expressão, que fica na entrada da Dança & Expressão. Já se a fome for de sanduíches turcos e árabes, não tenho dúvida: corro, respectivamente, ao Kebab Paris e ao Shawarma Anwar.
Fiz essa lista de locais para comer (até parece que estamos na coluna Gastronomia) de propósito. Porque justamente um dos atrativos das trilhas urbanas é conseguir comer bem depois do passeio (ou mesmo durante), algo bem difícil nas trilhas na natureza. No meio do mato, a melhor opção é normalmente os piqueniques, que exigem preparo prévio e certa logística do grupo de andarilhos. Se a sua turma for mais gulosa do que atlética (como é o meu bando de amigos e familiares, que faz de tudo para não caminhar), o único jeito de convencê-los a andar vários quilômetros com você é prometer um bom programa gastronômico na sequência. Aí eles marcham com vontade.

Acho que por hoje é só, pessoal. Entretanto, antes de nos despedirmos, gostaria de saber o que vocês acharam desta trilha urbana. Alguém aí a faria? Ou já a concluiu, hein? Gostou do sobe e desce? Há algum lugar em que seja recomendável bater perna desse jeito por sua cidade? Juro que ficaria muito feliz de receber o feedback dos trilheiros urbanos.
Além do mais, se os leitores do Bonas Histórias gostarem desse tipo de conteúdo, prometo retornar à coluna Passeios para descrever outras caminhadas que gosto de fazer, seja em São Paulo, seja em Buenos Aires, minhas duas cidades preferidas. Na capital argentina, como adiantei no início deste post, curto a Costanera de Vicente López, um beira-mar incrível e com bastante verde, mas pouco conhecido pelos turistas brasileiros. Acredito que esse pedacinho da Zona Norte da Grande Buenos Aires mereça um relato especial no blog, tal qual o recebido pelos morros da Pompeia e da Vila Mariana, em São Paulo.





