Bem-vindos, queridos leitores, aos Miliádios Literários! Antes de mais nada, gostaria de salientar que a coluna de março deve, preferencialmente, ser lida na voz de Pedro Bial. Em primeiro lugar, os membros da Cúpula Miliádica Mundial sempre ficam mesmerizados com tamanha eloquência e poiesis que o apresentador destina a parágrafos tão pedestres. Além disso, o autor de “Mensagem aos Brothers” (Harper Collins), “Crônicas de Repórter” (Objetiva) e “Conversa com Bial em Casa” (Cobogó) faz 23 miliversários no dia 18.
Então, vamos lá!
Começando pelos autores estrangeiros, verdadeiros clássicos da literatura moderna, há dois expoentes das distopias futuristas, que estão mais atuais do que nunca: Anthony Burgess, autor de “Laranja Mecânica” (Aleph) e George Orwell, de “A Revolução dos Bichos” e “1984” (ambos pela Companhia das Letras). Os gigantes visionários completariam, respectivamente, 38 e 43 miliádios em, respectivamente, dias 11 e 17.
Em tempos de pandemia e incertezas, a fantasia traz um alívio doce frente à acidez da realidade. Quem nunca se encantou com a fábula “O Pequeno Príncipe” (Agir), do escritor e aviador Antoine de Saint-Exupéry? A morte do francês completa 28 miliádios no dia 29. Outro fabuloso autor é Lewis Carroll, cujo falecimento faz 45 mil dias no dia 30. O inglês, sempre muito elegante, criou um mundo fantástico na saga “Alice no País das Maravilhas” (Cosac Naify).
Seguimos com um dos pioneiros do New Journalism, uma corrente que busca aproximar o jornalismo das pessoas. Ele é autor de “Hiroshima” (Companhia das Letras), relato jornalístico da tragédia que foi a bomba atômica na vida dos cidadãos da cidade japonesa. Estou falando do Prêmio Pulitzer John Hersey, que completaria 39 miliádios no dia 27!
Ainda na área jornalística, mas de colarinho aberto e um copo de chopp na mão, lembro de João do Rio! O primeiro grande cronista do Rio de Janeiro, num tempo de muito charme e boa malandragem. Seu nome real foi Paulo Barreto, jornalista que encantava os cariocas com textos sagazes sobre as vidas na cidade recém-nomeada capital.
O autor de “A Alma Encantadora das Ruas” (Crisálida) e “As Religiões no Rio” (Domínio Público) foi membro da Academia Brasileira de Letras e, na ocasião de sua morte, teve velório público dentro da redação do jornal A Pátria e cortejo de mais de cem mil pessoas. Celebremos, pois, a vida de João do Rio, que faria 51 miliádios no dia 24!
Tem horas que um papo reto vale mais do que texto em redes sociais. Por isso, chamo o mineiro de nascença e carioca por amor à causa Rubem Fonseca! Autor da corrente brutalista de romances nacionais, escreveu verdadeiras pinturas da vida cotidiana, como “Feliz Ano Novo” (Nova Fronteira), “Lúcia McCartney” (Agir), “Agosto” (Companhia das Letras), “O Caso Morel” (Biblioteca Folha) e “A Grande Arte” (Agir). Rubem faria 35 miliádios no dia 8.
Outro mineiro de alma fluminense foi Fernando Sabino, cuja morte completa 6 mil dias no dia 16. O autor de “O Encontro Marcado” (Record), “Martini Seco” (Ática), “O Grande Mentecapto” (Record), “A Nudez da Verdade” (Ática) e “O Menino no Espelho” (Record), vencedor dos prêmios Jabuti e Machado de Assis, foi mais um que se apaixonou pelo Rio de Janeiro à primeira vista.
Nesta coluna do Bonas Histórias, assim como num salão de baile, sobra grandeza, mas falta espaço... Por isso, sem perder o passo, cito em ritmo de samba o poeta paraibano Augusto dos Anjos, autor de “Eu e Outras Poesias” (Martin Claret), que faria 50 mil dias no dia 13; Mia Couto, o mais brasileiro dos moçambicanos, que escreveu “Terra Sonâmbula” e “O Fio das Missangas” (Companhia das Letras) e faz 24 miliversários no dia 20; e Reinaldo Moraes, meu amigo paulistano, autor de “Pornopopeia”, “Tanto Faz” e “Abacaxi” (Companhia das Letras), que faz 26 mil dias de uma agitada vida no dia 26.
Mas voltemos ao Rio para finalizar esse monumento miliádico. Afinal, a cidade maravilhosa é célebre em ter grandes romancistas, como Sérgio Sant'Anna, que nos deixou há pouco tempo pela Covid-19. Advogado, professor universitário e cuidador de dois Jabutis, Sérgio comemoraria 29 miliversários no dia 24. Ele escreveu “Anjo Noturno”, “O Vôo da Madrugada”, “Amazona”, “Um Crime Delicado” e “A Senhorita Simpson” (todos pela Companhia das Letras).
Esta foi mais uma coluna miliádica, momento ímpar da internet brasileira e que escolheu por homenagear, indiretamente, minha querida cidade, terra do Cristo Redentor, sempre de braços abertos abençoando nossa literatura. Visite o Rio! Come to Rio! E não se esqueça: quando experimentar nossas praias, use filtro solar...
Parabéns pelo miliversário...
... Marian Keyes, autora do best-seller “Melancia” (Bertrand Brasil), pelos 21 miliversários no dia 9.
... James C. Hunter, onipresente nas prateleiras de coaches com seu “O Monge e o Executivo” (Sextante), pelos 24 miliversários no dia 11.
... Roberto Taddei, autor de “Terminália” (Prumo), pelos 15 mil dias de vida completados no dia 31.
Em memória de...
... Arthur Schnitzler, autor de “Breve Romance de Sonho” (Companhia das Letras), pelos 58 miliádios que faria no dia 2.
... Tom Wolfe, romancista de “A Fogueira das Vaidades” e “Emboscada no Forte Bragg” (Rocco), que faria 44 miliversários no dia 22.
... Herbert Helder, histórico poeta português, autor de “Os Passos em Volta” (Tinta da China), que completaria 33 miliádios no dia 30.
Miliádios Literários é a coluna de Paulo Sousa, autor do romance “A Peste das Batatas” (Pomelo) e da novela “Histórias de Macambúzios”, que apresenta mensalmente no Bonas Histórias as principais efemérides da literatura. Para ler os demais posts dessa seção, clique em Miliádios Literários. E não deixe de nos acompanhar nas redes sociais – Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn.